Co-criando o hipertexto da unidade

Co-criando o hipertexto da unidade

Co-criando o hipertexto da unidade

Número de respostas: 4

sorriso Olá pessoal!

Este fórum de discussão "co-criando o hipertexto da unidade 2 " é um espaço de criação coletiva para agregarmos valor ao conteúdo inicial da nossa unidade. Nós da UERJ optamos pela produção de um texto base para cada unidade do nosso módulo. Na unidade 2, assim como foi na unidade 1, contamos com a autoria da professora Eloiza Oliveira.

A idéia de termos um texto base garantirá para nossos cursistas o acesso a um "pré-texto" que apresenta o conteúdo básico dos temas da unidade. Este texto base encontra-se em dois formatos:

No primeiro formato temos tela a tela para co-criamos juntos o hipertexto. Este fórum é o nosso espaço de co-criação. Como poderemos participar?sorriso

  • Sugiram links para objetos digitais (textos jornalisticos, cases, artigos científicos, vídeos, imagens, sons).
  • Sugiram sinalizações e provocações para reflexões, novas leituras, questões para o fórum "Entrevista com Piaget e Vygotsky" que é o fórum da unidade.

Esperamos por vocês aqui!

[]s

Equipe UERJ

 

Em resposta à Primeiro post

Re: Co-criando o hipertexto da unidade

por Edmea Santos -

Olá pessoal!

Esperamos vocês aqui também!

Tragam suas sugestões. Vamos co-criar o hipertexto da unidade 2.

[]s

méa

Em resposta à Primeiro post

Re: Co-criando o hipertexto da unidade

por Marco Silva -

Olá colegas. Aqui vai minha reflexão sobre o texto da Eloíza. Compartilho neste espaço minha leitura e minhas inquietações sobre o tema. Espero contribuir para a co-criação do hipertexto da unidade 3 do módulo 3 da Equipe UERJ.

O texto é: O cognitivismo clássico: o interacionismo construtivista de Piaget e o sócio-interacionismo de Vygotsky. Aprendizagem interativa e colaborativa em ambientes virtuais.

Parabenizo a Eloíza pelo esforço da síntese que vem nos ajudar na discussão de um dos temas acadêmicos mais fascinantes para mim: a teoria do conhecimento... o tratamento teórico sobre a experiência do conhecimento.

Essa discussão é relevantíssima e instigantíssima porque busca responder a seguinte pergunta básica: Como se dá construção do conhecimento na estrutura e o funcionamento do aparelho cognitivo dos indivíduos? Como funciona esse aparelho? Em particular, a discussão sobre o conhecimento tb pergunta: Será que as teconolgias digitais potencializam os recursos do aparelho cognitivo ou imprimem uma nova lógica em seu funcionamento?

Em seu texto Eloíza centra-se a abordagem do cognitivismo que descreve a aprendizagem como:  

  • “um processo em que as novas informações recebidas são relacionadas com informações já existentes, sendo depois registradas na memória. Assim, o que for gravado na memória será influenciado por aquilo que já havia sido aprendido."

Ela situa “dois precursores da visão cognitivista da aprendizagem: Piaget e Vygotsky.” Dois autores essenciais no tratamento do tema construção do conhecimento em educação presencial e online.

Sobre Piaget, ela cita fragmentos valiosos (1973, p. 114):

  • “ (...) o conhecimento elementar nunca é o resultado de uma simples impressão deposta pelos objetos nos órgãos sensoriais, mas é devida a uma assimilação ativa do sujeito que incorpora os objetos nos seus esquemas sensório-motores, quer dizer, aquelas das suas ações que são suscetíveis de se reproduzirem e combinarem entre si.
  • A aprendizagem em função da experiência não é pois devida a pressões passivamente sofridas pelo sujeito, mas sim a acomodação dos seus esquemas de assimilação. Um determinado equilíbrio entre a assimilação do objeto à atividade do sujeito e a acomodação desta atividade aos objetos constitui assim o ponto de partida de qualquer conhecimento e apresenta-se desde o início, sob a forma de uma relação complexa entre e os objetos.”

Essa abordagem ganha força com a distinção de duas espécies de experiências distintas que ocorrem no ato de conhecer: a experiência física e a experiência lógico-matemática

  • A experiência física corresponde à concepção clássica de experiência: consiste em agir sobre os objetos propriamente ditos. Por exemplo: levantando corpos sólidos, a criança perceberá, por experiência física, a diversidade dos pesos, sua relação com o volume, densidade, etc.
  • A experiência lógico-matemática, ao contrário, consiste na ação sobre os objetos fazendo-se, porém, abstração dos conhecimentos adquiridos através dela. Nesse caso, a ação passa a conferir atributos aos objetos que não possuíam por si mesmos, e a experiência diz respeito a relação entre tais atributos. Nesse sentido o conhecimento é abstraído da ação como tal e não das propriedades físicas do objeto.

Bem, pelo que entendi, a experiência que nos distingue dos bebês e dos macacos é a lógico-matemática. Em que pese o forte ranço positivista, até porque a esperiência mais profunda do conhecimento não atende somente pelas esferas da lógica e da matemática, é sem dúvida a experiência mais fascinante. Aqui o sujeito significa, dá sentido, cria conhedimento. Aqui se manifesta o pensamento crítico e a possibilidade da reinvenção e modificação no mundo.

Nesse contexto Eloíza sintetiza um desdobramento da experiência lógico-matemática assim:

  • “O virtual e o possível são uma contínua criação possibilitada pela ação atual e real; cada ação nova, realizando uma das possibilidades criadas pelas ações precedentes, abre um conjunto de possibilidades até então inconcebíveis”.
  • “nos diz Piaget, que as ações lógico-matemáticas do sujeito podem, num dado momento, dispensar aplicação aos objetos físicos, interiorizando-se em operações simbolicamente manipuláveis.”

A essa altura do texto sobre a posição cognitivista de Piaget parece prevalecer relação “sujeito – objeto” como base da dinâmica do conhecimento. Mas vejamos no final do texto, onde Eloíza trata da colaboração em Piaget e Vygotsky, se aparece o Piaget dando importância para o caráter social da construção do conhecimento.

Piaget

Lamento ainda que haja somente o “lógico-matemática” para exprimir a experiência que pode atribuir sentido às coisas ou conhecer e modificar o mundo a partir da assimilação diante da interação sujeito-objeto.

Mas valorizo especialmente um trecho que diz: “para Piaget, conhecer não é simplesmente contemplar, imaginar ou representar o objeto para transformá-lo e para descobrir as leis que regem sua transformação.”

Estou impressionado com este trecho porque em Oiticica, o "parangolé" é exatamente a busca de fazer da experiência artística não uma contemplação, mas interação física participativa. Oiticica dizia: “o parangolé não é para contemplar, mas para completar.” Foi a partir dessa posição é que adotei o parangolé como metáfora/metodologia e quadro teórico para minhas pesquisas sobre educação na cibercultura.

Ao iniciar o segmento sobre Vygotsky Eloíza me surpreende quando traz um dado muito revelador:

  • Vygotsky procurou desenvolver um enfoque não mentalista enfatizando o papel da linguagem na constituição do cognitivo, através do processo de internalização.

Volto logo à minha suspeita de que Piaget centra-se na relação “sujeito – objeto” e no enfoque “mentalista”.

  • doutrina segundo a qual a mente é a realidade fundamental
  • teoria que considera os processos conscientes oriundos da introspecção como os verdadeiros dados da psique
  • a centralidade no eu sopsista cartesiano como base da construção do conhecimento

Se a Eloíza traz esse termo para dizer que Vygotsky não é "mentalista" , e faz isso logo depois de falar de Piaget, fico tentado a concluir que este é mentalista. Seria isso Eloíza?

Para Vygotsky não um mentalista baseado na relação sujeito-objeto, mas na “Linguagem”

Vygotsky

Eloíza sintetiza assim:

  • “as práticas educativas – entendidas como situações de interação em que os membros mais competentes do grupo social e cultural ajudam outros membros do grupo a usar convenientemente esses sistemas de signos em relação a tarefas diversas em contextos também diversos – são os que possibilitam, em essência, essa aprendizagem.

Eloíza enfatiza o tema da interação social como centralidade em Vygotsky:

  • É inegável a importância que Vygotsky atribui a interação social no processo de desenvolvimento das capacidades humana de conhecer : As relações sociais ou as relações entre as pessoas são subjacentes geneticamente a todas as funções superiores.”Vygostky(1981; citado por Wertsch, 1988, p. 77-78)

Em sequida Eloíza destaca o aspecto mais famoso da teoria de Vygotsky que é a noção de “zona de desenvolvimento proximal” (ZDP) e “seu caráter bidirecional das relações entre desenvolvimento e prendizagem”.

Essa associação imediata com bidirecionalidade me empolga ainda mais no texto da Eloíza. Ele explica a ZDP:

  • por um lado, o que concentra as capacidades que a pessoa já adquiriu e que, portanto, pode manejar de maneira autônoma – Vygostsky o denominou de “nível de desenvolvimento real” ? Indica o desenvolvimento já realizado;
  • e, por outro lado, o que é delimitado por aquelas capacidades que a pessoa coloca em jogo com a colaboração e ajuda de outras pessoas experientes com que interage – Vygotsky chama de “nível de desenvolvimento potencial.”. Aponta a futura direção do desenvolvimento, a sua possibilidade e a expansão potencial.

Como se processa a construção do conhecimento em Vygotsky? Responde Eloíza: 

Finalmente o texto da Eloíza desenboca no tratamento da aprendizagem colaborativa. Minha pergunta inicial é: o sentido do termo colaborativo” é mesmo para Piaget e Vygotsky? Se há diferença, qual é?

Ela responde assim:

  • “Da postulação de Piaget e Vygotsky sobre o processo de conhecer como uma permanente construção realizado em interação com os objetos de conhecimentos (sociais, históricos, culturais etc), podemos inferir em através de outros textos dos autores que ambos se posicionavam a favor de atividades educativas em grupo.”
  • Piaget entendia que “era necessário que os alunos (co)operassem, ou seja, compartilhassem a resolução da tarefa através de operações intelectuais.” [...] “a cooperação entre sujeitos como a atividade por excelência que gera as equilibrações e reequilibrações necessárias para a produção de um conhecimento novo.”
  • Vygotsky entendia que “a ZDP não é uma propriedade deste ou daquele participante na interação ou de alguma de suas atuações, consideradas individual e isoladamente, mas é criada na própria interação em função tanto das características dos esquemas de conhecimento sobre a tarefa ou conteúdo trazido pelo participante mais competente.”

Ao estabelecer comparações entre os dois, estou certo de que Vygotsky é mais contundente sobre o papel essencial da colaboração, de modo que posso desenhar assim a diferença entre os dois autores:

  • Piaget = “sujeito – objeto – sujeito – objeto...”
  • Vygotsky = “sujeito – objeto – outrem – sujeito – objeto – outrem...”

E vcs? Como vcs vêem a construção do conhecimento a partir destes dois gigantes do tema?

Outras perguntas que não querem calar:

  1. Como transpor as teorias da aprendizagem de Piaget e Wygotsky  para o embiende de aprendizagem online?
  2. Concretamente, como trazer ambos para fundamentar nossa experiência de conhecimento aqui no módulo 3?
  3. Quais os desafíos para a docência online inspirada em Piaget e Vygotsky?
  4.  As teorias da aprendizagem de Piaget e Vygotsky dão conta dos aparelho cognitivos dos nativos digitais?

Abrs,

Em resposta à Primeiro post

Re: Co-criando o hipertexto da unidade

por Marco Silva -

Mea, vc pede contribuições e links para ajudar na construção do hipertexto. Aqui vai uma referência muito boa ao tema interacionismo em educação.

Trata-se de Marianne Hardy e co-autores no livro Naissance d’une pédagogie interactive . Paris: ESF/INRP, 1991. Os autores se propõem a definir as idéias fundamentais sobre as quais repousa sua pedagogia de inspiração construtivista e caracterizar as práticas educativas que a acompanham. E o fazem enfatizando sua posição contrária à transmissão de conhecimentos onde o professor se limita ao discurso pré-construído sem troca verdadeira com os estudantes.

Neste livro os autores criticam o professor que expõe, explica e interroga, enquanto os estudantes devem escutar, compreender e responder. Em oposição a esse perfil de professor, os autores dão atenção às interações e evocam a autoria do professor na promoção de mais e melhores interações.

A crítica dos autores é valiosa, mas em certa passagem revela algo tipicamente construtivista, algo inaceitável. Eles dizem que não são mais os estudantes que têm que seguir o mestre, mas este último que tem que seguir os estudantes para poder inserir-se no urdir do seu pensamento e trazer no momento propício elementos de conhecimento ajustados às questões que se colocam os estudantes.

Sabemos que colocar o aluno no centro do processo é fazer a mudança de um pólo a outro e recair em simplificação: antes o professor, agora o aluno. Ainda assim, suas contribuições são valiosas. Elas podem ser resumidas em cinco princípios. Cliquem pq são links:

  1. Aprender é construir o saber em interação com outrem.
  2. Suscitar a expressão e a confrontação .
  3. Interpretar as atitudes dos estudantes .
  4. Trabalhar em pequenos grupos interativos .
  5. Trabalhar com outros professores, atores e gestores da instituição e da comunidade
Em resposta à Marco Silva

Re: Co-criando o hipertexto da unidade

por Edmea Santos -

Marco parabéns por ter sacado o espírito do fórum "co-criando o hipertexto". Além de contribuir com links interessantes você nos convoca ao debate. Você realmente bem fazendo pesquisa-formação. Aqui o pesquisador forma e se forma. Pessoal, vamos exercitar esta dinâmica um pouco mais?

Pessoal, vamos co-criar com Marco? Como vocês responderiam às questões levantadas pelo colega?

Bento Silva, Maria Teresa, Adriana, Eloiza e demais colegas especialistas em Psicologia da Educação, como vocês responderiam as questões do Marco?

[]s

Méa