Entrevista com Piaget e Vygotsky

Número de respostas: 23

sorriso Olá pessoal!

Em nossa unidade 2 apresentamos o fórum "Entrevista com Piaget e Vygotsky" e o caso da professora www.pensamentocrítico.com.br. Vamos simular uma entrevista entre os dois mais importantes teóricos interacionistas na tentativa de indentificar e propor soluções alternativas para o problema apresentado na charge a seguir:

prof.lab.info

    • O que há de contraditório na cena acima?
    • Seria esta prática docente interacionista? Justifique sua resposta.
    • E se a instrução dada pela professora estivesse num ambiente online de aprendizagem? Seria diferente ?

Vamos imaginar um diálogo entre Piaget e Vygotsky aqui em nosso ambiente online. Isto não seria impossível, pois ambos foram contemporâneos, embora tenham vivido em espaços geográficos muito diferentes. O que um perguntaria ao outro e qual seria a resposta do que foi “entrevistado” na tentativa de respondermos as questões acima?

Esperamos por todos e todas travestidos de Piaget e Vygotsky. Temos como referência o texto base da unidade e um web-map com outros links sobre o tema. Contamos também com os saberes de tod@s para o debate.

[]s

Equipe UERJ

Em resposta à Primeiro post

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Usuário excluído -

Olá Pessoal,

Méa, provocando um pouco...

"Seria esta prática docente interacionista? Justifique sua resposta."

Abraços...

Lázaro

Em resposta à Usuário excluído

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Edmea Santos -

boca abertacorado pois,pois...se a justificativa for diversa, plural e para além da resposta única copiada do livro texto, por que não? Sua provocação é bem-vinda porque as expressões carregam políticas de sentidos e o "justifique sua resposta" realmente nos remete à práticas nada interacionistas. piscando Contudo, aqui em nosso fórum o que vale é a polifonia de sentidos, significados e significantes!

Vamos entrevistar Piaget e Vygostky?

Esperamos por vocês!

[]s

méa

Em resposta à Edmea Santos

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Usuário excluído -

Oi Pessoal,

Na mensagem anterior só quis provocar mesmo, embora a própira Méa reconheça, assim como Bakhtin o quanto as palavras representam uma disputa de forças e idéias.

Por outro lado, lendo a mensagem da Auxiliadora, me lembrei de algumas discussões que contrapõe o tradicional e o sócio-interacionismo ou construtivismo, dicotomizando-as em más e boas, respectivamente. 
É interessante questionar os contextos de tais práticas, como elas se desenvolvem, em quais projetos estão inseridas e se realmente estão de acordo com aquilo que dizem fazer. Qualquer um de nós se puxar da memória vai lembrar de instituições que afirmar se A ou B e nem sabem exatamente o que é isso.

Outra questão levantada por Auxiliadora é a possibilidade de ir além do superficial, buscando as redes nas quais as práticas se inserem, em outras palavras, se bem entendi, a atividade relatada na imagem não é um fato estanque, ou pode não ser, e interessa-nos também questionar quais são os fazeres ocorridos antes daquele momento que vemos na imagem.

Esse são alguns dados interessantes para que direcionemos nossas discussões e não caiamos em fetiches teóricos.

___________________________________________

Quanto à entrevista, o que será que Vygotsky diria das múltiplas mediações do ciberespaço de Ley, ou da sociedade em rede de Castells? Como estas têm afetado nossas ZDPs?

Peço uma colaboração de nossos colegas nessa discussão...

Abraços

Lázaro!

 

   

 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Auxiliadora Padilha -

Ok Lázaro,

muito pertinente sua colocação no que diz respeito a não dicotomizarmos as concepções. É importante considerar a importância das atividades memorísticas quando precisam ser, das atividades individuais, grupais, etc, de acordo com cada objetivo que se tem.

Acho que o 'objetivo' diz tudo. De acordo com os objetivos de aprendizagem que temos dizemos de nossas concepções (que lógico, estão antes de tudo), definimos nossas estratégias e a forma de olharmos nosso aluno.

Abraços

Em resposta à Usuário excluído

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Usuário excluído -

Lázaro,
Acredito que Vygotsky gostaria, especialmente, dos conceitos de inteligência coletiva e de tecnologias da inteligência do Lévy. Como teórico preocupado com o aspecto sócio-histórico, não deixaria passar a oportunidade de estudar as mediações na cibercultura, nem de explorar os aspectos sociais abrangentes da sociedade em rede.
Em relação a ZDP, acredito que nos AVA, através da mediação e interação entre seus habitantes (como diz a Méa) possamos criar espaços de aprendizagem vedadeiros, síncronos ou assíncronos, posto que potencializam a comunicação entre os sujeitos.

Alguém pensa diferente?
E Piaget? O que pensaria sobre essas questões? Quem nos ajuda?

Bjs! :-)

Em resposta à Usuário excluído

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Usuário excluído -

Lázaro,

Sua provocação é, além de tudo, inteligente e divertida.

Quanto à prática docente interacionista, não podemos vê-la com o viés equivocado que assolou o construtivismo.

No início de uma unidade, como agora, um "chamamento" mais direto do docente / moderador à interação grupal é plenamente admissível, como fez a Méa.

O que não seria bom (e não vai acontecer com este grupo muito participativo) é o professor "comandando" o tempo todo e o grupo silencioso, ou apenas respondendo aos estímulos apresentados pelo docente, sem co-criar de forma colaborativa, cooperativa.

Tanto dá certo, que funcionou com você. piscando

Beijo.

Em resposta à Primeiro post

Entrevista com Piaget e Vygotsky - v amos participar pessoal!!!

por Edmea Santos -

Olá pessoal!

Nossa unidade 2 só durará 1 semana. Na próxima segunda-feira já estaremos com a unidade 3 online. Nossa unidade 4 será disponibilizada, mas não teremos tempo para praticá-la porque virá o grupo da UNESA com o módulo 4. Claro que teremos todas as unidades online até o final da pesquisa e nós da UERJ estaremos online interagindo em nosso módulo e nos módulos dos colegas. Contudo, vamos aproveitar cada semana vivenciando conosco nossas situações de aprendizagem.

Convidamos todos e todas para "Entrevistarem o Piaget e o Vygotsky" a propósito da nossa provocação inicial do caso da professora "pensamentocritico.com" .

Esperamos por vocês!

Equipe UERJ

 

Em resposta à Edmea Santos

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky - v amos participar pessoal!!!

por Auxiliadora Padilha -

Oi pessoal, oi Méa,

Procurei observar bem a figura (como num jogo dos sete erros) e fiquei procurando achar os 'erros'! Isso, entretanto, pode ser uma análise superficial. Procurei, pois, ampliar a lente e olhar mais profundamente. Logo de cara, suas questões pareceram muito óbvias (como no jogo citado), mas depois...

Eis alguns pensamentos:

Como estimular um pensamento crítico apenas respondendo questões, que parecem ser 'escolha de opções'?

O fato das crianças estarem sozinhas, uma em cada computador, também me incomodou. Gosto de trabalhar em grupo, mesmo no computador.

Mesmo num AVA a prática pode ser behaviorista, dependendo das atividades sugeridas e da forma como o professor estabelece as estratégias de aprendizagem de seus alunos. Se formos pensar na opção de 'questionário' que o Moodle proporciona, com opções fechadas de respostas, vemos que, mesmo num ambiente considerado 'construcionista' podemos ter opções de atividades, mais ou menos, behavioristas.

Entretanto, mesmo considerando a interação como ponto chave para a construção do conhecimento, a atividade indivivual também é muito importante (também dependendo da forma como é orientada), para a sistematização dos conhecimentos construídos. Será que a professora já não realizou todos os passos da interação com discussão, refexão, levantamento de hipóteses em grupo, etc. e depois pediu que cada um fizesse sua sistematização dos conhecimentos aprendidos numa atividade metacognitiva??? É preciso compreender bem o que aprendi de toda aquela discussão e reflexão coletiva.

"Se procurar bem, você acaba encontrando não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida."
(Lembrete, de Carlos Drummond de Andrade)

Abraços

Em resposta à Auxiliadora Padilha

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky - v amos participar pessoal!!!

por Usuário excluído -

Auxiliadora, suas colocações são significativas, principalmente porque revelam a intenção de analisar dialeticamente um quadro que pode sugerir várias interpretações... No ofício docente penso também que não podemos analisar um dos momentos da ação do professor, mas sim conhecer todos os passos do professor, embora mesmo assim parece não ser suficiente para dizer se o professor tem uma ação interativa ou não...Até porque muitas práticas aparentemente interativas, escondem formas de agir behavioristas...E outras com traços behavioristas podem encaminhar para processos contrutivos do conhecimento. Cada professor, pode ter seus propósitos conscientemente definidos ou pode caminhar sem refletir aprofundamente sobre suas ações...

Assim, penso que é importante  fazer um esforço para refletir criticamente sobre nossas ações, no caso do presente curso na modalidade online...analisando criteriosamente nossos propósitos e avaliando o caminho aser percorrido...Será que é possível ??? Lina 

Em resposta à Auxiliadora Padilha

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky - v amos participar pessoal!!!

por Usuário excluído -

Auxiliadora,

Concordo inteiramente, inclusive com a beleza do Drummond.

Acredito que a prática docente apresentada na charge não é behaviorista, mas a réplica do que há de mais tradicional na Educação.

Você lembrou com justeza a velha prática dos questionários, em que os alunos decoravam as respostas que com certeza "cairiam na prova".

Esta postura mata uma das coisas mais belas do processo de aprendizagem: a suspeita dialética quanto ao conhecimento estabelecido como verdadeiro e a "arte" de formular perguntas, indagações.

Abraços.

Em resposta à Usuário excluído

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky - v amos participar pessoal!!!

por Marco Silva -

Concordo com Eloíza.

A charge expressa o que há de mais tradicional na Educação: a aprendizagem acionada pela voz de comando do professor que manda fazer.

Esta charge é muito boa pq exprime com ironia requintada enorme desafio da educação na cibercultura, ou se preferir, desafio para a informática educativa. A professora subutiliza as potencialidades do computador e da internet e a possibilidade da aprendizagem colaborativa. Como?:

  1. Subutiliza as potencialidades do computador e da internet quando diz: “Agora vão a www.pensamentocritico.com e cliquem em respostas.” Ou seja, não convida o aluno a explorar mas a executar um comando, movimento típico da lógica fabril. Situo esta postura no modelo industrial/positivista que engendrou o sistema educacional de massa e sua escola-fábrica, na qual o professor educa disparando lições-padrão, para simular o futuro da indústria. A educação sintonizada com o nosso tempo pode engendrar a recursão complexa da comunicação e do conhecimento para simular o presente e o futuro interativos. Antes, a escola contava com a predisposição do sujeito forjada também pela mídia de massa, e simulava, em sala de aula, a vida real dos alunos no futuro: o mundo das fábricas e da distribuição em massa. Hoje, quando as novas tecnologias interativas libertam o sujeito da massificação imposta pelos media clássicos, a escola se depara com a autonomia do sujeito que faz por si mesmo e o convida à comunicação e ao conhecimento no confronto coletivo, para simular, em sala de aula, a vida real que os alunos podem ter.
  2. Subutiliza possibilidade da aprendizagem colaborativa. Piaget e Vygotsky em debate certamente concordariam que a profa está equivocada pq o sujeito conhece na interação com outrem (computador, colegas) e não na recepção passiva submetida ao falar-ditar do mestre. Na sala de aula, as estratégias do professor podem ser:
    • Fornecer material para análise e pesquisa que implique em posicionamentos compartilhados, tomada de decisões em grupo.
    • Estimular os estudantes a resolverem coletivamente com autonomia os problemas apresentados
    • Reagir às colocações dos grupos, dialogar, esclarecer, dar a sua opinião, agregar.
    • Interferir nas diferentes etapas de elaboração do trabalho. Estimular participação, as opiniões dos alunos o assunto e a co-criação.

Os leptops estão chegando as escolas. O governo feral que informaticas com computador e banda larga. Porém não se fala na formação adequada do professor. Os professores estão recusando os laptops. Ou... estão mandando alunos abrir um site e clicar em respostas... Cadê a formação do professor? Sofistico a pergunta:  Cadê a formação do professor sintonizada com os desafios da cibercultura

Abrs,

Em resposta à Primeiro post

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Usuário excluído -

Méa e demais queridos,

Eu perguntaria aos dois o que achavam da interação estabelecida na charge.

Piaget talvez dissesse que o ambiente de aprendizagem visualizado na charge carece do estímulo à atividade de quem aprende, assim como de situações de aprendizagem em grupo, que para ele são essenciais.

Também sentiria falta dos problemas, dos desafios que provocam desequilibrações cognitivas e demandam assimilações e acomodações reequilibradoras.

Para Vygotsky a presença do adulto é importante para o estímulo à ZDP, mas a interação estabelecida é pobre, apenas através de uma ordem verbal.

O que poderia internalizar cada uma daquelas crianças??? É pequena a riqueza do processo interpsíquico, o que é visível pelo silêncio e pela linguagem não verbal das crianças.

Para mim esta charge expressa um dos problemas sérios de algumas práticas de educação online:  o excesso de pragmatismo e a supersimplificação representada pelas respostas prontas e "pasteurizadas".

Abraço carinhoso!!!

Em resposta à Primeiro post

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Usuário excluído -

Caríssimos,

Gostaria de destacar a terceira pergunta formulada na provocação desta unidade:

E se a instrução dada pela professora estivesse num ambiente online de aprendizagem? Seria diferente ?

E então, como seria???

Qual o limite da autonomia em ambientes virtuais de aprendizagem??? Existe limite???

Qual a diretividade possível / desejável em tais ambientes?

Como delimitar a auto-aprendizagem e a aprendizagem incentivada, provocada pelo docente???

Vamos opinar, pessoal?

Em resposta à Usuário excluído

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Usuário excluído -

Eloísa e todos mais,

Vou responder algumas provocações me juntando às reflexões de outros participantes.

Conforme disse a Lina, “Cada professor, pode ter seus propósitos conscientemente definidos ou pode caminhar sem refletir aprofundamente sobre suas ações...”.

Entendo que tal perspectiva se aplica tanto à educação presencial quanto aos ambientes virtuais. Portanto, Méa, nossa professora não parece estar sendo interacionista.

Sobre sua segunda interrogação Eloisa, as atuações docentes baseadas na educação tradicional limitam (será que já podemos dizer limitavam?) imensamente a autonomia dos alunos. No entanto, nos ambientes virtuais em que sejam utilizados múltiplos recursos de mídia, os horizontes dos alunos se ampliam, a meu ver, um pouco à revelia das práticas pedagógicas. E talvez seja este um dos motivos pelos quais muitos professores ainda se recusam a utilizar qualquer recurso de tecnologia diferentes do livro didático.

Sobre a diretividade e o desejável, penso que a Auxiliadora nos ajuda a refletir quando afirma “que o 'objetivo' diz tudo. Há cursos on line que voltados ao treinamento deixam pouco, ou nenhum, espaço à práticas interacionistas sendo, muitas vezes, ideais aos seus propósitos.

Por hora, isso.

Abç a todos.

Andrea Castro

Em resposta à Usuário excluído

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Edmea Santos -
 Olá pessoal!

Viram como uma provocação rende pontos de vista diferentes? São links e conexão incríveis que aparecem porque somos leitores e sujeitos históricos. Ler não é só decodificar o significante. Como dizia Freire é também conectar esta decodificação com a nossa história de leitura. Aqui em nosso grupo temos sujeitos históricos com leituras e experiências valiosas. Vamos aproveitar pessoal? Se cada um puxar um "nó" dessa rede de sentidos, teremos uma rede incrível para virtualizarmos em nossas práticas pedagógicas, seja no presencial, seja no online.

Nesta atividade da nossa unidade 2 não temos respostas únicas. As respostas são plurais porque as relações cognitivas são mais que plurais. Tudo dependerá de que "lugar" estamos falando.Como Piaget e Vygotsky chamariam este "lugar"? 

 O docente que avalia um fórum de discussão, como este, precisa contemplar que não é a resposta se si o foco de seu trabalho avaliativo. Temos que analisar a argumentação de cada participante e como esta argumentação é sustendada pela relação teoria/prática/autoria do interagente. Portanto, o docente na cibercultura precisa ser realmente um sujeito que aprende e que entende o ato de ensina como uma "prática epistemologicamente curiosa".

Para instigar ainda mais nossas argumentações e nossa interatividade comentarei as falas que me chamaram atenção até agora. Claro que temos muitas outras valiosas. Contudo, seleciona algumas para instigar mais nossas reflexões.

Concordo plenamente com a Auxiliadora e com a Lina quando tocam na necessidade de analisarmos a ação docente em sua complexidade. Analisar apenas um momento pode comprometer todo o processo. Lina diz que “No ofício docente penso também que não podemos analisar um dos momentos da ação do professor, mas sim conhecer todos os passos do professor, embora mesmo assim parece não ser suficiente para dizer se o professor tem uma ação interativa ou não...Até porque muitas práticas aparentemente interativas, escondem formas de agir behavioristas...". Colegas, de que interatividade estamos falando? A interatividade não seria uma estratégia comunicacional? Uma estratégia comunicacional pode ser sustentada por uma teoria de aprendizagem a luz da Psicologia da Educação? É possível ser interativo e ser "behaviorista" ou "sócio-interacionista"? Marco você é que especialista em interatividade, qual a sua posição?

Auxiliadora você toca num ponto fundamental para as práticas pedagógicas, os objetivos de aprendizagem. Nos esclarece Auxiliadora " De acordo com os objetivos de aprendizagem que temos dizemos de nossas concepções (que lógico, estão antes de tudo), definimos nossas estratégias e a forma de olharmos nosso aluno." Dora e demais colegas, os objetivos de aprendizagem não podem se tornar também "gaiolas epistemológicas" como nos alertaram Giroux e Apple?  Isso me preocupa porque muitas vezes os professores ficam "presos" aos seus objetivos de aprendizagem e não se premitem olhar o que emerge para além deles. Pessoal, diante das diversas possibilidades das tecnologias digitais para aprendizagem,  o que acham disso tudo? Como em suas práticas vocês lidam com este dilema?

Aproveito para recuperar das falas da Andréa e do Lázaro com dados para orientar um pouco mais nossas reflexões e argumentações. Nos provoca Andréa "nos ambientes virtuais em que sejam utilizados múltiplos recursos de mídia, os horizontes dos alunos se ampliam, a meu ver, um pouco à revelia das práticas pedagógicas ”. Como vocês pesquisadores estão vivenciando esta afirmativa da Andréa na docência de cursos online?

Lázaro ponho na roda das discussões a sua questao para simularmos um pouco mais : “será que Vygotsky diria das múltiplas mediações do ciberespaço de Léyy, ou da sociedade em rede de Castells? Como estas têm afetado nossas ZDPs?”

beijo grande

Méa

Em resposta à Edmea Santos

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Marco Silva -

Méa, respondo à chamada feita na sua conversa com Auxiliadora e Lina

Vc diz:

“Concordo plenamente com a Auxiliadora e com a Lina quando tocam na necessidade de analisarmos a ação docente em sua complexidade. Analisar apenas um momento pode comprometer todo o processo.”

Eu também concordo. Não podemos analisar ações isoladas na atuação docente. Imaginemos a analise de um momento de preleção de um docente. A cena poderá ficar para os analistas como sendo típica de um professor centrado no falar-ditar do mestre, centrado na oratória. Assim:

prof bocão 

Defendo que a preleção deva existir na docência, mas como momentos pontuais e não como centralidade da ação docente. Ainda assim, deve ser situada pelo prof. como provocação à a participação do aprendiz e não conferência para audição e repetição do que foi dito ou achando que o conhecimento se dá pela audição. Afinal, aprendi e confirmo neste módulo que, pelo menos segundo Piaget e Vygotsky a aprendizagem não se dá pela audição, mas pela interação com o objeto e com outrem.

Por isso concordo com Lina que diz : "No ofício docente penso também que não podemos analisar um dos momentos da ação do professor, mas sim conhecer todos os passos do professor, embora mesmo assim parece não ser suficiente para dizer se o professor tem uma ação interativa ou não...Até porque muitas práticas aparentemente interativas, escondem formas de agir behavioristas...".

De fato, para analisarmos uma prática docente interativa precisamos acompanhar todo o processo e não somente momentos estanques. Ademais, há muita picaretagem sendo chamada de interativa. Remeto à imagem que abre este fórum aqui no módulo 3. A profa que, diante dos computadores em sala de aula, convida a aluna a abrir um site X e lá clicar respostas.

Vamos à provocação da Méa. Tento responder a cada pergunta:

Méa pergunta: Colegas, de que interatividade estamos falando?

Gente, há muita escola que se divulga como interativa somente porque tem laboratório de informática. Como já sabem, interatividade é um conceito curiosamente muito mercadológico (basta dizer que algo é interativo para que já crio imediatamente adesão fácil do consumidor), embora seja, ao mesmo tempo, um dos fundamentos mais interessantes da cibercultura (novo paradigma comunicacional capaz de tomar o centro da cena até então ocupado pela transmissão própria dos meios de massa.) É com este entendimento do conceito de interatividade que eu trabalho e pesquiso. É de fato revolucionário no cenário comunicacional das mídias e, igualmente, no cenário da docência e da aprendizagem, independentemente da informática. Afinal, interatividade não é um conceito de informática, mas de teórica da comunicação.

Méa pergunta: A interatividade não seria uma estratégia comunicacional?

Conforme falaremos no módulo 4, interatividade é a ação da emissão e da recepção que se articulam para a produção da mensagem. Ou seja, a mensagem não é necessariamente uma produção exclusiva da emissão conforme se entende historicamente. A rigor, no sentido profundo do conceito de comunicação, os dois pólos emissão e recepção devem ser co-autores da mensagem e da própria comunicação. Em sala de aula o hábito de tomar a mensagem normalmente como conhecimento transmitido pelo professor tem sido um grande equivoco. É aqui que se encontra o grande problema que mais me inquieta em educação: a “pedagogia da transmissão” que avalio extremamente nociva frente à função social da educação que é formar cidadãos participativos, criativos e colaborativos.

Méa pergunta: Uma estratégia comunicacional pode ser sustentada por uma teoria de aprendizagem a luz da Psicologia da Educação?

Sim. Valorizo imensamente o sócio-interacionismo de Vygotsky. Esta base teórica tem muita contribuição para a teoria da interatividade. O inverso tb procede. A teoria da interatividade tb tem muito a contribuir para a teoria sócio-interacionista. Que contribuições são estas? Aqui agora é difícil deslanchar essa abordagem. Tentarei tratar do assunto no próximo módulo.

Méa pergunta: É possível ser interativo e ser "behaviorista" ou "sócio-interacionista"?

Não. Interatividade, tal como entendo, isto é, como fundamento paradigmático da cibercultura, do digital, da web 2.0, da arte “participacinista” de Oiticica e de muitos outros artistas é o oposto de behaviorismo. Na interatividade não há condicionamento e alienação, mas, autoria, autonomia e expressão crítica da emissão e da recepção em práticas de compartilhamento e de co-criação.

Agradeço estas questões da Méa pq elas nos instigam ainda mais para o tratamento do tema do módulo 4 inteiramente dedicado à interatividade na educação presencial e online.

Abrs,

Em resposta à Marco Silva

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Marco Silva -

Preciso complementar minha fala na última pergunta da Méa.

Retomo a pergunta, a resposta que dei e acrescento um complemento em negrito.

Méa pergunta: É possível ser interativo e ser "behaviorista" ou "sócio-interacionista"?

Não. Interatividade, tal como entendo, isto é, como fundamento paradigmático da cibercultura, do digital, da web 2.0, da arte “participacinista” de Oiticica e de muitos outros artistas é o oposto de behaviorismo. Na interatividade não há condicionamento e alienação, mas, autoria, autonomia e expressão crítica da emissão e da recepção em práticas de compartilhamento e de co-criação.

Finalmente quero deixar claro que concordo com a Lina. De fato há práticas que se vendem como interativas (o adjeitivo interativo aqui está dourando a pílula, ganhando no papo alguem desavisado), mas são na verdade behavioristas. Isso não acontece somente na educação, mas em qualquer lugar onde prevaleça busca do lucro acima de qualquer valor. Veja o exemplo da TV digital, vendida como interativa... Na verdade o que temos e teremos por muito tempo é a tv com imagem de alta definição e com um controle remoto turbinado (reparo que a maioria dos migrantes digitais não consegue lidar com mais da metade dos botões do controle da tv analógica) permitindo acessar o modo de comprar o vestido da atriz da novela por cartão de crédito online. O telespectador se acha "rei" na sociedade da informação que lhe oferta maiores faciliades de escolha-consumo, entretanto, quanto mais pensa assim mais está alienado, escravisado por ela. A questão com o behaviorismo passa necessariamente por aí, não é?.

Abrs,

Em resposta à Marco Silva

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Usuário excluído -

Olá Marco e colegas, desculpem pegar a conversa "na janelinha", mas estou tentando acompanhar as discussoes ao mesmo tempo em que viajo etc... assim, posso pegar alguns bondes andando e me perdoem se for o caso...

Marco e Lina, tb concordo com vcs... e vc Marco, me instiga quando destaca o behaviorismo da TV Digital (interativa), pois temos discutido esse tema com nossos alunos na PUC e estaremos aprofundando essas discussoes neste semestre num projeto intercursos... Assim, pergunto: vcs acham que a TV Digital poderá ser de fato interativa (tal como compreendemos interatividade?)? E se sim, como seria?

Bjs

Dri

Em resposta à Usuário excluído

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Usuário excluído -

Gostaria de fazer minha intervenção, iniciando com algumas reflexões á questões que de uma maneira ou de outra estão sendo colocadas:

Como transpor as teorias da aprendizagem de Piaget e Vygotsky para o ambiente de aprendizagem online? Quais os desafios para a docência online inspirada em Piaget e Vygotsky?

Apesar dos ambientes que têm o suporte da tecnologia, serem singulares e diferentes da sala de aula presencial, os sujeitos descritos por Piaget e Vygotsky podem ser (re) significados por essas teorias, porque são diferentes daqueles interpretados pela metafísica: sujeitos reduzidos á inércia frente aos mecanismos causais. Na minha opinião Piaget e Vygotsky mostram um sujeito diferente. O primeiro apresenta o sujeito epistêmico e psicológico que, ao interagir com o meio constrói sua inteligência e o segundo enfoca o sujeito sócio-histórico e cultural, enfatizando a linguagem (1988) como ferramenta do pensamento e exercendo um papel importante na organização das funções psicológicas do sujeito, sem a qual tais representações não acontecem. Vygotsky,distingue uma linguagem exterior que vai mediar as relações sociais ou a linguagem para o outro da linguagem interior ou discurso para si

Uma outra questão provocativa foi a seguinte: E se a insrução dada pela professora estivesse em um ambiente online? Como seria? 

As teorias da aprendizagem de Piaget e Vygotsky dão conta dos aparelhos cognitivos dos nativos digitais?

Na minha opinião o ambiente virtual não é capaz por si só de dar conta da novas subjetividades desses nativos digitais cujas cognições estão marcadas pelas tecnologias intelectuais. Creio que Lévy dá um pouco conta dessa questão quando diz que : “ As TI situam- se fora dos sujeitos cognitivos mas estão entre os sujeitos como códigos compartilhados, textos que circulam programas, imagens que transmitimos...” (LÉVY, 1993).

Com a ajuda de LÉVY, quem sabe, possamos entender melhor esses nativos digitais atores que povoam um sistema ecológico aberto em constante reorganização... A ecologia cognitiva de Pierre Lévy aborda as dimensões técnicas e coletivas da cognição...

São palavras de Lévy: “ Os dispositivos técnicos são portanto atores por completo em uma coletividade que já não podemos dizer puramente humana, mas cuja fronteira está em constante definição” (Lévy, 1993, p.135)

Se olharmos a professora da charge vemos que está “perdeu o bonde da história” Talvez seja necessária uma revolução conceitual na cabeça dessa professora para acompanhar os desafios propostos.....

O texto apresentado deixa claro que nas situações de interações são construídas representações que podem ser estimulantes ou tediosas a depender da qualidade das interações e da capacidade de colaboração dos sujeitos envolvidos ....

 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Edmea Santos -

Olá pessoal!

Olá Olívia!

Você fez uma bela síntese Olívia.

Sobre o nativos digitais...

Bem, os nativos digitais são os principais sujeitos/autores do ciberespaço. Logo não podemos separar as tics dos sujeitos que a constituem. A relação é dialogica e dialégica como nos propoe McLuhan " o homem faz a ferramenta a ferramenta faz o homem". Esta frase foi dita no contexto da mídia de massa.

Hoje diria "o homem faz a interface a interface faz o homem". Qual a relação com o hibrido pensamento e linguagem proposto por Vygotsky?

Aproveito e convido todos e todas para a estudo da unidade 3 que ficará pronta na próxima quarta-feira. Nesta unidade falaremos sobre o conceito de ecologia cognitiva de Levy. De todo modo, já podemos tratar deste conceito aqui, ainda mas se relacionarmos com a dupla Piaget e Vygotsky.

[]s

Méa

 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Usuário excluído -

Olívia,

Gostei muito da sua intervenção.

Lévy foi feliz ao conceituar o ciberespaço e a cibercultura, além de tratar das novas sociabilidades e subjetividades deles decorrentes.

No entanto, o estudo dos aspectos psicológicos (não só cognitivos, mas também emocionais) dos nativos digitais constitui um desafio que a Psicologia ainda não dá conta por ser muito recente e rapidamente mutável.

Por isso as trocas que realizamos em um espaço como este são tão importantes.

Abraços!!! 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Entrevista com Piaget e Vygotsky

por Usuário excluído -

Olívia, Elô e pessoAll,

Também gostei muito das questões colocadas pela Olívia, é muito pertinente ter esse olhar mais atento para a aprendizagem online à luz de teóricos interacionistas ou sócio-interacionistas.

Sobre isso, recomendo a leitura de um interessante artigo da Cristina Dávila (que está conosco aqui no curso), chamado “Por uma didática colaborativa no contexto das comunidades virtuais de aprendizagem”. Nele, Cristina demonstra que as teorias de Piaget e Vygotsky oferecem subsídios fundamentais para a construção e reconstrução do conhecimento nas comunidades, pois os sujeitos são participantes o tempo todo, além de tal modelo responder um pouco mais à demanda da sociedade contemporânea.

Olívia pergunta: (1) Como transpor as teorias da aprendizagem de Piaget e Vygotsky para o ambiente de aprendizagem online? (2) Quais os desafios para a docência online inspirada em Piaget e Vygotsky? (3) As teorias da aprendizagem de Piaget e Vygotsky dão conta dos aparelhos cognitivos dos nativos digitais?

Gostaria de complementar essas perguntas, pois Como bem disse Elô, carecemos ainda de pesquisas sobre processos psicológicos dos nativos digitais:

* A educação online atua principalmente com adultos. As próprias diretrizes do MEC são para que ela ocorra após o ensino fundamental. Então, quais as especificidades da aprendizagem dos adultos à luz desses autores?

* Os processos de aprendizagem pelos quais passam os alunos online são os mesmos do aluno presencial?

* Como atuar na ZDP do meu aluno online? Como isso foi e está sendo feito nos três módulos desse curso pelos quais já passamos?

Compreender o processo pelo qual caminha nosso aluno leva nos a refletir sobre a docência. Vejo que durante muito tempo nós, educadores, ficamos preocupados em definir qual a melhor forma de ensinar, desconsiderando totalmente o aprender de nosso aluno, como se fosse um processo único para todos...

Beijos a todos,

Tatiana