Brincando de Labirinto

Questões para "animar" ainda mais o labirinto

Questões para "animar" ainda mais o labirinto

por Usuário excluído -
Número de respostas: 22

Olá, pessoal que está se aventurando pelo labirinto,

Venho acompanhando atentamente a bela troca que estamos desenvolvendo nos corredores.

Acrescento agora uma nova entrada, ou melhor uma tríplice entrada, através de questões.

Elas afloraram logo na entrada e vêm sendo cada vez mais aparentes nas falas de todos nós.

Vou postar uma a cada dia, incentivando um pouco a curiosidade de vocês.

Parece até aquela história que a Sherazade, dos contos das Mil e Uma Noites contava para o sultão, deixando sempre um pedacinho para o dia seguinte.

Eis a história, bem resumida:

"Conta-se que o poderoso sultão fora vítima de infidelidade da sua primeira esposa e assim jurou nunca mais acreditar no amor de uma mulher. Ele decidiu, então, que se casaria com uma mulher a cada dia e após a noite de núpcias mandaria executá-la, ao nascer do sol. As famílias sofriam com o amor fugaz e a morte eminente de suas filhas. Mustafá, que era o encarregado de escolher futuras esposas, não encontrava mais nenhuma jovem. Sua filha mais velha, Sherazade, percebendo o nervosismo do pai, resolveu oferecer-se para salvar o povo de Bagdá. Ela tinha o poder da sedução de narrar histórias. Consumia seus dias em leituras e lidava muito bem com as palavras. Na noite de núpcias a irmã de Sherazade, conforme o combinado entre elas, entra chorando nos aposentos do casal e pede a ela que lhe conte uma história. Shariman ouve-a atentamente, encantado e ansioso até ao amanhecer. . O sultão decide poupar sua vida para ela possa dar continuidade à história na noite seguinte. Emendando uma história na outra ela vai sobrevivendo, encantando e despertando a curiosidade do sultão. Passam-se mil e uma noites. O sultão já apaixonado liberta-se da dor da vingança e da traição e resolve abolir o cruel destino das esposas."

Elas são de certa forma independentes, embora se inter-relacionem, assim não é necessário esperar a terceira para buscar as respostas.

Não há segredos escondidos no labirinto, todo o conteúdo está dentro de nós, nas nossas experiências e conhecimentos.

Assim é a aprendizagem...

Vamos à primeira pergunta, então:

?1.Embora a aprendizagem seja um processo interno, ela se apresenta de forma observável através do comportamento. Na aprendizagem em ambientes virtuais como esses comportamentos podem ser observados?

Em resposta à Usuário excluído

Re: Questões para "animar" ainda mais o labirinto

por Usuário excluído -
Eloiza, a resposta à sua questão é bem difícil, mesmo considerando que podemos saber alguma coisa por meio dos comportamentos observáveis, é difícil definir que determinados comportamentos significam que as pessoas aprenderam...Como você sinalizou muito bem a aprendizagem é um processo interno.
Se na aprendizagem face a face é complicado saber se a pessoa aprendeu ou não, encontramo-nos em um labirinto de idéias e conceitos que demandam, me parece maior complexidade para responder.
Na aprendizagem online também podemos lançar mão de alguns comportamentos observáveis se analisarmos passo a passo as respostas dos participantes...Suas ausências podem ser significativas, suas respostas evasivas também, suas respostas fundamentadas em teóricos podem mostrar que já conseguem elaborar aspectos importantes dos temas tratados...
No entanto afirmar que aprenderam é mais complicado...Confesso ficar atrapalhada para responder a esse questionamento. Pode ser que outras respostas me ajudem a compreender ...abraços, Lina
Em resposta à Usuário excluído

Re: Questões para "animar" ainda mais o labirinto

por Usuário excluído -

Olá Professora Eloiza e colegas de curso,

Há uma coisa nessa sua questão que precisa ficar mais clara: O que está sendo chamado de "observado"?

Há em determinadas correntes do pós-modernismo uma certa implicância com essa hegemonia daquilo que está submetido ao olhar, e não também aos outros sentidos... Em outras palavras, há mais que o observável, afinal, somos mais sensíveis do que aquilo que nossos olhos nos mostram.

Creio que, mesmo em outros espaços/tempos, longe da observação mais direta, a educação on line nos desafia a termos um relacionamento mais próximo, mais sensível mesmo, de forma que, na falta daquilo que esta no nosso campo de visão, possamos entender as posições dos outros e suas aprendizagens.

Abraços !

Lázaro   

Em resposta à Usuário excluído

Re: Questões para "animar" ainda mais o labirinto

por Usuário excluído -

Lina e Lázaro,

As respostas de vocês suscitam ricas reflexões:
Lina, eu também não tenho respostas muito fechadas, mas acredito que se pode, no ambiente virtual de aprendizagem, observar bem o desempenho (comportamento dos alunos).

Depois de uma experiência um pouco dispersa no início aquele "nomes", textos, carinhas, vão ganhando identidade, vamos aprendendo a conhecê-los pelo estilo, pela forma de participar...

Podemos também observar o crescimnto deles, como vão se tornando mais desinibidos, participantes, vão mostrando o que sabiam e estão aprendendo.

Lázaro, o conceito de comportamento observado admite mesmo diversas concepções. A que eu adoto certamente não é a de observar como mensurar.

O grande desafio nessa questão talvez seja um fator que você estuda bastante: a polêmica dicotomia / unicidade / continuidade / descontinuidade entre real e virtual.

Beijinhos para ambos.

Em resposta à Usuário excluído

Re: Questões para "animar" ainda mais o labirinto

por Marco Silva -

Colegas

Eloíza faz uma síntese elucidativa com seu texto "Psicologogia da aprendizagem. Após a leitura trago duas inquietações a partir do seguinte trecho:

“o ambiente virtual de aprendizagem (AVA) é ‘um espaço ou uma comunidade organizada com o propósito de aprender”, o que cria a necessidade da articulação de três fatores essenciais – o aparato tecnológico que lhe dê suporte, o desenvolvimento de uma metodologia adequada e uma concepção clara de aprendizagem, de construção do conhecimento.’”

Inquietação 1 . Sobre os “três fatores essenciais” citados:

  • Sobre o aparato tecnológico ou "ambiente virtual de aprendizagem" (AVA), de fato, ele precisa ser bom. Aliás, considero o Moodle muito bom. O grande problema aqui é que a exclusão digital e cibercultural do professor irá subutilizar as potencialidades desse AVA e consequentemente a docência.
  • Sobre o desenvolvimento de uma metodologia adequada , de fato é necessário. Entretanto a metodologia para a educação online ainda está pouco sistematizada. As práticas são apresentadas em poucos eventos específicos. Raramente discutidas e testadas nos cursos de formação de professores.
  • Sobre uma concepção clara de aprendizagem, de construção do conhecimento , faltam pesquisas sobre a transposição das teorias dos clássicos autores da pedagogia (citados no texto da Eloíza) para o ambiente online de aprendizagem. São teorias e práticas forjadas no presencial. Falta avançar na sistematização de terias para a aprendizagem online.

Aproveito a oportunidade para perguntar à Equipe PPGE UERJ:

  1. Quais as metodologias vcs consideram mais adequadas ao trabalho docente e discente neste módulo 3?
  2. Quais as concepções claras de aprendizagem vcs adotam ou valorizam nesse módulo 3?

Inquietação 2. Sobre o paradigma Histórico-crítico.

  • Em seu texto Eloíza considera Piaget pertencente ao paradigma Histórico-crítico. Tenho dúvidas. Maria Teresa, da Equipe do PPGE da UFJF, parece não incluir Piaget neste paradigma. Conto com a ajuda duas professoras e dos(as) colegas para esclarecimento dessa dúvida que trago comigo faz tempo.
Em resposta à Marco Silva

Re: Questões para "animar" ainda mais o labirinto

por Usuário excluído -

Caro Marco,

Suas questões são muito pertinentes e pretendemos discutí-las na equipe para postar uma resposta-síntese do nosso grupo.

Quanto a Piaget, ele foi realmente um inovador...

O início de sua obra - principalmente a descrição universalizante de fases do desenvolvimento - não pode ser considerada expressão do paradigma histórico-crítico.

Na continuidade da obra ele dá fortes indícios de bases cognitivistas, mas a importância que atribui à aprendizagem em grupo, a abordagem dos possíveis e do necessário e do desenvolvimento da linguagem permitem que falemos do pertencimento ao paradigma histórico-crítico.

Em resposta à Usuário excluído

DÚVIDA - Piaget pertence ao paradigma histórico-crítico?

por Marco Silva -

Ok Eloíza, de fato Piaget foi inovador.

Entretanto, gostaria contar com a opinião da Maria Tereza e de outros colegas dos PPGs. A pergunta é: Piaget pertence ao paradigma histórico-crítico?

Como eu disse, trata-se de uma dúvida que trago comigo e gostaria de aproveitar esta oportunidade para esclarecer mais a questão.

Forte abaço, 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Questões para "animar" ainda mais o labirinto

por Usuário excluído -

Olá Profa. Eloisa, Marco e equipe  maravilhosa da UERJ:

Acompanho com atenção as falas de vocês e a reflexão da profa Eloísa de que Piaget, ainda que inicialmente cognitivista dá posteriormente indícios de pertencer ao paradigma histórico - crítico. Isso me faz pensar que algumas teorias não são mutuamente excludentes e que devem ser vistas no contexto histórico em que foram gestadas/geradas. Piaget e Vygotsky, por exemplo, com concepções de certa forma, antagônicas a respeito de desenvolvimento e aprendizagem ( o primeiro colocando que é o desenvolvimento que gera a aprendizagem e Vygotsky enfatizando o papel da aprendizagem no desenvolvimento) em alguns momentos suas concepções se assemelham e podemos dizer que ambos são construtivistas interacionistas... 

Concordo com a  3a grande preocupação do Marco quando fala á  respeito da transferência dos referenciais teóricos cunhados na aprendizagem presencial para a aprendizagem on line.... 

Em resposta à Usuário excluído

Nícia e demais interessandos sobre autonomia e colaboração na educação online

por Edmea Santos -

Olá pessoal!

Mais uma entrada para brincarmos de labirinto. Uma nova entrada não fecha as já abertas e também não exclui a abertura de outras...

Aproveito que estamos discutindo aqui aprendizagem, metodologias, tecnologias, comportamentos...para problematizar a relação entre autonomia e colaboração trazida pela Nícia no fórum de boas-vindas.

Na época do mestrado li "Ciência com consciência" do Edgar Morin. Foi leitura obrigatória da disciplina Currículo e Etnopesquisa com Roberto Sidney. Inesquecível. Neste livro na página 184 tem um desdobramento incrível sobre autonomia. Recorto um pouco para você ficar instigada:

" (...) o conceito de autonomia só pode ser concebido a partir de uma teoria dos sistemas ao mesmo tempo aberta e fechada; um sistema que funciona como precisa de energia nova para sobreviver e, portanto , deve captar esta energia do meio ambiente. Consequentemente, a autonomia se fundamenta na dependência do meio ambiente e o conceito de autonomia passa a ser um conceito complementar ao da dependência, embora lhe seja, também antagônico. (...) (Morin, 1999:184) (grifos meus).

Interessante a tensão encontrada por você, Nícia,  entre colaboração e autonomia...Acho que esta tensão te renderá muitas articulações fecundas. Será que autonomia e colaboração são conceitos distintos? Será que podemos ser autônomos sem colaborar ou colaboorar sem ter autonomia? Qual a linha que distingue autonomia de colaboração? O que há de antagônico entre autonomia e colaboração?

Nícia se você pensar a "energia" como a materialidade da ação própria da relação dialógica e dialética entre docência e discência, como separar autonomia de colaboração?  Pensemos também o conceito de meio ambiente relacionando-o com o ambiente online de aprendizagem habitado pelos sujeitos envolvidos na co-autoria de um desenho didático vivo que se auto-organiza.

Vamos tensionar um pouco mais?

Entre no labirinto para continuarmos este papo. Todos estão convidados!

beijo grande

Méa

Em resposta à Edmea Santos

Re: Nícia e demais interessandos sobre autonomia e colaboração na educação online

por Usuário excluído -

Eloíza e pessoAll,

Sua pergunta, Elô (posso chamá-la assim?) me deixou com macaquinhos no sótão, me senti realmente instigada pelo desafio... Concordo com Lina que diz ser uma resposta bastante difícil. Mas vou tentar contribuir...

Quando atuo em ambientes virtuais de aprendizagem, busco analisar diversos fatores de cada aluno, seja em suas participações no fórum, em salas de tutoria ou chats: considero as hipóteses de meus alunos e suas reações diante de certas situações, suas perguntas, sua participação nos debates, seu incentivo a outros colegas, sua interlocução, seus comentários, suas explicações e suas ilustrações. Também busco perceber se há uma relação entre o conteúdo lido e as reflexões apresentadas, a fim de analisar o quanto determinada leitura colaborou na reconstrução do conhecimento prévio.

Sabe que ainda não tinha parado para refletir sobre isso... Poxa, acabo de descobrir tantas coisas “observáveis” em relação à aprendizagem de nossos alunos! Mas quanto ao observável...

Lázaro, você traz uma excelente indagação: só realmente observamos o que nossos olhos nos mostram? Acredito que os saberes da experiência, conforme nos aponta Tardif, nos possibilitam ver em nossos alunos algo que encontra-se além do que nossos olhos podem nos mostrar. A prática possibilita “sentir” a teclada do aluno, por exemplo. Atuo há quase quatro anos em um AVA e os diferentes “estilos” de aprendizagem dos alunos tornam-se cada vez mais claros para mim. Como? Ainda estou descobrindo isso... (parece até aquela história “Não sei, só sei que foi assim”... rs). Quem já descobriu como isso ocorre, conte-me também!

Bjs simiescos!

 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Nícia e demais interessandos sobre autonomia e colaboração na educação online

por Usuário excluído -

Tatiana e demais participantes queridos deste projeto,

Para mais "macaquinhos" nos nossos sótãos, aí vai a segunda pergunta da Sherazade labirintal...

?2. Muitos criticam a utilização da tecnologia de informação e comunicação nos processos de ensino e aprendizagem como um retorno à tendência tecnicista de educação. De que forma a docência online pode contribuir para enfrentar essas críticas?

Beijos para todos.

Em resposta à Usuário excluído

Re: Nícia e demais interessandos sobre autonomia e colaboração na educação online

por Usuário excluído -

Olá Profª. Eloiza e colegas...

Para pôr umas pulguinhas em quem às colocou no jogo, perguntaria à Eloiza e aos demais colegas se nesta pergunta não está implícito: que projeto de educação on line estamos falando?, tomando como ponto de partida que, uma vez mediadora de práticas sociais, a docência on line ou não, a EAD ou os modelos mais tecnicistas se inserem em um conjunto de práticas...

A questão não seria: de que forma ao nos apropriarmos da docência on line podemos contribuir para enfrentar essas críticas?

São apenas pequenas implicâncias um pouco além da semântica...

Beijos e abraços,

Lázaro

 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Nícia e demais interessandos sobre autonomia e colaboração na educação online

por Usuário excluído -
Cara Eloiza.

suas perguntas realmente me instigaram muito!

Aproveito para lançar um pouco mais de lenha na fogueira... há um vídeo no Youtube que, penso eu, traduz um pouco essa idéia de que as TIC podem contribur para essa tendência tecnicista...

Penso que devemos explorar os recursos tecnológicos e compreender as transforamções que diferentes mídias podem proporcionar no ensino e aprendizagem. Para isso, na docência online o professor deve, primeiramente, conhecer as potencialidaes do AVA que vai utilizar, para explorá-las ao longo de odo o processo. Uma mídia não substitui a outra e os meios para utiliza-las devem ser repensados a cada instante... mas sabemos que só isso não basta...
Um abraço a todos!

 
Em resposta à Usuário excluído

Sobre pulgas e macacos

por Usuário excluído -

Elô e gente querida, estou adorando esses desafios. Nossos macaquinhos estão a mil, ainda mais com as pulgas deixadas pelo Lázaro.

Lázaro, compreendi perfeitamente seu questionamento em relação à pergunta colocada pela professora Eloiza, que procede, mas percebo isso dependerá do conceito que se tem de Educação Online.

Em minha dissertação (veja um trecho abaixo) faço uma breve diferenciação entre EAD e Educação Online, apoiada em Santos (mais conhecida por aqui com Méa...), que considera a Educação Online não como a terceira ou quarta geração da EAD, mas sim um movimento nascido de um novo paradigma: a cibercultura.

Se a Educação Online nasce da cibercultura, quando digo docência online já está imbricado a forma como nos apropriamos dessa docência, ou seja, um “professorar” baseado na colaboração, participação, co-autoria ou, em síntese, em processos interativos. Acredito que na questão lançada pela Eloíza seja esse o conceito de educação online presente.

Faço questão de fazer essa diferenciação em minha dissertação, pois pretendo mostrar que não pesquiso saberes docentes baseados na mídia de massa e no modelo mecanicista um-todos, mas busco saberes que emergem da permutabilidade, da dialogicidade e da bidirecionalidade.

Veja o trecho:

" A literatura especializada em TICs e processos educacionais geralmente caracteriza a educação online como uma evolução da educação a distância (EaD), ou seja, a terceira, a quarta ou, até mesmo, a quinta geração da EaD. Contudo, na presente pesquisa adotaremos o conceito em educação online como proposto por Santos (2005) e Silva (2006), que a caracterizam como fenômeno da cibercultura [1] e não simples desenvolvimento das práticas convencionais de EaD. Não descartaremos o progresso da EaD, mas buscamos superar visões mais simplistas de educação online.

A EaD representa uma estratégia desenvolvida por sistemas educativos para oferecer educação a setores ou grupos da população que, por diferentes razões, têm dificuldade de acesso a serviços educativos presenciais. C onfigura-se como uma organização educacional utilizada há muitos séculos em todo o mundo e uma alternativa para atender às demandas sociais diversas. Peters (2002) destaca três períodos significativos na EAD, cada um superando o anterior: (a) a instrução por correspondência, que serviu ao treinamento profissional no período de industrialização do trabalho, a partir de meados do século XIX; (b) a EaD nos anos 70, 80 e 90 do século passado, que ajudou países em desenvolvimento a oferecer o segundo grau àqueles que não o concluíram ou ainda estudos universitários para trabalhadores de países já desenvolvidos e (c) a EaD informatizada.

(...)

Santos (2005), no entanto, discorda da conceituação da educação online como mera evolução da EaD (...), considerando-a como um dos fenômenos ou movimentos da cibercultura pois esta:

[...] vem promovendo novas formas de socialização e aprendizagem mediadas pelo ciberespaço e, no caso específico da Educação, pelos ambientes virtuais de aprendizagem. A cibercultura é a cultura contemporânea estruturada pelas tecnologias digitais. Não é utopia, é o presente, vivemos a cibercultura [...]. (SANTOS, 2005, p. 105).

A análise desse novo contexto sociotécnico da cibercultura leva-nos a refletir sobre a maneira pela qual essa nova realidade impacta as formas de aprender e ensinar, pois a web traz uma multiplicidade de pontos de vista, de agentes de seleção de conteúdos, de forma horizontal, sem controle central e possibilita a formação de uma inteligência coletiva através de comunidades virtuais que se ajudam mutuamente. Hoje é impossível pensar a web como um local para totalizar os saberes. Nela o saber flui, é provisório, e perpetuamente reconstruído (LÉVY, 1999)."


[1] A cibercultura é definida por Lévy como “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores, que se desenvolve juntamente com o crescimento do ciberespaço” (1999, p. 32), isto é, o espaço por onde transita a tecnologia digital, onde ocorrem todas as ligações que a rede permite e influencia os contextos culturais, políticos econômicos e educativos. Esse conceito será tratado com maiores detalhes no quadro teórico.


E quanto a você, Lázaro, qual seu conceito de EAD? E de Educação Online? Há diferenças? Semelhanças?  Acredita que ambas se apóiam no mesmo pardigma ou não? Trabalhamos juntos na mesma instituição, e lá, qual modelo você acredita predominar? Devolvo-lhe as pulgas e aguardo outras.

Bjs a todos

 

 

 

 

 

Em resposta à Usuário excluído

Sobre macacos, pulgas e lenha

por Usuário excluído -

Eloiza, Lázaro, Ana Paula e pessoAll,

Ana Paula foi muito feliz ao colocar lenha na foqueira e optar por esse vídeo. Já o conhecia, mas foi muito bom assistir novamente.

Para responder à provocação deixada pela Elô, é preciso, inicialmente, entendermos em que exatamente se encontra a crítica ao tecnicismo.

Durante a década de 70 assistiu-se à utilização maciça dos recursos tecnológicos no ensino, com a crença de que esses seriam a solução para todas as questões relacionadas aos processos de ensino e aprendizagem. Aos recursos técnicos e às técnicas de ensino, foi concedida tamanha autonomia, em detrimento da autonomia do professor, que foi “destituído” de seu cargo. Na década de 80, com a entrada do pensamento histórico-social, o tecnicismo foi duramente criticado por seu caráter alienante. Contudo, parece-me que qualquer um que apresentasse certa preocupação com questões técnicas ou recursos técnicos, acabava sendo tachado de “tecnicista” no sentido mais pejorativo que a palavra pudesse trazer. Enfim, o tecnicismo e a questão técnica do ensino se constituíram associados, como se técnicas e recursos técnicos não fizessem parte da dimensão teórica e prática da educação.

Em minha formação na graduação, no início da década de 90, ainda senti os respingos dessa associação entre técnica e tecnicismo. Tive uma excelente formação política, mas até em disciplinas mais “técnicas”, só tive formação política. Ninguém podia falar em “técnica” na universidade, existia um verdadeiro tabu, qualquer “técnica” era considerada “receita de bolo”, e universidade não era lugar para senhoras trocarem receitas, mas sim para pensar criticamente a respeito delas (vá entender...). No meio da graduação fui aprovada para o magistério nas prefeituras do Rio e de Duque de Caxias e adivinhem... tive que correr muito atrás da técnica, e descobri que apesar de seu caráter instrumental, ela tem sua razão de ser dentro da dimensão didática da educação. Mas também descobri que a técnica não era minha senhora, eu tinha autonomia e ela simplesmente estava ao meu favor. Em nenhum momento acreditei que o método A ou B seria a salvação para meus alunos que pouco avançavam; nesse momento o meu entendimento sobre processos de aprendizagem foi muito mais relevante, mas sem as técnicas não teria tanto sucesso.

Enfim, quero dizer que as técnicas e os recursos tecnológicos podem, sim, estar a favor de processos mecanicistas e do próprio tecnicismo, mas não é a técnica que irá definir meu ideal educativo, é exatamente o contrário!!! E se meu ideal educativo está pautado numa visão interativa e colaborativa de aprendizagem, utilizarei o computador, a rede, um software para alcançá-lo (vejam: os recursos técnicos estão a meu favor, e não o contrário), ou poderei trabalhar nesse mesmo ideal educativo embaixo da amendoeira do pátio da minha escola. Não é o computador conectado que me faz interativa e colaborativa em minha prática docente, o vídeo postado pela Ana Paula ilustra muiiito bem isso, mas o computador conectado apresenta potencial para tal. Por que não utilizá-lo???

Bem, paro por aqui, já “aluguei” demais da conta todos vocês.

Bjs beijos

Em resposta à Usuário excluído

Re: Sobre macacos, pulgas e lenha

por Usuário excluído -

Tatiana,

Concordo com você, era exatamente o viés ideológico que sustentava a técnica e seus usos que dava a tônica da questão nos anos 70.

Parece-me, no entanto, que isto deixou uma espécie de "ranço" que assola o cenário educacional até hoje.

Vou aproveitar este espaço para postar a última questão desta Unidade:

?3. O texto fala da necessidade da formação do professor para a mediação das aprendizagens online, já que o docente não "entra por uma porta tradicional e sai por um portal virtual". Quais as características mais importantes desta formação?

Sei que já andamos tocando neste assunto, mas a equipe achou por bem sistematizar os assuntos em três perguntas.

Elas nos ajudarão a fazer a síntese da unidade.

Beijos para todos.beijos

Em resposta à Usuário excluído

Re: Sobre macacos, pulgas e lenha

por Usuário excluído -

Olá Eloiza e colegas!

Esta pergunta me estimulou a compartilhar com vcs a experiência de formação docente q é feita na instituição q trabalho... e tem dado retornos muito positivos.

Desde o ano passado, o ensino superior começou a usar carga horária a distância (via ambiente virtual) nos cursos presenciais de graduação e pós-graduação. Decidimos então ir pelo caminho de que o professor da turma fosse o docente de fato de suas aulas, desde o planejamento, a definição de conteúdo, as propostas de atividades, a mediação, até a avaliação.

No nosso caso, a primeira barreira já era superada entre os professores: a familiaridade com o ambiente virtual. Desde 2004 eram oferecidos cursos de formação continuada para esta ambientação, de forma contextualizada no ensino-aprendizagem... portanto não era apenas instrumentalização.

Entretanto, todo o resto ainda era muito nebuloso na prática para os professores. Eles tinham muitas dúvidas sobre como planejar, mediar, avaliar as propostas on-line. Fizemos então reuniões coletivas de planejamento, onde a base para a orientação dos professores estava na consideração a sua experiência no presencial, a articulação com as características do mundo on-line e a proposta pedagógica da instituição. Tudo isto num ambiente onde o professor era o protagonista de sua proposta... A cada pergunta feita pelo professor, adotamos a postura de devolver a pergunta... 'mas como vc resolveria isto neste novo ambiente?'... em cima da resposta dele (q as vezes custava a sair), fazíamos um trabalho de orientação no qual ele era desafiado o tempo todo a dar as respostas.

Os resultados tem sido muito animadores. Se no início eles se sentiam amedontrados, agora eles estão se dispondo a fazer trocas com os colegas que iniciarão também este desafio. Claro que alguns ainda sentem dificuldades, afinal a mudança não é pequena (como todos sabemos), mas fico feliz em saber que estamos contribuindo para estes professores se sentirem autônomos em seus ambientes virtuais.

Ah, escrevi tudo no passado pq a partir de agosto estas orientações se tornarão um curso oficial para todos os professores :)

Bjos!

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Re: Sobre macacos, pulgas e lenha

por Edmea Santos -

Tati vc diz "Não é o computador conectado que me faz interativa e colaborativa em minha prática docente". Será? Será que vivenciar a conexão em rede não mobiliza saberes? Será que apenas ter a "teoria" conseguimos vivenciar a docência online?

Acho muito complicado ser um docente online sem vivenciar as tramas comunicacionais, pedagógicas e tecnológicas do ciberespaço. Contudo, se o docente no presencial já é construtivista e interativo ele geralmente consegue fazer a "transposição didática" para a educação online quando tem a oportunidade de conhecer e vivenciar a interface digital. Por outro lado, já vi docente tecnicista no presencial se transformar em docente interativo após a vivencia em ambientes online, modificando incluisive, sua atuação presencial.

  • Como vocês percebem isso em seus contextos ? Vamos relatar nossas experiências?

[]s

Méa

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Re: Nícia e demais interessandos sobre autonomia e colaboração na educação online

por Socorro Cabral -

Olá Eloisa, olá pessoal,

Acredito que a grande crítica que é feita em relação a abordagem tecnicita, está pautada na idéia de que o docente é um executor e consumidor de saberes produzidos por especialistas. Essa abordagem está sendo muito utilizada em propostas de educação a distância, quando o docente não é convidado a participar das discussões sobre o desenho didático dos cursos, facutando-lhe apenas a tarefa de executar ações planejadas por outros profissionais. Para rompermos com essa visão tecnicista, precisamos investir em propostas de formação onde o docente seja produtor de conheciemento e de cultura, discutindo de forma coletiva com os pares a proposta pedagógica na qual está inserido. Acredito que a docência online pode contribuir muito com a superação dessa perspectiva, pois o potencial do digital nos possibilita um trabalho mais colaborativo e autonomo.

Socorro Cabral

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Conteúdos (pré-textos) e debates online. Como aprender com eles?

por Edmea Santos -

Olá pessoal!

Tati, destaco em sua fala algo que me inguieta em minha docência online. Você diz: " Também busco perceber se há uma relação entre o conteúdo lido e as reflexões apresentadas, a fim de analisar o quanto determinada leitura colaborou na reconstrução do conhecimento prévio." (grifos meus).

Percebo que os alunos online, na sua grande maioria,  muitas vezes participam das discussões a partir do que já sabem sobre os temas e conceitos propostos. Isso é muito bom porque podemos contextualizar a partir da realidade como nos ensinou Paulo Freire. Botar pra fora os saberes tácitos é fundamental. Assim, com a mediação pedagógica podemos trasformar saberes tácitos em saberes explícitos no coletivo inteligente. Contudo, percebo que nem todos, ou uma grande maioria, nem fazem a leitura dos "pré-textos" sugeridos no desenho didático. Isso me inquieta muito. Esta minha inquietação vem de uma longa itinerância de quase 10 anos atuando com educação online.

Em nossa pesquisa aqui também diagnosticamos este problema. Nícia, no módulo 1, fez um mapa das pessoas que acessaram os livros sugeridos pela equipe do Minho-PT e diagnosticu que muitos de nós não tinha acessado o conteúdo proposto pela equipe 1.

No moodle e em alguns outros ambientes temos como constatar isso. Temos que atendar para o uso do diagnóstico para fazer itervenções pedagógicos e nunca controladoras.

 Num curso corporativo que coordenei e que o "cliente" controlava o acesso do aluno aos materiais tive o seguinte relato de uma cursista (Média executiva em processo de formação continuada) : "professora eu odeio essas telinhas com boneguinhos pulando e as letrinhas miudas do conteúdo online. Sabe o que eu faço? Estudo pela apostila e peço para meu filho acessar o ambiente online para ir passando as telas. Assim a professora não pega no meu pé e meu supervisor não me aluga".

Como vocês lidam com esta questão da falta de estudo do aluno online? No exemplo acima a aluna pelo menos lia a apostila. O que fazer com os alunos que não fazem as leituras básicas? Como mediar a aprendizagem apenas a partir do que sabem os alunos? Será que o conteudo "pré-textos" disponibilizados no desenho didático não são úteis? Como fica a relação conteúdo X situações de aprendizagem?

Pessoal, vamos compartilhar nossas experiências? O que acham disso tudo como sujeitos aprendentes seja na docência ou na discência?

beijos

méa

 

 

Em resposta à Edmea Santos

Re: Nícia e demais interessandos sobre autonomia e colaboração na educação online

por Usuário excluído -

Méa,

Uma provocação e tanto, não é? piscando

Eu trouxe Morin pra minha discussão de autonomia exatamente quando ele define o princípio da auto-eco-organização, ou, como ele mesmo diz, autonomia/dependência, que, em essência, é a mesma coisa que vc trouxe antes:

(...) os seres vivos são auto-organizadores que se autoproduzem incessantemente, e através disso despendem energia para salvaguardar a própria autonomia. Como têm necessidade de extrair energia, informação e organização no próprio meio ambiente, a autonomia deles é inseparável dessa dependência, e torna-se imperativo concebê-los como auto-eco-organizadores. O princípio de auto-eco-organização vale evidentemente de maneira específica para os humanos, que desenvolvem a sua autonomia na dependência da cultura, e para as sociedades que dependem do meio geo-ecológico.

No meu entender, a tensão entre colaboração e autonomia aparece quando pensamos na autonomia de forma individual. E essa tensão tende a se dissolver justamente quando entendemos que autonomia não pode se dar apenas no individual pois, neste caso, ela se depara com as barreiras da heteronomia social.

O outro autor, além de Freire e Morin, que tenho buscado para discutir autonomia é Cornelius Castoriadis. Para ele, autonomizar-se é sair do domínio de um discurso que traz a definição de uma realidade - imaginária - que não me pertence. Além disso, Castoriadis traz, explicitamente, o que os outros dois autores falam nas entrelinhas: a discussão da autonomia coletiva. Segundo o autor, a alienação social se manifesta como “massa de condições de privação e de opressão, como estrutura solidificada global, material e institucional, de economia, de poder e de ideologia, como indução, mistificação, manipulação e violência”, e neutraliza qualquer autonomia individual; daí a necessidade da busca coletiva da autonomia.

 

Na educação, muitas vezes a autonomia é vinculada ao conceito de auto-aprendizagem. Mas será que “auto-aprendizagem” dá conta desta concepção de autonomia coletiva que não pode ser pensada desvinculada do meio (como diz Morin) e que está impregnada do outro (como traz Castoriadis) ?


abs,

Nicia



Em resposta à Usuário excluído

Re: Nícia e demais interessandos sobre autonomia e colaboração na educação online

por Edmea Santos -

Nícia, você tem toda razão quando diz:

"Na educação, muitas vezes a autonomia é vinculada ao conceito de auto-aprendizagem. Mas será que “auto-aprendizagem” dá conta desta concepção de autonomia coletiva que não pode ser pensada desvinculada do meio (como diz Morin) e que está impregnada do outro (como traz Castoriadis) ?"

Costumo escutar de alguns gestores de EAD o seguinte:" A partir do meio do curso de EAD o aluno já desenvolveu sua autonomia e não precisa mais do tutor. O tutor é aquele que  ajuda o aluno a migrar do modleo presencial (escola básico) para a metodologia EAD (graduação). No inicio o aluno precisa saber aprender a aprender. Uma vez que tem domínio da metodologia não precisa mais do tutor."

Esta fala ilustra Nícia a sua questão/observação. Aqui destaco a confusão entre autonomia e auto-estudo e a redução do papel do docente/tutor ao "tirador de dúvidas e administrador da nova metodologia do auto-estudo". Como fica a docência?

Nícia você já entrevistou seus sujeitos para saber o que entendem por autonomia? Será que no seu contexto autonomia e auto-estudo são sinônimos?

Penso que seu trabalho de pesquisa-formação contribuirá e muito com a emergência de novos processos instituintes para trazer o Castoriadis na prática.

Pessoal, como vocês lidam com a questão da autonomia em sua práticas de EAd e Educação Online?

beijos

Méa

Em resposta à Usuário excluído

Re: Nícia e demais interessandos sobre autonomia e colaboração na educação online

por Fábio Kalil de Souza -

Nicia,

         Como vc explicaria, em poucas palavras, o entendimento de autonomia para Castoriadis? Noutros termos: como parafrasearia a citação que vc trouxe? E como podemos entender a distinção entre autonomia para ele em relação a Freire?

Grato pela atenção,

Fábio Kalil