Comentando um pouco sobre a entrevista, um dos itens que Méa destacou da portaria foi a formação e capacitação permanente dos docentes e tutores.
Mais na frente, Méa fala de currículo na EAD:
Infelizmente, a grande maioria dos Programas de EAD ainda trabalha com o paradigma produtivo da sociedade industrial, que instituiu o modelo de currículo inspirado pelas idéias de Bobbitt e Taylor, o currículo tradicional, que separa o processo de seus produtos e produtores. O currículo tradicional se preocupa, sobretudo, com a transmissão de conteúdos, em que uns produzem para outros consumirem e executarem seus processos.
Ao ser questionado pela relação das idéias de Paulo Freire com a perspectiva da interatividade na educação, Marco responde:
(...)ele [Paulo Freire] critica o ensino que não estimula a expressão criativa e transforma o estudante no receptor passivo, que perdeu a capacidade de ousar.(...) Os professores, mesmo tendo lido este mestre, continuam guardiões e transmissores da cultura, transmissores de pacotes fechados de informações em sala de aula presencial e a distância. Educam para arquivar o que depositam nas mentes dos seus alunos. É curioso notar que, mesmo havendo uma percepção crescente de que os professores precisam investir em relações de reciprocidade para construir conhecimento, poucas modificações efetivas podem ser verificadas em sua prática docente. Isto ocorre porque não desenvolveram uma atitude comunicacional que favoreça as participações e a dialógica como condições sine qua non da aprendizagem. Observo que falta uma atitude comunicacional que não apenas atente idealmente para a participação e para a dialógica, mas que, também, as promova concretamente no cotidiano da sala de aula presencial e a distância.
Neste sentido, acredito que mais que formar docentes e tutores para a educação a distância, deve-se pensar numa formação continuada que invista em aspectos relativos a concepções de currículo e que busque um despertar docente com relação a essa necessária ruptura com o paradigma reprodutivo. Desta forma, estaríamos contribuindo para uma transformação no processo educativo de forma geral, “aproveitando” (no bom sentido) este momento de explosão da EAD na educação formal.
Será que a preocupação dos avaliadores do INEP caminhará neste sentido? Ou se limitará aos aspectos metodológicos e técnicos da formação de docentes e tutores?
abs,
Nicia