Chat - se não houver bastante domínio do professor poderá haver desvio do assunto tratado; também é comum que alguns alunos se destaquem mais, sendo necessário que o professor intervenha como moderador, organizando as falas para que todos tenham oportunidade de participar.. A preparação do grupo também é fator primordial para o sucesso da atividade.
Fórum – apesar de ser uma atividade de comunicação assíncrona, é a principal interface na educação on-line. No fórum ficam disponibilizadas, permanentemente, as contribuições dos alunos e professor, possibilitando, dessa forma, maior reflexão dos assuntos postados. O professor precisa gerenciar com presteza a grande quantidade de informações, organizando as discussões por assunto; estimular a participação de todos, cuidando para que as idéias sejam ampliadas de forma lógica, não deixando que haja uma desarticulação das questões tratadas; precisa, ainda, ser bastante hábil na continuidade das discussões para que não acabem sem uma conclusão lógica.
Wiki – para o uso dessa interface, o professor precisa estar atento ao texto que vai sendo construído, pois, por se tratar de uma produção conjunta, está sujeita a erros e conceitos errados. O professor deve estar aberto à pesquisa e estimular que seja usada na construção do texto.
Olá Ieda e colegas! Adorei suas ponderações e concordo com todas elas.
Quero complementar seus destaques com uma trecho extraído do livro proposto pela equipe da UFAL sobre o uso do fórum:
"As dificuldades no uso dos fóruns são: grande fluxo de informações, dificuldade em organizar as informações pertinentes; muitos usuários sentem-se desestimulados a participar do fórum em função das extensas discussões e da grande fluência de informações, o que muitas vezes pode tornar a leitura um pouco cansativa e dificultar ao participante se “encaixar” nas discussões. Desestímulo em função da demanda de tempo, pois o fórum exige do participante tempo suficiente para ler as discussões, interpretá-las e, posteriormente, inserir suas mensagens."
Vejo que as dificuldades destacadas tanto por você quanto neste trecho refletem elementos afeitos ao processo de mediação do professor em ambientes online. Organizar, articular, integrar, instigar etc, devem ser prioridades para o uso das interfaces nestes ambientes para a aprendizagem. Nesse sentido, aspectos como o número de participantes, o papel de cada um (como mediador e co-mediador) e principalmente as sínteses do que for tratado ao longo das discussões são fundamentais. Tais amarrações convidam os participantes a atuarem de forma mais efetiva e o contrário, a ausência destas sínteses, como dito no trecho citado, podem desestimular a participação.
Sabemos que, como vc disse, os fóruns (ainda) são a principal interface na educação online e estamos vivendo isso aqui nos módulos. Portanto, tanto quando nos colocamos como mediadores, quanto como alunos/co-mediadores, devemos ter clareza do quão complexo pode ser gerenciar tais discussões, especialmente pelo volume de informações/leituras e o tempo dedicado a todo esse processo. Sinto falta, em muitas situações, dessas amarrações, pois em diversas experiências que tive/tenho os participantes se sentem perdidos diante dos diversos diálogos (riquíssimos, sem dúvida - e não é essa a questão) que emergem nos fóruns...
Seria esse desestímulo reflexo de uma formação linear que leva os sujeitos a sentirem muita dificuldade diante das conexões que se abrem nesse fluxo dialógico?
Beijos
Dri
Olá, Adriana, Ieda e colegas!
Vocês destacam uma questão essencial que é a mediação do professor no uso dessas interfaces. É uma tarefa complexa, que demanda bastante tempo, para se conseguir manter o grupo participando ativamente. Na pouca experiência que tenho, observo nos fóruns, que alguns alunos procuram apenas cumprir a tarefa proposta. Talvez seja reflexo, conforme você afirma, dessa formação linear e pouco problematizadora. Não será também reflexo da falta de tempo dos participantes de um curso online? Será que não necessitamos também nos habituar e vivenciar mais as práticas dialógicas?
Oi Carmen, acho que vc toca num ponto fundamental: a administração do tempo. Temos debatidos esse problema em vários lugares, e vira e volta essa temática emerge, o que significa que há muito o que debater... enfim, o problema permanece. Atuar em ambientes online demanda tempo e bastante tempo, sejamos claros. Organizar nosso tempo de modo que consigamos dar conta, satisfatoriamente, de todas as demandas do dia a dia tem sido o desafio de todos e sabemos que esforços não faltam.
Percebo que por vezes "desvestimos um santo prá cobrir o outro", sabe? E apesar de nos desdobrarmos, há uma sensação de débito constante nas pessoas... elas estão sempre devendo, se culpando pela falta de tempo... Mas se formos perceber, todos estão sofrendo com o mesmo mal...
Aqui mesmo, entre nós, sentimos o quanto todos sentem por não poderem participar mais efetivamente, como gostariam... Sinto que pode, em alguns casos, faltar organização em relação ao tempo, mas na maioria não... é excesso mesmo e como nos ambientes online, como já dissemos, a interação ainda se concentra em fóruns, o tempo para dedicação (leitura, compreensão, depuração/reflexão, produção, prospecção etc) é significativo.
Alguns encaminhamentos tecnógicos, com chats, web conferencias etc, estão vindo ao encontro dessas necessidades... Temos autores que podem contribuir tb com essa questão:
AGUIAR, R. Os filhos da flecha do tempo: pertinência e rupturas. Brasília: Letraviva, 2000
PINEAU, G. Temporalidades na formação: rumo a novos sincronizadores. Trad. L. P. de Souza. São Paulo: Triom, 2003
Dentre outros. E temos tb a nossa colega Lucila Pesce (TIDD-PUCSP), que tem um texto excelente envolvendo essa temática - tratada inclusive em sua tese de Pós-Doutorado... Seria legal ela socializar para nós tb.
Vc fala sobre desenvolver o hábito... no caso das pessoas que já estão imersas nesse contexto, não acredito que seja falta de hábito... Mas vamos discutindo... Por enquanto, o meu tempo se esgotou...rs.
Bjs
Dri
Muito interessante o que vc traz sobre o tempo; estamos todos nos sentindo meio atropelados pelo tempo. E achei muito pertinente sua observação sobre a importância das sistematizações dos fóruns quando pensamos nesse aspecto do tempo. As sistematizações por parte dos docentes e mediadores podem ajudar no sentido de motivar mais os participantes e por trazerem uma opção mais resumida das diversas contribuições no espaço de discussão. Claro que isso pode trazer alguma perda, já que as contribuições estariam sendo sintetizadas sob o ponto de vista de UMA pessoa. Mas pode ser uma forma de se conseguir ampliar as participações e de motivar os participantes a uma leitura completa, pelo mesmo daquilo que lhe chamar mais a atenção.
Como vc mesma disse com relação a desenvolver o hábito, acho que mesmo no caso de quem já tem o hábito, como é o caso de muitos de nós, ainda nos deparamos com questões de gerenciamento de tempo.
abs,
Nicia
Oi Nícia! Oi Adriana! Obrigada pelas sugestões de leitura, creio que são necessárias mesmo. Quando me refiro ao hábito, tenho em mente os professores com os quais trabalhamos. Lembro de uma pesquisa realizada por uma colega da UFAL - Yára Neves - que investigou a evasão no curso TV na Escola e os Desafios de Hoje, na qual a falta de tempo aparece como a principal causa dessa evasão. Para nós que atuamos em tutoria online, é necessário que nos disciplinemos e estejamos presentes no ambiente do curso, evitando a sensação de abandono por parte dos alunos. No caso de um curso como esse, por exemplo, somente neste fórum temos quatro tópicos abertos... Para mim é um desafio participar mesmoooo...
bjs,
Carmen
Olá Carmen, compartilhamos dos mesmos desafios e mais uma vez nos deparamos com a questão: como é necessária organização para participar efetivamente de um curso online. A evasão que vc menciona revela o quanto muitos alunos se assustam com a demanda de atividades e dedicação (leia tempo) um curso online exige.
Bjs
Dri
Ieda, Carmen, Adriana e Nicia,
parece-me que temos muitas dificuldades para o uso da internet e suas interfaces.
Diante das dificuldades que você já apresentaram, algumas soluções são apresentadas, mas que possíveis soluções para estas problemáticas poderíamos partilhar? Que experiências estamos tendo em nossas práticas? Que orientações podemos dar - como educadores - para que os educadores que estamos formando possam utilizar de forma eficiente e com qualidade estas interfaces?
Fernando, creio ser importante informar ao professor que se candidata a um curso online, quais são os requisitos para uma boa participação. Um dos requisitos é sem dúvida, incluir o curso na agenda semanal de trabalho, destinando um tempo para as leituras, reflexões e interações no ambiente. No caso dos fóruns, sempre podemos recomendar a elaboração de textos curtos, a leitura do que já foi dito, evitando repetições desnecessárias... Recomendar ainda o que não fazer, por exemplo postar textos copiados na íntegra, pois tornam o fórum pouco atraente. Será que é viável incluir pop-ups com orientações rápidas?
Olá Carmem, Fernando e demais!
Assim como para o chat, é produtivo propor "regras" -chamaria de orientações- para os fóruns e demais interfaces tb, uma vez que a facilidade de dispersão, sobretudo na primeira, ser recorrente. Para uma melhor adesão a tais orientações, o mediador convidaria os participantes a (re)construirem as mesmas, pois, como sabemos, à medida que os sujeitos participam de processos decisórios melhor o cumprimento/engajamento do/no que foi decidido. Quando falo em "(re)construírem", refiro-me a discutir a viabilidade das mesmas com base no tempo do grupo (quando isso é possível), a acrescentar novas, a substituir ou aprimorar as existentes/propostas etc.. Estabece-se, assim, um acordo tácito de total cumprimento por parte de todos. São orientações que tornarão o uso das interfaces menos cansativo e mais agradável e produtivo (Carmem sugere algumas).
abs,
concordo com você em propor "regras" na utilização do chat. Este pode ser realizado em grupos pequenos, com pelo menos dois horários para tentar atingir a todos os cursistas.
Já que a dificuldade de utilização desta é grande, procurar operá-la de forma a criar laços afetivos, não contemplando assuntos densos. Deixa isso para o fórum ou para outras interfaces.
bjkas.
kelly
Oi Kellynha!
É importante mesmo, ainda que algumas "conversas paralelas" sejam inevitáveis. Uma certa dose de espontaneísmo é recomendado a fim de deixar os participantes à vontade. E Kelly, sobre a linguagem escrita do chat, como vc a concebe do ponto de vista da expressão do sujeito? Seria profícuo estabelecer "regras" ou depende de cada público? No âmbito acadêmico, as discussões poderiam ser traduzidas com expressões próprias dos bate-papos , tais como "tb", "vc", "qnto" etc. ou se exige o rigor da linguagem científica? Considerar o tipo da linguagem a ser adotada é uma questão periférica no uso produtivo dessa interface? Os demais colegas opinem se desejarem.
abs,
Fábio e colegas,
Essas questões relativas à linguagem preocupam-me bastante. Creio que no caso dos chats, pode ser estabelecido um acordo prévio entre os participantes e as expressões abreviadas até servem para agilizar a escrita. No caso de textos que são construídos pelos alunos e disponibilizados em repositórios (Biblioteca, no caso do e-proinfo), fica mais fácil o tutor fazer uma revisão dos textos e solicitar correções, antes de publicá-los. Mas quanto ao fórum, quando as contribuições dos alunos apresentam dificuldades graves com a linguagem escrita, o que fazer? Ignorar e levar em conta apenas o conteúdo? Na Formação Continuada em Mídias na Educação, tenho recomendado que os alunos façam uma revisão ortográfica, verifiquem a concordância, mas isso é ignorado por muitos alunos... Vocês têm desenvolvido alguma experiência nesse sentido?
[], Carmen
Oi Carmem!
Não tive uma experiência, mas em minha monografia de especialização desenvolvi uma pesquisa bibliográfica sobre eficácia comunicacional no Moodle. Nela discuti limites e possibilidades das principais interfaces desse ambiente, abordando, inevitavelmente, o aspecto da linguagem.
abs,
Oi Fábio, que legal vc ter feito essa pesquisa. Poderia disponibilizar para nós seu trabalho ou algum artigo com essa pesquisa? Tenho interesse e acredito que outros colegas tb.
Bjs e parabéns pela pesquisa.
Dri
focadafocRe: Dificuldades no uso das interfaces
Olá Fernando e colegas,
Complementando as idéias da Carmen, acrdito que devemos tomar muito cuidado para que os cursos não fiquem rasos, superficiais. A problemática do tempo não deve servir de "desculpa" para os aligeiramentos, para a falta de densidade, de fundamentação teórica. Sinto que há preocupação com o tamanho dos textos e percebo que corremos o risco de empobrecermos os cursos.
Desejamos cursos de qualidade e para isso há necessidade de dedicação intensa em qualquer atividade que desenvolvamos. Devemos ser criteriosos, analisarmos o contexto, mas sem perder o rigor. Isso quer dizer que precisamos ensinar a utilizar os ambientes e recursos disponíveis, como apresentado nos materiais (livro 1 e outros excelentes que temos socializado neste espaços), mas as leituras não devem, a meu ver, serem abreviadas demasiadamente, como temos visto em diferentes cursos, nos diversos contextos.
Muitas vezes, o uso dos fóruns culminam em discussões vazias, pautadas em "achismos" e percebo que esse é um dos grandes desafios do processo de mediação.
Fernando, se pensarmos nos nossos futuros alunos (que já estão aí), não vejo dificuldades para o uso da internet e suas interfaces... talvez por parte de alguns professores. Mas ainda assim, não acredito que a dificuldade esteja no focada no uso das tecnologias, mas no próprio processo de aprendizagem, na mediação a partir das tecnologias...Diversos professores que estão realizando cursos online relatam dificuldades em, por exemplo, fazer com que os alunos aprofundem os temas/textos propostos...
É notável, por exemplo, no caso da formação inicial (cursos de Pedagogia, licenciaturas), que os alunos por não estarem necessariamente em sala de aula, a relação teorico-prática deva ser desenvolvida em dimensões diferentes em relação aos cursos de formação (continuada) de professores que estão em sala de aula...
Nesse sentido, alunos de formação inicial são muito diferentes, principalmente sob o aspecto de dominio tecnológico, dos alunos de formação continuada...
Bjs
Dri
Re: focadafocRe: Dificuldades no uso das interfaces
Oi Dri! Sem dúvida esse é um cuidado que devemos ter nas formações. Quando falei na questão dos textos, foi relativo às mensagens postadas nos fóruns. Tive uma experiência na qual era solicitado aos alunos (professores de escolas públicas) que realizassem uma pesquisa sobre o uso do rádio em atividades educativas e a maioria usou simplesmente CtrlC+CtrlV, não houve uma preocupação em apresentar uma síntese daquilo que foi encontrado, mesmo com a orientação dada repetidas vezes. O fórum ficou inviável para a leitura, reflexão e síntese necessárias. Estariam esses alunos trazendo para o online, suas práticas como estudantes presenciais?
Bjs,
Carmen
Re: focadafocRe: Dificuldades no uso das interfaces
Oi Adriana e demias colegas. Vocês trouxeram contribuições muito importantes a respeito do tempo e formato do Forum. Podemos perceber aquí mesmo, como aponta a Adriana, o que seja participar do forum. Somos muito poucos comparado a cursos com 60, 70 e 80 alunos numa sala de aula. Fico imaginando como o professor administra essa interface. Creio que o número de alunos é fator preponderante na qualidade da mediação.
Abraço
Olá pessoal! Nosso fórum está muito produtivo, com colocações importantes para a nossa compreensão e utilização das interfaces. Continuemos assim!
Adriana e Carmem, a questão do tempo realmente tem se tornado um problema, pois ainda não sabemos administrar cada hora do nosso dia. E estamos passando esta mensagem para os nossos alunos também, exatamente quando não podemos atendê-los como fazíamos a alguns anos... Não sou de ficar remoendo o passado, mas estamos numa era que o tempo é muito relativo, não no sentido da física, mas no sentido filosófico e subjetivo.
Precisamos reaprender a usar nosso tempo. Como? Ainda não sei. A sociedade em rede está nos impondo outras questões.
Fábio, como em qualquer atividade didática, é necessário sim que possamos estabelecer (junto aos alunos - num processo democrático) as orientações para a utilização de cada interface. É a objetividade e intencionalidade pedagógica que tanto buscamos e falamos.
Quanto a questão da linguagem do chat temos pelo menos duas correntes: aqueles que defendem uma linguagem padrão (com todas as letras e assentos) e há aqueles que defendem o dinamismo da língua, pois o ser humano é dinâmico. Creio que também vai depender da intencionalidade pedagógica e daquilo que a disciplina se propõe.
M. Dolores, você está nos trazendo uma grande questão da educação online: o número de alunos. Verdadeiramente administrar muitos alunos, com a questão do tempo que já comentamos, é realmente uma "missão impossível". E muitos cursos estão distribuindo turmas para tutores, muitas vezes não formados para esta modalidade, trazendo singelezas do presencial para o online, empobrecendo o sistema e possibilitando que a educação online continue vítima do preconceito.
Bem, parece-me que - em cada caso - o que precisamos é nos apropriarmos teoricamente e buscarmos, nos rigores da ciência, desenvolver pesquisas para encontrar as respostas necessárias.
Dando continuidade a este fórum e a esta discussão gostaríamos de levantar a seguinte questão: e as outras interfaces? (Second Life, Blog, You Tube, Wiki) Que dificuldades estamos encontrando para a aplicação e o desenvolvimento do ensino-aprendizagem utilizando estas interfaces?
A conversa neste tema tem sido muito interessante e actual.
Falou-se aqui nas competências digitais do professor. Naturalmente que nós, professores devemos estar o mais actualizados possível e muito já se tem falado aqui da formação. No entanto, defendo que os professores não têm que ser especialistas em informática ou em software ou na criação, de raiz, de conteúdos para uso informático. Deve sim, ser conhecedor das suas potencialidades; especialista ao nível científico e didáctico. O desenvolvimento de materiais deveria ser feito em equipas multidisciplinares, onde naturalmente estão os professores e outros elementos, nomeadamente especialistas em informática.
Referindo-me mais concretamente à situação de Portugal e ao ensino básico e secundário (até 9 ou 12 anos de escolaridade) devo dizer que implementar a maioria dos aspectos que temos debatido: princípios construtivistas baseados no hipertexto e meios digitais que favoreçam a partilha, aprendizagem colaborativa e múltiplas representações não são viáveis, à excepção de pontuais experiências. Isto deve-se a uma série de razões:
• A organização escolar não favorece estes modelos: continua a promover uma avaliação de produtos e não de processos; (a avaliação dos professores é baseada no sucesso dos alunos e este, por sua vez, em avaliações por testes e exames nacionais… logo, os docentes vêm-se obrigados a treinar para os exames e transmitir conteúdos que aparecem nos extensíssimos currículos do ensino básico e secundário)
• Os meios físicos e materiais das escolas não promovem aprendizagem colaborativa e partilhada (espaços pequenos e que não favorecem a mobilidade; escolas pouco equipadas a nível de recursos básicos, por vezes mesas e cadeiras, mas também de computadores actuais e funcionais; redes de Internet que suportem a utilização simultânea de mais de uma dezena de pessoas;
• A título de exemplo, para este ano lectivo, em Portugal, o número mínimo de alunos para cada turma é de 27. Entre estes 27 poderemos encontrar alunos com currículos especiais e alunos portadores de problemas graves a nível intelectual ou deficiências graves, a quem é necessário do apoio especial;
• Cada professor lecciona diferentes áreas disciplinares, diferentes níveis e anos de escolaridade; todos os professores desempenham cargos e funções de responsabilidade, nomeadamente de direcção de turma, todos com uma excessiva carga burocrática;
• Os professores cada vez mais sentem necessidade de fazer formação individual em didáctica, em TIC; em apoio educativo especial, em lidar com problemas de aprendizagem, em avaliação de software, em desenvolvimento curricular, em gestão escolar, em…. Tudo isto quando é colocado em escolas a 150 km de casa, quando não leccionam em 2 escolas distanciadas entre si.
• Não devemos esquecer também que nós, enquanto professores, devemos ter em conta que nem todos os alunos terão acesso aos mesmos meios (digitais ou não) e recursos familiares. Para democratizar o ensino não podemos nunca promover um ensino que apenas vá favorecer quem tem Internet ou computador em casa, quando alguns não têm tão pouco, habitação com água ou luz eléctrica (e isto não é demagogia).
Não, não sou contra a tecnologia. Muito pelo contrário. Sou 100% a favor. Acredito que é um elemento útil e um recurso que, existindo na escola para acesso de todos, promove a igualdade; desenvolvimento excepcional de competências nos nossos jovens e fomenta aprendizagens sólidas e significativas. O que tento lembrar-me diariamente é que temos que lutar por alteração de paradigmas a um nível geral, não basta a propaganda de atirar com computadores e meios às escolas, da mesma forma que se atira milho aos pombos...
Até já :)
Maria da Graça
Re: focadafocRe: Dificuldades no uso das interfaces
Lolly, Carmen e colegas,
Sem duvida a questão do numero de alunos participantes num curso é fundamental. Sinceramente ainda me assusto com determinadas posturas diante dessa questão... Se no presencial isso já é condenável (salas com 100, 120 alunos), quem dirá em cursos online, em que a mediação se dá por meio de outras linguagens... Sabemos que interação e mediação (de qualidade) é inviável com um numero excessivo de participantes e no caso de chats isso fica ainda mais grave... Acho que precisamos nos posicionar a respeito, talvez de forma mais enfática, como pesquisadores, acadêmicos, formadores e produtores intelectuais. Pois, somos co-responsáveis pelos "modelos" que circulam por aí e que condenam a qualidade dos cursos online... Particularmente tenho falado e escrito sobre isso e sei que muitos dos colegas aqui presentes tb. Mas precisamos debater essa e outras questões que envolvem as políticas públicas...
Sobre o copia e cola, tb vivo experiências semelhantes Carmen, e percebo que essa prática não é mérito das tecnologias atuais... elas facilitaram, é claro, mas não foram fundantes... Novamente caímos na questão da mediação nestes ambientes, e quando digo isso não quero dizer que a culpa é do mediador, mas do processo de mediação, que envolvem todos os participantes... Como foi pontuado pelos colegas sobre o uso do chat, acredito que um dos caminhos seja preparar os alunos para que tenham "aulas" em ambientes online.Fácil? Nem um pouco... Como em outros ambientes de aprendizagem, sinto que precisamos falar e falar e falar... talvez esse falar deva se dar de formas diversas nos ambientes online: vídeo, podcast, animação, humor, rigor... cada caso é um caso... Sabe como fazemos com filhos, sobrinhos e netos etc quando vão sair de casa? Todos os dias: pegou documento? chave? dinheiro? Quase um mantra...rs.
E em outras situações, ponderar coletivamente: o que estamos fazendo aqui? Prá que? Por que? Como?
Bjs
Dri
Adriana, você nos coloca uma questão bem significativa: nossos alunos de hoje.
Temos muitos alunos nativos digitais, e nós somos imigrantes (em algumas tecnologias) e nativos em alguns casos. Uma das dificuldades que tenho encontrado com os alunos nativos é que eles não conseguem perceber o computador, a internet e suas interfaces como propiciadores de ensino-aprendizagem. Para a grande maioria as TIC são apenas para o lazer, para o entretenimento...
O que fazer, então, para mostrar a eles este outro lado da moeda?
Fernando, sua preocupação reflete diversas questões e vou pontuar algumas para debatermos:
1) o processo de aprendizagem precisa ser, necessariamente, avesso ao lazer e entretenimento? Será que, como educadores, continuamos com o discurso: agora chega de brincadeira, vamos estudar! (?) Entendo que aprender não é pura diversão (sempre), mas não podemos contribuir para que esse processo seja prazeroso? Será que a falata de percepção dessas interfaces como propiciadores de ensino e de aprendizagem partem somente dos alunos? Nessa direção temos colegas que trabalham com games, jogos, por exemplo e podrão nos ajudar a pensar melhor nossas práticas pedagógicas...
2) Tenho participado de algumas experiências bem interessantes:
- com alunos de graduação (nativos - de cursos na área de comunicação e tecnologias e tb de pedagogia) percebo que há um grande envolvimento e eles muitas vezes participam, mais ativamente, nas atividades online do que em sala de aula presencial... Inclusive, numa das avaliações que fiz com os grupos, os alunos destacaram o quanto esses ambientes são melhores para a aprendizagem, debate etc... Que eles, após 3 anos de convivência presencial, só foram saber o que alguns colegas pensam em debates nos fóruns... São nativos e sinceramente fiquei assustada com a participação (excessiva...rs), pois a quantidade de mensagens em três dias chegou a mais de duzentas...
- com alunos da educação Básica (nativos), sinto que ainda há limitações, mas que envolvem tanto os professores quanto os alunos... Ambos ainda usam a tecnologia como premiação ou punição...
O fato é que não estamos sabendo lidar direito com os nativos... Ontem estive na PUCSP-TIDD participando de uma mesa redonda e uma das pesquisadores apresentou exatamente essa questão... Segundo os dados levantados por ela, os alunos são muito diferentes do que pensamos, nos mais diferentes aspectos... Tentarei acessar alguns deles e encaminho a vcs...
Bjs
Dri
bom podermos estar observando os vários aspectos de nosso estudo: a internet e as suas interfaces.
A título de explicação: não sou contra o lazer e o entretenimento,e nem sou do discurso "acabou a brincadeira", tanto é que defendo a idéia de acampamentos pedagógicos (que desenvolvo faz um tempinho). Mas é que, tanto no ensino básico como no ensino superior, há um entendimento que o computador só serve para o entretenimento e que é incompatível com a educação. Percebe a diferença?
Os alunos , e muitos educadores, não conseguem perceber que o computador, a internet e suas interfaces podem ser usados como meios para o ensino-aprendizagem.
Mesmo quando usamos games ou objetos de aprendizagem elaborados para a educação não há um entendimento concreto de que naquele momento está sendo realizada uma ação pedagógica. Há ainda aqueles que dizem: "assim é bom dar aula, vocês ficam só brincando!"
Assim como existia a dicotomia corpo-alma, hoje podemos perceber que uma outra dicotomia está sendo disseminada, a dicotomia TIC-educação - isso por mais que estejamos refletindo e mostrando a outras pessoas que é possível ensino-aprendizagem por meio das TIC.
Acredito que voltamos a velha questão dos paradigmas educacionais: estamos no processo de mudança! E tudo isso é ponto de discussão.
Adriana, tudo é muito novo! E nossa tarefa é buscar entender todo este processo... Fico a pensar como estará o nosso mundo daqui a 100 anos...
Um abraço, e mais uma vez obrigado pelas questões pontuais e por estar participando efetivamente deste fórum, nos ajudando a compreender as diversas situações e nuances da nossa temática.
Olá Fernando, entendo que estamos de acordo nos diversos pontos elencados... em momento algum pensei que vc fosse contra o lazer e o entretenimento e nem que assuma o discurso "acabou a brincadeira". Desculpe se me expressei mal.
O fato é que novamente estamos falando de professores resistentes a mudança, professores que se apoiam no "falar-ditar", debatido anteriormente em outros momentos aqui e é esse professor que queremos ajudar a mudar, há anos e anos, com ou sem tecnologia, certo?
Minhas pontuações referem-se tb aos demais professores, aqueles que estão mais flexiveis e tem medo das tecnologias, aqueles que topam tudo e especialmente aqueles que estamos formando nos cursos de licenciatura e pedagogia... Percebo que estes não apresentam as mesmas resistências das gerações anteriores e, mesmo sabendo que precisamos fazer algo com os que ai estão, nas salas de aulas atuando os os alunos de hoje, precisamos pensar sobre os professores que estão sendo formados hoje tb.
Acho que estamos com as mesmas preocupações... que bom.
Bjs
Adriana
Só prá ilustrar... vejam o link.
http://charges.uol.com.br/2008/07/25/cotidiano-tempos-modernos/?modo=baloes
Bjs