Em relação a Vygotsky é grande a polêmica quanto ao fato de ser ele ou não cognitivista.

O grande teórico russo tinha como preocupação central a investigação da gênese do conhecimento na humanidade. Segundo Oliveira (1999, p. 75) ele voltou sua atenção para o estudo dos processos internos "relacionados à aquisição, à organização e ao uso do conhecimento e, especificamente, com sua dimensão simbólica".

Vygotsky desenvolveu estudos que levaram ao desenvolvimento de uma Psicologia que contemplasse a especificidade do comportamento humano, da consciência, mas sem recair no idealismo não-científico e no Behaviorismo, que ele considerava reducionista. Procurou desenvolver um enfoque não mentalista enfatizando o papel da linguagem na constituição do cognitivo, através do processo de internalização.

A bem da verdade, as idéias de Vygotsky configuram um projeto ambicioso de estruturação de uma psicologia capaz de abordar, de maneira objetiva e científica, o estudo da consciência e os traços mais específicos do comportamento humano. E ao enveredar por esse caminho faz uma análise das relações entre desenvolvimento, aprendizagem, aprendizagem escolar e ensino partindo da realidade postulada do caráter mediado dos processos psicológicos superiores.

Por isso nos remete ao meio social e cultural, que dispõe dos signos e dos sistemas de signos necessários para formação dos processos psicológicos superiores, pois o desenvolvimento individual consiste, em boa parte, no acesso progressivo a esses signos e sistemas de signos, ou seja, na aprendizagem progressiva dos signos e sua utilização.

A partir dessa perspectiva as práticas educativas – entendidas como situações de interação em que os membros mais competentes do grupo social e cultural ajudam outros membros do grupo a usar convenientemente esses sistemas de signos em relação a tarefas diversas em contextos também diversos – são os que possibilitam, em essência, essa aprendizagem.

De modo diverso ao que acontece em outras teorias e modelos psicológicos, o esquema explicativo vigotskiano, a relação entre desenvolvimento e aprendizagem assume um caráter bidirecional, de influência e interconexão mútuas: é necessário um certo grau de desenvolvimento para realizar determinadas aprendizagens, porém, igualmente importante, o acesso a níveis mais complexos de desenvolvimento requer a realização de certas aprendizagens.

É inegável a importância que Vygotsky atribui a interação social no processo de desenvolvimento das capacidades humana superiores e que se reflete em uma de suas teses principais – a "lei da dupla formação das funções psicológicas superiores".

"Qualquer função que exista no desenvolvimento cultural da criança aparece duas vezes em dois planos diferentes. Em primeiro lugar, aparece entre as pessoas como uma categoria interpsicológica e, depois, na criança, como uma categoria intrapsicológica. Isso é certo para a atenção voluntária, para a memória lógica, para a formação de conceitos e para o desenvolvimento da volição. Podemos considerar essa argumentação como uma lei no sentido estreito do termo (...). As relações sociais ou as relações entre as pessoas são subjacentes geneticamente a todas as funções superiores."Vygostky(1981; citado por Wertsch, 1988, p. 77-78)