A Psicologia e a Educação

Uma polêmica bem conhecida, relativa à interseção entre os estudos da Psicologia e da Educação é a da própria existência de uma área chamada Psicologia da Educação. Muitos questionam a sua existência, afirmando que esta área nada mais é que uma seleção de conteúdos, estudos e explicações de diferentes áreas da Psicologia, não constituindo um corpo organizado de conhecimentos.

Outros entendem que a Psicologia da Educação traz contribuições e estudos originais, agrega conteúdos novos à Educação, constituindo-se em uma área de conhecimento com todos os atributos necessários – desenvolvimento de pesquisas, enunciação de conteúdos e objetivos próprios.

Ela não constitui uma série de recomendações, cuidados e “dicas” que garantem um bom ensino. Não tem como meta prescrever princípios para ensinar bem, mas sim desenvolver a capacidade explicativa do fenômeno educacional que lhe garanta o lugar de ciência fundamental para a Educação.

Coll et alii (2004) [1] destacam alguns fatores que esclarecem o porquê de tantas divergências internas da Psicologia, quando se trata da abordagem da Educação:

    • A existência de diferentes marcos teóricos adotados ao estudar os processos educacionais;
    • a variedade de conceitos de Educação e de ensino existentes, tomados como ponto de partida para os estudos psicológicos;
    • a atribuição de variados graus de importância aos componentes psicológicos e aos educacionais no estudo dos processos de ensino e de aprendizagem; 
    • as dificuldades de realização de pesquisas em Psicologia, mesmo quando têm objetos de estudo mais concretos, como no caso da Educação;
    • dificuldade no estabelecimento da relação teoria-prática em Psicologia associada à “cobrança” de intervenções como ocorre, por exemplo, nas dificuldades de aprendizagem.

A relação entre a Psicologia e a Educação, em sua evolução histórica, avançou em três áreas: o desenvolvimento infantil, a psicometria (disciplina inserida na Metodologia das Ciências do Comportamento e que estuda a medida psicológica) e a aprendizagem.

Mesmo com as alterações desta relação no correr da história, os estudos sobre a aprendizagem se mantiveram foco privilegiado da Psicologia da Educação e merecem destaque na formação docente.

Consideremos, portanto, que a Psicologia da Educação tem três dimensões – teórico-conceitual, tecnológico-projetiva e técnico-prática, sendo essencial à formação docente para ambientes presenciais ou online.

Concluímos com Chakur (2001) [2] que a psicologia da educação pode facilitar ao docente em formação condições para conhecer melhor o aluno e suas condições de aprendizagem, para buscar com maior eficácia as causas do insucesso na aprendizagem, para fundamentar uma prática pedagógica de excelência.


[1] COLL, C. et al (orgs.). Desenvolvimento Psicológico e Educação. V.2, Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.

[2] CHAKUR, Cilene Ribeiro de Sá Leite (org.). Problemas da Educação sob o olhar da Psicologia. Araraquara: FCL/Laboratório - Editorial/UNESP, 2001.