No livro “As Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da Informática” [1] o filósofo francês Pierre Lévy , da Universidade de Ottawa, Canadá, cunhou o significado da expressão ecologia cognitiva, disciplina voltada para o estudo sistemático da tecnologia informática na organização institucional das sociedades humanas.

Segundo ele o ser humano, no seu processo civilizatório, criou uma segunda natureza. Atualmente ela está preenchida por redes complexas onde interagem um grande número de atores humanos, biológicos e técnicos.

Com o advento das tecnologias de informação e comunicação a inteligência se torna coletiva que, como a conceitua o próprio Lévy: [2]

É a capacidade de trocar idéias, compartilhar informações e interesses comuns, criando comunidades e estimulando conexões. Para começar, tome o cérebro humano. Fazemos infinitas conexões que se intensificam à medida que envelhecemos. Agora imagine que podemos, graças ao computador, integrar essa "constelação de neurônios" com a de milhões de outras pessoas. Essa é a comparação que faço. A internet nos permite hoje criar uma superinteligência coletiva, dar início a uma grande revolução humana.

Ora, o ensino e a aprendizagem, nesse novo contexto, tomam outros contornos e características.

Para chegar a essa “ cultura planetária ”, a escola deve assumir um papel fundamental: criar modelos de aprendizagem em que o professor seja um "animador da inteligência coletiva" do grupo de alunos e não mais um mero repassador de conhecimentos.

No livro Cibercultura, o próprio Lévy formula a pergunta e dá a resposta: "Como manter as práticas pedagógicas atualizadas com esses novos processos de transação de conhecimento? Saindo de uma educação e de uma formação institucionalizadas (a escola, a universidade) para uma situação de troca generalizada de saberes". (1999, p. 172). [3]

Ao abordar a aprendizagem no Ciberespaço o autor destaca a importância do desenvolvimento da autonomia e da capacidade do homem aprender sempre, de forma continuada, dando conta assim da acelerada mutação da Sociedade do Conhecimento:

Quando as técnicas e as habilidades se mantinham quase as mesmas durante a vida de um homem, o papel do saber permanecia despercebido, a capacidade de aprendizagem permanente dos indivíduos e dos grupos não aparecia como uma qualidade determinante. Contudo, hoje os conhecimentos não apenas evoluem muito rapidamente, mas, sobretudo, comandam a transformação das outras esferas da vida coletiva; como conseqüência, o que ficava "invisível", porque era imóvel, passa bruscamente para o primeiro plano.


 


[1] LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da Informática. Rio de Janeiro, Ed. 34, 1998.

[2] Entrevista à revista Nova Escola, disponível em http://64.233.169.104/search?q=cache:x2l1zxZxGCIJ:revistaescola.abril.com.br/edicoes/0164/aberto/mt_243489.shtml+Pierre+L%C3%A9vy+aprendizagem&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=8&gl=br&lr=lang_pt.

[3] LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.