Fórum momento 2

Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -
Número de respostas: 33

A partir das leituras sugeridas, do slide show disponibilizado e da sua experiência profissional e/ou de seus estudos e pesquisas na educação online, reflita: por que a problemátia do tempo e a dinâmica de mediação online situam-se como elementos a serem pensados no desenho didático de cursos online?

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Lucila,

Para sua provocação, vou partir de algo pessoal: no final de semana passado li os textos propostos no primeiro momento  do curso, destaquei alguns pontos que achei significativos para debater, mas infelizmente por questão de “tempo” não os postei no ambiente. Quando na sexta (10/04) – meu tempo livre - me deparei com a síntese do fórum que estava programado para finalizar no dia 09/04 (o que parabenizo a mediadora pelas idéias destacadas, nos situando nas discussões que emergiram). O curriculo por competências era um tema que gostaria de discutir e que não foi contemplado nas falas postadas no referido fórum. A minha situação me fez refletir ainda mais o quanto é difícil equilibrar as duas dimensões do tempo (Kairós e Chrónos).

Sei que não é a intenção da proposta desse curso de formação fechar os debates, mas fico pensando nos cursos que fecham os fóruns no dia em chega a data pré-estabelecida e não retomam mais os assuntos discutidos. Acredito que no movimento de ir e vir nas mensagens postadas, dá abertura para reflexão das idéias ali contidas e dos textos lidos, podendo refazer as atividades, postar novas contribuições, rever certas posturas, ressignificar o que foi posto. Na maioria dos cursos, ao término de cada discussão, o fórum é fechado e ninguém mais pode participar do debate. Isso reflete a visão de um desenho didático pautado num currículo funcionalista e fechado e em práticas pedagógicas norteadas pelos princípios da linearidade tão cristalizadas nas instituições educacionais.

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -
Olá Lucila e Maristela

Identifico-me perfeitamente com a Maristela na angústia do tempo. O limite entre Kairós e Chronos.

E complementaria o excelente slideshow da Lucila com o insight sobre uma dimensão do tempo que acho particularmente perigosíssima. O tempo como autoridade. Filho direto do tempo linear adotado pela burguesia como o tempo da linha de produção, é o tempo autoritário que fecha fóruns, corta discussões e impede participações.
A própria plataforma que estamos utilizando para esta discussão, o Moodle, é toda baseado neste conceito. O arrependimento aqui só dura 30 minutos.
E é muito difícil lutar contra este tempo, pois ele é como o governo de traficantes em favelas, esse tempo imiscui-se entre nós.

Mas também, outro ponto do slideshow me chamou atenção. E talvez me fez lembrar da utilidade perigosa do tempo autoritário.
Programas de formação docente com o tempo da graduação?

Fico pensando nos professores que atuam em situação ultra-precária, que recebem, como apoio único do governo, programas passageiros de formação docente. Que aguardam ansiosamente estes programas, que se não servem como uma graduação, pelo menos dão sentido à sua atuação e recuperam o valor do profissional.
Diremos mesmo a estes professores que os programas de formação que participam não valem nada?

Corro para finalizar :)

Renata
Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -
Quanto tempo o tempo tem?

Renata, gostei imensamente de sua reflexão com a questão do tempo aqui no Moodle... "o arrependimento aqui só dura 30 minutos"...

Eu, que tenho tido a experiência de trabalhar com professores (em formação inicial e continuada) no Moodle, tenho percebido que o tempo disposto no online não consegue corresponder ao tempo do presencial.

E para não deixar de falar no e-Proinfo... a situação é um pouco pior. Quando se pensa que o tempo está colaborando, ops, a página já expirou!

Infelizmente ainda tempo um grande "penhasco" entre aqueles que elaboram os softs e os AVA e aqueles que serão seus usuários. Infelizmente os "adestrados" na tecnologia criam e elaboram soluções para que depois possamos nos adequar a elas.

Imaginar os que estão em situação precária? Eu, muitas vezes, convivo com eles, com aqueles que muitas vezes esperam um dia da semana, quando virão para a capital (para o Pólo) e assim poderem olhar o ques estava disposto para o "tempo" daquela semana.

Não é uma incongruência o tempo online? Ou como estamos construindo este tempo?
Dizemos que uma atividade ou uma temática é para uma semana... mas o aluno se detém na proposta numa hora (60 minutos) somente, ou uma tarde (quem sabe).

E o tutor? Como mediador do tempo?
Volterai aqui, num outro tempo... para minhas considerações!

Um abraço pascal para todos!
Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Fernando, você me lembrou uma coisa. Há 3 livros com o título Quanto tempo o tempo tem.

Um é de literatura. Outro, de literatura infanto-juvenil. O terceiro, organizado por Vera Lucia S. Rossi e Ernesta Zamboni e publicado pela editora Alinea, é do campo das ciências filosóficas e históricas. 

[ ]

Lucila

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

 Olá Lucila, Renata, Maristela, Dolores e demais paraticipantes : 

Muito interessante a proposta deste Fórum, pois refletir sobre a problemática do tempo e a dinâmica de mediação online nos programas de formação,  em que  estamos envolvidos, é uma questão extremamente pertinente e Maristela e Renata já colocaram muito bem suas preocupações. Quanto á questão do tempo você, Lucila coloca questões muito interessantes que me instigam a pensar e me colocar nesse Fórum.

Na introdução do texto: A problemática do tempo nos Programas de formação docente online (apresentado na ANPED-) você mostra como as políticas públicas de formação docente nessa modalidade de ensino se encontram parceiras do capitalismo global, das esferas privadas produtivas e agencias multilaterais, instaurando uma nova ordem nas relações capitalistas e preparando o trabalhador  para empregabidade e não o emprego  pois o desemprego estrutural é uma característica dessa sociedade informática ( SHARF).

Mostra também o caráter instrumental que a EAD se reveste desenvolvendo programas aligeirados, de custos reduzidos e fidelizados á uma reforma educacional baseada na racionalidade instrumental e subserviência ao capitalismo. Aponta a ambigüidade  da técnica e lembro-me  agora de Lévy quando disse que a técnica não se constitue  em um bem ou um mal, mas depende dos usos que dela sejam feitos.

Concordo quando você coloca que nós vivemos o tempo opressor do relógio, objetivo e linear. O tempo do relógio - o chrónos - não é igual ao kairós que é o tempo da sensibilidade, do dizer as coisas certas no momento certo, etc.

Por outro lado, esse tempo de códigos ( PINEAU apud PESCE,  p. 6) que vivemos, é  tempo  contraditório porque “ se por um lado gera alienação e passividade, por outro, permite articulações em prol da negação da massificação..” (p.7 )

Como você coloca muito bem,  ampliando essa concepção capitalista de tempo para os programas de formação de professores online, podemos observar a pertinência dos  problemas que você aponta:   a) Não há tempo  disponível para os processos de interação e para que os professores em formação consolidem um amadurecimento  e ressignifiquem suas concepções. Esse tempo não lhes é dado.  Outro ponto importante : b) a função do formador encontra-se esvasiada pois esse se limita a ser um leitor do script feito pelo autor e não tem nenhuma autonomia . C) O módulo na maioria se fecha sem que uma efetiva mediação aconteça.

Mas a esperança é fazermos diferente pelo caminho contrário á racionalidade instrumental das políticas de EAD: buscarmos o caminho do diálogo, tentando superar a "hegemonia cronológica da temporalidade que nos constitui", (PESCE,p.14), deixando fluir as vozes do mundo da vida desses professores, sujeitos sociais...

 

Deixo com Carlos Drummond de Andrade a finalização da minha intervenção nesse Fórum coordenado por essa equipe  maravilhosa...O poeta mineiro mostra o papel e a importância do diálogo com uma dimensão de sensibilidade e de preocupação com o momento  presente pois ele é que vai criar/gestar  as bases  do futuro...

O poeta Drumond

                                                                           

 Mãos Dadas 

Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros 

 Estão taciturnos mas nutrem  grandes esperanças.                   

Entre eles, considere a enorme realidade.

O presente é tão grande, não nos afastemos.                                          

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. 

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.

Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.

Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.

Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente,

os homens presentes, a vida presente.

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Pessoal, estou muito emocionada com as colocações que acabei de ler neste fórum. Emocionada em ver como vocês mergulharam a fundo na problemática do tempo na contemporaneidade e, particularmente, na problemática do tempo nas ações de formação online. Acho que isso é um problema que pega na veia de quem vive os dias de hoje e também é um problema que pega na veia de quem, como nós, trabalha com ações educacionais online.

Cada um de vocês – Maristela, Renata, Fernando e Maria Olívia - traz contribuições absolutamente contundentes e fundantes do nosso diálogo.

Quanto ao nosso fórum anterior, não precisamos nem devemos repetir os erros apontados neste fórum. Se alguma coisa ainda ficou pendente resgatem-na aqui neste fórum de discussão. Ontem estava assistindo a um programa muito legal sobre audiovisual no canal Futura, que traz conceitos importantes, de um modo interessante e engraçado. Em um dos momentos foi dito que o cinema iraniano “dá tempo ao tempo”. Pessoalmente gosto muito de cinema iraniano; talvez um dos fatores seja esta proposta de ruptura que ele tem do tempo opressor do relógio, que não dá "tempo ao tempo". Pois bem, vamos fazer o mesmo aqui: vamos dar tempo ao nosso tempo. Não se sintam obrigados a estancar as considerações emergentes da discussão do fórum anterior. Postem-nas aqui, pois esta divisão dos nossos diálogos em fóruns atrelados aos 4 momentos do módulo é uma questão meramente didática, que de modo algum deve se situar como camisa de força.

[ ]

Lucila

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Lucila, Maristela, Renata, Fernando e Maria Olívia gostei muito da contribuição de vocês. Fiquei pensando... [ porque tive  tempo- estou resfriada e de molho] a questão do tempo na sociedade atual é contundente! Pensar em tempo em cursos online parece contraditório, mas dependemos do tempo Cronos na sociedade capitalista. Tanto é assim que nos é dado sempre um "tempo" para  desenvolvermos determinada tarefa. Concordo com vocês quando renvindicam o tempo Kairos, mas este .... infelizmente ainda é muito pouco contemplado na nossa escola. Os cursos presenciais ou online, a maioria  está desenhado  com  curriculo fechado e   dependem do "tempo" inicio e fim. Nos desenhos de cursos online dividimos os momentos,  as atividades [ forum, chat, ....] tendo como base o 'tempo" Creio que a atividade que trabalha com o tempo Kairos é o diário de bordo, pois é você que estalece o seu momento, o seu tempo. Ainda assim, nos é dado um prazo final. O homem moderno depende do tempo, da máquina, da midia, do pregão, de Obama.....

Acho que foi um pensar alto, mas aqui entre nós ..... gostaria de ter mais tempo!

Abç a todos.... com mais tempo.

Dolores 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Dolores, concordo plenamente com vc, qdo aponta o diário de bordo como um rico instrumeto para trabalharmos as reflexões oriundas da dimensão vivencial do tempo.

Aproveito para fazer propaganda da tese da nossa colega, Ana Maria Di Grado Hessel. Ao estudar os processos de formação online de gestores educacionais, Ana aponta a riqueza, a potencialidade do diário de bordo, como instrumental de formação. Vale a pena conferir.

[ ]

Lu

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Ana Maria Di Grado Hessel -

Obrigada pela propaganda, Lu!

Mas quero me unir a vocês no lamento da "falta de tempo". Perversamente, o ritmo da vida social moderna, sincronizado com o ritmo imposto pela primazia da produtividade, da eficácia e da eficiência acelerou a vida de todos. Estamos, cada vez mais, amarrados ao implacável cronos, porque somos valorizados por uma das dimensões humanas – a força de trabalho. Esta é uma visão linear e reducionista, que prevalece em nossa sociedade. Valemos pelo que podemos produzir e não pelo que realmente somos.

Quando a Lucila, na sua pesquisa, explica a racionalidade instrumental (Habermas), vigente no cerne das políticas de formação, aborda a tônica tecnicista nos programas de formação em massa e o fato do sujeito perder a sua historicidade.

Na tese que desenvolvi, trato dessa esquecida e desvalorizada perspectiva kairológica: a dimensão ética e estética na formação (online).  Um trecho da tese explica isto:

Rosito (2007) esclarece [...] ao longo do tempo, a questão da sensibilidade estética na formação, necessária aos projetos comprometidos com a autonomia e emancipação, passou a ser desvalorizada, em detrimento de uma formação mais técnica. Para alçar a condição de sujeito, uma proposta de formação atual: “deveria ter como eixo o compromisso com a reflexão de olhar o passado, o interior dos saberes e fazeres históricos e originais, os resultados que suas ações produziram/ produzem sobre a compreensão do ser humano, presentes ou ausentes nas suas ações atuais” (p. 285). No seu trabalho com História de Vida e narrativas na formação de professores, a autora aponta para novas fontes formativas, além das que transitam o espaço universitário. Reconhecer e aceitar a subjetividade no seu fazer e contar sobre suas experiências pode auxiliar o sujeito a encontrar os sentidos de uma prática. (ROSITO, Margarete. Ser professor: entre a ética e a estética. In: MORENO, Leda Virgínia Alves; ______. O sujeito na educação e saúde: desafios na contemporaneidade. São Paulo: Loyola, 2007. pp. 275-306).

Durante o trabalho como professora orientadora em um programa de formação online, percebi um potencial formativo nas narrativas dos diários de bordo de um ambiente virtual de aprendizagem. Além dos movimentos intrasubjetivos e das relações intersubjetivas decorrentes da postura de parceria, os diários revelam o processo de formação (em perene espiral - uso uma metáfora do poço iniciático).

Inspirada na busca de minha essência e dos sentidos de minha prática, procurei conhecer os sentidos das práticas dos sujeitos em formação.

Subsidiada pelos operadores cognitivos do pensamento complexo de Morin   (princípio dialógico entre outros) e da autopoiese, investi na interpretação de alguns diários e captei os singulares movimentos de cada qual. Percebi que esta experiência pode ser muito valiosa nas propostas de formação que objetivam mudanças de prática, mobilização de equipes etc.

Bem, espero contar um pouco mais em outros momentos e também ganhar interlocutores.

Bj, Ana

Em resposta à Ana Maria Di Grado Hessel

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -
Ana: que dimensão interessante você aborda na sua Tese! Sem dúvida, essas narrativas e histórias de vida estão hoje bem presentes no nosso PPGEduC/Uneb, no grupo de pesquisa GRAPHO, mas você traz , no seu trabalho de investigação em curso de formação online uma abordagem muito interessante:o potencial formativo nas narrativas dos diários de bordo dos participantes desses cursos. Gostaria muito de conhecer seu trabalho...  
Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Ana Maria Di Grado Hessel -

Maria Olivia, ganhei uma interlocutora! Enviarei meu trabalho para sua equipe, com prazer.

Meu interesse, nas narrativas, surgiu durante a pesquisa. Não sou expert sobre o assunto, porque a minha praia é a ead: ambientes virtuais de aprendizagem, formação online e gestão escolar. Mas foi uma descoberta prazerosa porque estamos sempre em busca de um desenho didático que contemple as subjetividades, a criação etc.

O diário de bordo é uma ferramenta que se presta ao registro de percursos, à auto-avaliação etc. Na formação de gestores, com a qual trabalhei, percebi a possibilidade de desenvolver uma atitude interdisciplinar de parceria – no diário -, na tentativa de minimizar a sentimento de isolamento que os mesmos sentem na sua prática e também na sua formação. Aproximei-me de cada gestor a ponto de perceber com mais facilidade o fio condutor de suas caminhadas, os pontos fortes, as necessidades, os temores. Na interpretação de cada narrativa, notei que elas revelam, além das diferentes trajetórias, a essência de seus autores. Há, verdadeiramente, um sentido para todo o fazer, não aleatório, mas construído no percurso de uma vida.

Bem, eu ficaria “falando” sobre isso por mais umas cem linhas.

Caros, na próxima semana teremos um debate muito interessante, sobre a Web 2,0 e a co-autoria. Vamos continuar lá?

Bj, Ana

Em resposta à Ana Maria Di Grado Hessel

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Ana, com certeza iremos continuar na próxima semana!

Mas colaborando com suas considerações sobre o diário de bordo, também posso dizer para Ana que o acompanhamento no diário de bordo ou num webfólio tem sido marcante numa perspectiva de olhar o que passou para compreender aonde chegamos.

Explico: quando o aluno se propria da interface diário de bordo, quando ele a utiliza concretamente registrando aquilo que está vivenciando (em termos de aprendizagem) ele tem um ganho mais crítico sobre seu desenvolvimento cognoscente. Isso se ele for bem acompanhado e orientado a refletir: onde começamos? onde chegamos? que podemos dizer deste processo?

E aqui voltamos para a questão inicial deste fórum: a mediação!

A interface pela interface não agrega muita coisa ao processo. Toda e qualquer interface ganha força quando há a mediação do professor (e do tutor), refletindo, pontuando, instigando, criticando, fazendo transpor limites e propondo outros caminhos.

Mas há um limite para o diário de bordo: poucos tem a cultura de registrar seu processo, sua caminhada, sua vida.

Nossa história ainda é muito aquilo que outros falam/contam de nós. E aqui percebo que o limite pode se tornar numa alavanca para um processo de aprendizagem rico de possibilidades. Vai depender de como o desenho didático do curso foi planejado, da formação da equipe e de como tudo isso é apresentado ao aluno.

Será? Lembrei-me da música...Compartilho com vocês!

Será que podíamos fazer um paralelo da música com tudo aquilo que conversamos esta semana?

Será (Legião Urbana)

Composição: Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Marcelo Bonfá

Tire suas mãos de mim
Eu não pertenço a você
Não é me dominando assim
Que você vai me entender
Eu posso estar sozinho
Mas eu sei muito bem aonde estou
Você pode até duvidar
Acho que isso não é amor.

Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?

Nos perderemos entre monstros
Da nossa própria criação
Serão noites inteiras
Talvez por medo da escuridão
Ficaremos acordados
Imaginando alguma solução
Prá que esse nosso egoísmo
Não destrua nosso coração.

Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?

Brigar prá quê?
Se é sem querer
Quem é que vai
Nos proteger?
Será que vamos ter
Que responder
Pelos erros a mais
Eu e você?

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

A linguagem assim como qualquer outro aparato simbólico não tem um valor absoluto, mas relativo. Podemos falar a mesma coisa, de um modo construtivo ou destritivo.

Por isso achei tão importante quando Fernando, ao nos falar do valor do diário de bordo atrelado ao fator humano da mediação, sinaliza como é  importante sempre nos lembrarmos disso: as TIC, por si só, não vêm crivadas de juízo de valor. O que faz a diferença é o uso que fazemos delas, como aparato simbólico do nosso tempo.

Abraço

Lucila

 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - PODEMOS MUDAR?

por Ana Maria Di Grado Hessel -

Fernando, que bom tê-lo conversando comigo e com os nossos parceiros de fórum. Descubro em você a sensibilidade dos artistas, quando nos oferece a poesia da música.

E replico um refrão:

Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?

Compartilho das suas inquietações!

Você tem razão quando diz que “as pessoas não têm o hábito de registrar a sua história”. Preferimos acreditar que somos aquilo que os outros pensam de nós.

Essa concepção é um pilar da nossa cultura, nem é preciso explicar os motivos.

É a supremacia do Chronos sobre o kairós. Somos avaliados o tempo todo, valemos pelo que produzimos e somos descartáveis.

Nesta lógica, para que pensar muito? Tudo já está pensado: os modelos, as fórmulas, a necessidade de consumo etc.

Penso que estamos carentes de autoconhecimento, dos nossos ritmos orgânicos, dos nossos tempos pessoais, de nossos significados, dos nossos saberes, da nossa maturação - pertinentes ao kairós.

Ao abordar a necessidade de lucidez de pensamento diante do modo de pensar dominante e simplificador aliado aos mecanismos de incompreensão da personalidade humana multifacetada, Morin recomenda a todas as pessoas a escrita de um diário e a reflexão sobre os acontecimentos vivenciados, como instrumentos para o aprendizado da auto-observação. A aptidão reflexiva do ser humano seria utilizada para considerar-se a si mesmo ao se desdobrar na observação do outro.

Podemos mudar?

Já me posiciono: acho quer sim (somos sujeitos de nossa história)

Você me instiga a escrever mais um pouquinho. Estou contando a pesquisa a conta-gotas.

Nesse estudo, o diário de bordo é também uma arena de mediação. É possível uma relação intersubjetiva no diário, além da intrasubjetiva. Como mediadores agimos em congruência, e às vezes, precisamos ouvir e aproveitar o momento oportuno para intervir, através de “perturbações significativas”. A autopoiese é uma concepção que sustenta minha ação de formadora/pesquisadora.

Os usuários do diário de bordo eram gestores que deviam desenvolver um projeto na sua escola. O primeiro desafio era mobilizar suas equipes. O fazer de cada um refletia uma vivência, concepções e contextos diferentes. As narrativas nos diários versaram sobre esse percurso.

Foi importante entender os sentidos dessas narrativas e até intervir com devolutivas e mensagens. Muitas vezes os diários funcionaram como “bastidores” dos fóruns, lócus da riqueza intersubjetiva.

Então, há um papel mediador do professor na formação online que pode ocorrer desde o diário. O aluno pode ver no professor mediador, um interlocutor para compartilhar seus sentidos.

O registro escrito significativo, no diário, nem sempre é reconhecido. Por meio do registro, o sujeito percebe sua ação pela sua consciência, que, por sua vez, pode pensar outras ações. Ao relatar os fatos vivenciados, o sujeito reconstrói a sua representação da realidade, impregnado-a de novos sentidos que têm o poder de transformar a própria realidade. Ao mesmo tempo em que, por meio da escrita, o sujeito representa sua fala interior, o faz com o desejo de poder partilhá-la com um interlocutor, no anseio de estabelecer uma comunicação.

Veja bem, nesta pesquisa eu desvelo possibilidades no diário de bordo.

Penso: será que a ferramenta é limitadora ou é “reducionista e linear” o uso que é feito dela, nas formações que estão a serviço da lógica funcionalista, nas quais o Chronos é supremo senhor!?

No momento tenho uma única certeza: é preciso avançar na compreensão do papel do diário na formação online.

Obrigada por me proporcionar a oportunidade de registrar significativamente meus pensamentos e empreender esta narrativa.

Bjs, Ana

Em resposta à Ana Maria Di Grado Hessel

Re: Fórum momento 2 - PODEMOS MUDAR?

por Usuário excluído -

Oi Ana, bom caminharmos na discussão e reflexão das interfaces, no lugar de de apenas estarmos utilizando-as por puro modismo do "tempo".

E por falar em diário... você considera o twitter.com um diário? Qual sua opinião?

Será que poderíamos apontar funcionalidades/possibilidades do twitter para a educação online?

Estou começando a utilizar (particularmente) para poder analisar e refletir sobre as possibilidades e dificuldades desta interface que está no cotidiano dos adolescentes e jovens.

Bjs.

Fernando

(pergunta estendida para todos.kkk)

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - PODEMOS MUDAR?

por Ana Maria Di Grado Hessel -

Querido Fernando, sua questão é super interessante. Vou refletir um pouco sobre isto, mas gostaria de ter a opinião dos demais participantes.

O twitter, como um aplicativo de comunicação na web 2,0 traz possibilidades de trocar informações, em pequenas doses e de forma instantãnea. Seus usuários estão literalmente nas nuvens, ou seja, plugados nas redes sociais. 

Diferente daquele diário (um caderno) usado para guardar segredos  a sete chaves, o twitter coloca o sujeito totalmente à mostra, em tempo real e em rede. São duas condições contraditórias? Ou novas possibilidade e novos usos surgem em função de novas formas de comunicação? 

Como diz o Fernando, a questão permanece aberta!

Bj, Ana

    

Em resposta à Ana Maria Di Grado Hessel

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Ana querida : quero muito conhecer o seu trabalho e essa sua experiência com narrativas através do Diário de bordo. Gostaria de conhecer o seu trabalho. O meu e-mail é: oliviamattos@terra.com.br .

Quanto ao debate sobre a Web 2,0 e a co-autoria sim, vamos participar...( conheci Hugo Pardo e um pouco do trabalho que ele realiza em Vic, Espanha.)

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Ana Maria Di Grado Hessel -

Querida Maria Olivia, nos proximos dias enviarei a pesquisa para você com muita alegria, pois foi realizada com a participação de gestores baianos!!

Esperamos suas contribuições no módulo 3, que terá a mediação da Dolores. Vocês poderão nos contar sobre os pesquisadores espanhois.

Bj, Ana   

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Pessoal, a escolha da obra Abapuru, de Tarsila, não foi aleatória. Quando a inseri neste fórum foi em virtude de uma das possíveis interpretações deste quadro: Tarsila poderia estar fazendo uma crítica a como os trabalhadores rurais e/ou a gente do povo era vista em sua época e o fruto do seu trabalho era avaliado apenas na perspectiva operacional, daí os longos e fortes membros e a cabeça reduzida.

Tomando como ponto de referência esta possível interpretação da obra de Tarsila, não posso deixar de me remeter a como o tutor tem sido percebido em boa parte dos programas de EAD: alguém com um nível de formação diferente do professor-autor (ou conteudista), que recebe uma remuneração também bem diferente e de quem se espera, apenas, as periféricas ações de mediação, a partir de um script de autoria alheia. 

Como devemos perceber o tutor na educação online? Que possíveis estratégias de enfrentamento devemos lançar mão, se quisermos combater a visão funcionalista que cinde conceptores e tutores?

Abraço

Lucila 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Lucila, tenho acompanhado algumas análises sobre o papel e a figura do tutor na realidade da EAD, mas me interesso pela presença do tutor na Educação Online.

Posso afirmar que uma das problemática em torno do tutor se deriva da falta de uma legislação que defina ou dê um norte para a questão da Eduação Online. Desta forma não teríamos tantos modelos antagônicos e, como dizem alguns educadores e pesquisadores: uma desprofissionalização docente.

O que encontramos realmente é o que você coloca. Mas precisamos dar um salto de qualidade, se desejamos que a Educação Online possa ser aquilo que temos discutido neste nosso curso.

Vou tentar responder as suas perguntas/provocações (já que este tema é tão polêmico):

Como devemos perceber o tutor na educação online?

Devemos perceber o tutor como um partícipe do processo, sendo o ela entre a instituição e os alunos, conduzindo-os no processo de aprendizagem.

E aqui vale relembrar que as funções do tutor vão depender do aluno virtual (Palloff e Pratt). Se o aluno virtual é diferente do aluno presencial (e sabemos disso), as necessidades deste aluno vão direcionar - de uma forma ou de outra - como o tutor estará presente no curso.

Que possíveis estratégias de enfrentamento devemos lançar mão, se quisermos combater a visão funcionalista que cinde conceptores e tutores?

Não querendo ser uma "receita", acredito muito que, quando o trabalho é feito em equipe, quando a disciplina (ou curso) é elaborado em equipe estes problemas são minimizados.

Uma outra estratégia é a equilização salarial... que ainda está distante de acontecer, pois nas faculdades particulares (em muitos casos) encontramos a barreiras do lucro a qualquer preço... Já nas públicas a legislação ainda descrimina as funções por bolsas...Ah bendita lei de bolsas.

Bem, gostaria de disponibilizar aqui um texto que elaborei, para que possamos continuar nossa discussão. Estou aberto a análises e considerações de todos!

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Olá Fernando, Lucila, Renata, Maristela e demais colegas desse Fórum:

Concordo que precisamos de uma legislação para definir os papéis desses novos mediadores nos ambientes virtuais e que as atribuições inerentes ao autor X professor formador X tutor estão imprecisas e desarticuladas.  Concordo quando você fala da lacuna na formação do tutor:  "O tutor online precisa de uma formação específica, além de uma formação sólida nas disciplinas que vai tutoriar. "

Como sempre, nossas políticas públicas nessa modalidade de ensino realizam as parcerias, financiam  projetos, distribuem  bolsas porém não se preocupam em possibilitar uma formação para as tecnologias e as mídias a esses agentes do processo formativo...

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Muito boas observações, Maria Olivia. As políticas públicas, em geral, e educacionais, em particular, preocupam-se com muitas instâncias, mas tendem a deixar o elemento humano um pouco à deriva.

Por falar nisso tudo, o VII SENAED (Seminário Nacional de Educação a Distância) promovido pela ABED vai acontecer agora no final de maio e a distância. Um dos focos principais do evento é a discussão do papel do tutor e de tudo o que está relacionado a ele, além da consolidação da UAB e de tantos outros pontos em ebulição no atual momento histórico da EAD brasileira.

[ ]

Lucila

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -
Onde será esse seminário, Lucila?  Gostaria de participar...se tiver tempo!
Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Fernando, muito oportunas as suas considerações! Gostei muito das suas pontuações.

Também penso que um dos caminhos possíveis seja a integração do tutor em todas as etapas: concepção, planejamento, desenvolvimento, mediação e avaliação. Procedendo de modo não segmentado teremos mais condições de dignificar o papel do tutor. Mas, para tanto, esbarramos nas questões financeiras (no setor privado) e/ou contratuais (bolsas no setor público). É uma questão complexa que merece a nossa atenção.

Muito instigante o texto em que vc discute estas questões. Se quiser, poste-o junto com os demais textos, em "sugestão de leituras momento 2" e dê um alerta para os colegas desta postagem, neste mesmo fórum.

[ ]

Lucila

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -
Achei também muito interessantes as abordagens do Fernando...
Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Ana Maria Di Grado Hessel -
Fernando, atendendo a sugestão da Lucila, seu texto já está junto das leituras sugeridas neste segundo momento do módulo 10. Também gostei, principalmente porque você faz uma "varredura conceitual" e conclui que as funções de formação estão em permanente construção. Estou engrossando o seu time, pois tenho refletido sistematicamente sobre o assunto. Vou contar, mais adiante,  um pouco sobre minha pesquisa em formação online.
Em resposta à Ana Maria Di Grado Hessel

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Ana, muito grata pela iniciativa.

O texto do Fernando traz importantes contribuições para a nossa discussão sobre mediação na educação online.

Em meu entendimento, Fernando, ao salientar a necessidade de uma formação sólida e continuada para uma atuação adequada do tutor online, reflete sobre diversos aspectos contundentes, dentre os quais, os 10 indicadores relativos a um perfil adequado de tutoria para atender às demandas de uma educação online humanista e emancipadora.

Se procedermos a uma análise do fenômeno social em questão sob perspectiva orgânica, que relaciona os determinantes circunstanciais da atuação do tutor online, perceberemos que tudo isso implica outra política de EAD, que de fato abarque a figura do tutor como um dos elos fulcrais na educação online. Para mim, tal política deve compreender, dentre outros fatores:

a) rigorosa política de seleção,

b) outro patamar de remuneração,

c) programas de formação continuada para tutoria online,

d) inclusão (consultiva e/ou participativa) deste ator social em todas as etapas do processo educativo: concepção, planejamento, elaboração do desenho didático, desenvolvimento, implantação, ações de mediação e avaliação (dos cursistas e do curso em questão).

[ ]

Lucila

  

Em resposta à Usuário excluído

Formando o tutor...

por Usuário excluído -

Apesar deste fórum nos remeter às questões do tempo e da mediação na educação online, estamos percebendo que a "figura" do tutor tem sido uma das tônicas de nossa discussão.

Sobre os fatores que Lucila Pesce nos destaca, gostaria de salientar a letra c: programas de formação continuada para tutoria online.

Sobre o tutor (uma das particularidades da educação online que tenho participado de algumas conversas e estudos), já evidenciou-se que ele precisa ser um DOCENTE para atuar no acompanhamento dos alunos! Ele necessita ter experiência de docência e abertura para tal, implicando numa formação continuada. Inclusive quando nos deparamos diante das evoluções das TIC e também da própria evolução cultural. Nossos alunos não são os mesmos de 10 anos atrás...!

Sobre a letra d: participação no processo - estou muito tendencioso a acreditar que este será um grande passo para que este participante do processo seja reconhecido como parte integrante, e não como figura decorativa ou para preencher as lacunas de professores conceptores de materiais que não dispõem de "tempo" para acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos.

Em resposta à Usuário excluído

Re: Formando o tutor...

por Usuário excluído -

Perfeitas considerações, Fernando! Se me permite, gostaria de assinar embaixo, pois me sinto muito contemplada em sua fala.

Apesar de respeitar a opção de alguns de nossos colegas educadores de simplesmente negar a EAD ou de exorcizá-la, pessoalmente penso que se nós, educadores, não assumirmos esse lugar, outros o farão e sem o mesmo zelo. Cabe a nós, educadores, assumir esse papel, para ajudar a escrever a história da educação brasileira, na luta por uma educação online de qualidade, que de fato ecoe nas subjetividades de formandos e formadores. E o que mais me deixa emocionada é a oportunidade que temos de fazer isso, cada qual no seu mundo da vida.

Abraço

Lucila

Em resposta à Usuário excluído

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Nuria Pons Vilardell Camas -

Bom dia a tod@s, em especial a Lucila.

Lucila, fico sempre muito preocupada qdo leio sua hipótese sobre o tutor: "Tomando como ponto de referência esta possível interpretação da obra de Tarsila, não posso deixar de me remeter a como o tutor tem sido percebido em boa parte dos programas de EAD: alguém com um nível de formação diferente do professor-autor (ou conteudista), que recebe uma remuneração também bem diferente e de quem se espera, apenas, as periféricas ações de mediação, a partir de um script de autoria alheia" (GRIFO MEU). 

Caso exista esta comprovação, coisa que gostaria de ler, afirmaríamos então que formamos apenas "operadores" e não seres capazes de orientarem suas aulas?

Nunca tive este preconceito com o tutor ou com o conteudista, posto que na EAD online há a troca constante de função, e isto é algo, ao meu ver saudável.

Como também, há casos de alunos detestarem o conteudista de um tópico de curso, por diferentes razões, desde linguagem utilizada, foco indevido das necessidades daquele dado tópico às necessidades reias vivenciadas, falta de atualização etc., e serem resgatados pelo tutor do curso por meio de complementações pessoais, sua habilidade com o tema, conhecimento...

Já ouvi esta sua tese, porém gostaria de vê-la comprovada. Acredito muito perigoso concluirmos que o tutor seria apenas um operacionalizador primário de um conteúdo. Se for tão simples assim, mudaria o foco deste debate: que ensino queremos qdo acreditamos que o conteudista pode passar um script ao tutor?

Qto ao fato da remuneração, independente de todas as explorações possíveis, o aproveitar-se de fatores como falta de emprego etc, ao conteudista paga-se a exploração de material didático, dos direitos autorais vendidos por tempo indeterminado de duração de curso, ao tutor apenas as horas/aula, seja por meio de bolsa ou como PJ.

Lógico que em alguns cursos já verifiquei que seria melhor retirar o conteúdo e deixar apenas o tutor e suas indicações bibliográficas, em outros seria mais prudente apenas ter o conteúdo em boadcast.

É muito discutível e termos apenas um olhar pode ser muito perigoso. Não conheço nenhuma pesquisa a respeito deste tema, gostaria de indicações para sustentarmos melhor alguns pontos de vista aqui colocados.

Abraços

Em resposta à Nuria Pons Vilardell Camas

Re: Fórum momento 2 - Tempo e mediação na educação online

por Usuário excluído -

Querida Nuria, só respondo agora (após o término oficial deste fórum) porque estava viajando e off line. Muito boas considerações, sobretudo quando vc reflete sobre a "exploração" do tutor e tb do conteúdista.

Sua preocupação é tb a minha, pois entendo que todos os agentes educacionais sejam fundamentais nos processos educacionais, presenciais ou a distância.

O que coloco é com base na experiência que tive em alguns cursos a distância (cerca de 11), numa ou noutra posição (conteudista e/ou tutor) e tb com base na minha pesquisa de pós-doutorado em Filosofia e História da Educação na Unicamp (2007). Nela, a discussão sobre a problemática da tutoria na EAD amparou-se em pesquisas como:

BARRETO, R. G. As políticas de formação de professores: novas tecnologias e educação a distância. In: ______. (org.). Tecnologias educacionais e educação a distância: avaliando políticas e práticas. Rio de Janeiro: Quartet, 2001.

______. Política de educação a distância: a flexibilização estratégica. In: LOPES, A. C. & MACEDO, E. (orgs.). Políticas de currículo em múltiplos contextos. São Paulo: Cortez, 2006a. (Série cultura, memórias e currículo; v. 7). pp. 187-204.

BATISTA, W. B. Educação a distância e as novas clivagens educacionais. Revista PUC Viva: educação a distância – publicação acadêmica e informativa trimestral dos professores da PUC-SP. ano 6. v. 24. jul. a set. de 2005. São Paulo: editora da APROPUC, 2005. pp. 5-19.

FREITAS, H. C. Formação de professores no Brasil: 10 anos de embate entre projetos de formação. Centro de Estudos Educação e Sociedade. Educação e Sociedade. Revista de Ciência da Educação. Políticas públicas para a educação: olhares diversos sobre o período de 1995 a 2002. vol. 23. n. 80. set. 2002. Número especial. São Paulo: Cortez; Campinas: CEDES, 2002. pp. 137-68.

SARTI, H. L. A trajetória do trabalho de coordenação de professores tutores PEC Formação Universitária: perspectivas e possibilidades. In: FELDMANN, M. G. (org.). Educação e mídias interativas: formando professores. São Paulo: EDUC, 2005. pp. 63-86.

SILVA JR., J. R. Uma estratégia mercantil para a concretização da reforma educacional. In: Reforma do Estado e da Educação no Brasil de FHC. São Paulo: Xamã, 2002. pp. 105-33.

ZUIN, A. A. Educação a distância ou educação distante? O programa Universidade Aberta do Brasil, o tutor e o professor virtual. Revista Educação e Sociedade, vol. 27, n. 96, Campinas: outubro de 2006. Disponível em: http://www.scielo.br:80/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302006000300014&lng=en&nrm=iso

A questão é tão séria que o papel do tutor está ganhando lugar de destaque no VII SENAED - ABED, que acontecerá agora em maio.

Núria, gostei muito de ver vc neste fórum e de podermos dialogar. Voltei às minhas memórias de escolarização, quando dialogávamos na faculdade (é que Nuria e eu estudamos juntas na graduação). Nos vemos no fórum momento 3.

Grande abraço,

Lucila