O potencial pedagógico dos AVA

Mediação pedagógica em Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Mediação pedagógica em Ambientes Virtuais de Aprendizagem

por Usuário excluído -
Número de respostas: 29

Olá pessoal!

Os pesquisadores Gutierrez e Prieto (1994, p. 62) afirmam que nos sistemas de educação a distância a mediação pedagógica acontece por meio de textos e outros materiais postos à disposição do estudante. Segundo os autores, isso supõe que estes sejam pedagogicamente diferentes dos materiais utilizados na educação de presença (professor-aluno). Essa diferença passa, a princípio, pelo tratamento dos conteúdos que estão a serviço do ato educativo, pois não interessa uma informação em si mesma, mas a informação mediada pedagogicamente. Os autores enfatizam que a mediação pedagógica começa no conteúdo (apesar de não estar centrada nele), e propõe que alguns aspectos devam ser levados em consideração para tornar a informação acessível, clara e bem organizada, em virtude de uma auto-aprendizagem.

Para Marcos Masetto (2003), a mediação pedagógica é a atitude, o comportamento do professor que se coloca como incentivador ou motivador da aprendizagem, que colabora para que o aprendiz chegue a seus objetivos. É a forma de apresentar um conteúdo ou tema que ajuda o aprendiz a coletar informações, relacioná-las, organizá-las, debatê-las com seus colegas, com o professor e com outras pessoas (interaprendizagem), até chegar a produzir um conhecimento que seja significativo para ele.

Que tal discutirmos aqui a mediação pedagógica: seus possíveis conceitos e suas diferentes formas de acontecer, visando o planejamento e implementação de um curso em ambientes virtuais de aprendizagem?

Como poderá acontecer a mediação pedagógica no que diz respeito às interações professor-alunos?

O que vocês pensam sobre os conceitos propostos pelos autores citados?

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica em Ambientes Virtuais de Aprendizagem

por Usuário excluído -

Olá, em relação a toda esta caminhada que estamos tendo gostaria de compartilhar com todos o site abaixo, não deixem de acessar, creio que é um grande alerta,

http://video.google.com/videoplay?docid=-7568664880564855303

Abços Virtuais...

Elizete

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica em Ambientes Virtuais de Aprendizagem

por Usuário excluído -
Elizete,

Achei o vídeo 'a história das coisas' simplesmente fantástico. Muito claro, muito objetivo e ao mesmo tempo profundo e simples. Já passei adiante (rs).

Realmente, precisamos despertar desse modelo de consumo no qual vivemos.

abs,
Nicia
Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica em Ambientes Virtuais de Aprendizagem

por Socorro Cabral -

Oi Maristela, sorriso

Oi colegas!sorriso

A mediaçaõ pedagógica foi uma das categorias que emergiram na minha pesquisa sobre os saberes docentes. Trago aqui a contribuição de alguns autores do cenário educacional, para enriquecer nosso debate.

Fontana (2005), ao discutir sobre a temática da mediação pedagógica apoiada nas idéias de Vygotsky, afirma que os conceitos espontâneos e os conceitos sistematizados estão em constante articulação e transformação. Para ela, diante de um conceito sistematizado desconhecido, o sujeito passa a significá-lo aproximando-o de outros signos já conhecidos e internalizados. Em relação aos conceitos espontâneos, a autora destaca que estes podem favorecer a aproximação ao conceito sistematizado, criando uma série de estruturas fundamentais para a evolução dos conceitos mais elementares. É nesse cenário, que a mediação docente torna-se fundamental, ao promover situações de aprendizagem que favoreçam o desenvolvimento de novas habilidades.

Maheu (2000) assinala que a mediação, além de inserir-se no âmbito da prática pedagógica, tendo o professor como mediador, abrange também a dimensão sociopolítica, num mundo que reclama por transformações e justiça social. Neste contexto o professor, na sua arte de ensinar, media essas relações mais amplas, assim como as relações que se fazem presentes no cotidiano do magistério, naquilo que tem de mais essencial: a relação entre os alunos e os objetos de conhecimento.

 Para essa autora, a mediação do professor deverá incluir três aspectos fundamentais: o domínio do saber, o saber didático (que organiza e possibilita a aprendizagem) e o saber sensível e lúdico, que faz do educador para além do sujeito político que é, um artista, um criador.

Na educação online essa preocupação com a mediação se torna mais evidente, pois a separação física educador – educando vem exigindo novos arranjos pedagógicas com a utilização das tecnologias da informação e comunicação, que não mais se baseiam em contatos pessoais em sala de aula, mas em atividades docentes indiretas, pautadas nas tecnologias da informação e da comunicação, através de e-mail, chat, fórum etc, num diálogo permanente, na troca de experiências, na orientação das dificuldades individuais dos alunos, bem como na construção de situações problemas e desafios que suscitem a discussão do grupo, tendo como foco principal as diversas interfaces envolvidas.

Agora questiono: Será que qualquer profissional pode ser um mediador? Será que a terminologia "tutor" não vem desprofissionalizar o nosso papel de profissionais da educação?

Socorro Cabral

Em resposta à Socorro Cabral

Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Olá pessoal!

Socorro tocou num assunto emblemático. Quem é o tutor?

Assim como Socorro, não concordo com a afirmação de que qualquer um pode ser um mediador. Mas quanto ao uso da terminologia relembro o que Aretio disse: não há uma unanimidade para nomear o profissional que tem como função acompanhar o desenvolvimento e a caminhada do aluno num curso online. Para uns é tutor, para outros professor-tutor, etc.

Tenho buscado defender a idéia de que não é qualquer um que pode estar neste papel da mediação e da "provocação" para a interação, mas que devemos ter um cuidado todo especial para a formação do tutor. Uma formação consistente, com elementos da andragogia e heutagogia (Beth Almeida), com elementos sobre interação e interatividade (Marco Silva), além do domínio do conteúdo e competência técnica (entre outros).

Esta questão da desprofissionalização do papel docente é algo que está borbulhando em muitos cantos do Brasil. Isso até mesmo pelo simples fato de que o tutor não é registrado profissionalmente, além de todos os conceitos e preconceitos que temos quando relembramos a figura do tutor no século XV.

Mas creio que, como estamos construindo este campo do conhecimento (educação online), cabe a nós também discutirmos qual será o papel deste profissional ou se ele deve continuar a existir.

Precisamos inclusive questionar sobre a figura do tutor aos olhos da UAB, pois os processos de seleção estão - no mínimo - desvalorizando ainda mais este papel docente. Além do fato de que as bolsas são destimulantes e não há incentivos para uma formação adequada - o que seria o ideal.

E então pessoal? Quem é o tutor? Será ele responsável pela mediação num AVA? Será que conferir ao tutor o papel de acompanhamento, de mediação, de provocar interação é estar desprofissionalizando o papel docente? Não seria o tutor também um docente?

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -
Acho as considerações do Fernando extremamente oportunas. Penso que não podemos fechar os olhos para o fato da figura do tutor estar entrando com tudo no atual no cenário da EAD, pois se coaduna com a visão restrita da EAD como redução de custos. Essa idéia não é nova, só está sendo retomada, pois na década de 70 já se falava em formação em cadeia, com acento na figura do tutor/multiplicador, como nos sinaliza Fritas. Por isso é tão importante que falemos, aos quatro cantos, em defesa à EAD de qualidade. Nela, o tutor não deve ser colocado como o vemos em muitos cursos atuais: um profissional com outra formação e outra remuneração. Ao contrário, este profissional deve ser entendido como um docente e, como tal, valorizado, em termos de remuneração salarial, de condições contratuais de trabalho e de programas de formação.
Abç
Lucila


Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Oi Socorro, Fernando, Lucila e todos

Na minha pesquisa de mestrado, fundamentada nas leituras e discussões com Andréa Filatro faço uma distinção entre Desenho Didático fechado e Desenho Didático Aberto.

A maior parte dos Desenhos Didáticos de cursos online são construídas tendo por fundamento um modelo fechado, fixo e inalterável, que em geral resulta em conteúdos bem estruturados, apresentados em mídias sofisticadas e com feedback automatizado, em sua maioria dispensando até a presença de um educador. Aqui basta o “tutor” na perspectiva que vem sendo tratado o professor, só para observar quem está realizando as atividades, convida-lo para mais participações e parabenizar os que estão respondendo e postando as atividades.

Por outro lado, um modelo de Desenho Didático Aberto, se apresenta como um processo mais orgânico, no qual o desenho é refinado durante o processo de aprendizagem. De um modo geral, as atividades são criadas ou alteradas durante a execução da ação. Este é o modelo que mais se aproxima da natureza flexível e dinâmica da aprendizagem, fruto de interações imprevisíveis.

Em geral, o modelo de Desenho Didático Aberto cria um ambiente menos estruturado, flexível, com mais acessos a fontes externas de pesquisa, incluindo-se aqui objetos de aprendizagem, e incorporando menos mídias internas, já que muitas vezes elas exigem condições diferenciadas e antecipadas de produção. Este tipo de Desenho pressupõe a participação de professores. Na ambiência potencializada por esse tipo de Desenho os alunos e outros participantes de um curso tomam parte da ação não apenas como consumidores de ações e objetos de aprendizagem bem elaborados, mas também são capazes de reconfigurar a interface e fazer alterações significativas nas atividades durante a sua execução.

Aqui vai uma inquietação: se quisermos que este tipo de desenho de curso de fato aconteça, como conceber a figura de “tutor” que não tem liberdade para, ao perceber as demandas do grupo, alterar as atividades, propor novas, enfim, negociar as necessidades dos sujeitos?

Em resposta à Usuário excluído

...quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Maristela, Socorro, Lucila, e todos!

Não consigo perceber até que ponto da história ainda teremos este desenho didático fechado. Ele não corresponde àquilo que defendemos num processo de educação online que pressupõe interação e colaboração.

Também comungo com você desta inquietação, e aqui retomo o que ja coloquei antes: para que o tutor possa ter esta liberdade, para que o tutor seja percebido como profissional docente (também) é necessário que ele seja formado com esta finalidade.

Infelizmente as formações que muitas vezes acontecem são restritas ao uso do AVA ou das interfaces, esquecendo-se das especificidades da educação online.

E então, como levar este assunto adiante?

Restringir aos professores conceptores dos cursos ou das disciplinas estas atividades de reconfigurar a interface e fazer alterações significativas nas atividades durante a sua execução? Que professores conceptores ou conteudista dispõe de tempo para atuarem neste campo do acompanhamento da aprendizagem dos alunos?

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Socorro Cabral -

Oi Fernando!

Você tocou num ponto que tem me inquietado muito nos últimos anos que é a questão da tutoria. Acredito que a terminologia realmente não é apropriada para o trabalho docente. Na verdade somos profissionais da educação, e portadores de diversos saberes: saberes disciplinares, saberes pedagógicos, saberes currículares e saberes da experiência ( Tardif , 2000).

Na minha pesquisa de mestrado, busquei investigar entre outras questões como é que se aprende a ser docente online. Percebi que só um profissional qualificado e com vivência na cibercultura, consegue desenvolver um trabalho com qualidade.

Vejam as minhas descobertas em relação a natureza e edificação dos saberes do dodente online:

Quanto á primeira categoria, concernente à natureza e construção desses saberes, consegui identificar que os saberes da experiência como aluno, em diferentes cursos online, é de fundamental importância para a compreensão do trabalho docente nos ambientes virtuais de aprendizagem. Os sujeitos da pesquisa colocaram em evidência, através de suas narrativas, tanto experiências bem-sucedidas, em que os pressupostos da interatividade estiveram presentes, como também relataram experiências de subutilização dos processos educativos nesses ambientes. Criticaram, de forma substancial, as propostas fundamentadas numa comunicação um-um, que não trabalhava o conceito de grupo, de turma e de colaboração. Para eles, o papel do professor nesse modelo de comunicação reduzia a mensagem a uma perspectiva meramente reativa de envio e recebimento.

  Junto com o aprendizado pela experiência como aluno, a prática pedagógica em propostas de educação online revelou-se fundamental para a construção de saberes nesse contexto. Os professores afirmaram que essa aprendizagem acontece de forma contínua, através da imersão na cibercultura, aonde eles vão construindo seu saber-fazer, diante dos desafios que são postos pela docência.

Ainda sobre a natureza dos saberes docentes, as relações estabelecidas com os pares se revelaram como fundamentais na aprendizagem do docente online. Percebi que o contato e a troca com colegas, professores mais experientes e grupos, são contribuições essenciais nessa itinerância formativa, tanto na perspectiva de bons exemplos que possam ser ressignificados quanto nas práticas que necessitam ser superadas.

Que outras fontes de saberes os colegas poderiam agregar a minha pesquisa?

Socorro Cabral

Em resposta à Socorro Cabral

Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Olá Socorro,

não entendi quando você coloca que a terminologia (tutor) não é apropriada para o trabalho docente.

O tutor, no meu ponto de vista (tendo como fundamento alguns autores) também é um docente... Vejamos:

Jobim, Figueiredo e Lopes definem tutor como “aquele que irá auxiliar no trabalho a distância, através do assessoramento dos cursistas, (...) que também favorece a construção de aprendizagem e interação com outros”, implicando que o tutor “profissional que está em constante formação, desenvolve um trabalho que envolve duas funções: ensinar e aprender”.

Oliveira analisando as contribuições da tutoria no processo de ensino-aprendizagem de professores, também oferece uma definição de tutor, destaca que: "um bom tutor diz respeito ao profissional que foi capacitado para assumir esta função, destacando-se por suas habilidades e competências de se envolver, seu compromisso e responsabilidade pela formação docente, principalmente em conduzir equipes, gerir conflitos, dificuldades de e na aprendizagem.

Já Garcia Aretio apresenta três tipos de funções para o tutor: a função orientadora, mais centrada na área afetiva, a função acadêmica, mais relacionada ao aspecto cognoscitivo e a função institucional, que diz respeito à própria formação acadêmica do tutor, ao relacionamento entre aluno e instituição e ao caráter burocrático deste processo.

E então, por qual motivo será que estamos tendenciando nosso discurso para a não aceitação do tutor como docente? Será que o problema não está nos modelos que temos hoje? Será que não está faltando exatamente uma formação específica para os docentes que estão no papel de tutoria?

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Olá, Fernando e demais colegas!

Gostaria de lembrar que próprio Aretio (2002), afirma não haver consenso entre autores e instituições na denominação do docente que atua em sistemas educacionais não presenciais. Têm sido comuns denominações como tutor, assessor, facilitador, conselheiro, orientador, consultor, entre outras, caracterizando-o de acordo com as funções que desempenha. Entretanto, a denominação que tem sido mais utilizada ainda é a de tutor. Será que essa denominação é tão importante? O tutor não é realmente o docente online? Para além dessa denominação não temos que considerar as posturas que assume, que têm subjacentes à prática, um conjunto de fatores, entre eles uma visão de mundo, de educação, de educador, de aluno, de ensino e aprendizagem? Não são esses fatores que irão caracterizar sua presença no curso, dando forma e sentido às intervenções que realiza no ambiente de aprendizagem?

Abraços,

Carmen

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Queridos Carmen, Fernando (Silvinho), colegas

Quem é o tutor? Se defendemos que o tutor tem que ser um professor, porque usar outras denominações?

Será porque ainda não conseguimos dar conta de formar o professor com competências para atuar na cibercultura? Não se trata de ser preparado para desenvolver a prática pedagógica em EAD ou face a face e sim de saber integrar as tecnologias digitais ao currículo.

Excluir a denominação professor dos sistemas educacionais online significa colocar em seu lugar outro profissional muitas vezes preparado aligeiradamente para lidar com as tecnologias de suporte às atividades e não reconhecer seu papel enquanto categoria profissional. Já encontrei tutor que é meramente respondedor de perguntas, outros têm o papel de bedel e alguns o papel de professor...

Nós que acreditamos na educação temos o compromisso de defender o lugar do professor e buscar metodologias adequadas para sua formação.

Abç c/ carinho!

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

OLá Beth e demais colegas, a discussão em torno da figura e do papel do professor, na minha opinião é um assunto que deveria ser pauta das politicas sobre a carreira docente. A Beth pontua a questão da terminologia e eu acrescento que temos assistido a figura do tutor como o profissional que atua na só na mediação com  o aluno, mas na mediação aluno - " professor" . Professor acaba sendo  o conteudista - especialista , aquele responsável pelo conteúdo do curso. Quando na verdade  deveria ser o responsável pela mediação e acompanhamento do aluno. Há casos em que o tutor não dispõe sequer de conhecimentos mínimos sobre o curso. O que percebemos é que ainda são poucos os docentes bem qualificados no ensino presencial que se disponham a trabalhar na docencia online. Isto tem sido um problema. A competencia tecnológica [tutor] acaba subplantando  a pedagógica.  

Abraçosssss

Dolores

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Oi Beth! Saudades...

Realmente, se as discussões se encaminham para a profissionalização docente, não há necessidade de outras denominações... O que falta então para que se chegue a um consenso?

Abraços...

Em resposta à Usuário excluído

e: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Fábio Kalil de Souza -

Olá Carmem, Fernanda e demais coleg@s!

                Essas questões sobre quem é o tutor (é o mesmo que docente?) e sobre seu papel na educação a distância, embora velhas,  acompanham com insistência o palco de discussão entre profissionais que atuam nessa modalidade. Se optarmos pelo prisma etimológico, percebemos que o termo vai de encontro ao quesito autonomia no processo de aprendizagem. Vejamos:

A palavra tutor vem do latim tút´óris que siginifica aquele que guarda, aquele que protege, que ampara, que exerce uma tutela (proteção). Segundo Houaiss (2001), tal palavra tem diferentes significados conforme o campo em que se emprega. À guisa de exemplo, o tutor na área de Direito é aquele que ampara e protege. Em educação, para algumas instituições de ensino, tutor é o discente a quem se delega a responsabilidade de instruir outros discentes. Diante desses significados e considerando a dinâmica e princípios da educação online (interatividade, colaboração, autonomia etc.), indagamos: nos ambientes virtuais de aprendizagem tutor é aquele que cuida ou ampara o discente?

 Absolutamente, não. Pelo contrário, esse profissional -que não é o que se chama de tutor- é aquele que potencializa a autônomia ao permitir:

"uma aprendizagem em que o aluno irá trilhar seus próprios caminhos, traçando sua cartografia com base nos seus desejos e necessidades, realizando, também, trocas dinâmicas e instantâneas com os demais sujeitos envolvidos no processo do conhecimento " (FERREIRA E BIANCHETTI, 2004, p. 260).

Foi na década de 60, quando na EAD se utilizava material impresso e/ou mídias de massa (sobretudo rádio e tv), que o termo "tutor" foi utilizado para identificar aquele a quem caberia  cuidar para que os alunos recebessem os recursos necessários à sua auto-aprendizagem. Vale frisar que a perspectiva educacional que alicerçava tal modalidade era a comportamental.

Logo, no contetxo ultra-dinâmico que movimenta a cibercultura e por consequência a própria educação online é impróprio o uso do termo tutor para designar o mediador pedagógico, e sim o mais pertinente, em nosso momento histórico, a expressão "docente online".

Abs

Em resposta à Fábio Kalil de Souza

Re: e: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Marco Silva -

Caro Fabio, divulgo aqui um trecho de uma entrevista onde coloco minha inquietação com o tutor, enfim, com as precariedades da EAD no Brasil.

Veja: 

Forte abraço,

Durante o tempo em que atuei como avaliador de EAD no MEC, entre 2004 e 2006, vi muita precariedade nas instituições que avaliei. Cito as quatro precariedades mais recorrentes.

  1. Uma é a ausência de formação de professores para as especificidades da modalidade a distância, de modo a evitar transposições mecânicas do presencial petrificado na pedagogia da transmissão e na avaliação da aprendizagem baseada em exames pontuais e em quantificação.
  2. Uma segunda precariedade é o modelo baseado no impresso e na tv, ou seja, destruição em massa de pacotes de informação com pouquíssimo investimento em ambientes virtuais de aprendizagem.
  3. A terceira precariedade são os pólos excluídos digitais, pobres em infra-estrutura tecnológica.
  4. E a quarta é a figura do tutor, um profissional forjado na lógica da auto-instrução, que rechaça a presença do professor em nome do mero administrador da burocracia do feedback do aluno. Ele vive de “bolsa” porque não possui vínculo empregatício e legislação sindical. Por isso mesmo é mão-de-obra barata em favor dos capitalistas da EAD e, também, das universidades públicas que se aventuram na modalidade não presencial, enfrentando resistências internas que mal conhecem estas quatro precariedades – se conhecessem diriam finalmente: “Vade retro, Satanás!”

A entrevista na integra pode ser lida aqui:

http://revistapaideia.unimesvirtual.com.br/index.php?journal=paideia&page=article&op=view&path[]=31&path[]=22

Abraço,

Em resposta à Marco Silva

Re: e: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Fábio Kalil de Souza -

Caro sociólogo,

         Muito boa sua colaboração. Grato mais uma vez.

Um abraço,

Fábio

Em resposta à Fábio Kalil de Souza

Re: e: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Olá pessoal!

vejam como esta questão da mediação pedagógica é relevante para nossa discussão, inclusive por esbarrar em tantas vertentes e por trazer a tona questões de ordem prática, como é esta questão do papel do professor online.

Muito significativas são as afirmações questionadoras de Beth e Marco, além das reflexões de Carmen, mas para que não possamos perder de vista estas problemáticas que vivenciamos na prática eis mais uma "novidade":

E agora... mais uma LEI!

Folha de São Paulo publicou nesta última segunda:

(Disponível na Folha de São Paulo, 20 de outubro de 2008. Cotidiano. C4 e na Folha Online. Acesso em 21 de outubro de 2008. http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u458094.shtml)

20/10/2008 - 09h50

Lei autoriza ensino médio a distância em SP

(também disponível no blog: http://fernandoscpimentel.blogspot.com)
Surge então uma pergunta: Que professores irão atuar para atender esta nova opssibilidade (já prevista pela LDB)? E que formação será desenvolvida para atender a esta realidade?
FÁBIO TAKAHASHIda Folha de S.Paulo
Uma nova legislação educacional em SP, publicada na sexta-feira, permitirá que escolas de ensino médio do Estado ofereceram até 20% da carga horária na modalidade a distância.
A deliberação foi aprovada pelo Conselho Estadual de Educação e homologada pela titular da área do governo José Serra (PSDB), Maria Helena Guimarães de Castro.
A alternativa pode ser utilizada tanto por escolas particulares quanto estaduais. Para a rede privada, cabe a cada colégio a decisão; para a pública, depende de uma determinação da Secretaria da Educação.
A norma entrou em vigor já na sexta-feira, com a homologação no "Diário Oficial".
A legislação determina que as escolas ofereçam, ao menos, 800 horas letivas ao ano. Pela deliberação do conselho, até 160 horas poderão ser feitas pelos alunos a distância.
A intenção, afirma o órgão, é "chamar a atenção para uma metodologia que pode e deve ser estimulada para promover a melhor aprendizagem".
Segundo o presidente do conselho, Arthur Fonseca Filho, antes, as escolas que pretendessem utilizar o método tinham de pedir, uma a uma, a autorização. "Nenhuma fez tal pedido, até porque a lei não era muito clara. Agora, as escolas já estão autorizadas."
A Secretaria da Educação informou que a atual gestão não pretende implementar a mudança na sua rede. Já o Sieeesp (sindicato das escolas particulares do Estado) disse que ainda analisará o dispositivo.
Para o presidente da Câmara Básica do Conselho Nacional de Educação, Cesar Callegari, "o ensino a distância não é necessariamente ruim, mas a norma abre a chance de escolas buscarem só corte de custos, em detrimento da qualidade".
Em resposta à Usuário excluído

Re: e: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Oi Fernando, a noticia surpreende. Mais ainda por termos conhecimento da falta de formação para a compreensão da utilização das  TICs e dos AVA da maioria dos docentes.Por outro lado, será que o aluno de ensino médio já apresenta maturidade para a autodisciplina, organização e responsabilidade  necessárias em EAD? 

Abraço

Dolores

Em resposta à Usuário excluído

Re: e: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Socorro Cabral -

Oi,

Fico assustada com essa lei. Ao mesmo tempo que ela abre novas possibilidades de trabalho e amplia a concepção de sala de aula, ela pode a depender de quem estará se apropriando dessa abertura, contribuir para uma educação mais precária, se os formadores ainda não tiverem compreendido as TIC como estruturantes, e não apenas como recursos didáticos.

Socorro

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Socorro Cabral -

Oi Fernando!

Oi pessoal!

A questão da desprofissionalização docente é pauta do dia nas discussões sobre formação de professores. Na maioria das propostas de tutoria que tenho observado, o tutor é apenas um executor de propostas delineadas por outros especialistas. Isso leva sim a um processo de desprofissionalização do trabalho docente. Quem só executa receitas prescritas por outros profissionais, não cria, não inova e não constrói saberes. É indispensável que o profisional de educação assuma a autoria de seu trabalho, tomando decisões educativas, éticas e morais, tendo o contexto coletivo como cenário dominante, rompendo assim com uma dimensão meramente técnica e unidirecional da formação.

Socorro Cabral

Em resposta à Socorro Cabral

Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Também tenho acompanhado esta questão do tutor como "executor de tarefas"...

Mas qual seria a solução?

Formação? Legislação específica? Eliminação do papel da tutoria? Redefinição do papel do professor online?

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Vani Kenski acrescenta outras questões, Fernando:  quem educa os educadores dos cursos a distância? Como estão sendo formados e informados para o exercicio da ação docente remota? Como planejam, desenvolvem, avaliam e viabilizam suas aulas?

Neste texto intitulado EAD E FORMAÇÃO DE PROFESSORES – ENTRE O DISCURSO LEGAL E A PRÁTICA INSTITUCIONAL Kenski alerta para:

- o risco de isolamento e segmentação das diversas funções do professor em EAD, levando a uma “distribuição fordista das funções”, comprometendo a relação educacional colaborativa;

- a importância de propostas educacionais que valorizem a interação e comunicação interna entre as pessoas envolvidas no processo.

- a necessidade projetos de formação de professores que lhes garanta condições de compreensão e atuação em diferentes fases do processo de organização dos cursos: da concepção e planejamento à sua viabilização e avaliação.

O texto está disponível em: http://www.isecure.com.br/anpae/446.pdf

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Socorro Cabral -

Oi Fernando,

Eu sou um pouco radical nesse sentido, pois penso que teriamos que eliminar da função de tutor.Do jeito que está acontecendo, não dá. É desprofissionalização sim. E é por isso que os cursos a distância são tão desacreditados. Acho que quem deve mediar os alunos são os docentes que construiram os conteúdos e que conceberam o desenho didático do curso. São esses profissionais que possuem os saberes teóricos, os pedagógicos, os da experiência e os saberes curriulares ( Tardif, 2000).

Pessoal,

O que vocês acham?

Socorro

Em resposta à Socorro Cabral

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Raquel Pasternak Glitz Kowalski -

Olá Socorro

Concordo com você. Atualmente o tutor exerce muitos papeis do docente sem ter o preparo e possuir os saberem correspondentes para a função. Estou curiosa para saber do resto do pessoal. E aí, o que acham?

[]s Raquel Glitz

Em resposta à Raquel Pasternak Glitz Kowalski

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -
Socorro e companheiros de estudo,

concordo em parte com a retirada do tutor em educação online. Explico:

Ter um tutor com as características atuais realmente é algo que não devemos aceitar, pois sabemos que empobrece todo o sistema. Não dá para continuar desta forma.

Mas creio que o problema esteja em como estes tutores estão sendo recrutados, sem nenhuma formação específica.

Defendo a postura de que devemos promover a formação dos tutores de uma forma mais específica e que contenha elementos necessários para atuar bem nesta função. Inclusive com uma formação pedagógica consistente.

Defender a docência também é algo que precisamos rever, pois também temos muitos docentes que não têm uma formação específica para atuar na educação online.

E quando fico pensando nesta nova lei paulista, permitindo 20% da carga horária do ensino médio na modalidade a distância... nossos educadores estão preparados? Nossos alunos estão preparados para assumir sua autonomia no processo ensino-aprendizagem...

Voltamos a questão: FORMAÇÃO!


Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Socorro Cabral -

Oi Fernando!sorriso

Oi pessoal!

A questão passa pela formação sim. Sem formação continuada em serviço, será muito difícil revertermos esse quadro caótico de tutoria que estamos vendo em diversas instituições. E não são só nas instituições particulares não. Volto a colocar que defendo o docente com formação específica na área, para estar atuando nas atividades do curso, sabendo mediar e também compreendendo a aprte tecnologica. Entretanto, percebo que temos diferentes modelos de docência nos diferentes espaços acadêmicos.

Que tal tentarmos relatar aqui esses diferentes modelos?

Qual ou quais desses modelos não provocam uma desprofissionalização do trabalho docente?

Como se dá a mediação, a promoção da interatividade e da colaboração?

Vamos socilaizar experiências e analisá-las criticamente?

Socorro Cabral

Em resposta à Socorro Cabral

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Olá, Socorro, concordo com você, pois a mediação necessita ser feita pelo construtor dos conteúdos e não largar em mãos de tutorias que na maioria das vezes nem tem preparo técnico e muito menos lida pedagógica em relação ao próprio conteúudo que está mediando. Isso faz a qualidade da proposta e da própria formação ser altamente comprometida em seus resultados.

Dica http://groups.google.com.br/group/eadbr/browse_thread/thread/c5ff13d3fb80116c

Até,

Elizete

Em resposta à Usuário excluído

Re: Mediação pedagógica... quem é o tutor?

por Usuário excluído -

Olá Elizete,

De fato há uma necessidade da mediação estar atrelada aos conteúdos tanto que, os autores propostos enfatizam que ela tenha seu ponto de partida no conteúdo mas, a dinâmica da EAD online vai além deste, por estar adicionando, pontuando, modelando, abrindo novos caminhos para este conteúdo fruto da própria ação pedagógica. Logo, a questão em si, recai sobre uma formação profissional a contento, para que a mediação pedagógica aconteça e, isto é muito mais que apenas denominação conceitual do mediador, é uma questão de atuação pedagógica. Não basta apenas ser professor é necessário professorar, vivenciar a práxis da questão.