Fórum “Análise da coreografia planejada”

Universidade Federal de Pernambuco

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por Usuário excluído -
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Em resposta à Usuário excluído

Re: Universidade Federal de Pernambuco

por Auxiliadora Padilha -

Oi pessoal,

segue a nossa antecipação para que os cursistas possam analisar a sua própria dança nessa coreografia.

A proposta do nosso módulo, desde o início do projeto, estava definida para ser sobre avaliação de casos de cursos online. Passamos bastante tempo pensando em como iríamos planejar essa ação para os cursistas do Docência Online, afinal, tanta coisa já havia sido discutida, inclusive, a avaliação.


Nos estudos sobre a formação continuada de professores da UFPE nos deparamos com algo que era bem a nossa prática. A Nova Didática, proposta pelo professor Zabalza (2005), se encaixava direitinho com a forma como vimos trabalhando em nosso Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica (EDUMATEC) e em tudo que fazemos em nossas atividades pelo Grupo de Estudos em Novas Tecnologias e Educação (GENTE). Pois é, nós somos 'o pessoal da tecnologia' (Dora, Patrícia, Sérgio, Verônica), mas sempre pensando essa tecnologia para ampliar nossa possibilidade de sermos 'MAIS GENTE'!


Todas as vezes que precisamos realizar alguma formação de professores para o uso das tecnologias como recurso pedagógico, sentamos, geralmente os quatro, e discutimos como podemos fazer da melhor forma para que as formações sejam, não apenas formações tecnológicas, mas formações de profissionais que possam utilizar todos os instrumentos necessários e possíveis para realizar uma formação - seja de crianças, de adolescentes ou adultos - mais humana, mais crítica, ativa e propositiva.


Pensamos nas estratégias, organizando a coreografia, estudando cada passo a ser dado, analisando as condições dos passistas, o cenário, a platéia, os arranjos, tudo!
Assim, ao conhecer a metáfora das Coreografias Didáticas, não sentimos tanta dificuldade em compreendê-la. Mas, precisávamos ainda relacionar essa proposta ao contexto da educação online. Foi a parte mais difícil, pois demorou um pouco para compreendermos onde essa coreografia se encaixava no desenho didático do curso Docência Online.


A Ensinagem também veio pela mesma via: a discussão sobre a formação continuada dos professores universitários e a reflexão de que é preciso reformular nossa concepção de ensino e aprendizagem (claro que não apenas no Ensino Superior).


Nos reunimos semanalmente, estudando os textos de Zabalza, garimpando na internet textos de Oser e Baeriswyl, e até conversando com Zabalza pelo bate-papo (heim Rogério?). Adriana sempre gravando nossas conversas, que sempre são regadas de discussões impublicáveis, rsrsrrsrs...


Decidimos entrar de cabeça na metáfora da coreografia e, apesar de estarmos em pleno período de São João, escolhemos o frevo para ilustrar nossa metáfora. Afinal, ele é genuinamente pernambucano! Diante disso, como se tratava de uma discussão nova tanto para nós como para o grupo do Docência Online tivemos a idéia dos passos para possibilitar que todos fossem, "passo-a-passo", aprendendo e se apropriando desta nova forma de pensar as suas estratégias didáticas.


Cláudia e Kátia faziam as relações teóricas com o aporte cultural e tecnológico, respectivamente. Rogério foi a ponte imediata entre nós, a coreografia didática e Zabalza.
A principal discussão era: como vamos envolver os cursistas em nossa coreografia, de modo que eles possam também olhar para as suas próprias coreografias?


Seria necessário, em primeiro lugar, sistematizar nossas idéias sobre a relação entre Coreografias Didáticas, Docência online e Ensinagem. Essa sistematização deu origem ao nosso primeiro texto. O objetivo do mesmo foi 'traduzir' essa relação, apontando para os cursistas a nossa visão desta.


Ao mesmo tempo pensávamos em como organizar os passos da dança, como colocaríamos em cena a coreografia para que os passistas pudessem, ao seu ritmo, suas condições, realizar os passos previstos. Nesse sentido, organizamos as atividades em passos, ilustrados pelos passos do frevo, simbolizando as estratégias de acordo com a organização do pernambucano para o carnaval:
- Os primeiros passos: organizando os grupos, pensando na fantasia, escolhendo os blocos, elaborando o tema e a música para sair no carnaval; ou seja, compreendendo o que significa a coreografia didática e a sua relação com a docência online.
- Os segundos passos: começando a concentração - acerto de marcha, encontro dos grupos, caminhando para o desfile; isto é, analisando o planejamento do ponto de vista de cada grupo e individualmente sua dança na coreografia proposta.
- Os terceiros passos: concentrando - preparando o munguzá do Galo da Madrugada para ficar forte, ensaiando os passos do frevo e o Hino de Vassourinhas; ou seja, discutindo a interatividade e a mediação pedagógica na coreografia didática de cada grupo visando verificar se os objetivos foram alcançados.
- Os últimos passos: apoteose - frevando com o Galo da Madrugada em plena rua da Concórdia; isto é, sistematizando tanto o que foi proposto e vivido por cursistas-proponentes e cursistas-aprendentes como apontando outras possibilidades de realização do planejamento (nova coreografia).

Em resposta à Auxiliadora Padilha

Re: Universidade Federal de Pernambuco

por Marco Silva -

Equipe UFPE, aqui vai meu retorno em negrito. Vou comentando cada ponto para mais dialogar.

Vcs dizem:

segue a nossa antecipação para que os cursistas possam analisar a sua própria dança nessa coreografia.

Comento inicialmente a metáfora básica de vcs: a dança, a coreografia! É muito feliz. Remete ao jogo de cintura, à interação, à co-criação, à colaboração, à expressão corporal e mental. Tudo de bom em educação!

A proposta do nosso módulo, desde o início do projeto, estava definida para ser sobre avaliação de casos de cursos online. Passamos bastante tempo pensando em como iríamos planejar essa ação para os cursistas do Docência Online, afinal, tanta coisa já havia sido discutida, inclusive, a avaliação.

Fiquei curioso para saber porque mudaram de interesse e de tema no módulo. Até aqui vcs preferiram a “metáfora das Coreografias Didáticas” e da “ensinagem” à proposta de avaliação de casos de cursos online.

Nos estudos sobre a formação continuada de professores da UFPE nos deparamos com algo que era bem a nossa prática. A Nova Didática, proposta pelo professor Zabalza (2005), se encaixava direitinho com a forma como vimos trabalhando em nosso Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica (EDUMATEC) e em tudo que fazemos em nossas atividades pelo Grupo de Estudos em Novas Tecnologias e Educação (GENTE). Pois é, nós somos 'o pessoal da tecnologia' (Dora, Patrícia, Sérgio, Verônica), mas sempre pensando essa tecnologia para ampliar nossa possibilidade de sermos 'MAIS GENTE'!

Fiquei curioso tb para saber sobre a Nova Didática do professor Zabalza (2005) e como se encaixa “direitinho” com a forma como vinham trabalhando em seu Programa. A metáfora da dança, da coreografia são instigantes, sedutoras. Porém, ainda não vislumbrei o diferencial na mediação docente. Vcs dizem que está em sintonia com a pedagogia dialógica, com a pedagogia interativa, mas ainda tenho dificuldade de localizar o diferencial. Ainda mais especificamente, como o “pessoal da tecnologia” traz este diferencial para potencializar o trabalho do professor e dos alunos.

Todas as vezes que precisamos realizar alguma formação de professores para o uso das tecnologias como recurso pedagógico, sentamos, geralmente os quatro, e discutimos como podemos fazer da melhor forma para que as formações sejam, não apenas formações tecnológicas, mas formações de profissionais que possam utilizar todos os instrumentos necessários e possíveis para realizar uma formação - seja de crianças, de adolescentes ou adultos - mais humana, mais crítica, ativa e propositiva.

Insisto exatamente neste ponto: como podemos fazer da melhor forma para que a formação seja mais humana, mais crítica, ativa e propositiva com ajuda específica de Zabalza e de vcs do EDUMATEC. Qual o diferencial nos itens atuação online do docente e atuação online do discente?

Pensamos nas estratégias, organizando a coreografia, estudando cada passo a ser dado, analisando as condições dos passistas, o cenário, a platéia, os arranjos, tudo! Assim, ao conhecer a metáfora das Coreografias Didáticas, não sentimos tanta dificuldade em compreendê-la. Mas, precisávamos ainda relacionar essa proposta ao contexto da educação online. Foi a parte mais difícil, pois demorou um pouco para compreendermos onde essa coreografia se encaixava no desenho didático do curso Docência Online.

Onde essa coreografia se encaixa no desenho didático do curso Docência Online” é a minha maior curiosidade no módulo de vcs.

A Ensinagem também veio pela mesma via: a discussão sobre a formação continuada dos professores universitários e a reflexão de que é preciso reformular nossa concepção de ensino e aprendizagem (claro que não apenas no Ensino Superior).

Pergunto também sobre esta noção “ensinagem”. O que ela traz de novo? Lembro do termo criado por Décio Pignatari “signagem” para exprimir a promiscuidade dos signos na era da informação de massa. O que esta palavra traz de valor agregado?

Nos reunimos semanalmente, estudando os textos de Zabalza, garimpando na internet textos de Oser e Baeriswyl, e até conversando com Zabalza pelo bate-papo (heim Rogério?). Adriana sempre gravando nossas conversas, que sempre são regadas de discussões impublicáveis, rsrsrrsrs...

Imagino... Adoro a alegria de vcs. A espontaneidade. Diferente de muitos ambientes acadêmicos sisudos, afetados, mal-humorados...

Decidimos entrar de cabeça na metáfora da coreografia e, apesar de estarmos em pleno período de São João, escolhemos o frevo para ilustrar nossa metáfora. Afinal, ele é genuinamente pernambucano! Diante disso, como se tratava de uma discussão nova tanto para nós como para o grupo do Docência Online tivemos a idéia dos passos para possibilitar que todos fossem, "passo-a-passo", aprendendo e se apropriando desta nova forma de pensar as suas estratégias didáticas.

Rsrsrs... Eu acho que o frevo é que escolheu vcs... Mas, continuando na minha dúvida sobre o diferencial trazida pelas metáforas, qual é de fato o “passo a passo”? Sabemos qual é o passo do Michel Jackson... os passinhos pra trás. Então pergunto: quais são os novos passos trazidos pelas Coreografias Didáticas de Zabalza, Oser, Baeriswyl e EDUMATEC? Ainda mais especificamente na educação online...

Cláudia e Kátia faziam as relações teóricas com o aporte cultural e tecnológico, respectivamente. Rogério foi a ponte imediata entre nós, a coreografia didática e Zabalza.
A principal discussão era: como vamos envolver os cursistas em nossa coreografia, de modo que eles possam também olhar para as suas próprias coreografias?

Divisão social do trabalho acadêmico. Tenho discutido isto com meus alunos e orientandos. Ainda não sabemos como fazer isto.

Seria necessário, em primeiro lugar, sistematizar nossas idéias sobre a relação entre Coreografias Didáticas, Docência online e Ensinagem. Essa sistematização deu origem ao nosso primeiro texto. O objetivo do mesmo foi 'traduzir' essa relação, apontando para os cursistas a nossa visão desta.

Ok. Vamos então “sistematizar nossas idéias sobre a relação entre Coreografias Didáticas, Docência online e Ensinagem”

Ao mesmo tempo pensávamos em como organizar os passos da dança, como colocaríamos em cena a coreografia para que os passistas pudessem, ao seu ritmo, suas condições, realizar os passos previstos. Nesse sentido, organizamos as atividades em passos, ilustrados pelos passos do frevo, simbolizando as estratégias de acordo com a organização do pernambucano para o carnaval:
- Os primeiros passos: organizando os grupos, pensando na fantasia, escolhendo os blocos, elaborando o tema e a música para sair no carnaval; ou seja, compreendendo o que significa a coreografia didática e a sua relação com a docência online.
- Os segundos passos: começando a concentração - acerto de marcha, encontro dos grupos, caminhando para o desfile; isto é, analisando o planejamento do ponto de vista de cada grupo e individualmente sua dança na coreografia proposta.
- Os terceiros passos: concentrando - preparando o munguzá do Galo da Madrugada para ficar forte, ensaiando os passos do frevo e o Hino de Vassourinhas; ou seja, discutindo a interatividade e a mediação pedagógica na coreografia didática de cada grupo visando verificar se os objetivos foram alcançados.
- Os últimos passos: apoteose - frevando com o Galo da Madrugada em plena rua da Concórdia; isto é, sistematizando tanto o que foi proposto e vivido por cursistas-proponentes e cursistas-aprendentes como apontando outras possibilidades de realização do planejamento (nova coreografia).

Estas orientações remetem ao planejamento usando novas metáforas. Entretanto, ainda tenho dificuldade de ver qual é o diferencial na concepção de planejamento. O que significa na pratica docente e discente online cada orientação elencada?

Este módulo me lembra todo o tempo uma reflexão que costumo fazer com meus alunos: a “dança dos gêranos” e a docência online. Em seguida o trecho do livro Sala de aula interativa (pg. 158):

Na Grécia antiga havia uma estratégia lúdica de lidar com o labirinto valorizada como alternativa ao Fio de Ariadne (que mata a inteligência no labirinto).

‘Rapazes e moças alternados e com as mãos dadas em fila simulam o percurso do labirinto por meio de uma dança típica. Há um guia em cada uma das pontas da fila, o que significa que eles podem correr em qualquer um dos sentidos. Diante de uma encruzilhada, o grupo pode percorrer simultaneamente as duas alternativas, cada guia puxando o grupo para cada uma delas. Caso uma das alternativas não tenha saída, o guia que se defronta com essa alternativa dá um grito e é logo compreendido por seus companheiros: a fila passa a ser dirigida então pelo outro guia até a próxima encruzilhada. Assim, a ‘cadeia ondulada dobra-se, serpenteia-se sabiamente; todos os desvios do labirinto são simulados e acompanhados de mugidos até que os dois condutores do bailado se juntam’ [cit. ...]. A idéia de optar simultaneamente por todas as alternativas marca a diferença da dança dos gêranos em relação ao fio de Ariadne. A beleza e a astúcia da estrutura do labirinto estão na multiplicação das possibilidades e na vivência de tempos e espaços simultâneos.’

Trata-se de uma dança que simula a navegação coletiva que percorre um labirinto. Uma dança pedagógica cujo propósito é ensinar como adentrar ludicamente pelas bifurcações sucessivas de um labirinto. E, ao mesmo tempo, ensinar como lidar ludicamente com o acaso, “inocente como uma criancinha”. A razão está presente nessa dança pedagógica, está presente no grupo de rapazes e moças e nos guias, “condutores do bailado”, em cada uma das pontas da fila. É uma razão bailarina e astuciosa que conta com o lúdico e com o coletivo estrategicamente. Ela administra as mudanças de sentido da fila e “serpenteia sabiamente”. Assim, lida com a complexidade do acaso e com o acaso da complexidade na construção da comunicação e do conhecimento propostas pelo professor (proponente de labirintos e não facilitador).

Experimentar a complexidade é o que faz o estudante que adentra um curso online elaborado como obra hipermidiática. Ele é convidado a dançar os ritmos da razão e do acaso que se fundem numa só melodia. Ele experimenta por simulação. Esta é, aliás, a modalidade computacional: operar por simulação, lidar com imateriais – os objetos informáticos só existem na dimensão virtual, numérica, o que convida à modelização operacional. O cursista pode experimentar todo tipo de devires, as virtualidades contidas em cada bifurcação. A simulação das circunstâncias prováveis ou improváveis dá a ele liberdade de intuição diante das possibilidades de permutação e potencialização. A simulação não remete a qualquer irracionalidade do saber, potencia a imaginação e a criatividade.

Abrs, Marco

Em resposta à Marco Silva

Re: Universidade Federal de Pernambuco

por Auxiliadora Padilha -

Oi Marco,

adoro a forma como você 'destrincha' nossas falas e textos.

Só sei que não vou conseguir dar conta de todos os seus questionamentos, mas vamos tentar responder algumas considerações.

São tantas emoções...

Quando você questiona nossa mudança de objetivo de módulo... Na verdade, não foi uma mudança radical. Preferimos, ao invés de discutir 'avaliação de casos', estudar caso a caso. Ou seja, avaliar não o curso, mas as estatégias didáticas do curso, aqui pensadas a partir da metáfora das coreografias didáticas.

Quanto ao encaixe das coreografias com o Desenho Didático tivemos muitas discussões. Acreditamos que como você e Méa dizem, o Desenho didático é a arquitetura geral do curso. As coreografias seriam as situações didáticas específicas que dão sentido a esse desenho didático.

Você nos pergunta qual o diferencial das coreografias didáticas. Não sei se há um diferencial muito grande em relação ao que buscamos fazer através da mediação pedagógica. Mas, o que nos chamou a atenção é a possibilidade de maior explicitação, nessa mediação, de uma prática articulada, onde se pretende que seja compartilhada, mas que todos saibam explicitamente quais são suas responsabilidades, seus passos, para que a dança seja mais harmoniosa possível.

Nesse sentido, é compreender que não é simplesmente uma junção de passos, mas a melodiosa orquestração entre os passos de cada um e todos os demais aspectos necessários para a dança.

No caso da docência online, é compreender, que apesar de desenvolvermos uma prática compartilhada (não apenas entre os diversos atores-docentes, mas também considerando a equipe toda e principalmente o aluno), antecipamos os passos de cada um. Sabemos o que devemos esperar de cada um, pensamos nas possibilidades e potencialidades de cada um para que a dança seja o mais perfeita possível. Ou seja, que o aluno aprenda o melhor possível...

é por ai....