Promovendo a Aprendizagem colaborativa


Como promover a aprendizagem colaborativa ou a interaprendizagem deve ser um dos focos das docentes ao desenvolverem o curso, procurando promover situações de aprendizagem que provoquem esse tipo de interação, e que a construção do conhecimento se dê, em grande parte, na troca entre os pares?

Hoje, a partir das possibilidades e da plasticidade do digital, emergem softwares que buscam proporcionar práticas colaborativas na rede. Porém, não é a disponibilidade desses programas que garantirá a ocorrência das trocas colaborativas, mas sim o entendimento do valor da produção coletiva pelos aprendizes. Colocar nas instituições educacionais os recursos tecnológicos colaborativos é uma das formas de contribuir para a formação do ser social transformador, possibilitando e estimulando o desenvolvimento das características colaborativas do homem, favorecendo a criação, a autonomia, a autoria e a co-autoria dos alunos, transgredindo as práticas individualistas.

Entre esses recursos tecnológicos, o wiki é um dos que mais tem sido usado. É uma interface que possibilita a criação de textos em colaboração com os componentes de um determinado grupo, permitindo aos seus usuários incluírem, excluírem ou alterarem documentos. No trabalho colaborativo há uma necessidade do envolvimento e de responsabilidade de todos os membros do grupo, indo além da distribuição de tarefas (cooperação). A atividade colaborativa, por originar-se de uma dimensão coletiva pressupõe reciprocidade, co-criação e, principalmente, a intervenção por parte de todos no desenvolvimento de enunciados e ações em um processo permanente de compartilhamento, ressignificação e negociação.

Nesse novo contexto, os modos hegemônicos de pensamento cedem lugar às produções coletivas e dinâmicas, as autorias plurais, enfim, pelo menos se abrem para um novo modo de sentir, de pensar, de se relacionar, aprender e de construir conhecimento. Assim, as noções de autor e leitor se entrelaçam. Não há mais centro fixo, nem um autor apenas, mas vários autores, onde concepções diferenciadas se encontram, se complementam, se embatem, dialogam, interagem. O leitor é instigado a ser um co-autor, pois ele tem a oportunidade de interagir com o texto, com o pensamento do outro, copiando, colando, cortando, extraindo o que achar mais interessante, movendo para outros espaços, produzindo um novo texto, construindo novos hipertextos.

Nessa perspectiva, podemos nos direcionar a visão de Freire que percebe o aprender do aluno como ato de criação e de liberdade. Mas, ainda segundo o autor, para que isso ocorra, é fundamental que a prática pedagógica promova a sua autonomia. Concordamos com Ricardo e Vilarinho (2006, p. 107) que isso só acontece quando o professor respeita os saberes dos aprendizes, e propõe uma relação interativa e dialógica, onde “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 2001, p. 25). Nesse sentido, passa a valorizar as produções dos alunos, estimulando-os com o intuito de aumentar a confiança no seu potencial criador, ajudando-o a se autorizar, a produzir cada vez mais conteúdos e conhecimentos.