Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Site: | Sala de Aula Interativa |
Curso: | Projeto: Formação de professores para docência online |
Livro: | Ambientes Virtuais de Aprendizagem |
Impresso por: | Usuário visitante |
Data: | quinta-feira, 21 nov 2024, 07:47 |
Descrição
Livro com objetivo de discutir alguns pressupostos teóricos dos Ambientes Virtuais de Apendizagem.
Índice
- Introdução
- Educação online no contexto da cibercultura
- Conceituando e problematizando
- Atividade: discutindo sobre AVA
- Colaboração e autonomia: diferentes concepções
- A produção coletiva
- Promovendo a aprendizagem colaborativa
- Colaborar em/na Rede
- Os AVA estruturados; alguns exemplos
- Atividade: Pesquisando online
- O Moodle
- Apropriando-se do Moodle
- Referências bibliográficas
O módulo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem do nosso curso de especialização em Formação para a Docência Online tem como objetivo aprofundar o conceito de ambientes virtuais que vem sendo amplamente utilizado na cibercultura. Além disso, estudaremos um ambiente virtual em particular, o Moodle, buscando uma apropriação de seus principais recursos e potencialidades.
Pretendemos aqui trazer uma abordagem ampla para este conceito, buscando compreender que os diversos espaços virtuais existentes na web podem ser vistos como ambientes virtuais de aprendizagem, dependendo dos objetivos para os quais estão sendo utilizados.
Com relação especificamente ao ambiente Moodle, faremos uma experiência de oficina online, onde os participantes terão a oportunidade de experenciar o Moodle no perfil de professor.
Bons estudos !!!
Equipe PPGED-UFBA
Educação no contexto da cibercultura
O processo de digitalização e o contexto da cibercultura, vem promovendo a utilização do meio digital como lócus de inúmeras experiências pedagógicas, principalmente ligadas a área da educação. Diante das diversas possibilidades abertas, temos uma série de iniciativas de cursos de especialização, graduação e extensão pautados nas orientações legais vigentes, que tem como preocupação básica a construção de novos espaços de aprendizagem via internet.
Essas propostas educativas que utilizam o meio telemático como a videoconferência, a teleconferência e a internet são caracterizadas por José Manuel Moran (2003) como educação online. Assim, podemos ter diferentes desenhos de cursos, desde propostas totalmente virtuais, até perspectivas presenciais, potencializando as dinâmicas da sala de aula convencional.
Contribuindo com a discussão sobre educação online, Almeida (2003) reforça seu uso via internet, e a caracteriza como uma modalidade de educação cuja comunicação ocorre de forma síncrona e assíncrona. Ressalta a autora que as interações entre os participantes podem ocorrer a partir de diferentes perspectivas comunicacionais, quais sejam: comunicação um-a-um, comunicação de um-todos, e comunicação todos-todos.
Para Santos (2005),o conceito de educação online está diretamente ligado ao conceito da cibercultura por possibilitar: a convergência de mídias, os encontros entre as pessoas afastadas geograficamente, a vivência da interatividade, a aprendizagem colaborativa e os processos de comunicação síncronos e assíncronos.
Dessa forma, o grande desafio da educação online não está centrado unicamente na disponibilização de ambientes e interfaces gratuitas para utilização nos diferentes espaços educativos, e sim na compreensão desses artefatos como potencializadores de práticas pedagógicas inovadoras que permitam aos aprendizes interações e co-autoria na construção do conhecimento e no seu próprio processo de aprendizagem.
Com o advento dos computadores pessoais e sua posterior conexão em rede (a internet) surge um novo espaço de comunicação – o ciberespaço. A partir do ciberespaço, constrói-se uma nova cultura – a cibercultura – e com ela um novo gênero de saber e uma nova forma de pensamento (LÉVY, 2000). A cibercultura traz consigo duas características básicas: a hipertextualidade e a interatividade, e estas comportam outras características como a virtualidade, a não-linearidade, a multivocalidade, o tempo real, a simulação. Estas características dão especificidade a esta nova cultura (BONILLA, 2005).
Aqui vamos nos deter um pouco na discussão da virtualidade. Na linguagem comum, o virtual é utilizado para designar ilusão, ausência de existência, algo inapreensível, oposto ao real. Com o desenvolvimento das comunicações computadorizada sem rede, se popularizaram os termos "virtual" e "virtualidade". É chamado de mundo virtual ,vulgarmente, o ambiente de comunicação que é feito na internet. A mídia de informática, principalmente, ajuda a popularizar a "virtualidade", porque é uma palavra que sempre chama atenção, está sempre ligada a novas tecnologias e ao modismo tecnológico.(WIKIPEDIA, 2006).
No entanto, o conceito de virtual é muito mais abrangente que a informatização. Segundo Lévy (1996), embora a digitalização no ciberespaço desempenhe um papel importante nas transformaçõesdo mundo contemporâneo, existem outros vetores da virtualização como: a imaginação, a memória, o conhecimento, a religião; vetores estes que levaram ao abandono da presença muito antes da informatização.
“O virtual tem somente uma pequena afinidade com o falso, o ilusório, o imaginário. Trata-se, ao contrário, de um modo de ser fecundo e poderoso, que põe em jogo processos de criação, abre futuros, perfura poços de sentido sob a platitude da presença física imediata”
Lemos, Cardoso e Palacios (2005), tomando como base o exposto por Lévy em seu livro “O que é virtual”, argumentam que:
"Podemos ver o real como o conjunto de processos de virtualização e atualização sucessivos, sendo os primeiros dispositivos de questionamento de um determinado estado de coisas, e os segundos formas de resoluções desses problemas. Assim sendo, quando escrevemos este artigo, virtualizamos (pomos em questão) essa temática: educação e novas tecnologias, atualizando-a quando escolhemos uma abordagem e não outra, quando finalizamos escrevendo este texto. O processo é infindável, já que o leitor vai de novo virtualizar nosso texto ao lê-lo, ao questioná-lo com suas referências adquiridas e com uma criação de relações e vínculos próprios. Grosso modo podemos, para o que nos interessa aqui, dizer que todo processo de virtualização é um deslocamento do aqui e agora (...). Assim, virtual se opõe ao atual, fazendo parte do real.”
O atual, então, é a solução exigida pela problemática, pelo virtual; é o produto da atualização feita pelo virtual e que alimenta de volta o virtual. Atual e virtual coexistem e se intercambiam. “Esse processo constitui um movimento em que imagens vão surgindo, sentidos e significados vão sendo elaborados e re-elaborados. E é justamente a esse movimento que designo realidade”(BONILLA, 2005, p.134).
Assim,muito mais do que produzir rupturas, as novas tecnologias devem ser vistas como potencializadoras de algumas estratégias pedagógicas - já que a educação deveria ser virtualizante por essência (LEMOS, CARDOSO e PALACIOS, 2005).
A partir dos conceitos de virtual, atual e real que se entrelaçam é que buscamos ressignificar o conceito de ambiente virtual de aprendizagem. Um ambiente de aprendizagem pode ser entendido como um espaço onde se constrói conhecimento: convencionalmente, a sala de aula presencial. E o que seria um ambiente virtual de aprendizagem? A partir do conceito popular de virtual, podemos dizer que seria uma sala de aula mediada por computadores em rede, ou pela internet. Mas podemos ir além quando pensamos neste conceito.
Na literatura, encontramos algumas definições para ambientes virtuais de aprendizagem. Uma delas é trazida por Vavassori e Raabe que definem um ambiente virtual de aprendizagem como “(...) um sistema que reúne uma série de recursos e ferramentas, permitindo e potencializando sua utilização em atividades de aprendizagem através da internet em um curso a distância.” (VAVASSORI e RAABE,2003). Esta definição nos remete a uma aplicação de computação (um software)utilizada em cursos a distância. Edméa Santos conceitua o AVA como um"espaço fecundo de significação onde seres humanos e objetos técnicos interagem, potencializando assim a construção de conhecimentos, logo a aprendizagem" (SANTOS, 2003).
Podemos dizer que um ambiente virtual de aprendizagem pode ser percebido não só como um ambiente constituído a partir da rede, mas também como um espaço de amplas possibilidades de construção de conhecimento, onde “memórias” da rede se entrelaçam com memórias, imaginação, conhecimento, dos sujeitos que com ela interagem, ressignificando conceitos e reconstituindo o atual de cada um a cada instanteO ciberespaço e seus espaços de aprendizagem
Entendendo os ambientes virtuais dessa forma, a própria internet como um todo pode ser vista como o mais amplo dos ambientes virtuais: o ciberespaço pode ser entendido como um grande AVA onde interações acontecem e conhecimentos são construídos coletivamente. Com relação a isso, Lévy (2000) argumenta que:
"É a transição de uma educação e uma formação estritamente institucionalizadas (a escola, a universidade) para uma situação de troca generalizada dos saberes, o ensino da sociedade por ela mesma, de reconhecimento auto-gerenciado, móvel e contextual das competências."
(LÉVY, 2000, p.172)
Se entendemos os AVAs como espaços de possibilidades de construção de conhecimento na internet, podemos ver algumas outras interfaces no ciberespaço também como sendo ambientes de aprendizagem. Tudo vai depender do uso que se faça destes ambientes e se é ou não promovida a construção de conhecimento nos mesmos.
Uma lista de discussão na web, por exemplo, é entendida como um espaço onde mensagens são socializadas no formato do correio eletrônico. No entanto, mais que simples espaço para troca de mensagens elas podem ser vistas como:
"(...) instrumentos que servem como verdadeiro coletivo inteligente, onde os assuntos agrupados de forma temática são tratados por especialistas das mais diversas áreas,discutindo, comentando ou informando. Formam-se assim fóruns permanentes,proporcionando trocas mais profundas do que as obtidas nos chats, por exemplo.Cria-se uma comunidade informativa extremamente importante no processo pedagógico."
(LEMOS, CARDOSO e PALACIOS, 2005).
Atualmente estão proliferando no ciberespaço as chamadas comunidades virtuais, a exemplo do Orkut, que também podem ser interpretado como AVA. Em sua definição mais ampla, as comunidades virtuais “agregam pessoas com interesses comuns no ciberespaço. Elas conquistam espaços, basicamente na web, e permitem oferecer um suporte afetivo e emocional aos participantes distantes geograficamente (...)” (MATUZAWA, 2001). Bonilla (2005) entende a comunidade virtual como uma comunidade que existe sem estar presa ao tempo e ao espaço; que se organiza (através da rede) a partir de interesses ou problemas comuns.
"Mesmo não presente – sem lugar de referência estável, visto que ela se encontra em todo lugar onde se encontram seus membros, ou nenhum lugar – a comunidade está repleta de paixões e projetos, conflitos e amizades, fazendo surgir interações sociais, reinventando culturas."
(BONILLA, 2005, p.133)
Neste momento do nosso percurso, vamos iniciar uma discussão teórica sobre ambientes virtuais de aprendizagem utilizando o fórum de nome "O potencial pedagógico dos AVA".
Aguardamos todos lá!!
A aprendizagem colaborativa tem sido foco das diversas instituições de ensino superior que começam a dinamizar suas atividades em parte ou na sua totalidade em ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Para Moraes (2005, p. 200), nos AVA a aprendizagem, embora seja individual, é também influenciada pelos processos de natureza coletiva, pautados nas conversações entre indivíduos que compartilham o mesmo espaço virtual. Nessa nova ambiência, aparece a definição de sujeito coletivo da aprendizagem (LÉVY,1996), fundamento para que se compreenda a aprendizagem colaborativa. Esse sujeito acontece quando todos os membros da comunidade participam da criação e manutenção da comunicação. Assim, o debate se dirige para a construção de uma rede de argumentos e documentos, sempre presente simultaneamente e atualizada para toda a comunidade, que pode ser manipulada por qualquer um, ao mesmo tempo presente para todos. Essa estrutura, organização e forma de produzir conhecimento não seria possível, a não ser em ambiente digital, baseado em redes hipertextuais.
A imersão no ciberespaço por meio de cursos online, em muitos casos instiga a autonomia dos sujeitos, favorecendo ao estudante o desenvolvimento de habilidades ligadas à pesquisa e ao tratamento da informação. A construção de conhecimentos na rede é conduzida em direção a recursos humanos e técnicos, a materiais diversos, e proporciona-lhes uma maior abertura para gestão do tempo de cada sujeito, de espaço para seus estudos e da seleção de objetos de aprendizagem (imagens, audios, vídeos, textos), assim como o controle sobre os conteúdos abordados e em como conduzir a sua aprendizagem.
Segundo Alonso (2001, p. 149), a autonomia não se expressa apenas na independência demonstrada na busca de respostas aos seus problemas, levantando informações, selecionando-as criteriosamente, como também a capacidade de organizar as próprias idéias, sintetizar o pensamento, extrair conclusões próprias e aplicar conhecimentos em situações específicas. Mas, precisamos ter clareza que há um nível necessariamente individual de aprendizagem: ninguém pode emitir opinião, argumentar pelo outro, por exemplo. É essencial saber estudar sozinho, na subjetividade de cada um. A formação do sujeito exige momentos de solidão consigo, mas também num nível necessariamente maior no coletivo, porque o sujeito só se define, vive e desempenha suas atividades na relação com o outro. Ainda afirma a autora que hoje, com o uso das tecnologias digitais na educação, acentua-se o desempenho “autodidata”, com maior ênfase na auto-aprendizagem, como se o ambiente pedagógico, implicando também que a presença física já não fosse mais importante. A vida por si só exige que sejamos autônomos, mas essa autonomia é sempre socialmente dependente, porquanto deva ser dialógica, interativa, colaborativa.
A produção coletiva
Autores como Fiorentini (2004) citado por Batista (online) destaca que uma produção coletiva pode se dar de forma cooperativa ou colaborativa. O autor distingue cooperação e colaboração a partir da etmologia das palavras em que "co" significa ação conjunta; operare, operar, executar, fazer funcionar; e laborare, trabalhar ou produzir em vista de um determinado fim. Afirma que na cooperação os membros de um grupo executam tarefas que não resultam de uma negociação conjunta do coletivo, podendo haver subserviência de uns em relação a outros, e relações desiguais e hierárquicas, enquanto que na colaboração todos trabalham conjuntamente e se apóiam mutuamente, tendendo, dessa forma, a um relacionamento não hierárquico. Assim como o referido autor, Kenski (2003, p. 112) destaca que nos processos colaborativos todos dependem de todos para a realização de atividades, e essa interdependência exige aprendizados complexos de interação permanente, respeito ao pensamento alheio, superação das diferenças e busca de resultados que possam beneficiar a todos.
Buscando potencializar o estabelecimento de comunidades de aprendizagem, o desenho didático dos cursos online devem convidar o estudante a partilhar informações com seus pares, visando construir um processo cooperativo e colaborativo. Assim, as atividades dinamizadas em interfaces como os fóruns de discussão e as salas de bate-papo, a criação de midiatecas, por exemplo, devem procurar sempre instigar os alunos a interagir, fazendo vir à tona as suas idéias, opiniões, reações, suas experiências pessoais e suas expectativas, ficando claro que para criar um contexto de construção coletiva de conhecimentos não basta colocar os sujeitos em contato, seja na sala de aula presencial ou virtual, mas é essencial criar estratégias, condições para um confronto de pensamentos e experiências.
Assim, todos aprendem a realidade por meio de uma rede de colaboração, a partir de uma interação mútua. Ramal (2002, p. 59) afirma que as práticas monológicas, nas quais um único sentido sobressai, impedem os demais de virem à tona. Destarte, anular a possibilidade da polifonia é anular o diálogo e a reconstrução possível de sentidos e significados.
Nesse aspecto, com base na interatividade, percebemos que na busca no outro e com o outro, novas experiências e saberes emergem, reduzindo a ênfase que, de um modo geral, é posta em atividades individuais e puramente livrescas, inerentes ao modelo tradicional que marcou determinado momento histórico e que hoje ainda permanece. Freire (1987, p. 84) já insistia em criticar esse modelo transmissivo como prática inadequada de ensinar. Dizia ele que a educação autêntica, não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B, mediatizados pelo mundo. Mundo que impressiona e desafia a uns e a outros, originando visões ou pontos de vista sobre ele. Visões impregnadas de anseios, de dúvidas, de esperanças ou desesperanças...
Promovendo a Aprendizagem colaborativa
Como promover a aprendizagem colaborativa ou a interaprendizagem deve ser um dos focos das docentes ao desenvolverem o curso, procurando promover situações de aprendizagem que provoquem esse tipo de interação, e que a construção do conhecimento se dê, em grande parte, na troca entre os pares?
Hoje, a partir das possibilidades e da plasticidade do digital, emergem softwares que buscam proporcionar práticas colaborativas na rede. Porém, não é a disponibilidade desses programas que garantirá a ocorrência das trocas colaborativas, mas sim o entendimento do valor da produção coletiva pelos aprendizes. Colocar nas instituições educacionais os recursos tecnológicos colaborativos é uma das formas de contribuir para a formação do ser social transformador, possibilitando e estimulando o desenvolvimento das características colaborativas do homem, favorecendo a criação, a autonomia, a autoria e a co-autoria dos alunos, transgredindo as práticas individualistas.
Entre esses recursos tecnológicos, o wiki é um dos que mais tem sido usado. É uma interface que possibilita a criação de textos em colaboração com os componentes de um determinado grupo, permitindo aos seus usuários incluírem, excluírem ou alterarem documentos. No trabalho colaborativo há uma necessidade do envolvimento e de responsabilidade de todos os membros do grupo, indo além da distribuição de tarefas (cooperação). A atividade colaborativa, por originar-se de uma dimensão coletiva pressupõe reciprocidade, co-criação e, principalmente, a intervenção por parte de todos no desenvolvimento de enunciados e ações em um processo permanente de compartilhamento, ressignificação e negociação.
Nesse novo contexto, os modos hegemônicos de pensamento cedem lugar às produções coletivas e dinâmicas, as autorias plurais, enfim, pelo menos se abrem para um novo modo de sentir, de pensar, de se relacionar, aprender e de construir conhecimento. Assim, as noções de autor e leitor se entrelaçam. Não há mais centro fixo, nem um autor apenas, mas vários autores, onde concepções diferenciadas se encontram, se complementam, se embatem, dialogam, interagem. O leitor é instigado a ser um co-autor, pois ele tem a oportunidade de interagir com o texto, com o pensamento do outro, copiando, colando, cortando, extraindo o que achar mais interessante, movendo para outros espaços, produzindo um novo texto, construindo novos hipertextos.
Nessa perspectiva, podemos nos direcionar a visão de Freire que percebe o aprender do aluno como ato de criação e de liberdade. Mas, ainda segundo o autor, para que isso ocorra, é fundamental que a prática pedagógica promova a sua autonomia. Concordamos com Ricardo e Vilarinho (2006, p. 107) que isso só acontece quando o professor respeita os saberes dos aprendizes, e propõe uma relação interativa e dialógica, onde “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 2001, p. 25). Nesse sentido, passa a valorizar as produções dos alunos, estimulando-os com o intuito de aumentar a confiança no seu potencial criador, ajudando-o a se autorizar, a produzir cada vez mais conteúdos e conhecimentos.
Conhecendo propostas
Fonte: healeylibrary.wikispaces.com
Visite os endereços abaixo e conheça algumas propostas de produção coletiva de textos na Web:
ALBINO, Sirlei de Fátima e RAMOS, Edla Maria F. A produção de textos tradicional X editores de textos cooperativo: implicações e reflexões. Disponível em: < www.inf.ufsc.br/~edla/publicacoes/ArtigoEcotroProfes-JuntoComSirlei.doc > Acessado em 06 jun 2006.
AXT, Margarete et al. Produção coletiva na rede: é possível avaliar? In: Novas Tecnologias na Educação. V. 1 nº 1. CINTED-URGS, fevereiro, 2003. Disponível em < http://penta2.ufrgs.br/edu/ciclopalestras/artigos/margarete_producao.pdf > Acessado em 06 jul. 2007.
MAÇADA, Débora L., SATO, Luciane S. e MARASCHIN, Cleci. Tecendo um texto coletivo: uma experiencia colaborativa/cooperativa. Disponível em < http://www.nied.unicamp.br/oea/pub/art/tecendo_texto_lec_2000.pdf > Acessado em 06 jul 2007.
SILVA, Obdália. F. S. Nos Labirintos da WEB: possibilidades de leitura e produção. textual nos cenários digitais. Dissertação de Mestrado. UNEB, 2006. Disponível em: < http://www.obdalia.pro.br/index.htm > Acessado em ago 2007.
Colaborar em/na Rede
Inspirados no pensamento de Silva (2001), consideramos que é preciso se apropriar das possibilidades tecnológicas que nos permitem “ingressar dentro de uma obra” – a hibridação traz a idéia de fusão, de intervenção na mensagem do outro, de co-criação, de modificação. Deve-se derrubar as fronteiras entre autor/leitor/emissor/receptor, na medida em que é através da interatividade e da intervenção que as mensagens vão se formando, se modificando a cada novo contato com o outro. O conhecimento de cada um, produto individual e internalizado de experiências, leituras e reflexões, se enriquece e se modifica a cada possibilidade de troca com o outro e com os diferentes registros do conhecimento compartilhado.
Corroborando com Alves et al (online), colaborar na/em rede é, antes de tudo, desapegar-se do sentimento de posse do conhecimento; é compartilhar a autoria, visto que um texto produzido coletivamente deixa de ser “meu texto”, e passa a ser “nosso texto”, do grupo-autor. A produção colaborativa de um texto é um passo importante para a disseminação da colaboração, uma vez que o sujeito aprende a criar um texto coletivo, interagindo com outros parceiros na criação de quaisquer atividades, sejam estas no modo presencial ou a distância.
Além das interfaces citadas acima, existem os ambientes virtuais estruturados e desenvolvidos especificamente para apoiar o processo de ensino e de aprendizagem via rede. Estes são os chamados Sistemas de Gerenciamento de Aprendizagem (do inglês: Learning Management Systems – LMS), que são softwares projetados para atuarem como salas de aula virtuais, gerando várias possibilidades de interações entre os seus participantes, além de possibilitar a educadores a criação, com facilidade, de cursos online de qualidade.
Os LMS, além de agregarem as características dos AVA – e por isso muitas vezes serem identificados simplesmente como tal – trazem algumas perspectivas de controle e de estruturação de cursos como: gerenciamento de integrantes (alunos e professores), relatórios de acesso e de atividades, recursos para promover a interação e para a proposição de atividades, além de possibilitar a publicação de conteúdos. Assim, entendemos que o LMS é também um ambiente virtual de aprendizagem; mas é um AVA que oferece características de controle e gerenciamento inexistentes em outras interfaces da web. Como exemplos de ambientes virtuais que podem ser caracterizados como LMS podemos citar: o Moodle (que detalharemos mais adiante), o TelEduc , o AulaNet , o e-ProInfo , o WebCT , o Blackboard , dentre outros.
Estes são apenas alguns exemplos de elementos do ciberespaço que, a depender do uso que se faça deles, podem ser vistos, utilizados e muito bem aproveitados como ambientes de aprendizagem virtual. Não cabe aqui classificá-los como melhores ou piores; o melhor uso de cada um deles será definido a partir da perspectiva pedagógica e comunicacional que se proponha.
Teleduc
O Teleduc é um ambiente de ensino a distância, que permite a realização de cursos via internet. Está sendo desenvolvido conjuntamente pelo Núcleo de Informática aplicado à Educação (NIED) e pelo Instituto de Computação (IC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O principal objetivo de criação desse ambiente foi a necessidade de suporte para a formação de professores, tendo como foco o trabalho com informática educativa. Para o desenvolvimento das interfaces, a equipe ouviu atentamente as demandas dos usuários e vivenciou um trabalho colaborativo, o que gerou um resultado satisfatório, pois o ambiente demonstra funcionalidade acessível mesmo para aqueles que não entendem de computação.
Para Rocha (2003), o desenvolvimento do ambiente tem como proposta maior a utilização da internet como meio para a construção do conhecimentos e a facilidade do uso por parte do usuário, que pode adequar sua proposta pedagógica às ferramentas disponibilizadas.
As funcionalidades oferecidas pelo Teleduc estão agrupadas em três grupos: ferramentas de coordenação, de administração e de comunicação. As ferramentas de coordenação tem como objetivo principal organizar as ações no curso, informando os alunos as intenções da proposta e contribuindo para uma melhor organização e compreensão da dinâmica de trabalho. As ferramentas de comunicação só podem ser acessadas dentro do ambiente, a exemplos do correio, bate-papo, fóruns de discussão e mural. Entretanto com o desenvolvimento de novas versões, já se pode enviar e-mail externo aos destinatários, porém a resposta só pode ser dada a partir do acesso ao ambiente. As ferramentas de administração têm como objetivo dar apoio ao gerenciamento do curso através do suporte e da administração e não são visíveis aos alunos (ROCHA, 2003).
Aulanet
O ambiente Aulanet foi desenvolvido no Laboratório de Engenharia de Software (LES) do Departamento de Informática da Pontífica Universidade Católica (PUC-RJ), para a administração, criação, manutenção e participação em cursos a distância.
A filosofia do ambiente se fundamenta no princípio da cooperação entre os alunos, eentre alunos e docentes, tendo como suporte as interfaces da internet. Traz como premissas, a interatividade nas propostas dos cursos, a utilização por pessoas que não são especialistas na área, e a reutilização de conteúdos já existentes na mídia digital.
Vavassori e Raabe (2003) destacam o docente, o aprendiz e o administrador como os principais autores do ambiente, ressaltando a função dos mesmos. Para ele a construção da propsota educativa é de responsabilidade do docente, que conta com uma série de ferramentas como o fórum, chat, portifólio, etc. O aprendiz é de suma importância na dinâmica do ambiente, já que sua participação ativa é fundamental no desenvolvimento de processos cooperativos com os demais participantes. As questões mais técnicas, relativas a matrícula e ao registro no AVA, são de responsabilidade do administrador, que opera continuamente no ambiente.Completam ainda os autores, que o ambiente dispõe de algumas ferramentas para aa disponibilização dos cursos, que são: os mecanismos de comunicação, de coordenação e de cooperação. Os mecanismos de comunicação possibilitam o envio de mensagens aos docentes e à coordenação do curso, além da criação dos grupos de discussão, grupos de interesse, debates através de chats, e o contato com os participantes conectados no ambiente. Já os mecanismos de coordenação como avisos, planos de aula, tarefas, avaliação e relatórios de participação permitema criação de atividades e um melhor acompanhamento dos estudantes.
Tendo como foco o trabalho coletivo, os mecanismos de cooperação disponibilizados no ambiente como a bibliografia. a webliografia, a documentação, o download, a co autoria do aprendiz permitem que os sujeitos possam cooperar uns com os outros, socializando seus saberes e construindo novas habilidades (VAVASSORI E RAABE, 2003).
O e-ProInfo é um Ambiente Colaborativo de Aprendizagem que utiliza a Tecnologia Internet e permite a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de ações, como cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio a distância e ao processo ensino-aprendizagem. È uma iniciativa da Secretaria de Educação a Distância do MEC e é disponibilizado para as instituições de ensino público através de convênios. (E-PROINFO, 2005).
A plataforma Blackboard é um software proprietário, desenvolvido pela Blackboard Inc, um provedor de softwares e serviços para educação online. O Blackboard é um LMS (Learning Management System) com funcionalidades de instrução e comunicação (BLACKBOARD, 2005), bastante utilizado por instituições de ensino privadas no Brasil, a exemplo da Universidade Católica de Brasília (UCB, 2005), Faculdades COC (ASSIS, VERSUTI, 2005) e Instituto de Educação Superior de Brasília - IESB (ALMEIDA, GARBULHA, ATTA, 2005).
O WebCT é um software proprietário provedor de e-learning para instituições de ensino, desenvolvido pela British Columbia University no Canadá. Já é utilizado em milhares de instituições em mais de 70 países. O WebCT hoje pertence à empresa Backboard (WEBCT, 2006).
Atividade: Pesquisando online
Para ampliar nossas discussões, propomos, aqui, uma atividade de pesquisa. Esta atividade tem como objetivo aprofundar nossos estudos em relação aos Ambientes Virtuais de Aprendizagem na Educação. Para tal, cada cursista deverá pesquisar na rede textos que tratem da temática em questão, escolher um deles e socializar para o grupo. Junto com o endereço do site onde se encontra o texto deverá constar a sua referência (título, autor, ano) e um texto argumentativo, justificando a escolha do mesmo.
O texto, elaborado individualmente, deverá ser postado no recurso "Atividade de pesquisa e produção textual". Neste mesmo espaço, poderemos conhecer as produções dos outros participantes e fazer comentários sobre elas.
O Moodle
O Moodle (Modular Object – Oriented Dynamic Learning Environment) é um ambiente de aprendizagem à distância que foi desenvolvido pelo australiano Martin Dougiamas em 1999. As crenças de Martin nas inúmeras possibilidades da Educação baseada na internet o levaram a fazer mestrado e doutorado na área de Educação, combinando sua experiência em ciência da comunicação com teorias sobre a construção do conhecimento, natureza da aprendizagem e da colaboração.
O Moodle é um Software Livre, pois há acesso ao código fonte, podendo-se usufruir de quatro liberdades fundamentais: uso, cópia, modificação e redistribuição. Com esse código em mãos, associado às quatro liberdades mencionadas anteriormente, garante-se uma maior acessibilidade do conhecimento a todos. Dessa forma, existe a possibilidade de ter acesso ao ambiente de forma gratuita, modificar ou desenvolver novos módulos, corrigir erros e resolver problemas. Nessa lógica, o Moodle pode ser instalado sem nenhum custo em qualquer servidos, desobrigando-nos de fazer atualizações ou pagar por manutenção como nos softwares proprietários.
Código fonte é o conjunto de palavras escritas de forma ordenada, contendo instruções em uma das linguagens de programação existentes no mercado, de maneira lógica. As linguagens compiladas, após ser compilado o código fonte, transformam-se em software.
(Wikipédia, 2007)
Essas características vêm promovendo a utilização do ambiente por diversas instituições em todo o mundo, desenvolvendo uma comunidade de pesquisa, na qual os integrantes discutem desde questões relativas à criação de novas ferramentas, até propostas pedagógicas do ambiente e de suas interfaces. A existência dessa comunidade é fundamental para o sistema, pois as dúvidas de um usuário podem ser respondidas por seus colaboradores em qualquer parte do mundo.
Em relação às questões pedagógicas, o seu criador Martin Dougiamas adotou o Construcionismo Social como fundamento educacional da proposta do ambiente. Esta teoria se baseia no pressuposto de que as pessoas aprendem melhor quando estão engajadas em um processo social de construção de conhecimento pelo ato de construir alguma coisa para o outro. Desta forma, o conceito deixa clara a importância do trabalho em grupo no desenvolvimento da aprendizagem, e a constante negociação de significados entre seus membros. Estes aspectos são claramente observados no ambiente Moodle, onde o enfoque do trabalho se dá em ferramentas que possibilitam a discussão e o compartilhamento de experiências (PULINO FILHO, 2007).
A seleção das ferramentas para o desenvolvimento do trabalho pedagógico pode ser feita pelo professor, que vai escolher de acordo com os objetivos do curso. Assim, o docente pode selecionar chats, fóruns, diário de bordo, disponibilizar o livro com alguns conteúdos do curso, tarefas, entre outras possibilidades.
Para Alves e Brito (2005), o Moodle destaca-se dos outros ambientes por permitir a utilização das ferramentas de forma flexibilizada, podendo, através de diferentes metáforas, pleitear outras perspectivas, pautado na mesma funcionalidade. Um chat, por exemplo, pode ser utilizado como ponto de encontro entre os participantes, assim como espaço de discussão de determinada temática do curso. O fórum pode ser utilizado como um portfólio, um relatório de atividades de campo, bem como espaço para discutir conceitos. Os autores destacam a importância dessas possibilidades, pois o professor não precisa ficar dependendo do conhecimento técnico de um profissional da área, já que são as demandas colocadas pela prática pedagógica que irão desafiá-lo na construção de novas propostas.
O Moodle o funciona com a perspectiva de "perfis". Os usuários cadastrados podem assumir diversos perfis, inclusive simultaneamente. As opções de perfis são as seguintes:
Administrador do Moodle
Usuários com este perfil têm poder máximo no ambiente Moodle. Eles são os responsáveis pela criação dos cursos, pelo gerenciamento dos usuários, pelas configurações do Moodle em suas diversas possibilidades.Administradores podem cadastrar ou cancelar o cadastro de outros usuários, podem ter acesso a qualquer espaço dentro do Moodle, podem cadastrar novos administradores.
Administrador de curso (versão 1.8+)
São usuários que, dentro de um curso, têm permissão para cadastrar os outros tipos de usuário, e fazer configurações especiais do curso. Importante ressaltar que os administradores de curso não têm permissão para editar o curso, como é o caso do tutor.
Tutor
Tutor é o nome dado ao Moodle (em português) para professor. Na nossa opinião, uma infeliz tradução. O usuário com perfil de tutor tem permissão para editar todos os espaços do curso, inserindo e configurando recursos, gerenciando o acesso dos outros participantes e cadastrando os usuários dos demais perfis hierarquicamente inferiores.
Moderador (versão 1.8+)
O Moderador é um usuário que pode participar das discussões no curso, mas não pode editar o conteúdo do curso.
Estudante
Os estudantes têm permissão para participar das discussões e têm acesso a todos os recursos que não estejam invisíveis no curso.
Visitante
Um usuário cadastrado como visitante em um curso tem permissão apenas para visualizar todos os recursos, inclusive as discussões em fóruns, presentes em um curso; mas não podem interagir.
Apropriar-se do Moodle, implica, necessariamente, em experimentar seus recursos. Assim, nosso próximos passos serão por uma Oficina Online de Moodle (Unidade 2). Nesta oficina, todos poderão ter acesso a diversas informações sobre a utilização do Moodle no perfil de professor e, durante a mesma, cada participante terá acesso a um ambiente de experimentação para praticar.
Para orientar a experimentação no Moodle, disponibilizamos um Roteiro da oficina online, com sugestões de atividades. Ao final do módulo, é esperado que os participantes, de forma individual ou organizados em grupo, tenham praticado, pelo menos, as sugestões presentes no roteiro, no espaço de testes.
Referências
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