Colaboração e autonomia

A aprendizagem colaborativa tem sido foco das diversas instituições de ensino superior que começam a dinamizar suas atividades em parte ou na sua totalidade em ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Para Moraes (2005, p. 200), nos AVA a aprendizagem, embora seja individual, é também influenciada pelos processos de natureza coletiva, pautados nas conversações entre indivíduos que compartilham o mesmo espaço virtual. Nessa nova ambiência, aparece a definição de sujeito coletivo da aprendizagem (LÉVY,1996), fundamento para que se compreenda a aprendizagem colaborativa. Esse sujeito acontece quando todos os membros da comunidade participam da criação e manutenção da comunicação. Assim, o debate se dirige para a construção de uma rede de argumentos e documentos, sempre presente simultaneamente e atualizada para toda a comunidade, que pode ser manipulada por qualquer um, ao mesmo tempo presente para todos. Essa estrutura, organização e forma de produzir conhecimento não seria possível, a não ser em ambiente digital, baseado em redes hipertextuais.

A imersão no ciberespaço por meio de cursos online, em muitos casos instiga a autonomia dos sujeitos, favorecendo ao estudante o desenvolvimento de habilidades ligadas à pesquisa e ao tratamento da informação. A construção de conhecimentos na rede é conduzida em direção a recursos humanos e técnicos, a materiais diversos, e proporciona-lhes uma maior abertura para gestão do tempo de cada sujeito, de espaço para seus estudos e da seleção de objetos de aprendizagem (imagens, audios, vídeos, textos), assim como o controle sobre os conteúdos abordados e em como conduzir a sua aprendizagem.

Segundo Alonso (2001, p. 149), a autonomia não se expressa apenas na independência demonstrada na busca de respostas aos seus problemas, levantando informações, selecionando-as criteriosamente, como também a capacidade de organizar as próprias idéias, sintetizar o pensamento, extrair conclusões próprias e aplicar conhecimentos em situações específicas. Mas, precisamos ter clareza que há um nível necessariamente individual de aprendizagem: ninguém pode emitir opinião, argumentar pelo outro, por exemplo. É essencial saber estudar sozinho, na subjetividade de cada um. A formação do sujeito exige momentos de solidão consigo, mas também num nível necessariamente maior no coletivo, porque o sujeito só se define, vive e desempenha suas atividades na relação com o outro. Ainda afirma a autora que hoje, com o uso das tecnologias digitais na educação, acentua-se o desempenho “autodidata”, com maior ênfase na auto-aprendizagem, como se o ambiente pedagógico, implicando também que a presença física já não fosse mais importante. A vida por si só exige que sejamos autônomos, mas essa autonomia é sempre socialmente dependente, porquanto deva ser dialógica, interativa, colaborativa.