Fórum "O papel da cooperação no mundo produtivo"

Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Marco Silva -
Número de respostas: 11

Alberto, gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente. O mediador não é aquele que dispara lições-padrão baseado na unidirecionalidade. Ao contrário, é aquele que provoca e mobiliza a participação colaborativa na co-criação do conhecimento e a própria comunicação, sendo exemplo vivo desta dinâmica na sua mediação. 

Seu texto traz indicadores ou orientações para mediação que destaco em seguida:

  • Induzir à cooperação e interação positiva (produtiva) entre os estudantes,
  • Propiciar reflexão sobre os ganhos da interação,
  • à permitir que a avaliação do trabalho produzido seja feita por todos os envolvidos e não só pelo professor,
  • Fornecer ferramentas que minorem o trabalho necessário à interferência e aproveitamento do que é produzido por terceiros,
  • Permitir a troca de informações e conhecimentos.
  • Armazenar a produção dos estudantes e outras informações correlatas para uso futuro como fonte de pesquisa pelos próprios autores ou por outros estudantes.
  • Refletir o estágio de desenvolvimento de cada aluno usuário para servir futuramente como forma de avaliação do trabalho produzido e como material de pesquisa sobre o trabalho realizado.

Acredito que "provocar" seja mesmo uma excelente palavra para sustentar estas orientações. No  Fórun "Coletânea de experiências de ensino e aprendizagem online" postei alguns indicadores de qualidade para a mediação docente na modalidade online. Todos eles estão baseados na postua do mediador como um provocador da aprendizagem colaborativa. Destaco um dos indicadores que diz o seguinte:

Provocar situações de inquietação criadora, ou seja: 

• - Promover ocasiões que despertem a coragem do enfrentamento em público diante de situações que provoquem reações individuais e grupais.

• - Encorajar esforços no sentido da troca entre todos os envolvidos, juntamente com a definição conjunta de atitudes de respeito à diversidade e à solidariedade.

• - Incentivar a participação dos estudantes na resolução de problemas apresentados, de forma autônoma e cooperativa.

• - Elaborar problemas que convoquem os estudantes a apresentar, defender e, se necessário, reformular seus pontos de vista constantemente.

• - Formular problemas voltados para o desenvolvimento de competências que possibilitem ao aprendiz ressignificar idéias, conceitos e procedimentos.

Abrs, Marco Silva

Em resposta à Marco Silva

Re: Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Usuário excluído -

Marco, tb acho muito feliz essa expressão. No meu entendimento, ela se coaduna com um conceito freireano: curiosidade epistemológica.

Freire dizia que a interação dialógica do professor deve incidir sobre a curiosidade epistemológica dos seus alunos. E suas considerações, Marco, tb vão nessa linha.

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Lucila

 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Usuário excluído -

Olá Marco, Alberto, Lucila e demais participantes desse Fórum:

Em primeiro lugar já estou sentindo um certo " gostinho de saudade" pois quando você, Marco,  anuncia estamos já no penúltimo módulo,  eu já começo a vou sentir falta desse convívio maravilhoso ( bem verdade interrompido por nossas atribuições acadêmicas) e desses momentos de reflexão e crescimento para todos nós enquanto participantes do seu Projeto.... 

 Bem, voltemos ao Fórum e a análise do texto: Por que cooperar?

A certa altura você, Alberto coloca a seguinte questão  no seu texto:  Como ela (no caso a educação) responde - ou deve responder - ao desafio de preparar o homem para este novo mundo, onde a cooperação substitui a competição como modelo básico nas relações entre os homens?

Colegas, no momento estou estou um tanto cética com relação às mudanças que a educação pode provocar. Concordo com Cunha ( citado no texto), quando coloca que as mudanças vão acontecer em primeiro lugar nas relações no ambiente de trabalho, em seguida nas relações sociais. Tenho dúvidas quanto as possibilidades do ambiente de trabalho nas instituições educacionais  poderem contribuir para tais mudanças: é necessário uma revolução conceitual na cabeça dessa academia, retrógrada, tradicional, vaidosa, etc, etc,..Nesse sentido, acredito que a educação online tem muito a "ensinar " à  educação presencial.   

Creio, por outro lado, que a  colaboração que acontece nos cursos online deve ter como finalidade ajudar a criar redes sociais de colaboração pois só assim teremos uma democracia como sonham  Castels e Levy e outros teóricos da contemporaneidade, superando o velho  paradigma da competição e do individualismo pelo da  cooperação entre os indivíduos. 

Que mundo estamos construindo? Que futuro nos espera? Lévy aposta em uma melhoria qualitativa da comunicação e da interconexão dos seres humanos (Lévy, 2003, p. 44) que vai favorecer  a abertura da consciência. Castells recomenda reconstruir, de baixo para cima e de cima para baixo, nossas instituições de governo e democracia (Castells,2001,p. 228). Nosso grande baiano  Milton Santos(2001) em Por uma outra globalização acredita que as técnicas são dóceis podendo colocar o homem como centro do universo.

Utopias... Podemos concretizar tais sonhos? A educação presencial não conseguiu . Conseguirá a educação online?  

 

Em resposta à Usuário excluído

Re: Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Marco Silva -

Querida Maria Olívia

tb sinto esta saudade que vc sente... falarei sobre ela em breve. bjs, Marco

Em resposta à Usuário excluído

Re: Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Alberto Tornaghi -

Maria Olivia,
cheguei um tanto tarde neste projeto. Vejo que a colaboração está se mostrando intensa e carinhosa por aqui. Daí, imagino eu, as saudades. Talvez indique que deva-se fazer algo para que alguma coisa continue. Daí terei eu também a chance de experimentar e saber mais de onde nascem essas saudades prematuras em vocês.

Isso vem bem a propósito do que o seu comentário me... provocou (só para manter o tom), saudável provocação.

Não acredito, como parece que o texto a fez crer, que o mundo caminha magicamente para ser mais colaborativo. Não, não acredito que a humanidade tenha se tornado menos humana e mais "boazinha". Nada disso, essa construção (do mundo na direção de nossas utopias) é uma guerra que travamos dia a dia. Há diversos propósitos para a cooperação, inclusive (e os estrategistas tanto militares como corporativos sabem bem disso) colaborar para ser capaz de competir melhor, com mais forças.

A educação não é uma ilha de bondade em uma sociedade de maldades. A educação faz parte desta sociedade e reproduz (como bem o apontou Althuser já faz umas boas décadas) seus vícios e delícias.

Por isso, nas perguntas que apontam para este fórum, falamos de cooperar para competir e cooperar para construir sua utopia. Há que ter claro o que pretendemos com a cooperação em cada ponto e em cada instante.

Que futuro nos espera? Ele não espera, nós o fazemos. A melhoria da qualidade da comunicação não se mede pela ampliação das vias e das velocidades de comunicação. A melhoria da qualidade da educação não se faz sem um projeto político de nação, de mundo. É guerra, boa guerra. Temos que escolher o lado ou ele nos escolhe.

Daí que não é “essa tal de” educação quem constrói nossos sonhos, é nossa luta. Tendo isso em conta, podemos escolher de que lado ficamos.

Pesquisando mais, trocando mais, estudando mais, compreendendo mais, teremos mais e melhores armas (e visão) para fazer nossas escolhas e traçar as estratégias.

Para mim, uma das delícias desses espaços de cooperação é encontrar parceiros e compreender os adversários.

Estamos em guerra, boa guerra. Quem luta por um mundo mais solidário também coopera para competir, compete com seus adversários.

Guerra, boa guerra.

Bom encontrar quem está do mesmo lado da trincheira. Pelo menos neste momento.

Abçs

Bebeto

Em resposta à Alberto Tornaghi

Re: Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Usuário excluído -
Gostei da sua resposta: temos que construir esse mundo cotidianamente....
Em resposta à Usuário excluído

Re: Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Edmea Santos -

Pois,pois...como dizem os amigos de Portugal!

Bebeto concordo com você. O futuro é agora. Olívia, Marco e demais colegas, nosso projeto ainda renderá muitos frutos. Já redeu. Além da rede que se formou, aprendemos mais.eu aprendo cada vez que acesso este ambiente.  Pelo que sei já temos duas dissertações concluídas, frutos dessa pesquisa. Uma da Tatiana Claro, orientanda do Marco, e outra da Patrícia , orientanda da Eloiza.Teremos um livro com nossas sínteses construídas aqui. Este curso com todo seu conteúdo, poderá ser reutilizado, por todos nós, em nossos contextos específicos. O futuro é agora e também amanhã.

Para esquentar um pouco o tema proposta neste fórum, será que "o desafio de preparar o homem para este novo mundo, onde a cooperação substitui a competição como modelo básico nas relações entre os homens? "

Será que a competição subistitui a cooperação? Não podemos cooperar para competir ou nos tornarmos mais competitivos? Será que competir é tão ruim assim?

Espero todos e todas para o debate!

[]s

Méa

Em resposta à Edmea Santos

Re: Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Usuário excluído -
Olá colegas,
Que questões provocadoras!
Bem, a partir da questão trazida pela Méa e com as reflexões de Marco, Alberto e Olivia fiquei matutando... Será que podemos colocar competição e cooperação do mesmo lado da trincheira, durante a "boa guerra"? Competição vista como rivalidade nos coloca de lados opostos ao que podemos chamar de inimigos e, portanto não do mesmo lado dos que cooperamos.
Porém, a competição não é simplesmente ruim, pois é mobilizadora, assim como a cooperação. Os embates e conflitos de idéias podem ser vistos pela ótica da competição e da colaboração. A superação, característica do homem, não se dá somente pela competição, mas compreendendo que somos seres sociais, históricos e culturais, somos também cooperativos - operamos com outros.
Não vejo a cooperação com algo tranquilo, em que todos se unam e amistosamente, sem problema algum, co-operem. Cooperação é conflituosa, é desgastante, dá um trabalho danado. E competir? A competição também é marcada por conflitos, trabalho, estratégias... Competimos sempre pensando em "como eliminar o outro" - adversário? Não necessariamente. A competição pode vir ao encontro do desejo da autosuperação. Claro, podemos pensar, a superação sempre vem a partir de um balizador, que pode ser o outro. Sim, mas não necessariamente. Vejamos o que tem ocorrido com algumas descobertas científicas, por exemplo. No campo da biologia, da genética, da neurociência, a raiz dos processos científicos (ainda que guardados a sete chaves - rs) podem ser vistos como um processo misto entre competição e cooperação.
Estou agora aguardando o jogo do Brasil (competição de futebol - Copa das confederações) que se dá pela cooperação entre os jogadores. De certa forma, mesmo entre os "inimigos" - jogadores (no caso os americanos e brasileiros) deve haver certa cooperação na medida em que um contribui com outro (adversário) para que a cooperação entre os aliados se dê da melhor forma (sem violência, etc).
Vejo essa relação competição e cooperação com algo mais complexo e não lados opostos da trincheira...
Bjs
Dri

Em resposta à Usuário excluído

Re: Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Usuário excluído -
Adriana, você levantou um aspecto da discussão significativo...A relação competição e cooperação como algo complexo e não em lados opostos!!!
A lembrança do jogo do Brasil passa pela cooperação entre os jogadores.
Nós mesmo estando do mesmo lado podemos tanto cooperar quanto competir... No entanto nem sempre a competição vem contra a cooperação. Será?
Podemos competir com nossos parceiros e essa competição pode até reverter em cooperação, no caso de superarmos velhas disputas, percebendo com mais clareza nossos limites e encontrando nos argumentos dos parceiros motivos para revermos nossas posições.
Isso nem sempre é fácil no campo profissional, considerando as disputas diárias nesse campo. Na sala de aula, como educadores também podemos nos ver em lados opostos, professores e alunos. Ultrapassar essas distâncias , buscando consensos nem sempre é fácil... Respeitar o outro, buscando convergências e compreensão das divergências, sem renunciarmos a nossas idéias e posições é tarefa cotidiana no espaço da prática pedagógica...
Bom não sei se compreendi bem sua posição, porém a discussão pode prosseguir, Lina
Em resposta à Usuário excluído

Re: Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Helena Rodrigues de Sá -

Olá, pessoal!

Pensando na  palestra maravilhosa de Edgar Morin, que ouvi hoje, pela manhã, e após a leitura do texto proposto, destaco o trecho abaixo para refletirmos:

“Cabe à escola forjar o novo homem que será capaz de participar ativa e criativamente deste processo, criticá-lo e refiná-lo. A escola precisa se reorganizar para incluir em seu processo educativo uma pedagogia,  metodologias, técnicas e recursos que permitam implementar um novo paradigma que substitui a competição (alienante e individualizante) pela cooperação entre os estudantes.”

Morin destacou que deveríamos voltar a tratar dos grandes problemas da humanidade, da condição humana com um novo olhar, após o período egocêntrico que vivemos. Que estes problemas deveriam ser inseridos no currículo, não como disciplina, mas como um tema transdisciplinar. Compreender a condição humana, a condição terrena, a confrontar as incertezas, a trabalhar com imprevistos, entre outros. O que Bebeto sugere em seu texto é que a escola forje esse novo homem. Entretanto, os professores não aprenderam dessa forma e Morin destaca que seria necessário integrar esses conhecimentos na universidade, que prepara esse professor, e nas escolas é preciso reeducar os educadores para que estes dêem conta desses saberes.

Acredito que para os alunos aprenderem a cooperar, precisamos deixá-los errar, confrontar-se com a sua incerteza e a do outro. Trabalhar pela cooperação (ou pela colaboração?) entre as pessoas não é tarefa fácil, uma vez que o mundo não é cooperativo e sim competitivo, no sentido alienante e individualizante que Bebeto destaca. Precisamos, primeiro, forjar o novo docente! Não aquele que teorizará sobre a cooperação, mas que praticará, mostrará com exemplos como se faz. No presencial ou online.

Lucia destacou que cooperar é da natureza humana. Acredito que competir, saudavelmente, também o é! Como disse Adriana, você precisa cooperar com o adversário para que a competição aconteça da melhor forma.

Bjs,

Helena

Em resposta à Edmea Santos

Re: Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Usuário excluído -
Ola Méa e colegas que estão participando deste fórum.

Penso que cooperar é uma necessidade natural do homem. É da cooperação que surgem os grupos, entendidos como conjunto de pessoas que se organizam em torno de objetivos comuns. Portanto, a cooperação deveria ser uma atividade natural em todo e qualquer processo educativo. Por meio dela fortalecemos nosso espírito de solidariedade, aprendemos a dividir conhecimentos, dúvidas e apreensões, construímos vínculos e experimentamos decepções que, muitas vezes, constituem grandes ensinamentos.
A competição na vida do homem tem origem no lúdico. A criança gosta de brincar competindo e isto pode ser saudável porque vem no rastro do querer saber aonde se pode chegar e como se superar. Admito, então, que competição e cooperação são duas práticas que têm lugar especial na vida do homem. A competição, no entanto, desde os primórdios da história do homem, se desvirtuou e um exemplo do 'mau caminho da competição' está nas lutas travadas entre os gladiadores de Roma antiga.
Parece-me, então, que a idéia de competição carrega em si os descaminhos de suas práticas que colocam homens contra homens, ceifando a espontânea vontade de cooperar que organiza a atividade humana.
Acredito que competir, em inúmeras situações, é muito difícil, pois exige que os competidores se autoavaliem e percebam coisas que não gostam de ver.
Como educadores, precisamos trabalhar cooperação e competição, fazendo com que sejam práticas que nos tornem mais humanos.
Grande abraço para todos.
Lúcia Vilarinho
Em resposta à Usuário excluído

Re: Gosto especialmente do termo "provocar" para definir a mediação docente.

por Usuário excluído -
Lucia, gostei de sua intervenção lembrando a origem do lúdico na criança e a possibilidade de trabalhar a colaboração e a competição.
Buscando caminhar nas questões propostas no forum, a reflexão sobre a que propósitos deve servir a colaboração em cursos online nos leva a uma análise das possibilidades de orientar nossas ações para a colaboração e pensar que propósitos podem ser buscados nesse sentido...
Creio que podemos pensar que temos em nosso curso tentado a colaboração entre os participantes, procurando "provocar" a participação de todos, mostrando que mesmo a distância somos impelidos a estar junto, nem sempre concordando, porém mesmo discordando as provocações têm sido produtivas de novas reflexões.
O texto proposto aponta para os novos modelos de organização da produção e questiona sobre o que a educação tem com isso? É uma boa provocação ...
O que pensam desse questionamento? Lina