Metodologia? Paradigma? Procedimentos?

Boas Vindas e Mensagem da Socorro

Boas Vindas e Mensagem da Socorro

por Usuário excluído -
Número de respostas: 8

Oi colegas!sorriso

A mediaçaõ pedagógica foi uma das categorias que emergiram na minha pesquisa sobre os saberes docentes. Trago aqui a contribuição de alguns autores do cenário educacional, para enriquecer nosso debate.

Fontana (2005), ao discutir sobre a temática da mediação pedagógica apoiada nas idéias de Vygotsky, afirma que os conceitos espontâneos e os conceitos sistematizados estão em constante articulação e transformação. Para ela, diante de um conceito sistematizado desconhecido, o sujeito passa a significá-lo aproximando-o de outros signos já conhecidos e internalizados. Em relação aos conceitos espontâneos, a autora destaca que estes podem favorecer a aproximação ao conceito sistematizado, criando uma série de estruturas fundamentais para a evolução dos conceitos mais elementares. É nesse cenário, que a mediação docente torna-se fundamental, ao promover situações de aprendizagem que favoreçam o desenvolvimento de novas habilidades.

Maheu (2000) assinala que a mediação, além de inserir-se no âmbito da prática pedagógica, tendo o professor como mediador, abrange também a dimensão sociopolítica, num mundo que reclama por transformações e justiça social. Neste contexto o professor, na sua arte de ensinar, media essas relações mais amplas, assim como as relações que se fazem presentes no cotidiano do magistério, naquilo que tem de mais essencial: a relação entre os alunos e os objetos de conhecimento.

 Para essa autora, a mediação do professor deverá incluir três aspectos fundamentais: o domínio do saber, o saber didático (que organiza e possibilita a aprendizagem) e o saber sensível e lúdico, que faz do educador para além do sujeito político que é, um artista, um criador.

Na educação online essa preocupação com a mediação se torna mais evidente, pois a separação física educador – educando vem exigindo novos arranjos pedagógicas com a utilização das tecnologias da informação e comunicação, que não mais se baseiam em contatos pessoais em sala de aula, mas em atividades docentes indiretas, pautadas nas tecnologias da informação e da comunicação, através de e-mail, chat, fórum etc, num diálogo permanente, na troca de experiências, na orientação das dificuldades individuais dos alunos, bem como na construção de situações problemas e desafios que suscitem a discussão do grupo, tendo como foco principal as diversas interfaces envolvidas.

Agora questiono: Será que qualquer profissional pode ser um mediador? Será que a terminologia "tutor" não vem desprofissionalizar o nosso papel de profissionais da educação?

Socorro Cabral

Em resposta à Usuário excluído

Re: Boas Vindas e Mensagem da Socorro

por Usuário excluído -

Olá Socorro, bom começarmos com estas colocações e questionamentos.

Sua intervenção sobre mediação nos leva a repensar alguns pontos, tais como o tempo que dedicamos àos cursos online (que é tão diferente do tempo que dedicamos para um curso presencial), o que é mediação, quem pode mediar, domínios didático-pedagógicos e outros.

Gostaria de colocar como resposta as suas duas questões no final de sua mensagem aquilo que venho estudando, lendo e elaborando.

1) Qualquer profissional pode ser um mediador?

Creio que sim, mas para isso precisa de uma capacitação que habilite ao entendimento metodológico. Apesar de sermos seres propícios a interação, necessitados de contato, mediar está na nossa contextualização histórica, mas mesmo assim precisamos nos apropriar daquilo que os estudos da didática nos oferecem como ferramentas para a construção (e reconstrução) do conhecimento.

2) Será que a terminologia "tutor"não vem desprofissionalizar o nosso papel de profissionais da educação?

Socorro, o problema não está na terminologia, mas está (1) numa falta de entendimento de quem é este "personagem" no contexto da EAD, (2) na falta de uma legislação que indique - concretamente - qual deve ser o papel do tutor, (3) desvalorização salarial (lei de bolsas)...

Bem... vamos continuar pensando sobre isso...

Em resposta à Usuário excluído

Re: Boas Vindas e Mensagem da Socorro

por Socorro Cabral -
Olá pessoal sorriso,

A discussão sobre mediação em EAD é muito instigante. Para mediar, precisamos possibilitar o avanço do alunos da sua zona de desenvolvimento real, para a zona de desenvolvmento potencial. Nossa ação encontra-se justamente na zona de desenvlvimento proximal. O agir nessa perspectiva, requer do docente além dos saberes disciplinares, os saberes didáticos e os saberes da experiência. O que tenho percebido em muitos cursos online, é que muitas vezes os tutores nem os saberes de sua área de conhecimento possuem. Daí a grande lacuna em muitos processos formativos. Precisamos investir pesado em Formação de Professores nessa área. As Universidades tem um grande desafio.

Socorro Cabral
Em resposta à Socorro Cabral

Re: Boas Vindas e Mensagem da Socorro

por Usuário excluído -

Olá Socorro

Concordo plenamente contigo. Pesquiso sobre cursos de formação de professores em matemática a distância   e nestes cursos pouquissimo se discute sobre a prática em sala de aula, sobre as experiências vivenciadas nos estágios, etc.

Bjs

Silvia Viel  

Em resposta à Usuário excluído

Re: Boas Vindas e Mensagem da Socorro

por Usuário excluído -
Caros colegas, aproveito para agradecer à equipe da Unesp pelo módulo cujo tema é de extrema relevância para todos os envolvidos com educação online.
A questão sobre mediação e tutoria me interessa muito, especialmente por estarmos, na UFJF, trabalhando com a UAB.
O modelo apresentado pelo MEC (UAB) atribui ao tutor (acredito que há uma carga - simbólica - nesse termo que se indica a visão de educação esperada/desejada) o papel de generalista, uma vez que ele é responsável pelas mediações por número de alunos e não por área do conhecimento, o que faz com que estes profissionais tenham que mediar em todas as áreas.
Nessa direção, os aspectos trazidos aqui (condições de trabalho, salário, conhecimento específico, mediação - não somente tecnológica etc) representam a superação (grande desafio) de um processo de "barateamento" dos cursos a distância.
Na UFJF temos buscado alguns caminhos para lidar com essa situação:
1) todos os professores do curso são da UFJF
2) os tutores medeiam por disciplina ( e não por numenro de alunos) e, portanto, são selecionados (por edital) considerando sua área de aderência
3) há reuniões: semanais entre professores e tutores, de coordenadores, quinzenais: coordenação e professores e mensais (presenciais) coordenação e tutores.
4) Temos um processo de formação continuada (online) com tutores (a distância e presenciais).
Bem, mas sabemos que todas essas medidas - que visam a qualidade do curso, ainda não são suficientes... há muito a fazer, especialmente no que se refere às condições salariais e trabalho do tutor, bem como desenho diático etc...
Bjs
Dri
Em resposta à Usuário excluído

Re: Boas Vindas e Mensagem da Socorro

por Usuário excluído -

Prezada Adriana, Prezado José Rosa e colegas,

Como já disse vamos ter um texto tratando um pouco sobre a questão de tutor, mas talvez a Silvia ou a Paula queiram por uma parte já aqui.. visto que o debate emergiu!

Eu concordo que a expressão tutor veio como uma forma de "desprofissionalizar" o professor. Notem o tutor da UAB não ganha nem o piso salarial proposto pelo mesmo governo para o ensino fundamental e médio! E nem tem direitos!!

Sobre as questões operacionais, eu posso dizer que o curso de matemática do cederj, qeu exportou o modelo UAB, tem feito essa divisão por área também, como já colocou a Adriana, ainda mais que em matemática é quase impossível achar um tutor que possa dar apoio a álgebra linear, Cálculo, Análise e Topologia ao mesmo tempo.

De todo modo, esse movimento de precarização da tutoria, dá fôlego aos crítico, por príncípio de qualquer forma de EaD!

Grande abraço,

marcelo

Em resposta à Usuário excluído

Re: Boas Vindas e Mensagem da Socorro

por Jose Rosa -

Socorro, Fernando e demais amigos,

Entrando nesta discussão...

1) Qualquer profissional pode ser um mediador?

Em princípio concordo que qualquer profissional pode ser sim o mediador, desde que conheça bem o ferramental a ser utilizado e a metodologia, tenha conhecimento ‘mínimo’ do conteúdo, tenha tempo disponível bem além das atividades do curso em si, e tenha um bom nível de ‘sociabilização’.

2) Será que a terminologia "tutor"não vem desprofissionalizar o nosso papel de profissionais da educação?

Acredito também que não há este perigo e penso não ser um problema de terminologia. Entretanto o papel do tutor precisa ser mais bem caracterizado, inclusive legalmente. Muito pertinente à questão salarial colocada por Fernando. Muitas vezes esquecemos isso, que para mim é fundamental, como de resto em todos os outros setores da educação.

O tutor não necessita, na minha visão e experiência, ser um expert em todos os assuntos. O mais importante, até mesmo se compararmos com os profissionais do modo de aula convencional-presencial, é sua participação constante, não deixando nenhum questionamento sem resposta. Para isso ele pode, e deve, se apoderar e pesquisar as fontes que a própria cibercultura fornece, além das tradicionais.
Em resposta à Jose Rosa

Re: Boas Vindas e Mensagem da Socorro

por Usuário excluído -

Olá José Rosa

Baseada no que tenho lido e visto, falta ao tutor uma identidade profissional. Como o Marcelo coloca essa falta de reconhecimento como um profissional da educação acaba contribuindo para que tentemos aproxima-lo de outros profissionais (ou profissoes como o professor por exemplo),... o que acaba

não contribuindo....

Abraços

Silvia

Em resposta à Usuário excluído

Re: Boas Vindas e Mensagem da Socorro

por Edilane Carvalho Teles -
 Olá a todos,


Qual é a identidade do Tutor? “Como ser Tutor”, se este não é convidado para participar do processo de construção do curso, tampouco de uma avaliação sistemática? Em 2004, fui tutora em um projeto da FIAT (na escola de formação deles) em Turim, quando fiz o Master em Tecnologias e Comunicação Multimídia, por momentos, sentia-me em relação estreita com os participantes do curso, entretanto, quando as questões relacionavam-se ao curso em si, sentia-me uma “fazedora de tarefas”. Somos considerados de fato, sujeitos importantes no processo de formação? O que tenho observado, é que algumas instituições não pensam neste sujeito como alguém que irá contribuir com o processo de formação do outro e possivelmente, dependendo da interação, desencadear processos de mediação.

Este é um tema relevantíssimo a ser questionado, pois, o estudante de EAD, quer contar com este “profissional”, portanto seu papel deveria ser mais significativo.


Um abraço,

Edilane Carvalho Teles