Fórum "Desafios à docência online na cibercultura"

Ciberspaço: inteligência colectiva ou visão unilateral?

Re: Ciberspaço: inteligência colectiva ou visão unilateral?

por Usuário excluído -
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Caro colegas professores(as), boa noite.

Tendo lido as reflexões de todos vocês especialistas em educação e, considerando minha trajetória de formação (BsC em Engenharia, MsC Administração e Doutorando em Educação), tentarei dar um pequena colaboração iniciando com uma afirmativa do que é Edudcação sugerida por Richard Mitchell, obtida em uma leitura filosófica que venho fazendo sobre como Sócrates interpretava a vida.

" A mais ampla e simples definição da verdadeira educação que posso imaginar é a seguinte: trata-se de tudo aquilo que está ausente nas vidas daqueles que não estão trabalhando em seu próprio como viver (acho eu)." Richard Mitchell

Mantendo esta afirmativa guardada para breve e futuro resgate, recorro ao famoso diálogo Laques, conhecido como "Método de Perguntas de Sócrates" que tem como premissas:

                  - nossas palavras são o canal de nossos pensamentos;

                  - nossos conceitos impulsionam nosso pensamento;

                  - nossas idéias modelam nossos atos.

1- Escolha uma afirmação amplamente considerada óbvia ou inquestionável:

" Penso que será preciso mais do que inclusão digital. Será preciso inclusão cibercultural. Isto é, será preciso não apenas habilidade com o computador, com a internet e com a mobilidade. Será preciso familiaridade com o estar-junto online, como o compartilhamento online, com a interatividade, com a rede de participações colaborativas, com o que André Lemos chama de “liberação do pólo da emissão”, com o que Pierre Lévy chama de “inteligência coletiva”. "  Prof. Marco Silva

"A formação do professor na cibercultura precisará enfrentar a cultura analógica e livresca do professor, baseada na separação da emissão e da recepção e na distribuição de informação no modelo "um-todos". Precisará abraçar e dialogar com essa cultura cristalizada na escola e na universidade. Nesse clima de proximidade e de motivação poderá então convidá-lo à dinâmica da interlocução, da interatividade ou da intersubjetivdiade cibercultural." Prof. Marco Silva

OBS: Quebrando o protocolo escolhi duas excelentes afirmativas para testar o método de Sócrates, pois concordo com ambas em grande parte.

2-Agora trate essa afirmação como se fosse falsa. Procure situações nas quais ela não de verifica verdadeira:

Admito estar pensando de forma muito abrangente em todos os locais de nosso querido país, ao iniciar tal tentativa de resposta à provacação Socrática. No entanto entendo que precisamos pensar a educação "... como tudo aquilo que está ausente nas vidas daqueles que não estão trabalhando em seu próprio como viver." Caminhando por este percurso, fico a me perguntar, contxtualizado pela diversidade de nosso país, se deveríamos estar pensando em aspectos que me parecem comuns à enorme e, porque não dizer, esmagadora população brasileira, a exemplo de que eles mal sabem interpretar um texto ou desenvolver o mais simplório raciocínio lógico. Não estariam carecendo ainda de uma inclusão cibercultural e sim, como já mencionado, de uma inclusão social. 

Este incômodo me faz pensar em: O que eles precisam é efetivamente a inclusão digital ou estamos com um olhar contaminado pelos poucos incluidos que somos? Se verdadeira for a afirmativa, mais do que inclusão digital e cibercultural, precisamos persistir essencialmente em uma inclusão social elementar, a exemplo do que Maslow considerou como as necessidades secundárias (sociais e de estima). 

Sem este pré-requisito, todo nosso esforço fica limitado a uma pequeníssima parcela da sociedade considerada como incluida. Pensar assim é um começo sem dúvida. Egoísta talvez. Mas porque não incluirmos esta maior parte da população na reflexão, de forma a acelerarmos o desenvolvimento de nosso querido país? É certo que a Universidade Aberta do Brasil é um passo nesta direção do todo - inclusão social dos que podem ingressar em uma universidade. Mas há muito mais do que esta perspectiva a ser resolvida prioritariamente que é  o ensino fundamental. Estamos com esta consciência na equipe? Se sim que maravilha! Caso contrário, o que acham de envolvê-la nas dicussões de formaq explícita?

  3-Segundo Sócrates, uma simples reflexão contrária à afirmativa, é suficiente para que a repensemos, talvez em outro contexto, ou mesmo delimitado claramente por um. (palavras do autor).

 4- Sendo assim, ainda segundo Sócrates, "parece evidente que a afirmação original deve ser alterada para comportar tais exceções."

Por fim, deixo aqui minha inquietude enquanto estudante de educação, quanto ao foco, a prioridade, a estratégia, ao orçamento, a metodologia de implantação, a vontade política, de processos educacionais adequados, pertinentes e acessíveis no curtíssimo prazo à maioria esmagadora de nossa sociedade. Como nos provoca Stephen Kanitz, precisamos de iniciativas sim como esta que pensam o futuro, mas fundamentalmente acabativas para que o presente seja o percurso para alcançamor o futuro desejado.

Espero que de alguma forma tenha trazido um novo ângulo de pensar a cibercultura, quando contextualizada com nossa atual realidade.

Abraços fraternos a todos.

Renê Pimentel.