Fórum "Desafios à docência online na cibercultura"

SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Marco Silva -
Número de respostas: 37
Vocês estão convidados conhecer o Livro "Conteúdos sobre cibercultura". Façam leitura livre dos seus conteúdos e se posicionem a repeito neste Fórum.
Em resposta à Marco Silva

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Usuário excluído -

Muito interessante o livro "Conteúdos sobre Cibercultura" e seus rspectivos textos e, por essa razão,  gostaria de fazer alguns breves comentários<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

A cibercultura emerge com o ciberespaço constituído por novas formas sociais e  práticas comunicacionais.( Lemos, 2002). O referido autor  aborda  a emergência da comunicação sem fio, esclarecendo  que  a cibercultura  “solta as amarras e desenvolve-se de forma onipresente, fazendo com que não seja mais o usuário que se desloca até a rede, mas a rede que passa a envolver os usuários e os objetos numa conexão generalizada” Nesse sentido a mobilidade se configura como a principal característica do ciberespaço. Dessa forma segundo André Lemos “ o ponto central da argüição de Meyrowitz é que o mundo atual, marcado pelas tecnologias móveis e pelas diversas formas de flexibilidade social, está colocando a cultura contemporânea numa forma de organização social mais fluida, com papéis menos rígidos e lugares sociais intercambiáveis que se aproxima em muito da forma social dos primeiros agrupamentos humanos.

 

Em resposta à Usuário excluído

Sobre cibercultura

por Edmea Santos -

boca aberta Olá Olívia! Olá pessoal!

Na primeira semana estive um pouco off. Me apresentei e sumi. Agora estou de volta. Entrei neste fórum e só encontrei a Olívia com uma bela provocação. Onde estão os outros colegas? Cadê a equipe do Minho?

Bem, vamos ao debate...

Olívia, na verdade o tema da mobilidade é anterior a cibercultura. Começa na "cultura das mídias" com a possibilidade de levarmos a música conosco. Lembra do walkman? Quando fiz 15 anos ganhei um dos meus pais. Foi um dos presentes mais desejados...Pessoal, não tem muito tempo viu? piscando Hoje o conceito de mobilidade se destaca na cibercultura por causa da convergência de mídias com a internet (celulares, computadores de mão, móveis...).

 A cultura das mídias segunda a Santaella  é o movimento cultural que emerge a partir do momento que a sociedade de apropria das mídias audiovisuais e se torna autora de novos sentidos e significados. Um exemplo disso é a nossa apropriação do videcasete com a tv,  do walkman, da filmadora,  depois do dvd, do computador off line (sem internet). De posse desses meios nós cidadãos comuns começamos a produzir conteúdos midiáticos. Esta autoria não era possível na era da "mídia de massa". Na mídia de massa nós somos receptores, ou seja, consumidores dos conteúdos distribuidos pelas agências de notícias centralizadas nas classes hegemônicas.

Da mídia de massa passamos para a cultura das mídias e agora com as tecnologias digitais estamos na cibercultura. Um nova mídia sempre provoca uma mudança cultural. Um nova cultura numa morre quando outra aparece. Hoje convivemos com todas as mídias e suas expressões culturais.

A cibercultura se caracteriza pela produção cultural com as tics no âmbito do ciberespaço (internet habitada pelos grupos humanos) e das cidades. Podemos jogar na rede e ir as lanhouses. Podemos ouvir música na rede e ir a rave. Este movimento começa com a penetração do digital em nossas vidas, mas especificamente do computador conectado a intenet. Muita coisa já rolou...Num primeiro momento, a internet foi um grande repósitório digital com comunicação via correio eletrônico, lista de discussão. Depois com a emergência da Web 2.0 temos as interfaces interativas, os softwares sociais e os ambientes online. Agora convimemos com tudo isso e com o desafio e as possibilidades da mobilidade.

Com a mobilidade nosso corpo não fica mais preso ao desktop, "fazendo com que não seja mais o usuário que se desloca até a rede" . Com a convergência das mídias e a mobilidade temos: corpo , mente e rede em sintonia. Como então lançar mão disso tudo na educação?

Convido os colegas para o debate!

Beijos Olívia. Saudades de você.

[]s pessoal!

méa

Em resposta à Edmea Santos

Re: Sobre cibercultura

por Socorro Cabral -

Oi pessoal,

A provocação de Méa me faz pensar sobre o potencial da cibercultura na educação, e de como nós podemos transitar de uma educação tão bancária para uma educação 2.0, onde a colaboração, a interatividade e a virtualização se tornam práticas emergentes. Só que essa transição não acontece de um dia para outro, ela requer imersão e vivência no contexto digital, e necessita principalmente de propostas de educação continuada onde os sujeitos possam construir "saberes ciberculturais" no dialógo com os parceiros, refletindo sobre todo esse potencial nas práticas pedagógicas.

O que mais os colegas poderiam agregar a essas reflexões?

beijos,

Socorro

Em resposta à Edmea Santos

Re: Sobre cibercultura

por Usuário excluído -
Méa, brilhantes ponderações: densas e provocativas. Quero destacar um parágrafo seu:
"Da mídia de massa passamos para a cultura das mídias e agora com as tecnologias digitais estamos na cibercultura. Um nova mídia sempre provoca uma mudança cultural. Um nova cultura nunca morre quando outra aparece. Hoje convivemos com todas as mídias e suas expressões culturais".

É interessante pensarmos na dialética relação que se estabelece entre a constituição das identidades individuais e sociais e os signos que permeiam os indivíduos e sociedades. Nesta relação dialética, humano e seus signos se interatuam, em espiral.

Colegas, pensando na educação, ao menos em boa parte do contexto brasileiro, tudo isso parece passar ao largo dos cursos de formação de educadores. Lançar mão de todos estes recursos na educação, como provoca nossa colega Méa, requer complexas ações de formação continuada dos professores atuantes no ensino superior.

[ ]
Lucila
Em resposta à Usuário excluído

Re: Sobre cibercultura

por Usuário excluído -
Olá a Todos,

Lucila tocou num ponto que muito me inquieta: a formação continuada do docente superior. Neste sentido, concordo com a abordagem de Maria Isabel Cunha quando fala da necessidade de mudança de um paradigma reprodutivo e baseado em um saber pronto, fechado, para um outro paradigma onde o conhecimento se reconstrói a cada momento a partir de uma postura crítica e dialógica de docentes e discentes. A autora não aborda aspectos da cibercultura, mas traz uma argumentação perfeitamente condizente com os pressupostos que temos citado e discutido aqui.

Na minha opinião, o docente, na maioria das vezes, repete no online sua postura reprodutiva baseada na transmissão do conhecimento. Por isso me pergunto se a mudança não deve partir da reflexão sobre a docência no presencial, trazendo a discussão da cibercultura como potencializadora de novas práticas educativas.

abs,
Nicia
Em resposta à Usuário excluído

Re: Sobre cibercultura

por Usuário excluído -
Nicia  e demais colegas, com certeza a problemática da formação continuada do docente do ensino superior vai muito além da docência online, em sentido restrito, e se ancora em questões mais amplas e abrangentes da docência.

Nesse sentido, situar a cibercultura como potencializadora de novas práticas educativas talvez seja um caminho possível, desde que estejamos atentos para alguns encaminhamentos, para que estes docentes não interpretem as ações de formação como algo ocorrente na esfera meramente técnica. Nessa perspectiva, gosto muito dos estudos de Helena Simões (Aveiro) sobre as "Dimensões pessoal e profissional na formação de professores" (Cidine, 1995). De acordo com o estudo, a dimensão pessoal abarca pelo desenvolvimento do ego, da cognição e do auto-conhecimento. Já a dimensão profissional abarca a competência educativa, a identidade profissional e as representações sociais. Penso que os programas de formação continuada de docentes atuantes no ensino superior propostos a quebrar tabus, romper alguns entendimentos e avançar para outros com certeza precisam envolver ambas as dimensões - pessoal e profissional - para que as ações de formação de fato ecoem nas subjetividades destes profissionais da educação.
Abç
Lucila Pesce
  
Em resposta à Usuário excluído

Re: Sobre cibercultura

por Usuário excluído -

Olá colegas,<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

Antes de partilhar minhas inquietações (alimentadíssimas e fortificadas pelas provocações e pontuações de vcs), quero agradecer por estar aqui, participando desse grande grupo de pesquisadores. Obrigada especialmente a Marco e colegas do TIDD.

Quero ainda revelar o quanto me é agradável ler os parceiros e ouvir-lhes a voz... Efetivamente aqui me percebo ouvindo o tom da escrita, não apenas no sentido interpretativo ou de "ler nas entrelinhas", mas pelo auditivo... Ouço a voz de cada um (o sotaque, o som da Méa, Marco, Lucila, Nicia...) e daqueles que ainda não tive oportunidade de ouvir a “real”, crio sons e personalizo-as... Boa sensação. Bem, passei a tarde com vcs e tive gratas surpresas.

Bem, sobre as contribuições das colegas, acho essencial atentarmos ao movimento que Mea, Lucila e Nicia promovem no sentido da não cisão, da não fragmentação dos processos pessoal e profissional, do online e do presencial, do corpo e mente etc. Dicotomizar seria, no minimo, um contrasenso diante da cibercultura...

Penso que a formação docente para a educação online (educação de hoje em sua complexidade) que desconsidera que estamos imersos e somos ciberculturais (mesmo sabendo das exclusões), pois entendo que as transformações não se dão simplesmente no ciberespaço mas nas pessoas e elas estão no mundo, não é para mim um processo de formação docente de fato, pois exclui os envolvidos do lugar em que efetivamente pertencem: ao mundo de agora, deste tempo e deste espaço. Talvez seja essa uma das revoluções contínuas a que Alex Primo alerta em sua entrevista.

Bjs

Dri

Em resposta à Usuário excluído

Re: Sobre cibercultura

por Usuário excluído -

Colegas,

Adorei essa parte da discussão, e como é minha "praia" não poderia de dar minha contribuição em nesse sentido.  Falar de formação de professores, é sempre muito bom, doloroso e complexo, uma vez que estamos falando de sujeitos inseridos num contexto da profissionalização e, que em muitas vezes, não se dão conta desse aspecto (a profissionalização docente). 

Nesse sentido, penso que falar de novas práticas educativas é falar de novas aprendizagens e ensinagens docentes, é refletirmos um pouco mais sobre o nosso papel nessa cibercultura, é tentarmos nos compreender como seres ciberculturais (o que é muito difícil ás vezes) esse seria o caminho inicial, resgatando as dimensões pessoal e profissional, como afirma Lucila.

Esse seria um bom ponto de partida para que possamos repensar nossa prática pedagógica, independente de espaços, pois acredito que a comunicação, a interação, a mediação, a dialogicidade devem estar presentes em qualquer espaço educativo, uma vez que o papel da educação é contribuir para que os sujeitos possam pensar, elaborar e reelaborar conhecimentos/situações/vivências de forma mais crítica, na busca da construção de uma sociedade melhor e de pessoas melhores, cidadãs.  Por isso, que acredito que levar os espaços on line para as salas de aula presencial de uma forma pensada, planejada já é um bom começo para se refletir e constituir um diferente processo de formação docente partindo dos próprios docentes.

Meus alunos sempre dizem que fazer parte de um espaço de aprendizagem on line apresentam possibilidades que nem eles sabiam que existiam, uma vez que superam suas fragilidades teóricas, pedagógicas e práticas, conversando, trocando, vivendo experiências com o outro.  Acho que é isso que devemos vivenciar.

Em resposta à Usuário excluído

Re: Sobre cibercultura

por Usuário excluído -

Olá Mary

vc nos traz um depoimento muito significativo para os desafios da docência online na cibercultura, pois falar de professores significa falar de nós mesmos e de nossa prática, pois o discurso acadêmico sem sujeito não traduz sentido algum sobre a inteireza do ser professor.

Em resposta à Usuário excluído

Re: Sobre cibercultura

por Usuário excluído -

Méa, Lucila, Socorro e demais amigos...

Ainda bem que vamos desapegando o termo cibercultura daquela visão estereotipada de "cultura dos que são fanáticos e fixados na Internet". A visão de Pierre Lévy da "universalidade sem totalidade", da ligação e da produção de sentido universais incluindo a diversidade de sentidos, dá um novo alento a este conceito.

A cibercultura gera, necessariamente, novos modos de relação, conhecimento e aprendizagem que a Educação não pode desprezar.

Além disso, o que já existe ganha incrível complexidade e isto "assusta" o conservadorismo de que a Educação padece.

Embora tenha alguma discordância em relação a Lévy, principalmente no que diz respeito ao seu excessivo otimismo e certo idealismo, reconheço que ele dá respostas certeiras às quatro principais críticas feitas à cibercultura: a de que ela amplia exclusão e as desigualdades, a de que ela é caótica em sua essência, a de que ela ameaça as culturas estabelecidas e consolidadas e a última (esta com enorme força corporativa e xenófoba), e a de que provoca a ruptura dos valores fundadores da modernidade européia.

É a cibercultura uma manifestação do que Lévy chama de inteligência coletiva:

“a inteligência coletiva não é um conceito exclusivamente cognitivo.

Inteligência deve ser compreendida aqui como na expressão ‘trabalhar em

comum acordo’ ... Trata-se de uma abordagem de caráter bem geral da vida

em sociedade e de seu possível futuro. ... Essa visão de futuro organiza-se

em torno de dois eixos complementares: o da renovação do laço social por

intermédio do conhecimento e o da inteligência coletiva propriamente dita”.

(LÉVY, 2000, p. 26).

Abraço carinhoso para todos.

Em resposta à Usuário excluído

Re: Sobre cibercultura

por Edmea Santos -

Olá ELô! Olá pessoal!

Concordo quando você destaca que "Ainda bem que vamos desapegando o termo cibercultura daquela visão estereotipada de "cultura dos que são fanáticos e fixados na Internet". Contudo, o povo ciber vive mesmo fixado na internet. Estas pessoas não vivem sem internet. A internet é extensão da mente, das relações sociais e agora com a mobilidade da rede , também do corpo.

Na ocasião da minha pesquisa de doutorado andei interagindo mais de perto pela rede com algumas tripos da cibercultura. O povo da música eletrônica, das lanhouses, do jornalismo digital não vivem sem rede. A rede é parte integrante dessas pessoas.

  • Como vocês percebem isso no cotidiano de vocês?
  • Grupo do Minho como vocês percebem isso ai em PT? Já é algo transparente? 

Ai vocês estão conectados mesmo. Lembro bem das cenas na Universidade do Minho na ocasião do Challenges 2007. No auditório das conferências, no pátio, na rua e em todos os lugares da cidade as pessoas com seu laptops. Fiquei impressionada com isso.

Espero um dia podermos aqui no Rio de Janeiro e em outros cantos do Brasil aproveitar mais a mobilidade sem riscos a nossa integridade física...

[]s

méa

Em resposta à Usuário excluído

Re: Sobre cibercultura

por Usuário excluído -

O ciberespaço, constituído a partir de computadores interligados pela internet formando infovias que interligam todos a todos de forma bidirecional, quebra o paradigma da comunicação tradicional um para todos. O progresso nos programas e suas interfaces permitiram recursos interativos e a constituição de comunidades virtuais para os mais diversos fins entre eles, aqueles preocupados com o saber e a cultura. Desses grupos preocupados em discutir sobre assuntos de interesse em comum, emerge a inteligência coletiva onde o saber compartilhado é estimulado pela capacidade hipertextual do ambiente virtual e a navegação através de links interligados de forma não linear, dos quais emergem novos conhecimentos dando forma a cibercultura.

Para adentrar o ciberespaço é necessário o computador com acesso a internet em banda larga para que se possa usufruir de recursos como o vídeo digital. Já para participar da cibercultura é necessário também o domínio dos recursos disponíveis como a criação de blogs e comunidades. Além de ser autônomo, isto é, não ser refém de links de publicidade. Também se faz necessário desenvolver a capacidade autoral, permitindo sua contribuição ativa na cibercultura como agente participativo e não apenas um consumidor receptor como vemos nos meios de comunicação unidirecional.

Em resposta à Usuário excluído

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Jose Rosa -

Cara Olívia,

Muito interessante o que foi colocado no final do seu comentário sobre o retorno às origens... e me fez lembrar o texto "O Universal sem totalidade, essência da cybercultura, de Lévy:

"... o ciberespaço dissolve a pragmática de comunicação que, desde a invenção da escrita, havia conjuntado o universal e a totalidade. Com efeito, leva-nos de volta a essa situação anterior a escrita — porém, numa outra escala e em outra órbita — na medida em que a interconexão e o dinamismo em tempo real das memórias em linha faz os parceiros da comunicação partilharem novamente o mesmo contexto, o mesmo imenso hipertexto vivo. Qualquer que seja a mensagem abordada, ela está conectada com outras mensagens, com comentários, com gloses em constante evolução, com pessoas que se interessam por elas, com os fóruns onde são debatidas, aqui e agora. "

um abraço aprovo

Em resposta à Jose Rosa

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Auxiliadora Padilha -

Oi pessoal,

antes de tudo, quero dizer que sou uma entusiasta da cibercultura.;))

Entretanto, tenho algumas reflexões que talvez não sejam muito otimistas assim...

Fui professora no Ensino Fundamental de uma escola pública da rede municipal do Recife. Uma escolinha entranhada numa comunidade miserável e carente de tudo o que se possa imaginar. Principalmente carente de cidadania.

Mesmo ensinando há 8 anos no Ensino Superior convivo com a realidade de professores/as em formação para escolas que têm a mesma realidade da que eu ensinei ou senão, piores ainda.

Minha reflexão vai no sentido de que, muitas vezes, imersos que estamos em nossas pesquisas sobre cibercultura, cibercidadania, plataformas virtuais, etc., esquecemos de algo essencial e que é o oxigênio de nossa atuação enquanto formadores de professores: A escola real. Falamos que os professores não superaram o 'falar-ditar' das práticas tradicionais.

Os professores não são os responsáveis pela falta de atrativos na escola. Os recursos que chegam não possuem manutenção.

O modelo de memorização e reprodução precisa ser superado sim. Mas é difícil pensar em práticas diferentes com um currículo engessado e uma estrutura física inadequada para práticas mais construtivistas. A sala de aula é suja, quente, pequena, feia...

O professor até que quer mudar, mas, as vezes, precisa se adequar a uma estrutura e forma de ser na escola, se quiser sobreviver na mesma. Se a equipe pedagógica é retrógrada isso também vai atrapalhar a prática do professor que quer fazer diferente...

De que alunos estamos falando? Será que podemos mesmo falar em uma ‘geração digital’? Como vamos então nomear a enorme parcela da população que não usufrui das mesmas condições tecnológicas dessa geração?

A cibercultura pode modificar a prática mecanicista do professor? Sim, concordo. Mas o que é preponderante para esta mudança não são os recursos tecnológicos, mas a concepção do professor de ensino e aprendizagem, de homem e sociedade. E as condições não somente físicas, mas humanas (das relações mesmo), conceituais e, principalmente, políticas, da nossa classe profissonal.

Concordo que a cibercultura rompe com a cultura da transmissão em massa, mas isso em potencial, porque, na verdade, muita gente ainda utiliza a mídia digital de forma a transmitir e receber conteúdos, de forma acrítica e passiva. Será que podemos dizer que a estrutura do ciberespaço pode romper também com esta postura diante das tecnologias? A tal ‘ambiência informacional’ é adquirida automaticamente? Ainda acho que é preciso estimular tal postura.

Será que a não passividade que temos diante dos joystick, do controle remoto é automaticamente repassada para outras situações, como por exemplo, a aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes?

A superação do ‘falar-ditar’ não está diretamente relacionada ao uso das tecnologias na sala de aula. Participação coletiva, dialogicidade e interdisciplinaridade podem ser conseguidos sem nenhum recurso tecnológico avançado. Pode haver tudo isso apenas com um bom debate em sala de aula, na beira de um rio, ou embaixo de uma mangueira (como mesmo afirma o mestre Paulo Freire).

Bom, sou professora de Didática em curso de Pedagogia que forma, prioritariamente, professores para a escola pública. Debatemos a relação teoria-prática a partir das experiências vivenciadas em uma escola real. Estamos calejados, suados da caminhada árdua, mas não estamos desanimados! Só queremos entender melhor pra fazer O MELHOR!

Perdoem-me pela mensagem tão longa,

bjs

Em resposta à Auxiliadora Padilha

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Edmea Santos -

boca abertaOlá pessoal!

Olá Auxiliadora! sorriso

Dôra, posso te chamar assim?, Não precisa se desculpar pela longa mensagem. Ela é importante em todo seu conteúdo. A sua preocupação, inquietação e dilemas docentes são os meus também piscando. Suas questões são pertinentes e merecem um longo debate...Maravilha!

Desdobrando um pouco mais sobre a "cibercultura"...

A cibercultura não é a cultura "da resolução de todos os problemas" e nem "da igualdade, liberdade e freternidade". Os sujeitos da cibercultura são pessoas ou grupo-sujeitos que acessam o digital de forma autoral. Vejamos alguns fenômenos da cibercultura: movimento do software livre, música eletrônica, cibersexo, cibercidadania, jogos em rede, comunidades virtuais,teletrabalho, arte digital, jornalismo digital, educação online (não como "evolução da EAD tradicional).Os sujeitos que vivenciam este movimentos são os sujeitos que efetivamente produzem conhecimento e  fazem redes sociais. O perfil desse grupo é formado por pessoas jovens (nativos) ou mais velhas (imigrantes), geralmente urbanos e que também acessam os outros meios culturais como livros, mídia de massa em geral, teatro, cinema, artes ...

Infelizmente a cibercultura não é para todos e nem de todos. Este é um grande desafio. Quem não faz parte da cibercultura é o "excluído cibercultual" , segundo Marco Silva. Este conceito é mais amplo que "excluído digital". Marco, desdobre aqui este seu conceito...

 Aqui estão todas as pessoas citadas por você Auxiliadora. Muitos de nós professores deste país de dimensões continentais.As pessoas que usam o computador e a internet como mídia de massa não podem ser consideradas "da cibercultura".

Reparei bem que no mapa mental feito pelo Alex Primo ele coloca como problemas da cibercultura as seguintes noções subsunçoras: dependência, dominação e controle, vigilância e exploração, isolamento e sobrecarga cognitiva. É possível que alguns de nós já tenhamos estes problemas...Contudo, a maioria do povo brasileiro nem saiba sobre isso. Por quê? Não vivem a cibercultura como membros.

Concordo que não são as tics por si só responsáveis pelas mudanças sociotécnicas. Contudo, sem estas as mudanças não aconteceriam. As tics não determinam, mas condicionam.

Precisam pensar e efetivar projetos políticos e pedagógicos que garantam o acesso ao computador e a internet como instrumentos culturais de aprendizagem do nosso tempo. Isto envolve não só o acesso ao digital , mas sobretudo o acesso a formação e a cidadania.

Socorro, concordo plenamente com vc quendo coloca que precisamos fazer imersão na cibercultura para construírmos "saberes ciberculturais"...

    • Quais seriam este saberes Socorro?
    •  Pessoal, vamos mapear este saberes?
    • Vamos trazer para o debate o que entendemos por saberes ciberculturais para o docência seja este presencial, online ou a distância?

Grupo do Minho-PT, como vocês se posicionam frente a estas questões?

[]s

Méa

Em resposta à Edmea Santos

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Marco Silva -

Ok Méa, olá Auxiliadora!

O tema da inclusão cibercultural me interessa muito. Falei dele no link http://saladeaulainterativa.pro.br/moodle/mod/forum/discuss.php?d=582 em resposta à Lucila aqui mesmo nos fóruns do Módulo 1. Dôra, dê uma olhada lá.

bj, Marco

Em resposta à Marco Silva

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Auxiliadora Padilha -

Oi pessoal, Méa, Marco,

passei pelo link sobre inclusão cibercultural, já,já eu vou dar uns pitacos por lá, ok?

Sinto que a ferida dói quando tocamos nesses assuntos, heim?

Quanto à formação dos professores formadores, vejo (assim como vcs) que há ainda um enorme descompasso entre a integração de nossos alunos (graduação, mestrado, doutorado) com as TICs e os seus professores, acadêmicos renovados que, muitas vezes, não admintem que podem aprender com um aluno de graduação!

Em nossa universidade temos uma enorme dificuldade em convencer os professores a realizarem cursos de atualização docente. Já começamos, entretanto, a criar uma cultura de formação continuada, pelo menos com os acadêmicos de outras áreas (que não a de Educação)! É isso mesmo, os professores de Educação já acham que sabem de tudo ou têm uma enorme dificuldade de admitir que podem aprender com seus pares mais novos!!!

Vemos que os professores já se apropriaram das TICs para suas tarefas de pesquisa, comunicação e lazer, mas não para a docência da sala de aula. Muitas vezes o uso de um filme para ilustrar um conteúdo trabalhado em um texto é definido como inegração de tecnologias na sua sala de aula... Até os alunos já sabem que isso não contribui muita coisa para suas aprendizagens... Ou seja, há muito mais na exibição de um filme que uma simples constatação do que foi visto no papel ou na exposição do professor. É tipo: estão vendo o que eu falei???

E então nos perguntamos: até quando a academia mais tradicional ficará de fora da formação de uma inteligência coletiva que se forma através/nas redes? Será, também, que não estamos desvalorizando a contribuição destes nas comunidades presenciais as quais eles fazem parte e que nós também participamos e trazemos para as comunidades virtuais? Será que essa postura não faz parte de um movimento de transição natural, necessário e importante para a transição paradigmática que estamos vivendo?

bjs

Dora

Em resposta à Edmea Santos

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Usuário excluído -

Olá para todos.

Me perdoem o atraso, mas mesmo assim, segue minha opinião sobre cibercultura.

Falando em educação no momento, voltado as TICs, aos sujeitos deste processo não resta somente, a aquisição de conhecimentos operacionais a fim de aproveitar as possibilidades interativas. Com o impacto das novas tecnologias refletem-se inovações sobre a própria natureza do que é ciência, do que é conhecimento amplamente. Exige-se assim uma reflexão profunda de novas formas de ensinar e aprender sobre as concepções do saber. A apropriação e o uso dos conhecimentos e saberes disponíveis é proposta de forma integrada e permanente, inerente à própria maneira de ser do sujeito. (KESNKI, 1997)

Como citado por Kesnki (idem), estas mudanças exigem uma nova concepção do saber e das formas de aprender e ensinar, especialmente no Programa de Formação de Professores. Um dos eixos básicos deste saber deve ser o da apropriação, pelos educadores, dos avanços científicos do conhecimento humano que possam contribuir para a qualidade da escola que se deseja. Inovar não é criar do nada, dizia Freire (2000), mas ter a sabedoria de revistar o velho. Revistar sua prática para pensar a informática na escola é coerente com o sonho de fazer uma escola de qualidade para uma cidadania crítica. Isto implica, por sua vez, o conceito de escola cidadã, ou seja, o lugar de produção de conhecimento, de leitura e de escrita onde os computadores ou a rede de computadores constituirão elementos dinamizadores, favorecendo o funcionamento progressivo da instituição e da própria cidadania democrática, na perspectiva da inclusão digital.

Filomena

Em resposta à Edmea Santos

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Socorro Cabral -

Oi pessoal, olá Méa,

Refeltir sobre a questão dos saberes docentes no contexto da cibercultura tem sido meu investimento nos últimos 2 anos. Vivenciando e dialogando com os docentes do Curso de Tutores da UFBA, consegui mapear alguns saberes fundamentais ao docente online. São eles:<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

  • Saberes da mediação pedagógica - Nesse enfoque, o grande desafio do professor na mediação pedagógica em ambientes virtuais de aprendizagem e também fora dela, é dar conta do estilo digital de aprendizagem ou estilo interativo, passando a “disponibilizar ao aluno autoria, participação, manipulação, co-autoria e informações os mais variados possível, facilitando permutas, associações, formulações e modificações na mensagem” (SILVA, 2003, p.34)
  • Saberes interativos – Precisaríamos estar atentos às formas de interação desenvolvidas nos diferentes ambientes de aprendizagem, pois não basta enviar e receber mensagens, dar feedback e observar as dinâmicas individuais. O desafio posto aos sujeitos envolvidos é estarem abertos a processos recursivos onde as interações caracterizam-se principalmente por sua construção dinâmica, continua e contextualizada (PRIMO, 2007).
  • Propostas de colaboração -O trabalho colaborativo retrata um aspecto fundamental a ser desenvolvido nas propostas de educação online, pois contribuem para a construção conjunta do conhecimento, bem como dinamiza processos de bidirecionalidade, onde a comunicação é emissão conjunta da emissão e da recepção. Diante disso, desenvolve-se um processo de dialogicidade na qual professores e alunos vão tecendo a construção de novos conhecimentos que são reconstruídos a cada contribuição.

·        Processos virtualizantes -  O papel do professor nesse cenário seria o de um agente de virtualização na medida em que trabalharia na perspectiva da alteridade, pleiteando o acontecimento e as emergências e desenvolvendo assim, de forma criativa novas questões e atualizações num movimento contínuo do virtual para o atual e do atual para o virtual.

·              Saberes tecnológicos – Daí a importância de buscarmos superar as perspectivas de cursos instrumentais de informática formatados linearmente ,acreditando que estes possam dar conta da vivência plena da cultura tecnológica. Para Bonilla e Picaço (2005)a familiarização vai acontecendo na medida em que os sujeitos vão interagindo com esses recursos, “futucando” de acordo com seus interesses e necessidades. As autoras prosseguem ressaltando, que os programas de formação de professores que se baseiam na perspectiva linear do conhecimento, estão pautados numa imposição externa às vivências do sujeitos, definindo trajetos “melhores” e “mais rápidos”, tirando-os a possibilidade de construção de seu próprio caminho na construção do conhecimento.

 

Que outros saberes os colegas poderiam mapear?

 

Socorro Cabral - PPG - UFBA

Em resposta à Socorro Cabral

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Edmea Santos -

Olá Socorro!

Você trouxe alguns saberes mapeados por você em sua pesquisa. Estes saberes não estariam todos contemplados no conceito de interatividade? Afinal para fazermos interatividade tem qe fazer mediação, colaboração, hipertextualidade... Como você pensa esta questão?

[]s

méa

Em resposta à Edmea Santos

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Socorro Cabral -

Oi Méa, oi pessoal,

Esses saberes mapeados no contexto da minha pesquisa, por terem sido construídos no contexto da cibercultura, trazem sim como característica fundante a questão da interatividade. Entretanto, percebo que os saberes pedagógicos emergem também com muita força nesse cenário. É o caso da mediação, que tem como foco principal as "atitudes e comportamentos do docente atuando de forma ativa para que os alunos aprendam " (MASSETO, 2000). Os saberes tecnológicos também são fundamentais nesse processo, como já explicitei. Na verdade, a imagem que consegui capturar em relação a esse amalgama de saberes foi a do caleidoscópio. É como se eu tivesse conseguido tirar uma fotografia desse movimento. São saberes que estão num constante movimento e que são construídos em sintonia com o ambiente de trabalho. Bom, como esse trabalho se desenvolveu no contexto digital, e os docentes estavam imersos no contexto da cibercultura, inclusive vivenciando trajetórias formativas nesse cenário, é natural que emergissem os saberes interativos, hipertextuais, virtualizantes etc. Entretanto, percebi que os saberes pedagógicos também são fundamentais ao docente online.

Socorro Cabral

Em resposta à Auxiliadora Padilha

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Usuário excluído -

Oi Auxiliadora, oi todos,

A fala da Auxiliadora mexeu comigo. Compartilho com ela todas essas angústias.

Sou docente-multiplicadora do Nucleo de Tecnologia Educacional há dez anos e trabalho com a formaçao de professores da rede pública do ensino básico ao médio para uso das TIC na sua pratica pedagogica. Na verdade, não só faço a formação quanto o acompanhamento nas escolas. Hoje atuo na formação inicial de professores (graduação) e em cursos de pos-graduação.

No momento, desenvolvo projetos com a web 2.0 na educação, pautados nos princípios da cibercultura, desafiando o professor a romper com as práticas transmissivas e provocar as autorias. Estou tentando investigar como os ambientes colaborativos na web podem contribuir para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem, mais precisamente com as práticas de leitura e escrita. A minha preocupação parte de que nossos alunos estão chegando na universidade com grandes deficiências em relação a escrita, a interpretação de textos, com dificuldades e se autorizar. Mas, me deparo com esses entraves a que você se refere : falta de infra-estrutura tecnológica, apoio dos gestores, dificuldade em relação ao tempo disponível dos professores para a sua formação, falta de uma cultura digital, professores e alunos excluidos da cibercultura.

Dentre essas dificuldades, a que destacamos como maior entrave é a formação de professores, pois eles precisam adquirir saberes diferentes para mediar pedagogicamente atividades no ciberespaço, pois não podem simplesmente transpor para o online o que costumam fazer no presencial. Apesar de ambos se tratar de educação, ainda assim há suas especificidades, visto que nessa ambiência não há a presença física. Em relação a falta de infra-estrutura nas escolas, estamos incentivando o uso de Lan Houses e infocentros.Quanto aos gestores, procuramos inseri-los nos processos formativos, promovendo momentos de sensibilização, oferecendo-lhes mini-curso, oficinas.

Apesar das dificuldades, também continuo firme e fico feliz que consegui me tornar membro dessa comunidade que compartilha as mesmas inquietações. Juntos podemos buscar alternativas de mudança.

 

Em resposta à Marco Silva

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Fábio Kalil de Souza -

Olá pessoal!

Primeiramente parabenizo a equipe responsável pelo módulo. Vários pontos me chamaram a atenção, em especial a reflexão de Marco que foi, para mim, muito pertinente e sugestiva de mudanças. Ainda sobre o módulo, segue, com  a anuência da equipe,  duas brevíssimas recomendações para a revisão final: (a) façam uso de outras linguagens (audiovisuais, imagéticas etc.) além da escrita, pois, como se sabe, pode tornar a leitura mais lúdica e cativante e (b) insiram um glossário, visto que termos como “redes hipertextuais” e “teleintraintera...” podem obstaculizar uma leitura mais fluente, se considerarmos que nem todos os cursistas estão familiarizados com termos e linguagens específicos da cibercultura.

Quanto ao conteúdo e já posicionando-me, o comentário que se segue é apenas parte de minhas análises sobre comunicação em educação, agora articulada com cibercultura.

É consensual em todas as esferas da atuação humana o fato de ser a comunicação um processo imprescindível nas relações sociais. Comunicar-se é, sobretudo, uma necessidade intrínseca à espécie homo inteligence (homem racional), porque é pela comunicação que o homem se relaciona consigo e com o meio exterior, e ao intra e interrelacionar-se ele compreende -com mais abrangência- seu papel tanto no micro campo existencial (família), quanto no macro (sociedade). A comunicação, portanto, é decisiva para o desenvolvimento do homem tanto na prática de um autodiálogo (conversa consigo, essencial para um saudável amadurecimento psicológico), quanto nas interações sociais, sendo, por extensão, decisiva em processos educacionais, seja em sala de aula seja na gestão dos processos escolares mais amplos. Serpa (2000) reforça esse fato declarando que a educação “é uma relação entre sujeitos”, e não há relação humana, obviamente, sem comunicação.

Como um “espaço” que permite um grande fluxo de possibilidades de comunicação (e aprendizagem), a cibercutura pode contribuir para “reinventar” a sala de aula sim, mas a depender, claro, da “apropriação” que dela se faça, ou seja, a depender da ação dos sujeitos que nela se inserem, especialmente o docente. É interessante perceber a dificuldade de muitos estudantes, inclusive nas universidades, de se pronunciarem, de falarem o que pensam e como percebem determinado assunto ou fato. Não raras vezes eles se sentem inibidos...e se calam. Trata-se de uma timidez que pode ser em parte justificada pela lógica comunicacional do ensino clássico/tradicional (um-todos) experimentado durante suas histórias de vida escolar, nas quais seus professores -com devidas exceções- falavam, e eles, enfileirados, ouviam “passivamente”. Estavam mais acostumados a ouvir do que a falar. Experiências distintas das nossas?  Contrapondo-se a esse tipo de ensino, Freire (1996) nos alerta: "ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para sua construção".

Nessa perspectiva, para driblar essa dificuldade discente, professores “plugados” nas potencialidades do ciberespaço adotam o Second Life, popularmente conhecido como AVATAR, como estratégia para facilitar a interatividade. Atuar na cibercultura significa, potanto, romper com essa lógica de transmissão unidirecional de informações, o que parece estar acontecendo paulatinamente nos últimos anos. No exemplo apresentado, evidencia-se que trabalhar pedagogicamente na cibercultura requer, entre outros processos, comunicação interativa e criatividade.

Até mais!

Fábio Kalil

Em resposta à Fábio Kalil de Souza

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Marco Silva -

Ok Fábio

Concordo com suas sugestões. Vc diz:

(a) façam uso de outras linguagens (audiovisuais, imagéticas etc.) além da escrita, pois, como se sabe, pode tornar a leitura mais lúdica e cativante e

(b) insiram um glossário, visto que termos como “redes hipertextuais” e “teleintraintera...” podem obstaculizar uma leitura mais fluente.

Repasso sua proposta a todos os PPGs, para que "turbinem" o desenho didático dos seus módulos.

Eu defendo um desenho didático capaz de arquitetar percursos hipertextuais. Exs.:

  1. <?xml:namespace prefix = st2 />articular o percurso da aprendizagem em caminhos diferentes, interdisciplinares em teias, em vários atalhos, reconectáveis a qualquer instante por mecanismos de associação;
  2. explorar as vantagens do hipertexto: <?xml:namespace prefix = st3 />disponibilizar os dados de conhecimento exuberantemente conectados e em múltiplas camadas ligadas a pontos que facilitem o acesso e o cruzamento de informações e de participações;
  3. implementar no roteiro do curso diferentes desenhos e múltiplas combinações de linguagens e recursos educacionais retirados do universo cultural do estudante e atento aos seus eixos de interesse;
  4. utilizar diversas formas de narrativas: textuais (textos acadêmicos, jornalísticos, história em quadrinhos, textos literários, relatos, histórias de vida); imagéticos (fotografia, charge, animação, mapa, gráfico, vídeo, filme, gravuras) e sonoros (música, audioconferência, podcasting); multimídia (games, simulação, slideshow, www).

Há mais, mas por hora fico por aqui.

Abraço, Marco 

Em resposta à Marco Silva

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Fábio Kalil de Souza -

isso mesmo, Marco, e desde já agradeço por ampliar minhas sugestões. Seu "toque doutoral" foi tão oportuno quanto necessário! Ajudou-me inclusive para amadurecer meu objeto de estudo, acredite. Sua intervenção certamente ajudará as demais equipes.

Abraço, Kalil

Em resposta à Marco Silva

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Usuário excluído -

Olá Pessoal,

Penso que nesses tempos da cibercultura temos sim que ampliar nossas práticas para o uso das várias mídias, ou melhor, concordando com Kalil e com a sugestão de Marco, precisamos fazer uso de "outras linguagens" e buscar significar a prática de forma contextualizada e significativa para todos, na coletividade.

Nesse sentido, busco ajuda de Méa quando apresentou os esclarecimentos sobre a mobilidade e, nesse contexto contemporâneo, não podemos deixar de planejar e usar as diversas linguagens, as diversas mídias, no sentido de atender a necessidade da convergência e da possibilidade de construção coletiva na rede.

Penso que podemos sim, trabalhar com a "diversidade midiática" e usar o hipertexto como referência nessa construção cibercultural.  O uso das diversas formas de narrativas no hipertexto nos dão possibilidades infinitas de construção.

Acredito que todos estarão disponíveis a efetivar as tentativas na construção do desenho didático de seus módulos.

Mary

Em resposta à Usuário excluído

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Usuário excluído -

Olá a todos!

Concordo com o que venho acompanhando nesta discussão.

Penso, ainda, que temos um enorme desafio: estimular os professores e fazer com que eles percam o medo da "mobilidade" e do universo infinito de experimentações que a "diversidade midiática" nos apresenta.

Para quem vem de uma formação docente excessivamente acadêmica, livresca e conservadora, essa grande novidade assusta bastante.

Abraços.

Eloiza

 

Em resposta à Usuário excluído

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Edmea Santos -

Olá ELô! OLá Adrina! Olá pessoal!

ELô, concordo quando você destaca que "Ainda bem que vamos desapegando o termo cibercultura daquela visão estereotipada de "cultura dos que são fanáticos e fixados na Internet".

Adriana o que a Elô destaca é também o que você destaca em outras palavras quando se refere especificamente a formação dos professores : "Penso que a formação docente para a educação online (educação de hoje em sua complexidade) que desconsidera que estamos imersos e somos ciberculturais (mesmo sabendo das exclusões), pois entendo que as transformações não se dão simplesmente no ciberespaço mas nas pessoas e elas estão no mundo, não é para mim um processo de formação docente de fato, pois exclui os envolvidos do lugar em que efetivamente pertencem: ao mundo de agora, deste tempo e deste espaço."

Contudo, o povo ciber vive mesmo fixado no ciberespaço para além da internet. A cidade ganha novos contornos. Estas pessoas não vivem sem internet. A internet é extensão da mente, das relações sociais e agora com a mobilidade da rede , também do corpo.

Na ocasião da minha pesquisa de doutorado andei interagindo mais de perto pela rede com algumas tribos da cibercultura. O povo da música eletrônica, das lanhouses, do jornalismo digital não vivem sem rede. A rede é parte integrante dessas pessoas. Eu não vivo sem internet? Vocês vivem sem internet?

  • Como vocês percebem isso no cotidiano de vocês?
  • Grupo do Minho como vocês percebem isso ai em PT? Já é algo transparente? 

Ai vocês estão conectados mesmo. Lembro bem das cenas na Universidade do Minho na ocasião do Challenges 2007. No auditório das conferências, no pátio, na rua e em todos os lugares da cidade as pessoas com seu laptops. Fiquei impressionada com isso.

Espero um dia podermos aqui no Rio de Janeiro e em outros cantos do Brasil aproveitar mais a mobilidade sem riscos a nossa integridade física...

[]s

méa

Em resposta à Usuário excluído

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Edmea Santos -

Oi Mary! saudades de você!

Quando você diz que temos que integrar as diversas mídias e linguagens isso fica fácil com a rede. Afinal como diz o André Lemos a internet não é uma mídia e sim uma incubadora de mídias. Além das mídias próprias da internet (chats, fóruns, blogs,wikis,  etc) temos a convergência com todas as mídias já existentes. A grande vantagem é que estas mídias "antigas" na internet ganham "um mais comunicacional" por conta da liberação do pólo da emissão. Um exemplo disso é a TV na rede. A alltv (www.alltv.com.br ) é um belo caso. As rádios online então...

Poderíamos lançar mão disso tudo para turbinarmos a educação e a formação de professores.

[]s

méa

Em resposta à Marco Silva

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Edmea Santos -

Olá pessoal!

Marco, sua provocação é importante.

Temos mesmo que investir na combinação hipertexto/interatividade.

No meio corporativo o que chamam de e-learning é um conjunto de telas, geralmente lineres, cheias de pirotecnias, personagens, links, flashs, audios, etc. Esta combinação de "objetos digitais" não inovam no desenho didático como pensamos, porque não contempla a co-autoria e pluralidade de percursos de navegação e leitura. Os desenhistas usam o digital na maioria das vezes inspirados na "instrução programada", ou seja, uma narrativa linear com agregações de pedaços de conteúdos diferenciados. Na maioria dos projetos de e-learning, não contamos com a interatividade nas interfaces como estamos tendo aqui por exemplo. Poucos são os projetos que investem na mediação e quando investem, geralmente é na lógica da tutoria reativa.

Já no meio acadêmico observamos um investimento maior na interatividade, ou seja, na relação comunicacional nas interfaces síncronas e assícronas. Esta interatividade acaba provocando a hipertextualidade por conta das trocas realizadas. Contudo, o desenho didático não conta muito com o uso de recursos digitalizados e hipertextualizados. É comum encontramos o "material didático" no formato .pdf. Alguns até defendem esse formato porque valorizam apenas o debate nas interfaces.

Será que poderíamos investir tanto na qualidade da narrativa digital (nos conteúdos para estudo) quando na interatividade nas interfaces de comunicação (com situações de aprendizagem colaborativas)? Como o Moodle podemos avançar nisso tendo poucos colaboradores em nosso equipes?

Como vocês estão percebendo esta problemática em seus contextos específicos?

[]s

méa

Em resposta à Fábio Kalil de Souza

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Edmea Santos -

OLá pessoal!

Olá Júlio!

Júlio gostaria que você explicasse um pouco mais sobre essa história de Secandlife para driblar a dificuldade discente. Você diz:

 "Nessa perspectiva, para driblar essa dificuldade discente, professores “plugados” nas potencialidades do ciberespaço adotam o Second Life, popularmente conhecido como AVATAR, como estratégia para facilitar a interatividade."

Como assim facilitar a interatividade? O que vc entende por interatividade no secandlife?

O secandlife é conhecido como avatar? De onde vem isso?

[]s

méa

 

Em resposta à Edmea Santos

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Fábio Kalil de Souza -

Snif! Snif! Caríssima Méa, my name´s Fábio (rsrs). O "Julio" pode ser meu Second Life (SL), ok?! (rsrs). Obrigado pela provocação. Aproveitando a "onda" de debate sobre wiki, é com uma delas que me reporto para ajudar-me a responder algumas de suas questões: "Second life é um ambiente virtual e tridimensional que simula em alguns aspectos a vida real e social do ser humano. Foi desenvolvido em 2003 e é mantido pela empresa Liden Lab Dependendo do tipo de uso pode ser encarado como um jogo, um mero simulador, um comércio virtual ou uma rede social. O nome "second life" significa em inglês "segunda vida" que pode ser interpretado como uma ´vida paralela´, uma segunda vida além da vida ´principal´, ´real´. Dentro do próprio jogo, o jargão utilizado para se referir à "primeira vida", ou seja, à vida real do usuário, é ´RL´ ou "Real Life"(http://pt.wikipedia.org/wiki/Second_Life).

O termo mais adequado, com base nas etimologias, é esse (SL), e menos AVATAR. Como pontuei, os educandos/cursistas, com devidas exceções, apresentam dificuldades de expressarem o que pensam e sentem sobre temas e/ou fatos em situações de aprendizagem; uma conduta que é justificada por diversos fatores (intra e/ou intersubjetivos), variando de um sujeito para outro. Alguns têm receio da censura, da crítica alheia, da denuncia (às vezes há questões políticas envolvidas) entre outros receios. Esse estado de "ocultamento" pode assim comprometer resultados pedagógicos (ou de aprendizagem), visto que afeta, ao menos parcialmente, a "dialogicidade" entre os autores envolvidos.  Uma alternativa é a "segunda vida", na qual o sujeito "encarna" um personagem que não pode ser identificado pelos demais, a princípio.

Um palpite "aqui"; outro "acolá" e assim, paulatinamente, o educando/cursista vai se liberando das "amarras" pessoais ou externas que inibem sua livre expressão, pois não é diretamente (pessoalmente) identificado. Com a Second Life, ele (cursista) pode  se autorizar como sujeito, relativamente "livre" de intervenções outras (por vezes ácidas). Autoriza-se como sujeito que dialetiza "falar-ditar" do professor, sujeito que se posiciona politicamente no confronto com os discursos e com sua realidade/mundo, ainda que criticado. Ele aprende ou aprimora a difícil arte de viver (interagir) com a diversidade. Desse modo, a interatividade se estabelece na medida em que ele se autoriza. Externalizar-se é condição para uma comunicação aberta e interativa. Por fim, vale lembrar que na educação presencial o SL ainda não é possível, somente com tecnologias digitais, particularmente na EAD Online.

A despeito das limitações e potencialidades da SL, há quem defenda, como tembém não faltam críticos (apesar de reconhecer algumas vantagens, eu sou um deles). E você, Méa, o que pensa a respeito? Acaso a SL pode contribuir com  a interatividade? Caso sim, pode contribuir em qualquer contexto? SL pode revelar caracteríticas idiossincráticas dos participantes/cursistas? Que benefícios (ou retrocessos) a SL pode gerar no trabalho docente? Demais pesquisadores, sintam-se à vontade para retificar/acrescentar/criticar!

 

Cordiais atenções,

Fábio Kalil

 

 

Em resposta à Fábio Kalil de Souza

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Usuário excluído -

Fábio,

Em minha opinião, o uso de avatar1 (representação humana criada pelo usuário no ambiente virtual) em cursos on line traz um universo de possibilidades, com estímulo à auto-expressão, encorajando os educandos a criar e a participar de atividades que incentivam a interação entre eles ao compartilharem suas experiências (PIMENTEL, RIOS, SILVA, 2007). Dessa forma, corroboro com você quando afirma que:

os educandos/cursistas, com devidas exceções, apresentam dificuldades de expressarem o que pensam e sentem sobre temas e/ou fatos em situações de aprendizagem; uma conduta que é justificada por diversos fatores (intra e/ou intersubjetivos), variando de um sujeito para outro. Alguns têm receio da censura, da crítica alheia, da denuncia (às vezes há questões políticas envolvidas) entre outros receios. Esse estado de "ocultamento" pode assim comprometer resultados pedagógicos (ou de aprendizagem), visto que afeta, ao menos parcialmente, a "dialogicidade" entre os autores envolvidos.

Fundamento minha opinião com base no que tenho observado nos cursos e também com base em depoimentos de alguns estudantes. Na última terça-feira, num encontro presencial, estive conversando com um grupo exatamente sobre este aspecto da participação dos fóruns. Muitos afirmaram que tinham receio de se expor e que por isso levavam um tempo para participar dos fóruns, pois preferiam elabor um texto com mais calma, fazendo pesquisas, corrigindo etc, para depois postar. realmente, percebo algumas participações bem elaboradas, no entanto como eles demoram a postar a mensagem, às vezes as discussões já tomaram um rumo diferente daquele que tinham visto antes, e com isso, suas contribuições ficam desconectadas do contexto.

Diante da situação acima relatada, acredito que o uso de avatares poderia ajudar na interatividade, mas tenho dúvidas que estudantes ainda não totalmente incluídos ciberculturalmente possam internalizar o funcionamento deste mecanismo. Desde o início do curso em questão pensei em utilizar esta estratégia em foruns, acreditando que isto pudesse incentivar o uso do pensamento divergente e, com isso, desenvolver a criatividade e a autonomia do educando. Entretanto, por questões de logísticas de cadastramento destes avatares, deixei de lado a idéia.

Quanto ao Second Life, ambiente de simulação da realidade, que possibilita a interação de estudantes através de avatares, pode também contribuir com que a distância geográfica do mundo real perca seu significado. Ao se ver presente na sala de aula através de seu avatar e poder interagir com os colegas e educadores, o educando passa a se sentir parte ativa do seu processo de aprendizagem. Marco Silva (2000) diz que esta interatividade traz a possibilidade de desenvolver práticas mais colaborativas, com intercâmbio de saberes, rompendo com a unidirecionalidade dos processos comunicacionais, promovendo desta forma, a participação ativa do sujeito no processo de aprendizagem.

Apesar da grande potencialidade do Second Life como recurso pedagógico, há, ainda, muitas limitações no seu uso. Entre elas estão a velocidade de acesso à Internet, a capacidade de processamento e memória dos computadores utilizados pela maioria dos educandos nos cursos on line, e sobretudo a exclusão digital e como bem complementa Marco Silva, a exclusão cibercultural.


1Reencarnação de um deus, e, especialmente, no hinduísmo, reencarnação do deus Vixnu. 2. Transformação, transfiguração (FERREIRA, 2004).


Referências

SILVA, M. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2000.

PIMENTEL, R., RIOS, J., SILVA, B. Second Life como alternativa lúdica ao desenvolvimento do pensamento divergente. In: IX Congreso Internacional Galego-Portugués de Psicopedagoxía, Universidad de La Coruña, La Coruña, 2007

PIMENTEL, R., SILVA, B. Simulação tecnologias e pensamento criativo na educação. In: Challenges 2007, Universidade do Minho, Braga, 2007.

UGF. Cria cara Gama Filho. Disponível em: www.ugf.br/avatar. Acesso em: 29 mai. 2008. 

Em resposta à Usuário excluído

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Usuário excluído -

Olás! Jocelma, muito boa sua exposição sobre Avatar e Second Life! Adorei!

Complementando, aqui na PUCSP, estamos orientando TCC de um grupo de alunos do curso de TMD (tecnologias e mídias digitais) cujo foco de investigação e desenvolvimento de produto é o Second Life... Os alunos estão muito envolvido e instigados... Nossa pesquisa investigará as  "potencialidades educativas do Second Life". Para isso temos um cliente real e nossos sujeitos são alunos do curso de pedagogia de uma universidade daqui de São Paulo...

Posso adiantar que nossas incursões pelo Second Life estão sendo muito instigantes... temos contado com a parceria da Profª. Nuria Pons (que tb está aqui conosco), que fez uma palestra para os alunos, uma atividade à distância e irá acompanhar nossas atividades... Mesmo sabendo das limitações do SL, especialmente no que se refere ao acesso, temos estudado muito os ambientes imersivos e atualmente o SL... Um livro interessante, com uma linguagem bem acessível é o do João Mattar e Carlos Valente "Second Life e Web 2.0 na Educação"... acho que já foi mencionado aqui...

Aos poucos trarei noticias e também algumas de nossas inquitações, ok?

Beijos

Dri

Em resposta à Edmea Santos

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Fábio Kalil de Souza -

Méa,

          E quanto à pergunta: Como assim facilitar a interatividade? Segue o que penso: Em atividades com fórum ou chat tratando de temas "polêmicos" ou pouco conhecidos, a Second Life é um recurso bastante útil, principalmente no fomento à participação. E na acepção política do termo, interatividade é participação crítica, autônoma e colaborativa dos sujeitos para atingir objetivos pretendidos.

Fábio

Em resposta à Fábio Kalil de Souza

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Edmea Santos -

boca abertaOi pessoal!

Olá Fábio! De onde tirei esse tal de Júlio? Será que Freud explica?...

Como uma provacação gera desdobramentos tão ricos. Fábio e Jocelma vocês foram ótimos nessa distinção Secand Life / Avatar. Jocelma, você trouxe o conceito de Avatar muito bem. O SL é um programa que lança mão do recurso do avatar. Ele não é um avatar puro e simplesmente. Outros programas já utilizam avates, como por exemplo, os games em geral e os antigos minds.

Sobre o potencial disso tudo para a aprendizagem tenho alguns questionamentos sobre a questão da identidade que se "veste de avatar".

Fábi,o concordo plenamente com sua argumentação. Seja no secand life ou em outros ambientes online, os sujeitos muitas vezes libertam-se dos "imprintings" causados pelo social que se estende pela família, igreja, partido , escolas e outros espaços. Nós que atuamos com educação online temos muitos depoimentos guardados sobre isso. Muitos professores/cursistas ficam bem mais a vontade online. No presencial tenho alunos que participam pouco das aulas. Contudo, em nosso Moodle e no Orkut falam muito mais. Nos espaços livres do ciberespaço podemos vivenciar nossa identidade plural simulando e vivenciando diversos papéis.

O Edgar Morin conceitua "imprintings" como marcas registradas no nosso cérebro que nos impedem de nos autorizarmos. O social forma, muitas vezes, um sujeito inseguro, tímido, retraído e pouco autor de sua história. Ainda bem que estes imprintings são neutralizáveis. Nosso papel de educadores é também neutralizar, via prática pedagógica, os imprintings formando sujeitos mais autores e cidadãos. Sem autoria como exercer a cidadania plena?

O Pierre Lévy tem um conceito que gosto muito, dentre vários, que é o conceito de "identidades de saberes". Não importa quem você é na vida prática das cidades. O que importa na interação online é o saber que você pode compartilhar com o outro. Diz o Lévy: "Ninguém sabe tudo, todo mundo sabe alguma coisa que o outro não sabe, quem sabe é a humanidade". Gosto muito disso. O saber aqui fica na centralidade de uma rede de saberes plurais. Muito bom para garantirmos a interatividade.

Por outro lado, até que ponto a identidade de saberes , muitas vezes encondida ou travestida num avatar, deve esconder a diferença de gênero, raça, etnia, econômica, cultural, etc, etc??? As diferenças não são bem vistas pelos  currículos que são , geralmente, "brancos, machos e cristãos" com já denunciaram os teóricos do Currículo (Apple, Silva, Macêdo...).

As diferenças são riquezas e não problemas!

O que acham disso tudo colegas?

[]s

Méa

Em resposta à Edmea Santos

Re: SEMANA 1 (02-10/05/2008) Livro "Conteúdos sobre cibercultura"

por Usuário excluído -

Oi Pessoal,

Méa traz um questão bastante interessante para se pensar/refletir, pois utilizando espaços virtuais de aprendizagem de apoio ao ensino presencial, vemos como todos participam com mais voracidade nas discussões, muitas vezes, com uma visão de que "não estou na frente do outro", "não estou falando diretamente para o professor".

Vale ressaltar que na visão de muitos teóricos do currículo, isso poderia ser explicado com a teoria do currículo oculto, no entanto, nem assim, poderíamos considerar as diferenças problemas, uma vez que o currículo se constitui delas com toda sua complexidade e densidade.  Penso que, os "imprintings" devem ser trabalhados, uma vez que ser e estar na docência on line, é acima de tudo trabalhar com a autorização de "ser, saber, fazer, conhecer", portanto, é a hora e a vez de "neutralizar, via prática pedagógica, os imprintings formando sujeitos mais autores e cidadãos" (Méa, 2007)

Por isso que acredito que nem um avatar ou outro qualquer recurso, mascare ou esconda "as diferenças", apenas as tornam "ocultas temporariamente" para que os sujeitos de sintam autônomos, inclusos, autores, parte da comunidade.  Penso que pode ser um caminho para se buscar garantir a interatividade. Muito bom para garantirmos a interatividade.

Assim o currículo tratado aqui nos espaços on line de aprendizagem deve ser compreendido como uma rede que "se constitui num campo, por sua densidade, complexidade e pelo pder que emana, como configurador socioepistemológico significativo das formações" (MACEDO, 2007, p.45), formações essas que são naturalmente plurais.