Oi Pessoal! Olá Beth!
Beth sua provocação é ótima!
EAD ou educação online? Mais um "ser ou não ser". Tati já que você gostou da brincadeira...
Beth, acho que polarizar simplesmente é um equívoco. Você tem toda razão. Retorna a tudo que estamos tentando mudar. Contraria todo referencial teórico e metodológico que estamos defendendo aqui. A polarização é simplificação. Simplificar é reduz o objeto do conhecimento que é complexo em sua natureza.
Penso que falar de Educação de qualidade vai além da modalidade. É possível ter educação de qualidade presencial, a distância, online ou em desenhos híbridos. Contudo, o exercício de distinguir nos habilita a dizer de que lugar falamos ou defendemos nossas idéias.
Quando diferencio a educação a distância da educação online é na tentativa de contextualizar e tratar a educação online de um lugar diferenciado. Do lugar de um contexto sócio-histórico e cultural, onde computador/internet são instrumentos culturais de aprendizagem (Freitas). Isso não exclui a EAD interativa, principalmente quando o desenho garante encontros entre os sujeitos baseados no construtivismo, na interatividade, na teoria crítica. Enfim, com referencial educacional que vá além da instrução arquitetada.
A EAD é históricamente mediada por mídias de massa (impressos, audiovisuais em geral). Estas por sua vez não liberam o pólo da emissão. Assim, os aprendentes interagem com o desenho e materiais didáticos sem co-criar juntamente com seus colegas e professores o conhecimento. As mídias de massa não permitem interatividade no sentido do mais comunicacional, de co-criar juntos a mensagem. Por conta do limite da mídia de massa a modalidade a distância privilegia pedagogicamente os conceitos de "auto-aprendizagem" e "auto-estudo". O sujeito interage com o material e aprende por esta mediação. A aprendizagem colaborativa não é vivenciada pelo aprendente. Neste modelo a qualidade dos processos é centrada no desenho didático ou instrucional, geralmente instrucional. A interação social quando acontece é de um para um, ou seja, professor/aluno - aluno/professor. O que podemos ter - se o material for bem escrito e desenhado - é a interação com o texto do autor. Interação pode até existir, mas interatividade não tem como.
Com a internet e os ambientes online, muitos programas de EAD migraram seus desenhos mantendo a mesma lógica da mídia de massa e da tradição da EAD que separa os sujeitos dos processos de criação dos conteúdos e do próprio desenho didático. Vi isso em minha pesquisa de mestrado entre os anos de 2000 e 2003. Fiz 8 cursos online e notei que os ambientes online em potencia poderiam imprimir uma EAD mais interativa e sintonizada na cibercultura. Contudo, o paradigma educacional, na maioria dos cursos, ainda centrava-se na pedagogia da transmissão, na lógica da mídia de massa e da auto-aprendizagem, nos modelos de tutoria reativa. Enfim o "online" era só a tecnologia.
Na ocasião do meu mestrado, tive acesso aos referenciais da cibercultura e a pesquisas com interfaces digitais, softwares sociais. Neste contexto, reparei que no social as pessoas estavam usando a rede para realmente co-criar. Vi isso no movimento da música eletrônica, das lanhouses, no software livre, no ativismo digital. Enfim, porque a educação não poderia também se basear nesse movimento próprio da cibercultura? Daí resolvi no doutorado fazer uma pesquisa-formação para vivenciar uma experiência que pudesse se aproximar mais do fenômeno da cibercultura.
Já temos teorias educacionais e comunicacionais tão arejadas (pedagogia da autonomia, construtivismo, interatividade, inteligência coletiva, teoria crítica e pós-crítica do currículo,etc, etc). Agora com a liberação do pólo da emissão das tecnologias digitais podemos colocar em prática novos arranjos espaço temporais para educar sujeitos geograficamente dispersos ou para ampliar a prática pedagogia presencial. Neste sentido, que a educação online entra como diferencial. Agora temos em potência mídias interativas e aprendizagem colaborativa para além da auto-aprendizagem e da mídia de massa. Aprender com o outro mediado por tecnologias que permitem de fato que estes "outros" se encontrem.
Na EAD os "outros" só se encontram se a metodologia for híbrida, ou seja, se tivermos encontros presenciais nos pólos ou centros de encontro. Ai já não é mais EAD é educação semi-presencial. O encontro face a face entra para cumprira a função comunicacional de uma interação todos-todos que a mídia de massa não permite. Mesmo assim nada pode ser garantido. Os encontros presenciais podem ser meros "tira-dúvidas" ou exposições. Podem ser também momentos de muita interatividade com atividades em grupos colaborativos, exposições participadas, etc, etc...
Não é o ambiente online que define e educação online. O ambiente/interfaces condicionam, mas não determinam. Tudo dependerá do movimento comunicacional e pedagógico dos sujeitos envolvidos. Aqui em nosso curso/pesquisa estamos interagindo e co-criando. Vamos inclusive avaliar o desenho didático e a docência de cada grupo-sujeito desta comunidade. Além de acreditarmos que só aprendemos porque o outro colabora com sua provocação, sua inteligência, sua experiência, sabemos que temos interfaces que garantirão a nossa comunicação com nossa fala livre e plural. É deste lugar que conceituamos educação online para além da EAD baseada no instrucionismo.
Pessoal, tragam suas inquietações, críticas, ponto de vistas. Quanto mais tensionarmos mais conhecimentos construiremos.
[]s
Méa