Olá Pessoal!
Estamos começando a segunda semana do nosso módulo (Metodologia de Pesquisa qualitativa online) e com ela o segundo tópico desse módulo, Pesquisa Qualitativa, que tem como objetivos discutir questões da metodologia de pesquisa qualitativa e explorar suas possíveis mudanças no cenário virtual.
Temos como proposta uma dinâmica, mas, para que ela possa acontecer, é preciso que vocês leiam dois textos: “Metodologia de Pesquisa Qualitativa” (MARTINS, e “A Pesquisa Qualitativa na Educação Matemática” (BORBA, 2004), disponíveis no ambiente do curso.
Depois de realizada a leitura, cada participante deverá escolher um dos textos e propor pelo menos uma questão com base nele. Em seguida todos devem responder a pelo menos uma questão (não deve ser a que você formulou!).
Um abraço a todos,
Paula
No texto "Metodologia qualitativa de pesquisa", à p. 292, a autora pontua:
"Outra característica importante da metodologia qualitativa consiste na heterodoxia no momento da análise dos dados. A variedade de material obtido qualitativamente exige do pesquisador uma capacidade integrativa e analítica que, por sua vez, depende do desenvolvimento de uma capacidade criadora e intuitiva."
Ao transpormos esta observação para as pesquisas que têm como corpus de análise os processos de aprendizagem e/ou de formação online, perceberemos que boa parte delas tem focado:
a) os intertextos veiculados nos espaços de interlocução (fóruns, chats...),
b) o projeto pedagógico do curso em tela (ou outros arquivos, como o manual do aluno, o regimento do curso, enfim, tudo o que possa compor a análise documental)
c) as opiniões dos sujeitos sociais envolvidos (gestores, formadores, cursistas...) coletadas em questionários ou entrevistas.
Algumas delas chegam a triangular todo este 'caldo' em interessante análise descritiva. Mas, em geral, o que tenho observado nas pesquisas que oriento ou de que participo como avaliadora em banca, é que a grande dificuldade é dar um salto para a segunda etapa da análise - a interpretativa - em que o pesquisador interpreta tudo isso à luz do seu quadro teórico de referência.
Diante desse quadro minhas perguntas são as seguintes:
a) Na opinião de vocês, qual a contribuição de softwares como Sfinx, Chic dentre outros, para adensar o tratamento de análise?
b) O que pode ser feito para mobilizar os orientandos e/ou pesquisadores que apresentam suas pesquisas nas bancas de que participamos para dar este salto qualitativo (da análise descritiva para a interpretativa)?
[ ]
Lucila
"Outra característica importante da metodologia qualitativa consiste na heterodoxia no momento da análise dos dados. A variedade de material obtido qualitativamente exige do pesquisador uma capacidade integrativa e analítica que, por sua vez, depende do desenvolvimento de uma capacidade criadora e intuitiva."
Ao transpormos esta observação para as pesquisas que têm como corpus de análise os processos de aprendizagem e/ou de formação online, perceberemos que boa parte delas tem focado:
a) os intertextos veiculados nos espaços de interlocução (fóruns, chats...),
b) o projeto pedagógico do curso em tela (ou outros arquivos, como o manual do aluno, o regimento do curso, enfim, tudo o que possa compor a análise documental)
c) as opiniões dos sujeitos sociais envolvidos (gestores, formadores, cursistas...) coletadas em questionários ou entrevistas.
Algumas delas chegam a triangular todo este 'caldo' em interessante análise descritiva. Mas, em geral, o que tenho observado nas pesquisas que oriento ou de que participo como avaliadora em banca, é que a grande dificuldade é dar um salto para a segunda etapa da análise - a interpretativa - em que o pesquisador interpreta tudo isso à luz do seu quadro teórico de referência.
Diante desse quadro minhas perguntas são as seguintes:
a) Na opinião de vocês, qual a contribuição de softwares como Sfinx, Chic dentre outros, para adensar o tratamento de análise?
b) O que pode ser feito para mobilizar os orientandos e/ou pesquisadores que apresentam suas pesquisas nas bancas de que participamos para dar este salto qualitativo (da análise descritiva para a interpretativa)?
[ ]
Lucila
" O que é pesquisa? Eu vejo pesquisa como inerente a ação, que é inerente à vida." É assim que Ubiratan D'Ambrosio (uma de nossas maiores referências em Educação matemática no mundo) na introdução do livro "Pesquisa qualitativa em educação matemática" inicia a discussão deste tema...
E é sobre essa perspectiva que olhando para o texto de Borba (2004):
"...não se deve pensar a pesquisa qualitativa de forma algorítmica, com uma seqüência rígida de passos a serem seguidos. "
"... não há metodologia de pesquisa qualitativa "ideal", visto que ela depende do que se quer olhar, de como se quer olhar e de fatores inefáveis."
O autor ainda observa... "detectamos novas formas em que atores informáticos participam da construção de conhecimento em ambientes educacionais. Por outro lado, o conhecimento tem sempre uma parte subjetiva, que é determinada a partir da visão daquele que pesquisa, dos temas que escolhe, dos valores que carrega e das preocupações que levanta na mesma, a partir da própria visão de conhecimento que possui. O conhecimento é, também, sempre social, na medida em que a subjetividade é constituída socialmente, ou seja, nossas preocupações e foco nunca são somente “internos”. De forma análoga, as câmeras, softwares, lápis-e-papel, salas-de-bate-papo ou videoconferências são também atores, do ponto de vista da constituição do conhecimento gerado."
Sendo assim como analisar os dados coletados a partir destes meios?
oi Lucila.. .
Aproveito o "gancho" da Silvia que falou das mídias como atores, para dizer que, embora não conheça os softwares que voce mencionou eu diria que software é co-ator. Para conhecermos, precisamos de atores humanos e não humanos. É possível então que softwares como o Chic façam parte deste coletivo. Eu em particular, tenho instigado o pessoal da computação com quem trabalho no desenvolvimento de plataformas a distância para termos ferramentas que pudessem editar vídeos e integra-los com outras formas de discurso de maneira amigável.
Mais ainda, temos pensado na idéia de superarmos a noção de ferramentas em ambientes como o moodle ou outros semelhantes.
Voltando à questão da Lucila, creio que essas superações, podem transformar a forma como conhecemos, já que haverá transformação em um coletivo de seres-humanos-com-mídias. Mas não há determinismo na afirmação acima.. e aí lembro do clássico Levy: as tecnologias da inteligência CONDICIONAM.. o pensamento...
grande abraço,
marcelo c. borba
Gostei do que você coloca, Marcelo. Dá o que pensar. Sim, Levy aponta que as tecnologias da inteligência condicionam o pensamento. Podemos, entretanto, dizer que elas constituem o pensamento, mormente se pensarmos as questões sociais em geral e as questões educacionais, em particular, a partir da centralidade das mídias.
Quanto aos softwares, ambos foram deenvolvidos para serem utilizados em pesquisas qualitativas. Do pouco que sei deles (por isso levantei a questão), apresentam o mérito de nos ajudar a sistematizar os dados, inclusive com algumas representações gráficas, como o Chic, que representa os dados em árvores. Contudo, como toda e qualquer sistematização, sempre correm o risco de reduzir a complexidade do processo.
[ ]
Lucila
Marcelo, tb tenho pensado com meus orientandos e alunos na idéia de superarmos a noção de ferramentas em ambientes como o moodle ou outros semelhantes. Não sei quais são seus motivos para isto, mas os nossos aqui vão no sentido de que ferramenta é utensílio para uso geralmente individual: machado, alicate, pincel, martelo, maquina de escrever... Este termo está carregado semântica situada no âmbito da extensão da inteligência e do músculo individual. Prefiro trabalhar com o termo interface que remete ao ambiente de encontro das faces. As interfaces reúnem homem e máquina e seres humanos. Assim, editor de texto, chat e wiki não são ferramentas, são interfaces.
Acredito que educação interativa pode se efetivar com esta compreensão de base. Pode parecer mera elucubração verbal, mas não é. Os termos trazem cargas semânticas históricas que os vinculam ao espírito do seu tempo. A era industrial e fabril é ferramenta. A cibercultura é interface.
Este entendimento favorece não somente a educação interativa, como tb a expressão mais profunda da inclusão digital. O digital, por definição, é plasticidade que permite operatividade indivíduo-software e interatividade bidirecionalidade ou multidirecionalidade em rede de indivíduos. Esta percepção, por sua vez, favorece autoria, colaboração, compartilhamento... A inclusão reduzida a mero acesso ao digital não é inclusão pq subutiliza estas potencialidades humanas, cidadãs e educativas.
Qual o interesse disto para a pesquisa online? Acredito que entendidos como interfaces, chat, forum, wiki, blog, twitter, podcast podem não apenas "permitir", mas "potencializar" a pesquisa qualitativa. O que vcs pensam sobre isto Marcelo e equipe UNESP? O mesmo pergunto aos todos os colegas pesquisadores reunidos aqui.
Abrs,
Marco,
tenho acompanhado algumas pesquisas que estão utilizando as interfaces como possibilitadoras de realização da pesquisa, como também a utilização das interfaces como objeto de estudo.
Minha questão está no fato de que temos falado de uma educação online, numa perspectiva de uso da Rede e suas potencialidades... mas ainda temos muita restrição... ainda temos uma estrutura que não favorece... Para se ter um exemplo: há uma dado muito divulgado aqui em Alagoas que somente 7% da população tem acesso a tic (?)
Usar as interfaces na pesquisa qualitativa (ou na quantitativa também) exige que o pesquisador possa ter conhecimento efetivo da Internet (HINE, 2000), isso indica saber usar com relativa habilidade as interfaces disponíveis.
O Fernando aponta uma questão muito relevante: o letramento digital, a fluência tecnológica...
Você traz os dados do seu estado, Fernando, mas mesmo entre os professores universitários, ainda é restrito o número deles que de fato têm fluência tecnológica e que, por conseguinte, podem fazer uso das interfaces da cibercultura para desenvolver pesquisas qualitativas. A pesquisa em rede, por exemplo, é algo que ainda se mostra distante da realidade de muitos colegas nossos. Como, então, promover mais acesso às interfaces junto aos pesquisadores?
[ ]
Lucila
Lucila, na busca de diminuir este "problema" junto aos pesquisadores a UFAL tem promovido, quase que sequencialmente, processos de formação continuada para aqueles educadores que estão ingressando, como também para aqueles que já estão no sistema a vários anos.
Outra ação está no PPGE, em disciplinas como Pesquisa em Educação Online, ou EAD Fundamentos e Práticas, como outras que estudam as possibilidades de uso das interfaces na pesquisa. Estamos estudando e produzindo materiais de referência com base em pesquisas na área.
Para ilustrar, estamos agora investigando as possibilidades de uso da internet na pesquisa qualitativa, segundo Flick, U. Introdução à Pesquisa Qualitativa. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. (Cap. 20)
E eu estou investigando Etnografia Virtual como metodologia de pesquisa (HINE, 2000).
Mas posso garantir que as dificuldades e barreiras são muitas para a formação dos pesquisadores para tenham conhecimento e visualizem (e quem sabe utilizem) os potenciais das interfaces...
Fernando, a PUC/SP tb tem ações desta natureza, que julgo imprescindíveis. Mas, em meu entendimento, uma das maiores barreiras é a resistência. Apesar da oferta de cursos e de outras ações desta natureza, o número de interessados não é tão expressivo. Se olharmos para os pesquisadores na área de Humanidades e, particularmente, na área da Educação, o quadro se agrava ainda mais. E, pelo que tenho conversado com colegas de outras universidades, infelizmente este quadro tem sido marcante nas universidades brasileiras. A fetichização das TIC - endeusada como panacéia de todos os males ou demonizada como culpada pela mercantilização da educação - assevera ainda mais este quadro de resistência.
[ ]
Lucila
Marco, colegas,
antes de mais nada desculpas.. estava em uma maratona de aulas até sábado, para entrar 'em um internato' aqui em Brasilia toda a semana... Aprovieto esse intervalo para retomar a questão teórica colocada pelo Marco e seguida pelos colegas.
Uma questão que queremo superar a noção de ferramenta é semelhante a de vocês.. Como trabalhamos com a noção de seres-humano-scom-mídias como sujeito e parte do conhecimento, a sua discussão sobre interface é perfeita para nós. Discutimos o conhecimento que é produzido por coletivos de seres-humanos-com-internet.
Uma outra questão, entretanto, tem a ver com a concepção de ambiente de eadonline.. e ai o moodle, teleduc ou . outros. .mantèm as caixinhas... sejam elas vistas como interface ou ferramenta. .
o que sonhamos é com um ambiente multi-dimensinal.. mas que só conseguimos o protótipo.. ou nem isso.
abraços e até breve. .ou o p´roximo intervalo.
m
Prezada equipe e demais colegas desse Fórum:
Em primeiro lugar, quero parabenizar essa equipe de matemáticos por trazer esse tema para o centro do debate!
O texto do qual quero propor a questão é o de MARTINS (2004) Metodologia Qualitativa de Pesquisa: antes de colocar a questão, quero fazer alguns comentários sobre aspectos que considero significativos nesse interessante texto.
A autora coloca, com propriedade, que o que está em jogo não é a técnica qualitativa mas a maneira de se fazer ciência ou seja, toda questão técnica implica em uma discussão teórica (p.291), ao contrário do Lazarsfeld quando diz que não lhe interessavam os problemas que estava pesquisando mas sim as técnicas a serem utilizadas. ( MARTINS, p. 297). Enfatiza também a necessidade nas pesquisas de " produzir um conhecimento útil,"dirigido a alguém ou a um grupo que dele tem necessidade [..] [..] que o discurso do autor seja apreendido pelo outro que dele necessita( p.299) e que todo estudo "deve ser explicitamente orientado por um projeto ético visando a solidariedade..( PIRES, 1997 citado por MARTINS, 2004).
Minha pergunta para o grupo é: a partir dessas abordagens de MARTINS e diante de tantas pesquisas de Mestrado e Doutorado, bem produzidas, mas cujo teor não tem nenhum significado /impacto social, pois retratam “o sexo dos anjos” qual deve ser atitude dos programas / profs.orientadores?
A provocação da Lucila é interessante: O que pode ser feito para mobilizar os orientandos e/ou pesquisadores para dar o salto qualitativo ?
Na minha opinião, sem a pretensão de responder à pergunta, mas fazendo uma ligeira reflexão, acho que, os Programas enfatizam muito a metodologia sem levarem em conta como diz Lucila, o quadro teórico de referência da pesquisa. Solução: discutir nos Fóruns de Pesquisa dos Programas essa questão tentando mudar a visão paradigmática desses docentes e discentes
Olá, creio que isso é muito real nas pesquisas, o esvaziamento do sentido que o pesquisador detém sobre o objeto de estudo investigado. Temos atuado principalmente nas pesquisas qualitativa com o Atlas T.I. o qual favorece uma leitura dos resultados pela construção das teias mais relevantes e pertinentes aos alunos. Em nosso programa de mestrado e doutorado, temos uma disciplina que é Análise Qualitativa dos Dados e nela trabalhamos com o Atlas T. I. Exemplo parte de um artigo de uma orientanda e meu em anexo.
Abços,
Elizete PUCPR
Olívia, concordo consigo. Igualmente sem qualquer pretensão de responder, mas, tão somente, de buscar caminhos, acho que um dos movimentos possíveis é tratar a questão do método, a partir do quadro teórico de referência que ampara a pesquisa. Caminhar por aí significa fazer uma discussão de ordem mais filosófica sobre as principais correntes metodológicas, no âmbito das ciências humanas e sociais.
Claro que os procedimentos metodológicos devem ser abordados (critério de seleçao dos sujeitos de pesquisa, corpus de análise, instrumentos de coleta de dados...), mas, assim como você, penso que os procedimentos devem ser trabalhados em decorrência da abordagem metodológica, a qual, por sua vez, se coaduna com uma determinada linha teórica.
Tenho visto, em muitos casos, que o trabalho com metodologia de pesquisa tem se resumido aos procedimentos, ao invés de situá-los no conjunto maior do método, que abarca a abordagem e os procedimentos dela decorrentes.
[ ]
Lucila
Claro que os procedimentos metodológicos devem ser abordados (critério de seleçao dos sujeitos de pesquisa, corpus de análise, instrumentos de coleta de dados...), mas, assim como você, penso que os procedimentos devem ser trabalhados em decorrência da abordagem metodológica, a qual, por sua vez, se coaduna com uma determinada linha teórica.
Tenho visto, em muitos casos, que o trabalho com metodologia de pesquisa tem se resumido aos procedimentos, ao invés de situá-los no conjunto maior do método, que abarca a abordagem e os procedimentos dela decorrentes.
[ ]
Lucila
Concordo Lucila, a questão é exatamente essa que você coloca; o quadro teórico de referência do estudo..
Marcelo, como a superação da noção de ferramenta resultaria em salto qualitativo nas pesquisas de vcs?
Abrs,
Marco,
É algo difícil de dizer, porque as vezes a minha mente fica muito presa a noção de ferramenta./interface. Mas eu creio que um ambiente como esse permitiria fluição de discursos diferentes.
De todo modo, só um exemplo: não há teclado para escrever texto matemático ou musicial e os poucos que existem são nada amigáveis. Anexar vídeo como fazemos no moodle é um progresso (mesmo não sendo amigável) mas é algo nessa direção.
Eu queria entrar em um ambiente e que eu fosse definindo o que iria fazer para restringi-lo, ao invés do que temos hoje.
Mas como disse antes.. a verdade é que não sei responder sua pergunta de forma apropriada... porque nem consigo visualizar direito o que quero em resposta a minha inquietação com as interfaces como hoje elas estão organizadas nos ambientes que conheço.
abraços e vamos todos ao novo forum!
marcelo
Marcelo, sua fala é comovente!
Com muita naturalidade vc diz: "não sei responder sua pergunta de forma apropriada... porque nem consigo visualizar direito o que quero em resposta a minha inquietação"
Uma beleza de transparência, de sinceridade. Algo raro na academia.
Entendo bem sua inquietação. De fato, para a escritura da matemática, da música há limitações nos AVAs... Isto o leva ao não sentimento da interface... Muito interessante esta sua percepção.
Por isso sempre brinquei com vc dizendo: se vc é bem sucedido na docência online da matemática, logo todos os outros saberes serão muito facilmente ministrados nesta modalidade.
Vc gostaria de atuar num ambiente online "amigável", verdadeiramente plástico e "conversacional". Algo de fato "interface" e não meramente "ferramenta" para expressar sua inteligência matemática e musical. Porém encontra barreiras técnicas, mesmo tratando-se do digital que é por definição plasticidade feita de zeros e uns.
Pois bem amigo, fora da matemática eu encontro esta plasticidade das interfaces do moodle. Opero nele com bastante liberdade estética, criativa e inventiva. Entretanto não para o tratamento da matemática ou da música, mas para formação de professores a partir do conceito de interatividade e da arte interativa.
Cito o exemplo que desenvolvi com ajuda de duas valiosas orientandas (Tatiana Stofella e Helena de Sá). O moodle normalmente visto como linearidade vertical de tópicos transforma-se em ambiente caloroso, carinhoso, sensível, amigável, hipertextual e interativo. Convido vc, todos e todas a darem uma olhadinha no ambiente criado por nós para o 7º Seminário Nacional de Educação a Distância: www.simillimus.com.br/abed/ava
Repare que nem parece Moodle. Mas é! Trata-se da minha atividade proposta neste interessante seminário, que desta vez está definido para funcionar 100% online e 100% gratuito.
Aproveito então para divulgar aqui novamente: venham participar deste Seminário. Vejam aqui a programação e se inscrevam:
http://www.joaomattar.com/7senaed/index.php?title=Programa
Marcelo, extrapolei nossa conversa para divulgar minha participação e a programação do evento, mas não fugi no nosso assunto e da sua expressão sincera e comovente.
Abrs,
oi Marco,,,
legal que gostastes da transparência.
eu estou no meio de uma reunião mas ainda hoje eu vou visitar o site... e ver o que falas pra comentar.
aliás estou la na lista e estão me pedindo fotos e eu perguntei a Bertha.. o que vou fazer no encontro.. eu nem sei...
bom de todo modo, no outro forum e no da semana que vem vamos discutir a questão da matemática de modo um pouco mais específico..
mas acho que a idéia de visitar esse ambiente é ótima.. vou fabricar o tempo...
abraços,
marcelo c. borba
Olá, segue a problematização abaixo.
Diante do que aborda estudos de Fundamentos empíricos da explicação sociológica, de Florestan Fernandes (1959), é a que se deve estabelecer entre, de um lado, métodos técnicos ou métodos de investigação — ou seja, processos pelos quais a realidade é investigada, ou ainda, “as manipulações analíticas através das quais o investigador procura assegurar para si condições vantajosas de observação dos fenômenos” (Fernandes, 1959, p. 13) — e, de outro, métodos lógicos, isto é, os processos de formação das inferências e de explicação da realidade, que Florestan chama de métodos de interpretação.
Questiona-se: Como utilizar coerentemente os procedimentos técnicos e aspectos da observação analítica, estabelecendo uma lógica neste processo para evidenciar os resultados interpretados?
Abços,
Elizete PUCPR
Ola Pessoal
Muito interessante as colocações postadas ate o momento.
Basicamente, tendo como referencia as leituras propostas, podemos entender que algumas das principais características da pesquisa qualitativa são:
1) Elaboração de uma pergunta diretriz: o pesquisar pauta-se sobre uma inquietação interrogativa constante.
2) Design emergente: ao mesmo tempo, a pergunta diretriz não é absolutamente fixa, imutável. Ao aprofundarmos nossa revisão de literatura ou realizarmos nossa coleta e analise de dados nossos olhares investigativos podem mudar. Ou seja, nosso questionamento diretriz pode se transformar durante o pesquisar. Novas perguntar podem surgir ou o enfoque principal pode tornar-se um pano de fundo, por exemplo.
3) Harmonia entre procedimentos e visão de conhecimento: (discutida na próxima unidade).
Quanto as colocações já postadas neste fórum, são vários questionamentos em aberto. Dentre eles, se sobressai a questão sobre como a utilização das TICs pode influenciar (ou condicionar) a coleta e analise da dados na pesquisa qualitativa.
1) Um software, por exemplo, pode condicionar uma análise de conteúdos ou a elaboração de unidades de significados em uma pesquisa de cunho fenomenológico.
2) Procedimentos diversificados emergem no pesquisar em ambientes virtuais. Analisar os multi-alogos em chat ou a dinamicidade de um fórum condicionar um novo fazer ao pesquisador: a intensidade de informações e interações, o caráter colaborativo e coletivo, “exigem” do pesquisador não um comparar entre os “antigos e novos” procedimentos... mas uma (re)organização do pensar... um reconhecimento da plasticidade das TICs... não é necessário transcrever um chat ou fórum... basta um “copiar e colar”... no entanto, a avalanche de informações “exige” do pesquisador um certo “senso em criar categorias abertas” que dêem conta da dispersão dos entendimentos expressos nos diálogos... ainda, se trabalharmos com videoconferências, podemos editar um vídeo e expressar nossos dados de modo compacto em uma performance digital.
Abraços!
Ricardo e Silvia Viel
Ricardo e Silvia
Vcs dizem que um software pode condicionar uma análise de conteúdos ou a elaboração de unidades de significados em uma pesquisa de cunho fenomenológico.
De fato, tudo pode condicionar a análise do pesquisador. Seja uma estratégia de coleta de dados, seja uma metodologia de observação... Mas como evitar os condicionamentos quaisquer? É possível? Como garantir isenção de quaisquer influências?
A rigor, até mesmo nossos sentidos podem nos enganar, já dizia Descartes no Discurso do Método...
Como vcs matemáticos lidam com as armadilhas dos sentidos ou dos dispositivos?
Certa vez, li que a Nasa enviou uma nave para o espaço com diversos dispositivos contendo informações sobre os terráqueos (CDs com músicas e pinturas famosas, por ex). Como saber se os condicionamentos próprios dos sentidos de um extraterrestre permitiriam a eles ouvir "Águas de março" do Tom Jobim?
Outra vez, ainda adolecente, no laboratório de física do meu colégio, olhei o mesmo canto da sala através de vários prismas diferentes e cada um me apresentou um canto singular. Finalmente olhei o mesmo canto a olho nú e vi apenas mais um canto... quase enlouqueci diante da pergunta que muito me atordoou: qual é o canto verdadeiro?
O que vcs me dizem sobre essa minha velha inquietação existencial agora reacesa??
Abrs, Marco
oi marco, oi silvia, oi ricardo,
abracos do canada para todos,
Estou aguardando a resposta deles, mas enquanto isso, eu nao resisti a responder parte das perguntas do Marco. Como lidamos com o vies? Assumindo eles. .. E impossivel nos livrarmos dele, entao a unica maneira de minimizarmos o vies, e assumirmos nossa humanidade na investigacao e assumirmos que as tecnologias, impregnadas de humanidade condicionam a forma como vemos.
E por isso que vemos como importante que o pesquisador exponha sua humanidade, em sua trajetoria de pesquisador, e em seu caminho para chegar a pergunta. E por isso que enfatizamos a tecnologia ao dizer que o conhecimento e produzdio por coletivos de seres-humanos-com-midias.
grande abraco da terra de Mcluhan.
marcelo
Marcelo, não se trata de viés individual. Os prismas continuam me mostrando cantos diferentes. O critério para eu saber qual é o canto "verdadeiro" não é o individual, mas o coletivo historicamente consolidado. Ainda assim, o coletivo poderá estar enganado coletivamente. Neste caso vai todo o coletivo para o brejo cheio de jacarés e crocodilagens... por sua vez tb em diferentes prismas!
Dizer que tudo é relativo é apenas uma saída cômoda! Só serve para a teoria de Einstein. Não para minha existência atormentada diante aos cantos das paredes de todo dia. Seja na pesquisa qualitativa, seja no senso comum da mesa de bar.
Abrs, Marco
Ps.: Perdoe por eu não estar atuando nos fóruns seguintes... ainda não consegui sair deste tão instigante.
oi marco,
devo ter me comunicado mal. Nao sei da onde saiu a ideia que eu estava defendendo um individual fora de um mundo social.
o que eu vejo 'nao faz parte de nenhum ser individual', e condicionado socialmente. E esse condiconamento e dado historica e materialmente tambem pelas midias.
Em nenhum momento quis defender a ideia do relativismo total que muitas vezes me irrita no pos-modernismo, ao dizer que tudo e relativo, a nao ser o pos-modernismo (postura adotada por alguns pos-modernistas).
de todo modo eu quis tentar responder a colocacao que voce fez sobre vies. e ai temos que ter ousadia de defendermos o que conhecemos , de onde estamos, e humildade de sabermos que o conhecimento e transitorio.
ver o canto, pode ser encontro de arestas em geomtria ou e base em algebra linear e o espaco so e 3D para quem foi educado a ver assim, e compreende parte da juncao de espaco com algebra chamada geometria analitica.
o espaco nao e 3d, culturalmente isso e o mais aceito hoje.
grande abraco
Prezado Marco
Provavelmente, penso que não é possivel evitar os condicionamentos quaisquer. Não creio na isenção de influencias. Mas nossas conjecturas e inferencias precisam ser aceitas por uma comunidade (academica). Ao buscar o dialogo com uma comunidade (ou seja, tentar tornar minha conjectura aceita), ao inves de buscar nuances de imparcialidades, evidencio quais seriam algumas de minhas parcialidades...
As armadilhas dos sentidos sao interessantes, bem como o exemplo sobre a nasa... certa vez comecei a ler os anais de um congresso de topologia... e poucos simbolos faziam sentido a priori... tenho certa familiariedade com a matematica, mas aquele topico parecia ter sido escrito por ets (ou eu me senti como um et tentando decifrar algo). Mas busquei tornar alguns daqueles simbolos familiares: "eu queria decifrar aquilo"... retomei algumas de minhas experiencias vividas como ponto de partida, busquei fazer relações... coordenar representações... e aquilo comecou a fazer certo sentido apos algum tempo... saiu apenas do figurativo... mas ainda nao sei se tal sentido esta em convergencia com a intencionalidade do sentido expresso pelo autor do texto... o que temo, eh que muitas vezes os professores de matematica sao os ets em sala de aula.... e estudantes se quer tem a intencao de querer decifrar o que falamos..
aprecio bastante os pontos de vistas, as vistas de um ponto e o proprio (nao) existencialismo... se antes perguntavamos "qual o canto verdadeiro?", acho que agora deveriamos perguntar: onde estao os cantos, se eh que eles existem? mas, infelizmente, as relações de poder ainda impoe: "o meu canto, eh o canto verdadeiro! Aceite-o..."
abraco
Ricardo