1.4 Os Mapas Conceituais e a Construção do Conhecimento

[1] MESQUIDA (2000) explica que no processo de aprendizagem a construção do conhecimento é uma atividade interativa, “pois a criança ao compreender não incorpora simplesmente conteúdos prontos, mas age e reage em um processo de redescoberta, de re-criação, de reconstrução” (p. 104).

Para que os mapas conceituais promovam a construção do conhecimento, deve-se ter um material potencialmente significativo, isto é, relacionável e incorporável a base de conhecimento do aprendiz.

Vygotsky

Com relação à influência da interação social para o desenvolvimento das capacidades dos alunos, Vygotsky acredita na existência da Zona Desenvolvimento Potencial (ZPD), que ele define como:

a distância entre o nível de desenvolvimento cognitivo real do indivíduo, tal como medido por sua capacidade de resolver problemas independentemente, e o seu nível de desenvolvimento potencial, tal como medido através da solução de problemas sob orientação (de um adulto, no caso de uma criança) ou em colaboração de companheiros mais capazes [2] (VYGOTSKY, 1988, p. 97 citado por MOREIRA, 2003, p. 116)

O professor, atuando como mediador, deve identificar o conhecimento prévio do aluno e oferecer oportunidades para que a aprendizagem pela interação ocorra pelo relacionamento com colegas com habilidade, compreensão ou conhecimento num nível acima do seu, incentivando-o e ajudando-o a ir além, desenvolvendo sua autoconsciência e autonomia. 

Recentemente, alguns trabalhos têm associado a construção de Mapas Conceituais à Epistemologia Genética de Piaget (teoria então desconhecida de Novak por ocasião do início de seu projeto em 1965).

Para Piaget, o processo de conceitualização implica em uma construção bem mais complexa a ser explicada: o novo conceito não apenas “ancora” no conceito subsunçor (estrutura cognitiva preexistente) do aluno, mas pode gerar “desequilíbrios nos sistemas de significação do sujeito” [3] (DUTRA, FAGUNDES & CAÑAS, 2004) num processo que exige busca de novas relações que integram e modificam as anteriores.

Piaget

Dessa forma, a organização hierárquica é, também, um resultado desse processo e não um requisito à priori, como parecem acreditar Ausubel e Novak.

A construção de mapas conceituais, fundamentada nas teorias de Ausubel, Vygotsky e mais recentemente na de Piaget, é uma atividade que tem o potencial de ativar o uso do conhecimento prévio e estimular o desenvolvimento cognitivo e criativo dos alunos.

A construção de mapas conceituais atribui aos alunos maior responsabilidade no processo de construção do conhecimento ao se deparar com tomadas de decisão sobre que conceitos incluir no mapa, em que ordem, como eles devem ser ligados, e propicia a interação e o desenvolvimento de trabalhos colaborativos.

De fundamental importância é a sua contribuição para a mudança do paradigma da aprendizagem mecânica para o da aprendizagem significativa.

[1] - MESQUIDA, Peri.  Piaget e Vygotski:Um diálogo inacabado.  Champagnat, 2000.
[2] -
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de Aprendizagem. São Paulo:EPU, 2003.
[3] -
DUTRA, Ítalo., FAGUNDES, Lea., & CAÑAS, Alberto.  Uma proposta dos mapas conceituais para um paradigma construtivista da formação de professores a distância. Disponível em http://www.emack.com.br/info/apostilas/nestor/colabora2.pdf , acessado em 13 de maio de 2004.