Livro 2: Multimídia na internet e em ambientes online de aprendizagem. O hipertexto - as múltiplas linguagens
Hipertexto: das pinturas rupestres em cavernas à WEB 2.0
Conceitos: Texto, Hipertexto, Hipermídia
Conceitos: Texto, Hipertexto, Hipermídia
O processo de comunicação humana e, portanto, da troca de conhecimentos e de informação passa por três fases distintas: a oralidade, a escrita e a eletrônica. Nenhuma dessas fases exclui a sua anterior, antes se complementam. Observamos que atualmente o homem moderno convive em sociedade com todas elas simultaneamente.
Na primeira fase, tanto o emissor quanto o receptor partilhavam o mesmo contexto, o mesmo tempo e espaço, a informação era centrada no sujeito, nas suas lembranças e na sua memória auditiva. Ali o homem utilizava os rituais, mitos, danças e músicas na tentativa de perpetuar o conhecimento e a cultura. Não havia garantia, após gerações, de que a mensagem fosse a mesma.
Na segunda fase, a comunicação baseava-se em algum substrato físico, tendo como principal representante o papel. As dimensões de espaço e de tempo se alteram profundamente pela primeira vez com a escrita. Qualquer discurso poderia ser analisado fora do contexto em que tinha sido produzido.
Na terceira fase, a informação tem como substrato o meio eletrônico. E é nesse contexto da revolução das tecnologias da comunicação que se insere a noção atual de hipertexto, conforme veremos em seguida. De acordo com Barreto, apud Cláudia Augusto Dias (1999): ”esta passagem da cultura tribal para a cultura escrita/tipográfica foi uma transformação tão profunda para o indivíduo e para a sociedade, como está sendo a passagem da cultura escrita para a cultura eletrônica, que ora presenciamos”.
Diversos conceitos de texto nos são apresentados por vários estudiosos, desde o mais restrito ao mais amplo. Citamos abaixo quatro deles e escolhemos o último, em destaque, mais amplo, para a finalidade deste trabalho:
Texto é uma ocorrência lingüística, escrita ou falada, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal (COSTA VAL, 1991, apud COSCARELLI, 2006, p. 66).
Um texto é uma máquina preguiçosa que pede ao leitor para fazer parte do seu trabalho (ECO, 1994, p. 55, apud COSCARELLI, 2006, p. 68).
Vou entender o texto como o produto de uma interação, que pode ser do tipo ‘face-a-face’, como na LF, ou do tipo ‘interação com um interlocutor invisível’ como na LE (CASTILHO, 1998, p. 55, apud COSCARELLI, 2006, p. 68).
Texto, em sentido amplo, designando toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano (uma música, um filme, uma escultura, um poema, etc)... (FÁVERO e KOCK, 1983, p. 25, apud COSCARELLI, 2006, p. 67).
Dentre os diversos conceitos para o termo hipertexto, o apresentado por Lévy (1993) é o mais abrangente e técnico, quando este autor apresenta o hipertexto como uma ‘metáfora da comunicação humana’: “O hipertexto é talvez uma metáfora válida para todas as esferas da realidade em que as significações estejam em jogo”. O hipertexto é um conjunto de nós interligados por conexões de maneira não linear, os quais podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos, seqüências sonoras, ou mesmo outros hipertextos. Nesse sentido, qualquer texto é sempre um hipertexto, estabelecendo uma rede de associações na mente do leitor-escritor e qualquer leitura-escrita que fazemos é baseada numa prática hipertextual. Desta forma, verificamos que o hipertexto não surge com a Internet, é bem anterior, anterior mesmo à própria escrita, como propomos neste artigo.
Outro termo correlacionado ao texto e ao hipertexto, bastante usado nos dias atuais, é hipermídia. Trata-se da denominação genérica para sistemas de representação de conhecimento onde diversos elementos de informação podem ser articulados de diferentes maneiras, de acordo com as diferentes perspectivas dos usuários do sistema. Vários autores conceituam hipermídia como o resultado da integração de hipertexto com multimídia, distinguindo assim as duas tecnologias. Entretanto, atualmente essa distinção entre hipertexto e hipermídia, ao nosso ver e de acordo com Lévy na conceituação supracitada, não se torna mais necessária. Sendo assim, adotaremos os dois termos indistintamente.