Livro 2: Multimídia na internet e em ambientes online de aprendizagem. O hipertexto - as múltiplas linguagens

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Curso: Projeto: Formação de professores para docência online
Livro: Livro 2: Multimídia na internet e em ambientes online de aprendizagem. O hipertexto - as múltiplas linguagens
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Data: quinta-feira, 21 nov 2024, 11:01

Descrição

Definindo Multimídia

Definindo multimídia

Com o advento das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), vários termos passaram a ser de uso comum, um deles é a MULTIMÍDIA.  Tendo como referência as discussões de Aléx Primo compreendemos multimídia como sendo "qualquer combinação de texto, gráficos, sons, animações e vídeos midiados através do computador ou outro meio eletrônico (Vaughan, 1994)" (PRIMO, ..., p.)

No entanto, essa definição já foi mais ampla, pois, ainda segundo Primo o termo multimídia era entendido "com todo o seu potencial etimológico: "muitos meios"". Atualmente, a multimídia é lembrada sempre associada a um computador.  Assim, presume-se que para se trabalhar com a multimídia, é necessária a "utilização de CD-ROMs e Internet".

Multimídia na Educação

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A multimídia na educação [1]

No badalado livro "Vida Digital", o pesquisador do MIT Nicholas Negroponte defende a possibilidade do uso do computador na educação. Segundo ele, até o advento do computador, a tecnologia usada para o ensino limitava-se a audiovisuais e ao ensino a distância, pela TV, o que simplesmente ampliava a atividade dos professores e passividade das ciranças. Negroponte salienta a possibilidade interativa oferecida pelo computador, que desperta o interesse do aluno em descobrir suas próprias respostas, em vez de simplesmente decorar os ensinamentos impostos. "Embora uma porção significativa do aprendizado de certo se deva ao ensino -- mas ao bom ensino, com bons professores --, grande parte dele resulta da exploração, da reinvenção da roda e do descobrir por si próprio" (1995, p. 172). Negroponte conclui que a máxima do "aprender fazendo" tornou-se regra e não exceção devido ao alto poder de simulação do computador.

Por outro lado, é preciso entender que a utilização da multimídia na escola não significa uma ameaça ao professor. Ela deve ser usada para enriquecer o processo educacional e não como um artefato para a substituição do professor (Vaughan, 1994). Só um professor pode dar tratamento individualizado e diferenciado. Os títulos multimídia por mais completos que sejam não podem cobrir todas as dúvidas que porventura podem ocorrer a um aluno. Portanto, em situações onde títulos multimídia venham a ser utilizados pesadamente o professor deve assumir uma posição de mentor ou guia durante a utilização do computador e de mediador de debates após o uso dos CD-ROMs.

Para crianças os CD-ROMs de histórias são uma excelente forma de desenvolvimento da capacidade de leitura e fixação. Em vez de um livro com figuras estáticas, as estórias infantis ganham movimento, sons e interatividade. Cada página é substituída por uma tela no computador. As ilustrações ganham vida cada vez que a criança "clica" sobre elas. Os textos são lidos para a criança à medida que as palavras vão sendo iluminadas assim que são lidas. A criança ainda pode clicar em cada palavra para que sejam lidas individualmente. Com textos curtos e uma surpresa a cada clicada, as estórias infantis são um convite irresistível às crianças. Além da estória em si, a maioria dos CD-ROMs infantis trazem ainda jogos e telas para pintura que permitem a utilização dos conhecimentos aprendidos, o desenvolvimento da memória e a utilização de cores e formas.

As aulas de artes podem usar o computador como uma poderosa ferramenta de pintura. À primeira vista, os programas de pintura podem assustar os professores levando-os a crer que seus alunos terão dificuldades em utilizá-lo. Mas na verdade, esses softwares são de utilização bastante simples, e permitem ao aluno perceber a utilização de diversos materias como carvão, óleo, pastéis de forma rápida e sem sujar as mãos!

Já as disciplinas que tradicionalmente oferecem alguma dificuldade aos alunos, como matemática, física, química, geografia e biologia, por tratarem de assuntos que exigem grande abstração, podem se valer do grande poder de simulação da multimídia. Além do mais, possibilitam que assuntos outrora áridos possam ganhar utilização prática com imagens e sons. A capacidade de assimilação e fixação dos alunos é multiplicada pois a multimídia traz vida, demonstrações práticas e conjuga entretenimento a tais conteúdos.


[1] Texto extraído do artigo de Alex Primo disponível  em http://usr.psico.ufrgs.br/~aprimo/pb/educa.htm, acesso em 21 set 2008.

Como apresenta Primo no trecho do texto extraído e apresentado acima, podemos potencializar nossas atividades docentes, as aprendizagens dos discentes utilizando todas as possibilidades apresentadas pela multimídia e, isso, pode ser consolidado com a criação de objetos de aprendizagem que siginifiquem e trabalhem didaticamente os conteúdos curriculares escolares de diversas formas.  Aí, vale a criatividade, a capacidade técnica e a utilização da multimídia pelo professor, por toda equipe docente e pelos próprios estudantes.

Nesse sentido, continuamos com a discussão, ampliando a compreensão de multimídia explorando o potencial do hipertexto no contexto educacional.

Vamos continuar...

 

Hipertexto: das pinturas rupestres em cavernas à WEB 2.0

Este capítulo corresponde ao artigo “Hipertexto: das pinturas rupestres em cavernas à Web 2.0”, que faz parte do livro “Educação, Tecnologias e Representações Sociais” produzido por alunos e professores do Mestrado em Educação da Universidade do Estado da Bahia, dos quais três membros deste Módulo fizeram parte do projeto: Maria Olívia, José Rosa e Sandra Loureiro.

Postou-se como capítulos a Introdução, Conceitos: texto, hipertexto e hipermídia, e as Considerações Finais. O texto completo, com os tópicos abaixo listados, pode ser encontrado em: http://www.divshare.com/download/5713803-e80

Uma proposta de divisão temporal

Das cavernas a Ted Nelson

O Projeto XANADU: a biblioteca de Alexandria da Era Moderna

De Ted Nelson à WEB 2.0

Críticas ao Hipertexto na WEB e o Hipertexto colaborativo

Uma apreciação crítica desta obra, bem como alguns destaques, podem ser encontrados em: http://joserosafilho.wordpress.com/2008/04/23/educacao-tecnologias-e-representacoes-sociais/

Hipertexto: das pinturas rupestres em cavernas à WEB 2.0 [1]

Introdução

“...teremos que aprender a viver de outro modo, a pensar de outro modo, a ensinar de outro modo.” (Jorge Larrosa)

É inegável a importância do hipertexto no mundo contemporâneo sob os efeitos da revolução da tecnologia da informação e do novo paradigma sociotécnico que presenciamos atualmente (CASTELLS, 2006). A tônica do mundo moderno é a velocidade das transformações, vivemos hoje sob a égide da “Lei de Moore” [1] que prevê a duplicação da capacidade dos microchips a cada dezoito meses.

As novas tecnologias da informação, inclusive o hipertexto, não devem ser consideradas como meros instrumentos ou ferramentas e sim como processos transformadores do homem e da própria sociedade. Atualmente, no contexto digital, usuários e criadores potencialmente se confundem numa mesma pessoa, esta é a proposta do hipertexto. Relevante ressaltar que, ao considerarmos o hipertexto como uma das mais marcantes e revolucionárias tecnologias da informação e da comunicação, ele também se enquadra, enquanto tecnologia que é, na “Primeira Lei de Kranzberg”, que preconiza: “A tecnologia não é boa, nem ruim e também não é neutra” (CASTELLS, 2006). No mesmo caminho Schaff (1995) enfatiza que nenhum avanço do conhecimento humano é em si reacionário ou negativo, já que tudo depende de como o homem o utiliza como ser social.

Estabelecer a trajetória do hipertexto na história humana, destacando as principais personagens e eventos, desde a pré-história aos dias atuais, bem como apresentar as principais críticas ao tema e os perspectivas atuais, são os objetivos deste artigo.


[1] O texto disponível a partir deste tópico foi produzido por José Rosa Filho.

Conceitos: Texto, Hipertexto, Hipermídia

Conceitos: Texto, Hipertexto, Hipermídia

O processo de comunicação humana e, portanto, da troca de conhecimentos e de informação passa por três fases distintas: a oralidade, a escrita e a eletrônica. Nenhuma dessas fases exclui a sua anterior, antes se complementam. Observamos que atualmente o homem moderno convive em sociedade com todas elas simultaneamente.

Na primeira fase, tanto o emissor quanto o receptor partilhavam o mesmo contexto, o mesmo tempo e espaço, a informação era centrada no sujeito, nas suas lembranças e na sua memória auditiva. Ali o homem utilizava os rituais, mitos, danças e músicas na tentativa de perpetuar o conhecimento e a cultura. Não havia garantia, após gerações, de que a mensagem fosse a mesma.

Na segunda fase, a comunicação baseava-se em algum substrato físico, tendo como principal representante o papel. As dimensões de espaço e de tempo se alteram profundamente pela primeira vez com a escrita. Qualquer discurso poderia ser analisado fora do contexto em que tinha sido produzido.

Na terceira fase, a informação tem como substrato o meio eletrônico. E é nesse contexto da revolução das tecnologias da comunicação que se insere a noção atual de hipertexto, conforme veremos em seguida. De acordo com Barreto, apud Cláudia Augusto Dias (1999): ”esta passagem da cultura tribal para a cultura escrita/tipográfica foi uma transformação tão profunda para o indivíduo e para a sociedade, como está sendo a passagem da cultura escrita para a cultura eletrônica, que ora presenciamos”.

Diversos conceitos de texto nos são apresentados por vários estudiosos, desde o mais restrito ao mais amplo. Citamos abaixo quatro deles e escolhemos o último, em destaque, mais amplo, para a finalidade deste trabalho:

Texto é uma ocorrência lingüística, escrita ou falada, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal (COSTA VAL, 1991, apud COSCARELLI, 2006, p. 66).

Um texto é uma máquina preguiçosa que pede ao leitor para fazer parte do seu trabalho (ECO, 1994, p. 55, apud COSCARELLI, 2006, p. 68).

Vou entender o texto como o produto de uma interação, que pode ser do tipo ‘face-a-face’, como na LF, ou do tipo ‘interação com um interlocutor invisível’ como na LE (CASTILHO, 1998, p. 55, apud COSCARELLI, 2006, p. 68).

Texto, em sentido amplo, designando toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano (uma música, um filme, uma escultura, um poema, etc)... (FÁVERO e KOCK, 1983, p. 25, apud COSCARELLI, 2006, p. 67).

Dentre os diversos conceitos para o termo hipertexto, o apresentado por Lévy (1993) é o mais abrangente e técnico, quando este autor apresenta o hipertexto como uma ‘metáfora da comunicação humana’: “O hipertexto é talvez uma metáfora válida para todas as esferas da realidade em que as significações estejam em jogo”. O hipertexto é um conjunto de nós interligados por conexões de maneira não linear, os quais podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos, seqüências sonoras, ou mesmo outros hipertextos. Nesse sentido, qualquer texto é sempre um hipertexto, estabelecendo uma rede de associações na mente do leitor-escritor e qualquer leitura-escrita que fazemos é baseada numa prática hipertextual. Desta forma, verificamos que o hipertexto não surge com a Internet, é bem anterior, anterior mesmo à própria escrita, como propomos neste artigo.

Outro termo correlacionado ao texto e ao hipertexto, bastante usado nos dias atuais, é hipermídia. Trata-se da denominação genérica para sistemas de representação de conhecimento onde diversos elementos de informação podem ser articulados de diferentes maneiras, de acordo com as diferentes perspectivas dos usuários do sistema. Vários autores conceituam hipermídia como o resultado da integração de hipertexto com multimídia, distinguindo assim as duas tecnologias. Entretanto, atualmente essa distinção entre hipertexto e hipermídia, ao nosso ver e de acordo com Lévy na conceituação supracitada, não se torna mais necessária. Sendo assim, adotaremos os dois termos indistintamente.

Considerações Finais

Considerações Finais

Sob a perspectiva histórica, observamos, após percorrer a linha do tempo traçada, que os autores, obras e mecanismos mencionados patrocinam uma escrita-leitura de produtos hipertextuais, a partir de uma textualidade até mesmo “pré- gutenberguiana”, passando por uma textualidade dita “gutenberguiana", para finalmente estabelecem, em seu conjunto, os pressupostos teóricos da "textualidade informática" conforme a vivenciamos na atualidade.

A compreensão dessas concepções e características construídas através da história e o olhar crítico sobre o arcabouço tecnológico atual, sob o prisma da hipertextualidade, tem permitido abordagens extremamente válidas e novas do hipertexto informático, contribuindo de maneira fundamental para se (re)pensar o "texto contemporâneo".

A história prova que uma nova forma de comunicação não se sobrepõe completamente a outra. A escrita não suplantou a oralidade. A imprensa não substituiu completamente os manuscritos. A fotografia não substituiu as artes plásticas, nem a televisão suplantou o rádio. Cada tecnologia encontra seu lugar no mundo e assim ocorre atualmente com o hipertexto e o livro.

O hipertexto constitui uma nova interface de comunicação do ciberespaço. Para Lévy (1999, p. 32), “as tecnologias digitais surgiram, então, como a infra-estrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também novo mercado da informação e de conhecimentos”.

A sociedade deve aproveitar todo o potencial cognitivo e interativo oferecido pelo hipertexto como recurso fundamental para a área educacional, de comunicação e de difusão do conhecimento.

(José Rosa Soares Filho) 

Nossos Interlocutores

Nossos interlocutores Livros

AQUINO, Maria. Um resgate histórico do hipertexto. 2005. Disponível em http://www.bocc.ubi.pt/pag/aquino-maria-clara-resgate-historico-hipertexto.pdf . Acesso em: 06 jun. 2007.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002.

COSCARELLI, Carla. Novas tecnologias, novos textos, novas formas de pensar. Belo Horizonte: Editora Autêntica. 2006.

DIAS, Claudia, Hipertexto: evolução histórica e efeitos sociais. Ci. Inf., Brasília, v. 28, n. 3, p. 269-277, set./dez. 1999. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ci/v28n3/v28n3a4.pdf . Acesso em: 13 jun. 2007.

FILHO, Otávio. PELEGRINO, Egnaldo. História do Hipertexto. 1993. Disponível em http://www.facom.ufba.br/hipertexto/historia.html . Acesso em: 14 jun. 2007.

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da Informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993. (Coleção TRANS).

___________. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. (Coleção TRANS).

LEÃO, Lúcia. O labirinto da hipermídia. São Paulo: Editora Iluminuras, 1999.

MARCUSHI, Luiz. O hipertexto como um novo espaço na de escrita em sala de aula. Linguagem & Ensino, Universidade Federal de Pernambuco, Vol.4, n. 1, 2001.

PRIMO, Alex Fernando Teixeira. RECUERO, Raquel da Cunha. Hipertexto Colaborativo: Uma Análise da Escrita Corporativa a partir dos Blogs e da Wikipédia. Revista da FAMECOS, n. 23, p. 54-63, Dez. 2003.

RIGOLIN, Daniele. Saliências visual e subjetiva como elementos norteadores na leitura de hipertextos jornalísticos. Campinas: Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem, 2006.

SCHAFF, Adam. A sociedade informática. São Paulo: UNESP, 1995.