Olá pessoal,
Estou chegando por aqui... Devo confessar que um tanto atrasada, mas com pique total para participar das discussões, interagir e aprender com todos vocês.
Sou Bruna Sola, faço parte do PPGE da Universidade Federal de Juiz de Fora, através do Grupo LIC – Linguagem, Interação e Conhecimento, que vem atuando em discussões que envolvem o letramento digital, a aprendizagem e a formação de professores na perspectiva histórico-cultural.
Realizei o Mestrado em Educação ali mesmo na UFJF, sob orientação da Profª Maria Teresa Freitas. Foi quando tive meu primeiro contato com um ambiente virtual de aprendizagem: o fórum de discussões do Projeto Veredas (curso de formação inicial em serviço, na modalidade de educação a distância, oferecida aos professores do Estado de Minas Gerais). Meu objetivo naquele momento foi investigar o papel que este ambiente exerceu na formação docente, especialmente no que tange à relação entre os participantes e à mediação da aprendizagem. E o mais interessante foi a possibilidade de trazer as teorias de Vygotsky e Bakhtin para dialogar comigo na compreensão dos discursos elaborados no suporte digital. Grande aprendizado, sem sombra de dúvidas!!! Atualmente, sou Doutoranda em Educação na UERJ e tenho enveredado por uma discussão mais política acerca da presença das TICs na Educação.
Tenho uma grande paixão, além dos estudos que faço: poesia. E numa delas, intitulada “A namorada”, Manoel de Barros, o poeta pantaneiro das grandezas do ínfimo, nos fala de um outro tempo, “o tempo da onça”, tão próximo, mas já tão distante, com outros recursos comunicacionais, que faziam com que nos relacionássemos com o tempo e com o espaço de formas absolutamente diferenciadas. Através de imagens bem simples nos convida a uma reflexão sobre as mudanças que invadiram nosso cotidiano! E é com ele que me despeço, deixando a todos meu grande abraço e o desejo de um trabalho muito proveitoso para todos nós.
Bruna
A Namorada
Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
Texto extraído do livro "Tratado geral das grandezas do ínfimo", Editora Record - Rio de Janeiro, 2001, pág. 17.