Neste Livro Maria da Graça Caridade Barbosa Pereira, orientanda do prof. Bento Silva no PPGE da UMINHO, traz alguns trechos da reflexão que vem desenvolvendo em sua pesquisa acadêmcia. O faz no interesse de discuti-los com os colegas pesquisadores dos outros PPGs

O desenvolvimento tecnológico, em poucos anos, operou transformações em diferentes níveis. Ao nível económico, social, cultural e obviamente, educativo. Em poucas dezenas de anos a tecnologia electrónica atravessou cada área da sociedade e diferentes aspectos das nossas vidas.

A evolução da tecnologia acelerou o modo de vida das pessoas e das nossas sociedades, havendo a necessidade de as diferentes sociedades se adaptarem.

 

Naturalmente que os computadores e os dispositivos digitais, sendo a Internet o principal, vieram acelerar o modo como entendemos o mundo, o modo como pensamos, aprendemos, agimos e vivemos em sociedade:

(…) Como a actividade humana está baseada na comunicação e a Internet transforma o modo como comunicamos, as nossas vidas vêem-se profundamente afectadas por essa tecnologia de comunicação. Por outro lado, utilizamos a Internet para múltiplas tarefas e vamos transformando-a (…) Além disso a Internet foi desenhada como uma tecnologia de comunicação livre (…) particularmente maleável, susceptível de sofrer profundas modificações devido às utilizações sociais (…) (Castells, 2001: 19)

A organização e procura da informação, assim como a sua democratização no acesso e produção foram profundamente alterados. A tecnologia, modificando organização da informação e do conhecimento causa alterações sociais profundas, a vários níveis.

Este vídeo ilustra o contraste da organização da informação em suportes não digitais; para além da morosidade e das restrições quer ao nível de acesso, como ao nível de produção de conhecimento; aborda também as transformações ao nível de aprendizagem e de utilização da informação e na produção de conhecimento: o conhecimento não é um dado adquirido, mas sim um elemento em permanente construção e mutação; decorrente de trabalho colaborativo e fomentando flexibilidade, mental e social.

Os computadores tornaram ainda possível que vastas quantidades de informação pudessem estar disponíveis à distância de uma tecla. O modo como a informação passou a ser encarada alterou-se radicalmente (Lincoln, Strommen, 1992). O modo como a informação está disponível através das tecnologias teve implicações ao nível da comunicação humana, percepção e compreensão do conhecimento (Negroponte, 1995).

A educação, como estrutura de suporte social, deve acompanhar, sem demora, esta mudança tecnológica. É visível algum esforço de adaptação, no entanto, a um ritmo que está ainda a anos-luz de outros aspectos da sociedade e em pequenos nichos. Verificamos que apesar de as escolas estarem naturalmente envolvidas na cultura e valores de uma sociedade, as alterações tecnológicas têm trazido poucas modificações nos sistemas de ensino, mantendo-o, praticamente inalterado e muito similar ao de há 100 anos atrás. A constatação de Bennet, proferida em finais da década de 90, ?«The only important field that computers have failed to change significantly is education» (Bennet, 1999:46) ? continua atualmente válida.

A vision of students today – ensino não significativo, centrado nos conteúdos e não nos processos; não colaborativo e tradicional.

A escola, como construtora fundamental de conhecimento, deve encontrar as estratégias que vão ao encontro das restantes transformações sociais e às decorrentes necessidades da mesma; ao mesmo tempo deve apropriar-se das estratégias que são “naturais” e significativas para os seus destinatários.

Neste sentido, os meios de comunicação digital, são, cada vez, mais um aglomerado muito rico de recursos e metodologias que foram evoluindo ao longo da história da comunicação, oferecendo inúmeras possibilidades comunicacionais e colaborativas, sendo ao mesmo tempo apelativas e atractivas. As tecnologias de comunicação actuais são, portanto, instrumentos significativos que desenvolvem a criatividade e a inovação, fatores importantes, sobretudo, quando falamos de educação.

O aparecimento dos computadores e a alteração do modo de acesso à informação, sobretudo após a chegada da World Wide Web e dos ambientes hipertexto, alteraram a forma como entendemos a educação e o modo de apropriação de conhecimento. As teorias construtivistas, com estes novos aliados, ganham força e apresentam-se como forte argumento para a alteração das práticas pedagógicas.

No entanto, importa alertar, como lembra Dede (1995), que a tecnologia, ou os ambientes hipertexto, não resolvem os problemas em educação. A simples exposição ou acesso a doses massivas de informação não aumentam, por si, o conhecimento dos alunos. Pode até criar desorientação. Não podemos considerar que o pleno acesso à informação é o acesso à totalidade da informação. Este fluxo informativo da Internet, que Lévy (2001) metaforicamente chama de dilúvio, sugere que o acesso ao todo é, paradoxalmente, inacessível (Silva, 2001). A diferença está no facto de os ambientes hipertexto ajudarem a criar ligações entre o que se aprende e o que se sabe, de forma flexível, transformando gradualmente informação em conhecimento.

Se as teorias cognitivas indicam que a não linearidade constitui uma característica da natureza dinâmica do pensamento e da aprendizagem (Dias, 2000), os ambientes hipertexto são adequados a fins educativos e à construção do conhecimento, uma vez que se baseiam em conceitos de não linearidade e em modelos de representação flexível entre diferentes tipos de informação, funcionando sob forma de uma rede interactiva.

Estas formas de aprendizagem são mais independentes da localização e do espaço comum. O conceito de espaço e de tempo pode até passar para um papel secundário.

Estas aprendizagens colaborativas têm muito mais a ver com as necessidades sociais; são mais significativas e mais adaptadas à visão que se tem da realidade, sobretudo se estivermos a falar de jovens.

Ensino baseado no hipertexto; alteração para paradigmas construtivistas e alterações da visão tradicional de educação, práticas, meios e estratégias educativas

A juventude actual está na vanguarda destas alterações e esta é uma das razões pelas quais políticos e educadores em todo o mundo estão a aperceber-se que os modelos educativos de sempre estão a tornar-se ineficazes.

A escola tem de ir ao encontro das competências digitais já adquiridas pelos jovens quando vêm para a escola e desenvolver estas novas literacias comunicacionais. Esta literacia do século XXI é compreendida acima de tudo pelos jovens. Todos compreendemos já que o poder deste imediatismo da imagem e do som transcende a linguagem tradicional e evoca uma resposta emocional (Babin, 1993). Estes meios são utilizados como poderosos instrumentos comunicacionais, e o poder de os manipular constitui esta nova literacia.

O que caracteriza actualmente as tecnologias, principalmente as comunicacionais, não é a estabilidade, mas sim o facto de ser flexível, mutável e imediata.

Criar uma abordagem crítica, uma vez que se tem a percepção que os jovens, e os utilizadores em geral, passam de receptores e consumidores a agentes activos; de recipientes a participantes do processo.

Este aspecto de interferência, de participação é o que parece atrair os jovens e é essa a sua relação com a tecnologia, porque é a comunicação com o outro e não tanto com a máquina.

Entender esta relação dos jovens com o digital, com a máquina, quer na sociedade em geral como na educação em particular, é tarefa de muitos, mas especialmente de nós, educadores.

Bibliografia:

BABIN, Pierre (1993). Linguagem e Cultura dos Media . Venda Nova: Bertrand.

DEDE, C. (1995). T he Transformation of Distance Education to Distributed Learning . Instructional Technology Research Online-http//:www.hbg.psu.edu/bsed/intro/docs/distlearn. Acedido em 31 de Janeiro de 2007.

KERCKHOVE, Derrick. A Pele da Cultura . Investigação sobre a Nova Realidade Electrónica, Lisboa: Relógio d'Agua. 1995

DIAS, Paulo. (2000). Hipertexto, Hipermedia e Media do Conhecimento: representação distribuída e aprendizagens flexíveis e colaborativas na Web . Revista Portuguesa de Educação 13(1), 141-167.

FLORES, Manuel & PEREIRA, Graça (2007), Planos TIC nas escolas: Leituras e Implicações de Um Estudo em Curso, in ELO , Revista do Centro de Formação Francisco de Holanda, pp, 165-175, Guimarães

LÉVY, Pierre (2001) Cibercultura . , Lisboa Instituto Piaget.

LIVINGSTONE, S & BOBER (2004) Taking Up Online Opportunities? Children’s Uses of the Internet for Education, Communication and Participation , E- Learning, Volume 1, (3), London School of Economics and Political Science, London.

NEGROPONTE, N. (1995). Being Digital . New York: Alfred Knopf.

PAIVA, J. (2002). As Tecnologias de Informação e Comunicação : Utilização pelos Professores . Lisboa: Ministério da Educação, Departamento de Avaliação Prospectiva e Planeamento.

PEREIRA, Graça & MARQUES, Raquel (2007), O Caso de Amor dos Jovens Pelos Meios de Comunicação Digital, in Actas do Congresso Internacional Galego – Português de Psicopedagoxia; Revista Galego Poruguesa de Psicoloxia e Educación , pp 717-727; Universidade de Corunha.

SILVA, Bento, (2001). A Tecnologia é uma Estratégia . In Dias, Paulo e Freitas, Varela (orgs.), Actas da II Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação , Challenges 2001. Braga: Centro de Competência Universidade do Minho, pp.840-857.

STROMMEN & LINCOLN . (1992). Constructivism, Technology and the Future of Classroom Learning . Education and Urban Society, 24(4), 466-476.

TOFFLER, A. (1999). A Terceira Vaga . Lisboa: Livros do Brasil.

Educação a distância – vídeo Brainstorming

http://www.youtube.com/watch?v=tVKu2Z_Xg1M&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=08rVXi55yjE

Pierre Levy – Educação a distancia / Cibercultura

http://www.youtube.com/watch?v=NLlGopyXT_g&feature=related

The machine is using us – Hipertexto e construção / democratização do conhecimento

http://www.youtube.com/watch?v=dGCJ46vyR9o&feature=related

A vision of students today – ensino não significativo, centrado nos conteúdos e não nos processos; não colaborativo e tradicional.

http://www.youtube.com/watch?v=Fnh9q_cQcUE&feature=related

Education Today and Tomorrow (construtivismo vs behaviorismo)

http://www.youtube.com/watch?v=-4CV05HyAbM&feature=related

Information revolution