Capítulo 5 – Mapas Conceituais como uma Ferramenta para a Avaliação da Aprendizagem

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Livro: Capítulo 5 – Mapas Conceituais como uma Ferramenta para a Avaliação da Aprendizagem
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Data: quinta-feira, 16 mai 2024, 13:19

5.1 – Avaliação Formativa e Somativa

Segundo Novak, os mapas conceituais são também uma poderosa ferramenta para a avaliação, desde que tenham sido usados para ensinar [1] (NOVAK, 2003).

Tradicionalmente, a literatura faz uma distinção entre avaliação formativa e avaliação somativa.  Numa explicação breve, a avaliação formativa tem como objetivo produzir informação que ajude os alunos a melhorar sua aprendizagem.

Essas informações podem ser direcionadas ao aluno (auto-avaliação formativa) ou ao professor (avaliação diagnóstica) ou, possivelmente, a ambos, compartilhando com o aluno a responsabilidade pela sua aprendizagem. 

Já a avaliação somativa geralmente ocorre no final do bimestre/semestre, e é quando o aluno mostra o que aprendeu com o objetivo de, por exemplo, conseguir nota para passar de ano e receber créditos acadêmicos.
[2] (CONLON, 2004, p. 164).

A aprendizagem significativa ocorre por um processo de reestruturação do conhecimento a partir de um esforço realizado pelo próprio aluno. 

A avaliação formativa satisfaz amplamente o princípio da aprendizagem significativa, pois favorece o diálogo entre aluno e professor, permitindo-o orientar a aprendizagem para uma maior e melhor absorção de novos conceitos.  

Quando os mapas conceituais são usados apenas na avaliação somativa, eles deixam de explorar os benefícios cognitivos desse recurso pedagógico e os de um feedback construtivo e, além de poderem frustrar o aluno, podem “enfraquecer sua confiança no mapeamento conceitual”. [2] (COLON, 2004, p. 159)

[1] - NOVAK, Joseph D. The Theory Underlying Concept Maps and How To Construct Them. Cornell University, 2003, disponível em http://cmap.coginst.uwf.edu/info/ acesso em 20.08.2003.
[2] - 
COLON, Tom.  ‘But is our Concept Map any good?’:  Classroom experiences with the Reasonable Fallible Analyser. In A. J. Cañas, J. D. Novak & F. M. Gonzáles (Eds.), Concept Maps: Theory, Methodology, Technology.  Proceedings of the First International Conference on Concept Mapping (Vol. I). Pamplona: Universidad Pública de Navarra, 2004.

5.2 – A Mensagem do Mapa Conceitual

Um mapa conceitual é uma obra de arte de seu criador e uma revelação do seu conhecimento naquele determinado momento. Sendo assim, o critério para sua correção não é simplesmente o certo ou errado.

Apesar de possivelmente terem como ponto de partida um conjunto de conceitos ou proposições em comum, cada mapa construído será diferente um do outro.

A mensagem do mapa conceitual refletirá o conhecimento (adquirido e/ou em processo de aquisição) e o ponto de vista de seu criador, e será única.

Um conceito pode ser escolhido como o mais inclusor (o mais geral) recebendo a posição hierárquica mais elevada em um mapa, enquanto que num outro mapa, esse mesmo conceito poderá aparecer num outro nível de hierarquia.

O que importa é como o aluno expressa essas relações, como ele constrói as proposições, se elas refletem como ele compreende o conteúdo em questão naquele momento específico e se o associam ao seu conhecimento prévio, pois é fundamental que o mapa dê “evidências de que o aluno está aprendendo significativamente o conteúdo” [1] (MOREIRA, 1997, p. 7).

[1] - MOREIRA, Marco Antonio. Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa. 1997 Disponível em http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf , acessado em 04.02.2005.

5.3 – As Características do Mapa Conceitual

Para que um mapa conceitual possa ser avaliado de forma a ajudar o aluno na construção de seu conhecimento, primeiro precisamos saber quais são as características de um bom mapa.

Segundo [1] Novak, um bom mapa é aquele que apresenta uma estrutura hierárquica, ligações entre conceitos correta e concisa, e ligações cruzadas relacionando conceitos distantes (representando lances criativos por parte do criador do mapa) (2003).

Com base nos objetivos construtivistas e focalizando em aspectos qualitativos, o professor deve questionar (e ensinar os alunos a se auto-questionarem e a questionarem uns aos outros) sobre a exatidão e a validade do conhecimento representado nos mapas fazendo perguntas como as propostas por ZEILIK (2005):

  • Foram selecionados os conceitos mais importantes?
  • As ligações estabelecidas são aceitas cientificamente?
  • Existem várias ramificações na hierarquia e existem várias ligações cruzadas?
  • Alguma proposição sugere que o aluno tirou conclusões precipitadas?
  • Como o mapa conceitual do aluno tem mudado com o passar do tempo? 

Ao levar o aluno a uma auto-avaliação de seus mapas, ele passa a refletir sobre o processo, desenvolvendo sua meta-cognição.

Esse compartilhamento de responsabilidade no processo de aprendizagem contribui com a mudança de foco de um ensino centrado no professor, pedagogia da transmissão, para um centrado no aluno, pedagogia construtivista, e colabora substancialmente para o desenvolvimento da autonomia e autoconfiança.

Propondo diretrizes mais quantitativas para a avaliação dos mapas conceituais,  [2] BRÜUCHNER & SCHANZE (2004) sugerem uma tabela para pontuação (de 0 a 3 pontos), apresentada abaixo:

0 - Proposições falsas ou triviais.
1 - Proposições corretas entre dois conceitos concretos
(“planta” / “tem” / “folhas”).
2 -
Proposições corretas entre um conceito correto e outro abstrato (“folhas” / “produzem” / “fotossíntese”).
3 - Proposições corretas entre dois conceitos abstratos
(“fotossíntese” / “precisa da” / “luz do sol”).

[1] - NOVAK, Joseph D. The Theory Underlying Concept Maps and How To Construct Them. Cornell University, 2003, disponível em http://cmap.coginst.uwf.edu/info/ acesso em 20.08.2003.
[2] -
BRÜCHNER, Kirsten & SCHANZE, Sascha.  Using Concept Maps for individual knowledge externalization in Medical Education.  In A. J.

5.4 Processo de Construção de um Mapa Conceitual

As avaliações podem ser desenvolvidas como um trabalho individual ou em grupo de dois ou três alunos, pois a troca que ocorre entre eles pode ajudar a corrigir idéias errôneas e promover o aprendizado significativo, já que os alunos estão muito provavelmente no mesmo nível de compreensão, muito mais que o professor e o aluno [1] (NOVAK, 2004).

Para evidenciar essa aprendizagem, é importante pedir para o aluno (ou os alunos do grupo) que leia(m) seu mapa em voz alta, verbalizando o que pensa (m), pois fica mais fácil para o professor avaliar se há evidências de que a aprendizagem está ocorrendo. 

Para muitos pesquisadores, o processo de construção de um mapa conceitual é mais importante que o produto, pois ele envolve o desenvolvimento do senso crítico e da criatividade, uma reflexão e tomada de consciência sobre o que realmente se sabe ou se compreendeu, e a busca de uma maneira sintetizada de expressar esse conhecimento. 

A prática do mapa conceitual demanda tempo, concentração e compreensão do conteúdo sendo exposto para que o aluno possa identificar e relacionar os conceitos sendo trabalhados.  Para o aluno acostumado a marcar “X” e a fazer exercícios e responder perguntas que não o desafiam, essa é uma técnica que causa estranhamento, pois exige uma mudança de postura. [2] (MARRIOTT, 2004, p.98) 

Por isso, o professor deve ser paciencioso na sua implementação, tanto com os alunos que se acostumam com uma nova maneira de pensar e externar o conhecimento, quanto com seus colegas de trabalho que podem não ver muito sentido no uso dessa técnica.

Ele deve ter a confiança de estar oferecendo uma ferramenta de ensino/aprendizagem poderosa, consolidada mundialmente por pesquisas feitas em todos os níveis educacionais que, com seu uso apropriado e embasado nos princípios teóricos, poderá trazer-lhes muitos benefícios e ajudá-los também na sua vida profissional.

[1] - NOVAK, Joseph.  A Science Education Research Program that led to the development of the Concept Mapping tool and a New Model for Education.  In A. J. Cañas, J. D. Novak & F. M. Gonzáles (Eds.), Concept Maps: Theory, Methodology, Technology.  Proceedings of the First International Conference on Concept Mapping (Vol. I). Pamplona: Universidad Pública de Navarra, 2004.
[2] -
MARRIOTT, Rita.  Do LOLA – Laboratório On-line de Aprendizagem – ao LAPLI – Laboratório de Aprendizagem de Línguas: uma proposta metodológica para o ensino semi-presencial em ambiente virtual. Dissertação de Mestrado, PUCPR, Curitiba, 2004.