Unidade 3

 

 

Tema 1: Sociedade da Informação - Necessidade da integração de tecnologias e mídias na educação

Pensarmos em Integração de mídias na educação é voltarmos o nosso olhar à Sociedade da Informação que se firma no final do século XX num processo de formação e expansão por necessidade e evolução econômica.

A escola, como a conhecemos, advém de longas datas. Sua transformação condicional ocorreu na década 1960, e é com base nesta perspectiva que o professor (proveniente de uma formação taylorista/fordista) deve ser compreendido quando atualmente procura transformar sua prática e seus conhecimentos em movimento para seu aluno, sua escola e a sociedade de forma reflexiva, crítica e inovadora.

Voltando um pouco na história: a sociedade no período da modernidade rompe com as relações naturais e de comunidades estabelecidas por laços de família, típicos da Idade Média, e passa a se relacionar pelas  leis de contrato, e como bem nos esclarece Saviani (1988, p. 155):

Isto é posto em evidência pelo fato de que a sociedade deixa de se organizar segundo o direito natural, mas passa a se organizar segundo o direito positivo, um direito estabelecido formalmente por convenção contratual.

Estas mudanças exigirão da escola uma educação diferente da então realizada. O conhecimento e a ciência tornam-se produtos materiais e produtos industriais, uma vez que, a sociedade moderna urbana tem, como princípio, a escolarização básica para todos e a  incorporação da produção científica como forma de desenvolvimento industrial e social.

Com o desenvolvimento crescente da industria, a partir do século XIX, tanto a utilização da escrita, quanto o conhecimento dela, torna-se forma imprescindível ao acesso à comunicação e à informação.
Em um passado não muito distante fora necessário “alfabetizar” uma mão de obra para a produção competente, hoje, de forma semelhante cresce a necessidade de “alfabetizar digitalmente” jovens e adultos para o mercado profissional.

As transformações que chegam à sociedade da informação, pós-industrial ou informacional, são tendências dominantes, mesmo para economias menos industrializadas, e acabam por definir um novo paradigma, o da Tecnologia da Informação, expressando a essência da presente transformação tecnológica em suas relações no que tange à economia, à sociedade e à educação. 

O sistema político-social e econômico estabelecido pela sociedade industrial tinha como símbolo maior à chaminé, representada pela força motriz e produção de massa,  uma organização centralizada com bases hierarquizadas. O mercado era predominantemente estável, estabelecendo tarefas simples e físicas, em sua maioria. A tecnologia empregada era feita pela eletromecânica. Toda a informação surgiria hierarquicamente de cima para baixo. Hoje, as características políticas, sociais e econômicas da sociedade da informação residem em seu próprio símbolo de reconhecimento: o computador. De um alvo doméstico da sociedade industrial, passa-se ao alvo global. A inovação e a tecnologia assumem as características básicas da força motriz.

Se na sociedade industrial o capital era o recurso de produção, a atualidade vai trazer a necessidade da transformação de informações em conhecimento. As organizações se descentralizam, já que os mercados são fluídos, o que gera tarefas complexas, intelectuais e participativas. A estabilidade do passado se transforma no emprego dinâmico em empresas menores. A tecnologia é eletrônica, microeletrônica e biológica, e a informação é interativa.

A reorganização do regime de acumulação de capital é acompanhada por profundas conseqüências e marcas dentro de um processo educacional. Se de um lado havia segurança relativa ao conhecimento detido, advindo da formação universitária, era-se treinado nas formações de ensino superior para o desenvolvimento de habilidades, transformando-se jovens em profissionais disciplinados, cumpridores de metas já estabelecidas e, de certo modo, acomodados pela lenta e gradual digestão dos sistemas tecnológico-científicos (KUENZER, 2001), hoje, a dinâmica do mundo globalizado muda, dentro do processo de produção, sua forma de agir, fazer e requerer dos profissionais à atualização e competências distintas (CASTELLS, 1996).

Se, numa dinâmica anterior, o processo era estabelecido pelo saber fazer, numa sociedade informacional em que as tarefas são simplificadas cada vez mais na transposição de um sistema tecnológico eletromecânico para um sistema tecnológico microeletrônico, passa-se a níveis de exigência distintos no que diz respeito ao:

(...) desenvolvimento de competências cognitivas superiores e de relacionamento, tais como análise, síntese, estabelecimento de relações, criação de soluções inovadoras, rapidez de resposta, comunicação clara e precisa, interpretação e uso de diferentes formas de linguagem, capacidade para trabalhar em grupo, gerenciar processos para atingir metas, trabalhar com prioridades, avaliar, lidar com as diferenças, enfrentar os desafios das mudanças permanentes, resistir a pressões, desenvolver o raciocínio lógico-formal aliado à intuição criadora, buscar aprender permanentemente, e assim por diante (KUENZER, 2001, p.18-19).

Sendo assim, compreende-se a necessidade de uma formação profissional não mais baseada na memorização e repetição de procedimentos, vivencia-se a necessidade de saber lidar com as dúvidas e as incertezas devem servir de estímulo (MORIN, 2000) para percorrer novos caminhos, despertar a originalidade e a criatividade que só podem ser conseguidas por intermédio de um ensino crítico e inovador. O que implica não só o domínio de conteúdo por parte do educador, como também, uma visão de caminhos metodológicos diferentes, de ação colaborativa, de projetos intelectuais no ensino superior que sejam multidisciplinares, orientando uma nova visão do aprender permanente necessário aos alunos e professores pela integração de tecnologias e mídias digitais.

Os educadores devem visar à formação de indivíduos participativos, conscientes de seus direitos e deveres e preocupados com a transformação e o aperfeiçoamento da sociedade. Nesta perspectiva, espera-se que a abordagem de ensino-aprendizagem e o relacionamento professor-aluno sejam outros, em que os sujeitos adultos pensem, reflitam o conteúdo de um curso e não apenas respondam pelo hábito.

Deve-se pensar que somente modernizar tecnologicamente a educação, não resolverá grandes problemas. Hoje, qualquer curso que utilize TIC deve estar fundamentado em equipes multidisciplinares, que conheçam seus públicos alvos e que desenvolvam um projeto político pedagógico claro e transparente para seu aluno, em especial o aluno adulto e egresso de sistemas tradicionais de educação superior.

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