Ambientes Virtuais de Aprendizagem

A produção coletiva


Autores como Fiorentini (2004) citado por Batista (online) destaca que uma produção coletiva pode se dar de forma cooperativa ou colaborativa. O autor distingue cooperação e colaboração a partir da etmologia das palavras em que "co" significa ação conjunta; operare, operar, executar, fazer funcionar; e laborare, trabalhar ou produzir em vista de um determinado fim. Afirma que na cooperação os membros de um grupo executam tarefas que não resultam de uma negociação conjunta do coletivo, podendo haver subserviência de uns em relação a outros, e relações desiguais e hierárquicas, enquanto que na colaboração todos trabalham conjuntamente e se apóiam mutuamente, tendendo, dessa forma, a um relacionamento não hierárquico. Assim como o referido autor, Kenski (2003, p. 112) destaca que nos processos colaborativos todos dependem de todos para a realização de atividades, e essa interdependência exige aprendizados complexos de interação permanente, respeito ao pensamento alheio, superação das diferenças e busca de resultados que possam beneficiar a todos.

Buscando potencializar o estabelecimento de comunidades de aprendizagem, o desenho didático dos cursos online devem convidar o estudante a partilhar informações com seus pares, visando construir um processo cooperativo e colaborativo. Assim, as atividades dinamizadas em interfaces como os fóruns de discussão e as salas de bate-papo, a criação de midiatecas, por exemplo, devem procurar sempre instigar os alunos a interagir, fazendo vir à tona as suas idéias, opiniões, reações, suas experiências pessoais e suas expectativas, ficando claro que para criar um contexto de construção coletiva de conhecimentos não basta colocar os sujeitos em contato, seja na sala de aula presencial ou virtual, mas é essencial criar estratégias, condições para um confronto de pensamentos e experiências.

Assim, todos aprendem a realidade por meio de uma rede de colaboração, a partir de uma interação mútua. Ramal (2002, p. 59) afirma que as práticas monológicas, nas quais um único sentido sobressai, impedem os demais de virem à tona. Destarte, anular a possibilidade da polifonia é anular o diálogo e a reconstrução possível de sentidos e significados.

Nesse aspecto, com base na interatividade, percebemos que na busca no outro e com o outro, novas experiências e saberes emergem, reduzindo a ênfase que, de um modo geral, é posta em atividades individuais e puramente livrescas, inerentes ao modelo tradicional que marcou determinado momento histórico e que hoje ainda permanece. Freire (1987, p. 84) já insistia em criticar esse modelo transmissivo como prática inadequada de ensinar. Dizia ele que a educação autêntica, não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B, mediatizados pelo mundo. Mundo que impressiona e desafia a uns e a outros, originando visões ou pontos de vista sobre ele. Visões impregnadas de anseios, de dúvidas, de esperanças ou desesperanças...