Capítulo 3 – A Construção e o Uso de Mapas Conceituais
3.2 – A Construção dos Mapas Conceituais
Os mapas conceituais são relativamente fáceis de construir: eles são compostos por substantivos ou conceitos escritos em diagramas, como retângulos ou círculos, que são organizados de uma maneira hierárquica (do mais geral em cima ou no centro para o mais específico em baixo ou nas pontas) e ligados entre si por uma palavra ou frase de ligação, verbo, locução verbal ou preposição, revelando o vínculo entre eles.
- identificar os conceitos importantes,
- explicá-los,
- relacioná-los entre si de uma forma organizada e hierárquica, usando sua criatividade.
Os mapas conceituais podem ser construídos utilizando vários tipos de recursos:
- usando uma folha de papel A4 (ou A3) e lápis;
- escrevendo os conceitos em pedaços de papel para facilitar a recolocação e reestruturação, organizando-os sobre uma folha de folha de papel A4 ou A3;
- usando a função “autoformas” do seu editor de textos;
- usando um software dedicado.
Passos para sua construção do mapa conceitual:
- Fazer a leitura do texto de estudo para a compreensão geral (ou selecionar o conteúdo a ser mapeado se o mapa for gerado a partir de uma tempestade de idéias);
- Escolher e destacar (ou listar, se estiver fazendo o mapa a partir de uma tempestade de idéias) cerca de 15 conceitos principais do texto, conceitos que, na opinião do aluno, não poderiam faltar se estivessem fazendo um resumo do texto. (Como alternativa, pode-se pedir que os alunos listem de memória os conceitos principais e secundários, sem consultarem o texto);
- Agrupar os conceitos (que podem ser compostos por cerca de 3 palavras) de acordo com uma lógica semântica e organizá-los em uma estrutura hierárquica, do mais geral para o mais específico. O conceito mais inclusor deve ser selecionado para título/ponto de partida do mapa, pois todos os outros conceitos irão se desdobrar desse (se a questão/problema a ser respondida não for muito extensa poderá ser usada como o conceito mais inclusor);
- Quando estiver satisfeito com o agrupamento e hierarquização desses conceitos, devemos ligá-los com palavras ou frases de ligação que explicam a relação entre eles, prestando atenção para que os conceitos não sejam repetidos. As unidades de significado formadas por conceito + palavra/frase de ligação + conceito são chamadas de proposições;
- Procurar ramificar os galhos/pernas a cada nível hierárquico, não se preocupando com a simetria do mapa;
- Procurar estabelecer ligações cruzadas, isto é, ligar conceitos de galhos diferentes;
- Usar setas para indicar se uma ligação cruzada deve ser lida da direita para a esquerda (ou vice-versa) ou para indicar uma ligação em sentido/fluxo contrário, isto é, de baixo para cima;
- Quando acabar, avaliar seu próprio mapa lendo-o em voz alta, prestando atenção à clareza dos conceitos, ao significado expressado pelas ligações estabelecidas entre os conceitos, bem como ao fluxo das idéias;
- Se o mapa estiver sendo criado a partir de um texto escrito, o professor pode pedir ao aluno que acrescente cerca de cinco conceitos seus ao mapa, relacionando-os aos conceitos já mapeados, promovendo assim maior ancoragem e integração do conhecimento novo com o conhecimento prévio.
É natural que no início alguns alunos se sintam desconfortáveis com a construção de mapas conceituais, pois eles promovem uma mudança na maneira que eles estudam.
Ao invés de lerem um texto de uma maneira linear os alunos devem explorá-lo de forma a organizar a informação em grupos semânticos.
Os alunos também precisam pensar em uma forma de hierarquizar as informações do texto, buscando os conceitos principais e detalhes de apoio, e aprender a fazer ligações entre conceitos que se encontram longe uns dos outros no texto (reconciliação integrativa).
A construção de um mapa a partir de um texto transforma a leitura desse texto em uma tarefa ativa, promovendo seu criador “de leitor passivo a descobridor” [1] (PELLEY, 2004) que, além de se esforçar para compreender o texto na sua micro estrutura (como palavras novas, verbos, preposições e sintagmas nominais), precisa buscar compreendê-lo na sua macro estrutura para formar grupos semânticos e estabelecer relações cruzadas.
À medida que a técnica for praticada, os mapas tenderão a expandir tanto para a vertical quanto para a horizontal.
[1] - PELLEY, John W., Concept Mapping: A Tool for both Sensing and Intuitive Learning Styles. School of Medicine, Health Science Center, Texas Tech University. Disponível em http://www.ttuhsc.edu/SOM/Success/Concept%20Mapping%20for%20types.pd acessado em 10.02.2004.