Aprender em 2102
Fonte: http://www.ejrworldlearning.com.br/clientes/sgcead/
referenciasemead/textos/livro1/index.htm (pesquisa realizada em março/2003)
Aprender em 2102
Alessandro Barbosa Lima
Os pioneiros da Internet ou nós, que começamos a usar a rede mundial na última década, sabemos que a Internet funciona como uma espécie de Torre de Babel do conhecimento. A um simples clique é possível encontrar de uma dissertação de mestrado sobre o Xaxado da Universidade Federal de Pernambuco a um paper de Berkeley sobre o poder destruidor dos vírus neste século. Está tudo lá. Fácil, abundante, caótico, mas referenciado, graças ao hyperlink e ao hipertexto.
Podemos afirmar que aprender se tornou uma experiência mais rica e individual com a Internet. O desafio é: como usar a rede no processo ensino-aprendizagem? Daqui a 100 anos a tecnologia vai extinguir as salas de aula e o professor deixando-nos órfãos e completamente responsáveis pela nossa aprendizagem? Como será a educação em 2102?
Para alguns a Educação com a Internet reforça o conceito da auto-formação - ou seja - o aluno assume um papel decisivo na gestão do seu processo de aprendizagem. Até aí nada de novo. A auto-formação já existia antes do advento da internet. O que há de realmente novo é que, com a Internet o processo fica mais fácil, democrático e censurável. Sim, a censura continua para temas e autores proibidos. Exemplo: o engenho de busca Google, não lista links de vários sites e autores que não respeitem o direito autoral.
Mas a rede mundial oferece, além de conteúdos, novas tecnologias que facilitam a auto-formação. Estas tecnologias vão do simples e onipresente e-mail à utilização de bots-tutores, ou seja, robôs-simuladores da nossa linguagem natural que conversam em salas de chat guiando alunos por meio de conteúdos em formato eletrônico. Isso sem falar nas plataformas de Ensino a Distância.
A tecnologia é um suporte importante para a aprendizagem, mas sozinha também não garante que o aluno vá aprender mais e de forma mais rápida. Seria dizer que alunos que usam mais o computador aprendem mais do que quem o usa com menos freqüência.
A Educação Aberta e a Distância por meio da Internet, ou E-learning, envolve mais do que tecnologia e conteúdo. Alguns milhões e dores de cabeça depois, empresas e instituições de ensino estão descobrindo que, sem um componente chave do processo não adianta tecnologia, conteúdo ou novos conceitos. E esse componente é o professor.
As empresas e instituições também aprendem. Estão aprendendo a valorizar o professor ou facilitador como líder e guia do processo educacional. Mesmo um professor sem muita experiência pedagógica, mas com conhecimento sobre sua disciplina, pode se beneficiar do E-learning. Para isso ele pode utilizar toda a tecnologia e conteúdos disponíveis incentivando os alunos a buscarem o conhecimento em diferentes fontes. Em seguida, pode partir para um processo de comparação dos diferentes conceitos encontrados. E aí se dá o processo de aprendizagem. Nele o professor deixa de atuar como fonte do conhecimento para se tornar um guia - ou facilitador - para o conhecimento.
Acredito que esse será o caminho da educação nos próximos 100 anos. O espírito é o mesmo de Aristóteles quando em 335 a.C dava aulas nos jardins do Templo de Apolo Lício, dando origem ao Liceu. O que mudam são as ferramentas, ou seja, da tecnologia ou dos costumes, sempre haverá mestres e alunos, professores e aprendizes, tecnologias e novas tecnologias. Por isso, invistam em E-learning mas não esqueçam que o professor será o guia para esse novíssimo mundo que estamos construindo.
Alessandro Barbosa Lima é diretor da Mundiweb, uma empresa especializada em tecnologia para E-learning e professor da Universidade Anhembi Morumbi.